J. Bras. Nefrol. 2007;29(3 suppl. 3):35-44.

Transplante

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NIVEIS SÉRICOS DE LEPTINA, PERCENTUAL DE GORDURACORPORALE RESISTENCIA INSULINICA NO PRIMEIRO ANO POS-TRANSPLANTE RENAL

GABRIELA CORREA SOUZA (UNIVERSIDADE FEDERAL DO RIO GRANDE DO SUL), CÉSAR AMAURY COSTA (HOSPITAL DE CLINICAS DE PORTO ALEGRE), LUIZ FELIPE SANTOS GONÇALVES (SERVIÇO DE NEFROLOGIA. UNIDADE DE TRANSPLANTE RENAL. HOSPITAL DE CLINICAS DE PORTO ALEGRE), ROBERTO CERATTI MANFRO (SERVIÇO DE NEFROLOGIA. UNIDADE DE TRANSPLANTE RENAL. HOSPITAL DE CLINICAS DE PORTO ALEGRE)

Introduçao: Aumento da gordura corporal, resistência insulínica e uso de corticosteróides sao apontados como causas nas mudanças da leptinemia pós-transplante. Objetivos: Avaliar os níveis séricos de leptina, o percentual de gordura corporal (%GC), a resistência insulínica e a associaçao desses parâmetros no primeiro ano pós-transplante. Metodologia: Trinta e dois pacientes (18 homens, 23 receptores de rim de doador cadáver, média de idade 41,5±11,4 anos) e 19 indivíduos saudáveis foram incluídos no estudo. As variáveis analisadas foram: leptina sérica, resistência insulínica (Homeostasis Model Assessment – HOMA) e %GC. Os pacientes foram avaliados no momento do transplante (T0) e, prospectivamente, aos três (T3), seis (T6), nove (T9) e doze (T12) meses pós-transplante. Resultados: Os níveis séricos de leptina foram maiores no grupo de urêmicos do que no grupo controle, no pré-transplante: (T0)[11,9(9,2-25,2) e 7,7(5,2-9,9)ng/mL, respectivamente, p<0,0001]. A leptinemia diminuiu significativamente nos primeiros três meses após o transplante renal (T3)[11,9(9,2-25,2) para 7,1(4,14-12,5)ng/mL, p<0,0001], aumentou em T6 para 10,6(5,6-14,6)ng/mL e manteve-se estável em T9 [9,0(5,2-18,3)ng/mL] e T12[9,3(4,9-16,4)ng/mL]. Valores de HOMA apresentaram mudanças similares as da leptina, após o transplante. HOMA diminuiu em T3(2,74±1,6 para 1,62±1,1), aumentou em T6(1,9±0,87) e manteve-se estável em T9(1,8±1,7) e T12(1,8±1,54). Correlaçoes positivas entre leptinemia e HOMA persistiram durante todo o período do estudo [T0(r=0,40 p=0,003), T3(r=0,34 p=0,04), T6(r=0,48 p=0,002), T9(r=0,40 p=0,004), T12(r=0,37 p=0,038)]. O %GC aumentou significativamente no primeiro ano pós-transplante (23,71±7,79 vs. 25,63±7,68%, p=0,002). Os níveis séricos de leptina correlacionaram-se positivamente com o %GC durante todo o período do estudo [T0(r=0,56 p=0,001) T3(r=0,68 p<0,0001) T6(r=0,57 p=0,001) T9(r=0,6 p<0,0001) e T12(r=0,67 p<0,0001)]. Na análise de regressao linear HOMA e %GC sao variáveis independentes para predizer leptinemia após o transplante renal. Conclusao: O %GC aumenta no primeiro ano pós-transplante. Os níveis séricos de leptina e a resistência insulínica diminuem após o transplante renal imediato. O aumento da leptinemia a partir do sexto mês pós-transplante pode estar relacionado com o aumento da massa gorda e da resistência insulínica.


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PREVALENCIA DE CÉLULAS DECOY NA URINA ASSOCIADA A FATORES DE RISCO EM TRANSPLANTADOS DE RIM, PANCREAS E PANCREAS-RIM, NO SUL DO BRASIL.

LEONARDO VILIANO KROTH (PONTIFICIA UNIVERSIDADE CATOLICA DO RIO GRANDE DO SUL), CAROLINE SCHWARTZ HENKIN (PONTIFICIA UNIVERSIDADE CATOLICA DO RIO GRANDE DO SUL), LUCIANA DORNELLES PERES (PONTIFICIA UNIVERSIDADE CATOLICA DO RIO GRANDE DO SUL), MATEUS CHISSINI PAGANELLA (PONTIFICIA UNIVERSIDADE CATOLICA DO RIO GRANDE DO SUL), MARILDA MAZZALI (UNICAMP), MOACIR ALEXANDRE TRAESEL (PONTIFICIA UNIVERSIDADE CATOLICA DO RIO GRANDE DO SUL), MARCELO JUNGES HARTMANN (PONTIFICIA UNIVERSIDADE CATOLICA DO RIO GRANDE DO SUL), SALVADOR GULLO NETO (PONTIFICIA UNIVERSIDADE CATOLICA DO RIO GRANDE DO SUL), DAVID SAITOVITCH (PONTIFICIA UNIVERSIDADE CATOLICA DO RIO GRANDE DO SUL)

Introduçao: Poliomavírus (BKV) teve sua importância destacada nos últimos anos, em virtude da descoberta de sua associaçao com uma nefropatia responsável por reduçao significativa da sobrevida do enxerto renal. Objetivo: avaliar a prevalência da infecçao por BKV em transplantados de rim, pâncreas e pâncreas-rim através da presença de células decoy na urina e de fatores de risco associados. Métodos: estudo transversal com pacientes transplantados de rim, pâncreas e pâncreas-rim, maiores de 18 anos, com pelo menos um mês de transplante, que consultaram na unidade de transplantes entre os meses de setembro e dezembro de 2006. Duzentos e trinta e um pacientes foram incluídos: duzentos e sete transplantados renais, dezenove transplantados de rim e pâncreas e cinco de pâncreas isolado. Uma amostra de 5 ml da primeira urina da manha foi centrifugada por 10 minutos a 800 rpm e temperatura ambiente. As lâminas foram coradas pelo método de Papanicolaou e examinadas para a detecçao de células decoy que foram caracterizadas por aumento do volume nuclear, núcleo basofílico, cromatina condensada e halo perinuclear. Amostras com apenas uma célula decoy foram consideradas positivas. Dados foram analisados no programa SPSS 11.0. Variáveis contínuas foram descritas como média e desvio padrao. Para variáveis categóricas dicotômicas e independentes foi utilizado o teste exato de Fischer e para variáveis ordinais o teste de tendência linear. Foram consideradas significativas amostras com intervalo de confiança superior a 95%. Resultados: a prevalência total de células decoy em pacientes transplantados no Hospital Sao Lucas da PUCRS foi de 16% (16,9% em pacientes transplantados de rim, 5,9% em pacientes com transplante simultâneo de pâncreas e rim e 20% em pacientes transplantados de pâncreas isolado). Nao houve diferença estatisticamente significativa entre os pacientes com citologia positiva e negativa para células decoy em relaçao às variáveis demográficas (sexo, idade e raça) ou clínicas (tempo em transplante, tipo de transplante, tipo de doador, história de disfunçao primária ou rejeiçao, outras infecçoes virais associadas e tipo de imunossupressao). Conclusao: Encontrou-se uma prevalência, em pacientes transplantados de rim, relativamente baixa de células decoy comparada à encontrada na literatura (20 a 60%). A presença de células decoy nao esteve significativamente associada a variáveis demográficas ou clínicas.


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PREVALENCIA DE DOENÇA CORONARIANA EM CANDIDATOS A TRANSPLANTE SIMULTANEO DE RIM E PANCREAS NO HOSPITAL SAO LUCAS DA PONTIFICIA UNIVERSIDADE CATOLICA DO RIO GRANDE DO SUL

JULIANO CÉ COLHO (PONTIFICIA UNIVERSIDADE CATOLICA DO RIO GRANDE DO SUL), RODRIGO MORAIS DE SIQUEIRA (PONTIFICIA UNIVERSIDADE CATOLICA DO RIO GRANDE DO SUL), TULIO CICERRO FRANCO FARRET (PONTIFICIA UNIVERSIDADE CATOLICA DO RIO GRANDE DO SUL), MAURICIO GOLDBAUM JR (PONTIFICIA UNIVERSIDADE CATOLICA DO RIO GRANDE DO SUL), MARIANE FRITSCH (PONTIFICIA UNIVERSIDADE CATOLICA DO RIO GRANDE DO SUL), RENATA SEHBE FEDRIZZ (PONTIFICIA UNIVERSIDADE CATOLICA DO RIO GRANDE DO SUL), DAVID SAITOVITCH (PONTIFICIA UNIVERSIDADE CATOLICA DO RIO GRANDE DO SUL)

Os candidatos à SPK apresentam risco aumentado de desenvolver doença coronariana. Como essa doença está diretamente associada a eventos cardiovasculares, principal causa de morte pós-transplante, faz-se necessário uma investigaçao coronariana pré-transplante. O objetivo deste estudo foi avaliar a prevalência e a gravidade de coronariopatia em pacientes candidatos a SPK. Estudo retrospectivo e transversal. Os dados foram coletados através de revisao de prontuários. Aamostra consistiu em 40 pacientes, 21(52,5%) do sexo masculino e 19(47,5%) do sexo feminino, com idade média de 35,7 anos, diabéticos tipo 1 (tempo médio 19,4 anos), com insuficiência renal crônica e sem sintomas cardiovasculares, incluídos na lista de espera para SPK (entre maio de 2002 e maio de 2007). Desses, 26(65%) estavam em hemodiálise, 4(10%) em diálise peritonial e 10(25%) em tratamento conservador. Entre os 30(75%) em diálise, o tempo médio de tratamento dialítico era de 13,75 meses. A presença ou ausência de lesao coronariana e sua gravidade, quando presente, foram avaliadas através de coronariografia. Foram consideradas lesoes significativas estenoses superiores a 50% (grau 1 entre 50 e 75% e grau 2 ≥ 75%). Da amostra estudada, 16(40%) apresentaram lesao, sendo que 13(81,25%) foram classificados como lesao grau 2 (≥ 75% de estenose). Quatro (25%) apresentaram apenas 1 artéria afetada, 5(31,25%) duas e 7(43,75%) mais de duas. As coronárias mais afetadas foram a descendente anterior em 13 pacientes (81,25%) e a circunflexa em 9 pacientes (56,25%), sendo que em 8 pacientes (88,88%) com comprometimento da artéria circunflexa apresentavam comprometimento concomitante da artéria coronária descendente anterior. A idade média dos pacientes com lesao foi 38,25 anos, o tempo médio de diabetes foi 22 anos e com média de 11,5 meses de tratamento dialítico. Quando analisado a presença de neuropatia, retinopatia, HAS e dislipidemia entre o grupo com lesao, os resultados foram, respectivamente: 12(75%), 12(75%), 13(81,25%) e 10(62,5%). Observou-se a presença concomitante de 2, 3 e 4 dessas comorbidades, sendo respectivamente: 1(6,25%), 7(43,75%) e 6(37,5%). Nossos resultados confirmaram a alta prevalência de doença arterial coronariana, com predomínio de estenose severa, em pacientes diabéticos assintomáticos listados para SPK. Também confirmou-se os dados prévios de presença de outras comorbidades associadas à doença de base nesses pacientes.


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ANALISE DA INFLUENCIA DO CATETER DUPLO J (DJ) SOBRE A OCORRENCIA DE COMPLICAÇOES E INFECÇOES URINARIAS EM TRANSPLANTADOS RENAIS.

ADRIANO DUNCAN MARQUES,JUDI ROSALES VIÉGAS,LUCIA PREVEDELLO CERVO,DAVID SAITOVICH,SALVADOR GULLO (PUCRS)

Introduçao: Há controvérsias quanto ao uso do DJ em pacientes que receberam transplante renal. A literatura sugere que o uso pode ser benéfico para evitar estenose da anastomose uretero-vesical e/ou surgimento de fístulas urinárias. Entretanto, vários autores questionam o fato de o cateter reduzir ou nao a incidência de infecçoes urinárias,outros ainda concluíram que a incidência aumentaria. Objetivo: Este estudo observacional-retrospectivo uni-cêntrico tem o propósito de comparar a ocorrência de infecçoes urinárias e complicaçoes cirúrgicas em transplantados renais com ou sem DJ. Métodos: Foram revisados 236 prontuários de transplantados renais do dia 29/01/2002 ao dia 20/05/2007 de um hospital universitário de Porto Alegre. Do total, foram excluídos 115(48,7%) pacientes devido à falta de dados [Cr sérica do dia da operaçao (ou próximo ao dia), da última consulta número de pacientes com infecçao urinária durante uso do DJ complicaçoes relacionadas ao transplante renal (fístula urinária, estenose de ureter)tempo de uso DJidadesexo]. Resultados: Foram analisados 121 pacientes [64M (52,9%) e 57H (47,1%)] com média de idade 43,6 (M) e 43,8 (H) anos. Do total da amostra, 82 indivíduos (67,7%) possuíam DJ [42H (51,2%) e 40M (48,8%)] e 39 nao possuíam (32,3%)[15H (38,5%) e 24M (61,5)]. Do grupo com o cateter (H e M), 6(15,4%) apresentaram complicaçoes cirúrgicas [4H (66,7%) e 2M (33,4%)] e 40(48,8%) apresentaram infecçao urinária [16H (38,1%) e 24M (60%)]. Dentre as pessoas do grupo sem DJ (H e M), 2(5,1%) apresentaram complicaçoes [1 homem (6,7%) e 1 mulher(4,2%)] e 24(61,5%) apresentaram infecçao urinária [7H (17,9%) e 14M (58,4%)]. O tempo médio de uso de DJ (em meses) nos H foi de 2,56 e nas M 5,63. Quando comparada a Cr média dos pacientes com e sem o cateter durante o período perioperatório, os H com DJ apresentaram uma média de 7mg/dL enquanto que os sem DJ, 8mg/dL. As M que possuíam o cateter tinham uma média de 5,6mg/dL e as sem, 7,1. Na última consulta, a Cr média dos H com cateter foi de 1,7mg/dL e os sem, 1,4mg/dL.As M com o DJ possuíam uma média de 1,3mg/dL e as sem o cateter, 1,4mg/dL. Conclusao: O cateter DJ nao influencia a ocorrência de infecçoes urinárias e nao evita a ocorrência de complicaçoes, nem compromete a funçao do enxerto a médio e longo prazo. Legenda: Creatinina(Cr), Duplo j(DJ), Homens(H), Mulheres(M)


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O ENFERMEIRO NO PROCESSO DE PROCURA DE ORGAOS

GRAZIELA KNEBEL (UNIVERSIDADE FEDERAL DO RIO GRANDE DO SUL), ELISABETH G R THOMÉ (UNIVERSIDADE FEDERAL DO RIO GRANDE DO SUL)

As Organizaçoes de Procura de Orgaos compreendem equipes multidisciplinares e participam do processo de doaçao de órgaos. Atuam na busca de um potencial doador, abordagem da família e acionamento para remoçao dos órgaos. O objetivo do estudo é compreender como os enfermeiros convivem com a procura de órgaos. Tem uma abordagem fenomenológica segundo o autor Giorgi (1985). Foi realizado em uma Organizaçao de Procura de Orgaos de um hospital público de Porto Alegre, composta por 2 médicos, 8 enfermeiros e 4 assistentes sociais. A amostra compreende seis participantes, somente enfermeiros e em atividade no serviço durante a realizaçao da pesquisa. A experiência demonstrou-se em dois pólos: os sentimentos vivenciados e a organizaçao da atividade de procura de órgaos. Sentimentos de gratificaçao e angústia surgem ao longo do processo refletindo a carga afetiva existente entre o profissional e a família. Os profissionais sentem-se satisfeitos com a oportunidade de participar da mudança de vida de alguém, mas também angustiados frente aos problemas encontrados. O desconhecimento da família sobre o tema ou desejo do familiar e o medo de mutilaçao do corpo foram identificados como geradores destes sentimentos. A organizaçao da instituiçao hospitalar surge como fator importante na qualidade do serviço prestado. Os profissionais sentem-se sobrecarregados e com treinamento inapropriado. Há necessidade de atuaçao integrada dos diversos setores do hospital para um melhor atendimento e funcionamento, visto a repercussao que ocorre na família e comunidade a cerca da doaçao de órgaos. Há muitos fatores influentes e inter-relacionados que interferem na atividade de procura de órgaos. Nao é possível desvincular o processo de questoes emocionais. Tudo ocorre em um intervalo de tempo limitado e envolve sentimentos ambíguos. É exigido do profissional profunda dedicaçao e equilíbrio para permear por caminhos tao opostos. O profissional questiona-se sobre sua atuaçao e interferência. Surge a sensaçao de incapacidade e despreparo. O profissional identifica e sente necessidade de maior comprometimento, contudo nao percebe oportunidade para tal. É necessária a integraçao da instituiçao como um todo, do respaldo ao profissional e ao doador e sua família. Existem muitos aspectos aquém do poder de resoluçao destes profissionais que envolvem políticas de saúde e devem ser preocupaçoes dos órgaos competentes. Palavras Chaves: Transplante, Procura de Orgaos e Enfermagem.


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AVALIAÇAO MOLECULAR NAO INVASIVA DA DISFUNÇAO DE ENXERTOS RENAIS. A MENSURAÇAO DO mRNA DE GENES SELECIONADOS PERMITE O DIAGNOSTICO ACURADO DA REJEIÇAO AGUDA.

ROBERTO CERATTI MANFRO (SERVIÇO DE NEFROLOGIA, HCPA-UFRGS), ESTHER CRISTINA AQUINO-DIAS (SERVIÇO DE NEFROLOGIA, HCPA-UFRGS), GABRIEL JOELSONS (SERVIÇO DE NEFROLOGIA, HCPA-UFRGS), ADRIANA REGINATO RIBEIRO (SERVIÇO DE NEFROLOGIA, HCPA-UFRGS), ROBERTO HERTZ BERDICHEVSKY (SERVIÇO DE NEFROLOGIA, HCPA-UFRGS), FRANCISCO JOSÉ VERONESE (SERVIÇO DE NEFROLOGIA, HCPA-UFRGS), LUIZ FELIPE GONÇALVES (SERVIÇO DE NEFROLOGIA, HCPA-UFRGS)

Introduçao: Diferentes processos podem alterar a funçao de enxertos renais e muitas vezes biópsia renal é necessária para sua elucidaçao. Métodos moleculares nao invasivos podem ser úteis para o diagnóstico dos eventos imunológicos. Objetivo: Avaliar a expressao dos genes de moléculas envolvidas no processo de rejeiçao aguda (RA) em tecido renal, sangue periférico e células urinárias de pacientes transplantados renais com diferentes causas de disfunçao do enxerto. Métodos: Quarenta e oito biópsias de vigilância, 30 biópsias obtidas por disfunçao de enxertos e 10 biópsias protocolares de enxertos com funçao normal foram obtidas. Amostras de sangue periférico e células urinárias foram concomitantemente obtidas. Constituiram-se 6 grupos: NTA (n=28) NTA-RA (n=20) RA (n=10) nefrotoxicidade por inibidor da calcineurina (n=8) rejeiçao crônica (n=12) e protocolares-normais (n=10). Os genes analisados foram: Perforina, Granzima B, Fas-ligante, Serpina proteinase inibidora 9 (PI-9), FOXP3 e TIM3. β – actina e a ciclofilina foram utilizadas como controles endógenos. A técnica quantitativa de reaçao em cadeia da polimerase em tempo real (PCR-TR) foi utilizada. Curvas ROC foram geradas para encontrarem-se os pontos de corte para o diagnóstico da RA. Resultados: Nao houve diferença significativa nas médias das creatininas dos pacientes com NTA-RA, comparados aos pacientes com diagnóstico histopatológico de NTA (5,32±3,36 versus 5,96±2,01 mg/dL respectivamente p=0,784). Para a totalidade dos genes analisados observaram-se quantidades significativamente maiores dos transcritos na situaçao da NTA-RA comparada à NTA, tendo isto sido observado no tecido renal, células sangüíneas e células urinárias (p < 0,05). Da mesma forma as quantificaçoes foram maiores nas amostras com RA do que nas amostras obtidas nos outros grupos. Os parâmetros diagnósticos produzidos pela análise do gene FOXP3 e do TIM3 foram os mais precisos, apresentando para o FOXP3, respectivamente para sangue periférico e urina: sensibilidade (94 e 100%) especificidade (95 e 100%) valor preditivo positivo (94 e 100%) valor preditivo negativo (95 e 100%) e acurácia (95 e 100%) e alcançando para o TIM3 valores absolutos de acurácia nos diferentes compartimentos. Conclusao: Conclui-se que a análise da expressao dos genes em sangue e urina de pacientes transplantados renais pode auxiliar, com elevada acurácia, o diagnóstico de NTA-RA e RA em pacientes transplantados renais.


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AVALIAÇAO DA PRESENÇA DE ANTICORPOS ANTI-HLA NO PRIMEIRO ANO DO TRANSPLANTE RENAL

REALDETE TORESAN (SERVIÇO DE IMUNOLOGIA, HCPA-UFRGS), ROBERTO CERATTI MANFRO (SERVIÇO DE NEFROLOGIA, HCPA-UFRGS), LUIS FERNANDO JOBIM (SERVIÇO DE IMUNOLOGIA, HCPA-UFRGS), MARIA CONCEIÇAO DA COSTA PROENÇA (SERVIÇO DE NEFROLOGIA-HCPA), FRANCISCO JOSÉ VERISSIMO VERONESE (SERVIÇO DE NEFROLOGIA-HCPA ), PATRICIA HARTSTEIN SALIM (SERVIÇO DE IMUNOLOGIA-HCPA), DANIEL MELQUIADES DA SILVA (SERVIÇO DE NEFROLOGIA), ADRIANA REGINATTO RIBEIRO (SERVIÇO DE NEFROLOGIA-HCPA), MARIA ISABEL ALBANO EDELWEISS (SERVIÇO DE PATOLOGIA-HCPA), KARLA LAIS PEGAS (SERVIÇO DE PATOLOGIA-HCPA)

Introduçao: Pacientes que possuem anticorpos anti-HLA no pós-transplante apresentam maior incidência de rejeiçao aguda (RA) e de nefropatia crônica do enxerto (NCE). Objetivo: Avaliar a presença de anticorpos anti-HLA no primeiro ano do transplante renal e verificar sua associaçao com a ocorrência de RA e NCE. Métodos: Este estudo incluiu consecutivamente 88 pacientes submetidos a transplante renal no período de outubro de 2002 a outubro de 2004. Amostras de sangue foram colhidas no 1º, 3º, 6º e 12º meses póstransplante, visando à pesquisa de anticorpos IgG anti-HLA de classes I e II (ELISA LATM e LAT1240, One Lambda Inc., USA). Nos pacientes que consentiram, biópsias renais de protocolo foram realizadas entre o 2º e o 3º mês e no 12º mês pós-transplante. RA e NCE foram diagnosticadas por critérios clínicos, laboratoriais e histopatológicos. Resultados: Oitenta e oito pacientes foram avaliados, sendo 40(45,5%) do sexo feminino e setenta e dois (81,8%) de etnia caucasóide. Setenta e um (80,6%) receberam rins de doador falecido. Anticorpos anti-HLA foram encontrados em vinte pacientes (22,7%). Desses, somente 3(4,4%) desenvolveram anticorpos anti HLA (classe I) no período pós-transplante os demais (17) já os apresentavam no período pré-transplante. No seguimento até um ano, 23 pacientes (26,1%) apresentaram RA e 43(51,2%) desenvolveram NCE. Setenta por cento (70%) dos pacientes com RA desenvolveram NCE, contra 45,3% dos pacientes sem RA (P=0,054). Nove (45%) pacientes com anticorpos anti-HLA desenvolveram RA, contra 14(20,6%) dos sem anticorpos (P=0,058) e 11(64,7%) desenvolveram NCE contra 32(47,8%) dos sem anticorpos (P=0,329). Na análise histológica, anticorpos anti-HLA foram associados à RA IIA (P=0,001) e à NCE II (P=0,012). As variáveis preditoras para a RA e NCE foram, respectivamente, presença de anticorpos anti-HLA de classe I no 1º mês póstransplante (OR=4,30: IC 95%= 1,32-14,1 P=0,016) e transplante com órgao de doadorlimítrofe (OR=4,81: IC 95%=1,18-20,3 P=0,028). Conclusao: Os anticorpos anti-HLA presentes no primeiro ano do transplante renal foram associados a RA e NCE. A pesquisa desses anticorpos no período pós-transplante se adotada como rotina, poderia identificar casos de mau prognóstico e guiar a escolha de tratamentos mais adequados. Nossos resultados reforçam a necessidade de continuidade desses estudos.


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EVOLUÇAO PONDERO-NUTRICIONAL ENTRE PACIENTES RECÉMTRANSPLANTADOS DE RIM EM UM HOSPITAL DE PORTO ALEGRE

NADIA BEHR DALLA PORTA (HOSPITAL DE CLINICAS DE PORTO ALEGRE), JOSÉ ALBERTO RODRIGUES PEDROSO (HOSPITAL DE CLINICAS DE PORTO ALEGRE), THAIS RODRIGUES MOREIRA (HOSPITAL DE CLINICAS DE PORTO ALEGRE)

Introduçao: O paciente com Insuficiência Renal Crônica em Terapia Substitutiva renal (Hemodiálise ou Diálise Peritoneal) geralmente apresenta-se com estado de malnutriçao, tanto por hipoproduçao, quanto por aumento de perdas de albumina, como também por baixo ou inadequado aporte calórico-protéico, devido restriçoes dietéticas inerentes à sua patologia. Tal condiçao modifica-se após a realizaçao de um Transplante renal, geralmente resultando em alteraçoes significativas do peso em relaçao a seu antigo peso seco. OBJETIVOS: Este estudo deseja avaliar o comportamento ponderal e nutricional dos pacientes Transplantados de Rim há pelo menos 3 meses. Material e Metodologia: Foi realizada análise retrospectiva de 40 pacientes submetidos a este procedimento no Hospital de Clínicas de Porto Alegre, nos meses de Janeiro a Junho de 2007, foram analisados no que se refere ao ganho ou perda de peso no pós-operatório imediato e a curto prazo (follow-up de 3 meses). Variáveis de interesse sao: peso (pré-transplante, peso após 7º dia de Transplante, e ao final do 1º, 2º e 3º mês. Glicose, albumina, uréia, creatinina, eletrólitos e mensuraçao de diurese (na internaçao do implante) também sao variáveis de interesse. Resultados e Conclusao: Os pacientes Transplantados geralmente apresentam-se com distúrbios do metabolismo do potássio, cálcio e fósforo, condiçao inerente a seu estado pré-transplante, em diálise. Ocorre ganho ponderal na primeira semana, na maioria dos casos, devido a sobrecarga hídrica imposta no pós-operatório, mas geralmente ainda na mesma internaçao, o peso tende a voltar a seu basal, ou ser ainda menor no momento da alta. Segue-se fase de franca recuperaçao, associada a hiperorexia no pós-operatório, devido agentes imunossupressores, e muitas condiçoes antes nao observadas passam a serem de interesse, como mau controle glicêmico, dislipidemia, hiperuricemia e hipertensao. Edema é condiçao freqüentemente relatada, mas pode estar associada a medicaçoes em uso, e nao necessariamente a disfunçao do enxerto.


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INFECÇAO POR CMV EM PACIENTES TRANSPLANTADOS RENAIS

ROBERTO BERDICHEVSKI (UFRGS), ADRIANAR. RIBEIRO (UFRGS), GABRIEL JOELSONS (UFRGS), MARIA CONCEIÇAO PROENÇA (UFRGS), ROBERTO C. MANFRO (UFRGS), LUIZ FELIPE GONÇALVES (UFRGS)

Introduçao: A infecçao por CMV é uma complicaçao comum em pacientes transplantados renais, sendo associada à disfunçao de enxerto, ao desencadeamento de rejeiçao aguda e de nefropatia crônica do enxerto. Objetivos: avaliar a incidência de infecçao por CMV em transplantados de rim, estabelecer os seus fatores de risco e analisar o prognóstico dos enxertos e dos pacientes. Pacientes e Métodos: Estudo de Coorte Retrospectivo, com a inclusao de todos os pacientes transplantados renais no período de 2000-2005 com 1 ano ou mais de acompanhamento. Variáveis em estudo:idade, sexo, etnia, doença básica, tipo de doador, Tx prévio,presença de HBsAg e anti-HCV, transfusoes de sangue, gestaçoes, painel,tempo de isquemia fria e de anastomose, imunossupressao, idade do doador, sorologia para CMV do receptor e doador e uso de ganciclovir profilático. Foram analisados os desfechos:creatinina em 6 meses, 1 e 5 anos, sobrevida de enxerto e pacientes em 1, 2 e 5 anos,incidência de rejeiçao aguda(RA), incidência de nefropatia crônica do enxerto (NCE – definida por biópsia ou creatina estável > 2 mg/dL). Infecçao por CMV foi estabelecida quando o paciente tinha antigenemia para CMV > 4 células/100000 e foi tratado com ganciclovir EV. Análise estatística: teste t, ANOVA, qui-quadrado e teste exato de Fischer. Nível de significância, P< 0,05. Resultados: Obteve-se dados analisáveis de 313 transplantes realizados no período, sendo 53% dos receptores do sexo masculino e 80% de etnia caucasóide. Esquemas com uso de OKT3 ou ATG foram utilizados em 9% dos casos. A incidência de CMV foi de 20%.Gênero, idade do receptor e tipo de imunossupressao utilizado nao foram fatores de risco. A profilaxia com ganciclovir foi feita em 11%. A incidência de NCE foi maior no grupo que teve infecçao por CMV (58% versus 41% P=0,036). Nao houve diferença significativa na incidência de rejeiçao aguda. Asobrevida de enxerto em dois anos foi de 94% no grupo sem CMV e de 85% no grupo com CMV (P=0,05). Nos pacientes com rim funcionante em 2 e 5 anos, a funçao renal nao foi diferente entre os grupos. Nao encontrou-se diferença estatisticamente significativa na sobrevida dos pacientes. Conclusao: A infecçao por CMV teve uma incidência de 20%, nao tendo sido identificados fatores de risco pré- transplante. A maior incidência de NCE e a menor sobrevida dos enxertos em 2 anos sugerem repercussoes negativas em relaçao a sobrevida dos enxertos em pacientes que tiveram infecçao por CMV.


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O RE-TRANSPLANTE RENAL CONSTITUI UM FATOR DE RISCO PARA PIOR EVOLUÇAO?

ROBERTO HERZ BERDICHEVSKI (UFRGS), ADRIANA REGINATO RIBEIRO (UFRGS), GABRIEL JOELSONS (UFRGS), MARIA CONCEIÇAO PROENÇA (UFRGS), ROBERTO CERATTI MANFRO (UFRGS), LUIZ FELIPE GONÇALVES (UFRGS)

Introduçao: O re-transplante renal(Re-Tx é considerado um transplante de maior risco, com resultados inferiores àqueles obtidos nos primeiros transplantes. Os avanços no Tx nos últimos anos tornam necessária uma reavaliaçao desta situaçao. Objetivo: avaliar as características clínicas e evoluçao em curto prazo de Re-tx nos últimos 6 anos. Pacientes e Métodos: selecionou-se todos os transplantados renais com mais de um transplante, grupo re-transplante(GR), no período 2000-2005. Eles foram comparados com os pacientes com primeiro tx do mesmo período, grupo controle (GC). Variáveis em estudo: idade, sexo, etnia, doença básica, presença de HBsAg e anti-HCV, transfusoes de sangue, gestaçoes, painel, tempo de isquemia fria e de anastomose, imunossupressao, uso de ganciclovir profilático (GANP) e necessidade de diálise na primeira semana (NTA). Foram analisados os desfechos: creatinina em 6 meses e um ano, sobrevida de enxerto e de pacientes em 1 ano, rejeiçao aguda, rejeiçao córtico-resistente, rejeiçao humoral, nefropatia crônica do enxerto, presença de infecçao urinária (IU+), infecçao por citomegalovírus (CMVpós) e diabetes pós-tx (DMpós). Análise estatística: teste t, ANOVA, qui-quadrado e teste exato de Fischer, programa SPSS 11.0. Nível de significância, P<0,05. Resultados: Foram realizados 330 transplantes, com 37 re-Tx (incidência=11,2%), sendo 32 com 1 tx prévio e 5 com 2 tx prévios. Nao houve diferença estatísticamente significativa entre os 2 grupos em relaçao a idade, sexo, etnia, doença básica,presença de HBsAg, transfusoes de sangue, gestaçoes, tempo de isquemia fria e de anastomose, e NTA. Também nao houve diferença significativa em relaçao aos desfechos creatinina em 6 meses e um ano, sobrevida de enxerto (83% x 89%) e de pacientes em 1 ano (95% x 97%), rejeiçao aguda, rejeiçao córtico-resistente, rejeiçao humoral, nefropatia crônica do enxerto, CMVpós e DMpós. Os resultados com significância estatística foram: Painel (18+-33×4+-16,0,037), Induçao (57%x27%,0,000), HCV+ (30%x18%,0,032), GANP (37%x6%,0,000) e IU+ (84%x65%,0,032). Conclusao: Os pacientes re-transplantados,embora o maior risco imunológico e necessidade de imunossupressao mais intensa tem resultados de sobrevidas de enxertos e de pacientes em curto prazo comparáveis aos demais pacientes.


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TRANSPLANTE RENAL E INFECÇAO POR VIRUS DA HEPATITE C

ADRIANA REGINATO RIBEIRO (UFRGS), ROBERTO HERZ BERDICHEVSKI (UFRGS), GABRIEL JOELSONS (UFRGS), MARIA CONCEIÇAO PROENÇA (UFRGS), ROBERTO CERATTI MANFRO (UFRGS), LUIZ FELIPE GONÇALVES (UFRGS)

Introduçao: A infecçao por vírus da hepatite C é prevalente em unidades de diálise e transplante, com possíveis conseqüências negativas em relaçao a sobrevida de enxertos e pacientes a longo prazo. Objetivo: Avaliar a prevalência de transplantados renais anti-HCV positivos e estudar os fatores de risco, condiçoes associadas e repercussoes após o transplante. Pacientes e Métodos: estudo de coorte retrospectivo, que incluiu todos os transplantados renais no período 2000-2005. Todas as análises foram realizadas comparando os pacientes em relaçao a sorologia anti-HCV no momento do transplante. Foram analisadas as seguintes variáveis: idade, sexo, etnia, doença básica, tipo de doador, Tx prévio (TxP), presença de HBsAg, transfusoes de sangue, gestaçoes, painel, tempo de isquemia fria (IF) e de anastomose, imunossupressao, idade do doador e causa mortis do doador. Os desfechos avaliados foram: creatinina em 6 meses, um ano e 5 anos, sobrevida de enxerto em um ano (Rim1a) e 5 anos (Rim5a) e de pacientes em 1 ano (Pac1a) e 5 anos (pac5a), rejeiçao aguda, nefropatia crônica do enxerto (NCE), presença (IU+) e número de infecçao urinária (nIU), infecçao por citomegalovírus (CMVpós) e diabetes pós-tx. (DMpós). Análise estatística: testes: teste t, ANOVA, qui quadrado, teste exato de Fischer, risco relativo (RR), programa estatístico: SPSS 11.0, nível de significância: P<0,05. Resultados: A prevalência global de pacientes anti-HCV+ foi de 20,3%, sendo maior em receptores de rim de doador falecido do que de doador vivo(23%x12%,P=0,04). Dentre os possíveis fatores de risco encontrou-se apenas o número de transfusoes pré-tx (2,9+-4,1 x 1,7+-3,4,P=0,022, > 4 transfusoes RR=1,85). Quanto aos desfechos verificou-se aumento estatisticamente significativo da creatinina aos 5 anos pós-tx no grupo anti-HCV+ (3+-1,7×1,8+-1, P=0,026), embora nao tenha havido diferenças nas sobrevidas de enxertos e de pacientes em 1,2 e 5 anos. Encontrou-se também uma associaçao estatisticamente significativa entre anti-HCV+ e o desenvolvimento de diabetes pós-tx (18,5% x 7,8%, P=0,02, RR=2,04). Conclusao: Verificou-se uma alta prevalência de transplantados renais anti-HCV+, principalmente em receptores de doador falecido, com piora da funçao renal aos 5 anos. A ausência de diferenças nas sobrevidas de enxertos e pacientes pode ser atribuída ao reduzido tempo de acompanhamento. Nossos dados suportam a associaçao entre anti-HCV+ e o desenvolvimento de diabetes pós-tx.


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DISFUNÇAO INICIAL DO ENXERTO: ANALISE DE UM CENTRO BRASILEIRO.

ROBERTO HERZ BERDICHEVSKI (UFRGS), ADRIANA REGINATO RIBEIRO (UFRGS), MARIA CONCEIÇAO PROENÇA (UFRGS), GABRIEL JOELSONS (UFRGS), ROBERTO CERATTI MANFRO (UFRGS), LUIZ FELIPE GONÇALVES (UFRGS)

Introduçao: A disfunçao inicial do enxerto (DIE) é uma complicaçao freqüente e associada a aumento da imunogenicidade do enxerto e conseqüente risco aumentado de rejeiçao aguda e de diminuiçao da sobrevida dos enxertos. Objetivo: Avaliar a incidência, fatores de risco e conseqüências da DIE pós-transplante renal. Pacientes e Métodos: Estudo de coorte, retrospectivo, que incluiu todos os transplantados renais no período de 2000-2005 em um único centro. DIE foi definido como a necessidade de diálise na 1a. semana pós-tx. Todas as análises foram realizadas considerando os pacientes com e sem DIE.Variáveis: idade, sexo, etnia,doença básica, tipo de doador, Tx prévio(TxP), presença de HBsAg e anti-HCV,transfusoes de sangue, gestaçoes, painel, tempo de isquemia fria (IF) e de anastomose, imunossupressao, idade do doador e causa mortis do doador.Os desfechos avaliados foram: creatinina em 6 meses e um ano, sobrevida de enxerto (Rim1a) e de pacientes em 1 ano (Pac1a), rejeiçao aguda, rejeiçao córtico-resistente, rejeiçao humoral, nefropatia crônica do enxerto (NCE), presença (IU+) e número de infecçao urinária (nIU) pós-tx, infecçao por citomegalovírus (CMVpós) e diabetes pós-tx. (DMpós). Análise estatística: testes: teste t, ANOVA, qui quadrado, teste exato de Fischer, risco relativo (RR), programa estatístico: SPSS 11.0, nível de significância: P<0,05. Resultados: Dos 318 transplantados renais avaliados 196 apresentaram DIE com uma incidência global de 61,6%, ocorrendo em 181 de 242 Tx com doador falecido, incidência de 74,8% e, em 15 de 76 Tx com doador vivo, incidência de 19,7% (P=0,000, RR=3,75). As variáveis e desfechos em que encontrou-se diferenças ou associaçoes estatísticamente significativas foram (DIE Sim x Nao): Idade (44 +- 11×39 +- 12,0,01), Painel (8 +- 23×2 +- 11,0,017, Afro (27,6%x13,6%, 0,004),IF (20 +- 5×17 +- 7,0,03), TxP (14,4% x 6,6%, 0,03), Rim1a (79,3% x 95,4%, 0,001), Pac1a (92,4% x 98,2%, 0,032), NCE (53,3%x35,7%, 0,004). Conclusao: Encontrou-se uma alta incidência de DIE, principalmente em receptores de doador falecido, sendo os principais fatores de risco encontrados a idade do receptor, a etnia afro-descendente, sensibilizaçao contra painel, tempo de isquemia fria maior do que 18h e presença de Tx prévio. A presença de DIE resulta em significativa reduçao na sobrevida de enxertos e de pacientes em curto prazo, com prováveis repercussoes no longo prazo, conforme sugerido pela maior incidência de nefropatia crônica do enxerto nestes pacientes.


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PERCEPÇOES DO CLIENTE RENAL CRONICO SOBRE O TRANSPLANTE RENAL

ANAINA FURTADO RODRIGUES (INSTITUTO DE DOENÇAS RENAIS LTDA), GLAUCIA TREVISAN (INSTITUTO DE DOENÇAS RENAIS LTDA)

A doença renal crônica consiste na perda progressiva e irreversível da funçao renal e torna-se sintomática após algumas fases. A sua incidência aumenta a cada ano, tornandose um problema de saúde pública, acometendo jovens, adultos e idosos. As causas mais comuns sao: diabetes, hipertensao, glomerulonefrites, entre outras. As terapias que substituem a funçao renal sao: hemodiálise, diálise peritoneal e transplante renal – este consiste em uma cirurgia na qual um rim saudável é colocado em um indivíduo portador de insuficiência renal crônica, com o objetivo de recuperar as suas funçoes renais. O objetivo deste estudo foi conhecer as expectativas e as percepçoes do cliente renal crônico sobre o transplante renal, identificando suas dúvidas e como a enfermagem atua na expectativa do transplante renal. O estudo tratou-se de uma pesquisa qualitativa, descritiva e exploratória de campo. Os sujeitos que participaram da pesquisa foram os clientes renais crônicos que estavam recebendo tratamento de hemodiálise, inscritos em lista de espera para realizaçao do transplante renal em uma unidade de diálise em Porto Alegre. A coleta de informaçoes ocorreu através de uma entrevista semi-estrutura e, após serem transcritas, utilizou-se a Análise de Conteúdo de Minayo (2000). Das falas, surgiram as seguintes categorias: medo (falta de medicamentos, rejeiçao), liberdade, esperança, auto-percepçao prejudicada. Sobre a atuaçao do enfermeiro, nas expectativas do cliente, surgem aspectos positivos (esclarecem as dúvidas) e negativos (inúmeras tarefas administrativas). A conclusao a que se chegou, a partir deste estudo, é que o cliente renal crônico aguarda ansiosamente pela possível realizaçao do transplante renal para melhorar vários aspectos de sua vida, podendo sentir-se livre e sem a dependência de uma máquina.


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PERFIL DO TESTE TUBERCULINICO EM PACIENTES EM LISTA DE ESPERA PARA TRANSPLANTE RENAL

CINTHIA DALASTA CAETANO FUJII (HOSPITAL DE CLINICAS DE PORTO ALEGRE), MARIA CONCEIÇAO DA COSTA PROENÇA (HOSPITAL DE CLINICAS DE PORTO ALEGRE), DÉBORA HEXSEL GONÇALVES (UNIVERSIDADE FEDERAL DO RIO GRANDE DO SUL), ALESSANDRA ROSA VICARI (HOSPITAL DE CLINICAS DE PORTO ALEGRE)

Introduçao: Pacientes portadores de nefropatias graves e transplantados fazem parte do grupo de risco para a infecçao pelo Mycobacteriun tuberculose, por tais condiçoes apresentarem algum nível de imunossupressao ou necessitarem do uso de corticóides como parte do tratamento. Objetivo: Identificar o perfil do teste tuberculínico dos pacientes em lista de espera para transplante renal. Metodologia: Estudo de prevalência do teste tuberculínico de 159 pacientes em lista de espera para transplante renal. Foram analisados: idade, raça, tempo de diálise, hepatopatias, doença básica, descriçao de tuberculose prévia e reaçao de Mantoux. Seguindo as Diretrizes do II Consenso Brasileiro de Tuberculose (2004), consideramos forte reator > 10mm reator fraco de 5 a 9mm e nao reator < 4mm. A análise dos dados foi feita através de estatística descritiva e medidas de tendência central. Resultados: A doença básica mais freqüente foi a Hipertensao Arterial Crônica, com 37 pacientes, e Diabete Melito, com 22 pessoas. Ao total, 25 pacientes eram da raça negra, 9 mulatos e 125 da raça branca. Em 35 pacientes, o resultado do teste de Mantoux foi reator forte em 22 pacientes o resultado foi reator fraco e em 102 pacientes o resultado foi nao reator. Nao houve correlaçao entre as variáveis pesquisadas e o teste tuberculínico. Conclusoes: O estudo possibilitou estabelecer um protocolo de profilaxia para os pacientes com mantoux forte reator com o objetivo de reduzir o número de tuberculose pós-transplante. Devem ser avaliadas as questoes epidemiológicas e sociais dos pacientes para estabelecermos correlaçao com o resultado do teste e propor medidas educacionais.


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CHAGAS CEREBRAL EM TRANSPLANTE RENAL

SABRINA BEDIN, (ESTUDANTE, FFFCMPA), MIGUEL F. DO AMARAL NETO (ESTUDANTE, FFFCMPA), PAULO HENRIQUE N. ENGLERT (ESTUDANTE, FFFCMPA), PATRICIA D’ALMEIDA BIANCO (TRANSPLANTE RENAL, ISCMPA), A. FERREIRA; (TRANSPLANTE RENAL, ISCMPA), VALTER DURO GARCIA (TRANSPLANTE RENAL, ISCMPA), JORGE KRAEMER (NEUROCIRURGIA, ISCMPA), ELIZETE KEITEL (TRANSPLANTE RENAL, ISCMPA), KARLA PIEGAS (LAB. PATOLOGIA ISCMPA), ANTONIO BITTAR (TRANSPLANTE RENAL, ISCMPA)

Objetivos: Descrever a apresentaçao clínica de doença de chagas cerebral em paciente transplantado renal. Material e Métodos: Revisao do prontuário hospitalar. Resultado: Paciente feminina, 35 anos, submetida a transplante renal em junho de 2003 com doador falecido. Em dois de julho de 2005 chega na emergência com cefaléia de forte intensidade, alteraçao do sensório, náuseas e vômitos. Tomografia de crânio mostrava edema cerebral e desvio da linha média. Apresentava duas lesoes sugestivas de neoplasia ou processo infeccioso inflamatório. Fez ressonância magnética de crânio que mostrava lesao fronto-parieto-temporal esquerda., sugestivo de linfoma primário. Fez TC de tórax e abdômen foram sem alteraçoes. Em dezoito de julho de 2005 foi submetida a biópsia cerebral por craniotomia. Fragmentos enviados para patologia, microbiologia e micologia. Diagnóstico anatomopatológico confirmou processo infeccioso por Trypanossoma (forma tecidual amastigota foi encontrada). Iniciado tratamento com benzonidazole, com excelente evoluçao. Revisado o prontuário, a paciente tinha sorologia positiva para Trypanossoma pré-transplante. Conclusao: Infecçoes por protozoários ou outros agentes infecciosos oportunistas sao um desafio para o diagnóstico em pacientes imunodeprimidos. Estes pacientes normalmente sao assintomáticos e os demais exames sao inespecíficos. A hipótese de infecçao oportunista sempre deve ser mantida em mente para evitar o atraso no diagnóstico que pode deixar seqüelas ou ser fatal.


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DISFUNÇAO HEPATICA GRAVE EM TRANSPLANTADO RENAL COM TUBERCULOSE MILIAR.

SABRINA BEDIN (ESTUDANTE, FFFCMPA), MIGUEL F AMARAL NETO (ESTUDANTE, FFFCMPA), PAULO HENRIQUE ENGLERT (ESTUDANTE, FFFCMPA), PATRICIA D’ALMEIDA BIANCO (ESTUDANTE, FFFCMPA), AURI FERREIRA SANTOS (TRANSPLANTE RENAL, ISCMPA), ANTONIO BITTAR (TRANSPLANTE RENAL, ISCMPA), KARLA PIEGAS (TRANSPLANTE RENAL, ISCMPA), VALTER DURO GARCIA (TRANSPLANTE RENAL, ISCMPA), ROSANA MUSSOI BRUNO (TRANSPLANTE RENAL, ISCMPA)

Objetivos: Descrever a apresentaçao clínica de disfunçao hepática severa por esquema de primeira linha de tuberculostáticos em transplantado renal com tuberculose miliar. Material e Métodos: revisao do prontuário hospitalar. Resumo: Paciente masculino, 30 anos, diabetes mellitus tipo I desde os 10 anos de idade, realizou 11 meses de hemodiálise, painel negativo, foi submetido a transplante simultâneo de rim e pâncreas em 25 de abril de 2006 de doador falecido. Duas semanas precedentes a ultima internaçao, iniciou quadro de febre diária. Os primeiros exames de investigaçao feitos durante a internaçao nao apresentaram alteraçoes. Entao, foi feita uma Tomografia de tórax, na qual foi observado infiltrado micronodular sugestivo de tuberculose miliar. Paciente foi submetido a uma biópsia a céu aberto de pulmao, sendo identificado BAAR positivo. É iniciado esquema de primeira linha de tuberculostáticos: rifampicina, isoniazida e pirazinamida (RHZ). Paciente evolui com piora da funçao renal. Foi submetido a biópsia do rim, na qual se observou micobacteriose renal e microangiopatia trombótica. Suspendeu-se o usa de FK e rapamicina. Paciente evolui com quadro de hepatite, sendo RHZ suspensa no 4º dia. Houve piora clinica e laboratorial com disfunçao hepática grave. Exames: Tempo de Protrombina: 18%, TGO: 1.661u/l, TGP: 783u/l, Fator V: 22%, Lipase: 1.730u/l,Amilase: 1.254u/l. Paciente evolui com melhora progressiva das funçoes hepática, renal e pancreática. O esquema adotado para o tratamento alternativo da tuberculose foi ofloxacino, estreptomicina e etambutol. Após melhora das provas hepáticas foi reiniciado FK e RAPA. Conclusao: Descrevemos essa caso para ilustrar as interaçoes medicamentosas dos tuberculotáticos com imunossupressores e a necessidade de controle rigoroso da funçao hepática nestes indivíduos para que nao evoluam para insuficiência hepática grave, a qual pode ter desfecho muito desfavorável.


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TRANSPLANTE SIMULTANEO DE PANCREAS E RIM. EXPERIENCIA DA SANTA CASA DE PORTO ALEGRE.

PATRICIA D’ALMEIDA BIANCO (SERVIÇO DE TRANSPLANTE RENAL), ROSANA M BRUNO (SERVIÇO DE TRANSPLANTE RENAL, ISCMPA), AURI F SANTOS (SERVIÇO DE TRANSPLANTE RENAL, ISCMPA), ELIZETE KEITEL (SERVIÇO DE TRANSPLANTE RENAL, ISCMPA), ANTONIO BITTAR (SERVIÇO DE TRANSPLANTE RENAL, ISCMPA), ALEXANDRE MESSIAS (SERVIÇO DE TRANSPLANTE RENAL, ISCMPA), ENILDE GUERRA (SERVIÇO DE TRANSPLANTE RENAL, ISCMPA), EDUARDO DIDONE (SERVIÇO DE TRANSPLANTE RENAL, ISCMPA), ANDRÉ D’AVILA (SERVIÇO DE TRANSPLANTE RENAL, ISCMPA), VALTER DURO GARCIA (SERVIÇO DE TRANSPLANTE RENAL, ISCMPA), SANTO PASCOAL VITOLA (SERVIÇO DE TRANSPLANTE RENAL, ISCMPA)

Objetivo: Analisar os 69 transplantes simultâneos de rim e pâncreas (TSRP) com drenagem entérica realizados de maio de 2000 a julho de 2007 na ISCMPA. Material e Métodos: análise retrospectiva. A análise estatística usada foi média e devio padrao e método de Kaplan-Meier quando indicado. Resultados: perfil dos receptores: Sexo masculino n=40 (58%), idade média 33 ± 7,4 anos, tempo médio de diabetes antes do TSRP 20 ± 5,3 anos, tempo médio de diálise 24±24 meses, 7(10%) pacientes foram submetidos a TSRP preemptivo. Tempo de isquemia fria para o rim foi de 15,5 +/- 2,9 horas e para o pâncreas foi de 14 +/- 2,41 horas. 66(96%) pacientes receberam imunossupressao com anti-CD 25, FK 506, sirolimus e os 3 remanescentes receberam: 2 OKT3 e 1 ATG por causa da reatividade ao painel de célular maior que 70%. 5(7,2%) pacientes desenvolveram rejeiçao aguda do pâncreas (comprovada por bióspia) e 19(27,5%) apresentaram rejeiçao aguda do enxerto renal. 21(30,4%) foram submetidos a reintervençao cirúrgica (2 por melena, 4 infecçao, 1 por sangramento no trans-operatório, 7 trombose do pâncreas, 1 fístula duodenal, 5 ascite hemorrágica, 1 drenagem espontânea da ascite. 9(13%) mortes (6 por infecçao, 1 embolia pulmonar, 1 sangramento abdominal, 1 cerebral edema). 19(27,5%) pacientes perderam o pâncreas (7 por morte, 7 por trombose do pâncreas, 1 por fístula duodenal, 1 pós uso de AINE, 2 nunca funcionaram, 1 pós-tbc). 11(15,9%) pacientes perderma o rim 7 por óbito, 1 por polioma vírus (BKV) e 1 por rejeçao crônica. Em outros 2 pacientes foi diagnosticado BKV (comprovado por bióspia e PCR), entretanto os pacientes estao evoluindo bem apenas com a reduçao da imunossupressao. A sobrevida do paciente em 1 ano foi de 88% e em 5 anos foi de 86%. Asobrevida do pâncreas em 1 ano foi de 76% e em 5 anos foi de 69%. Asobrevida do rim em 1 ano foi de 88% e em 5 anos foi de 79%. Conclusao: O esquema imunossupressoar adotado é seguro. Foram observadas complicaçoes cirúrgicas em pacientes com complicaçoes moderadas secundárias ao diabetes. Assim, é importante a revisao dos critérios de inclusao em lista para TSRP no objetivo de diminuir tais intercorrências.


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A IMPORTANCIA DA DISCIPLINA DE DOAÇAO E TRANSPLANTE

CLOTILDE DRUCK GARCIA (FUNDAÇAO FACULDADE FEDERAL DE CIENCIAS MÉDICAS DE PORTO ALEGRE-FFFCMPA), ADRIANA BARBOZA (ISCMPA), JOAO CARLOS GOLDANI (FFFCMPA), JORGE NEUMANN (ISCMPA), ROBERTO CHEM (ISCMPA), JOSE CAMARGO (FFFCMPA), FERNADO LUCCHESI (ISCMPA), DARIO FROTA (ISCMPA), SANTO PASCOAL VITOLA (ISCMPA), EDUARDO DIDONE (ISCMPA), VIVIANE BARROS BITTENCOURT (ISCMPA), LUCIA ELBERN (VIA VIDA), AJACIO BRANDAO (FFFCMPA), ELIZABETH CASTRO (FFFCMPA), ANTONIO KALIL (ISCMPA), SERGIO HAUSEN (FFFCMPA), DEBORA TODESCHINI (FFFCMPA), ALEXANDRE MARCON (ISCMPA), ITALO MARCON (FFFCMPA), VALTER DURO GARCIA (ISCMPA)

Introduçao: Transplante é uma modalidade terapêutica cada vez mais utilizada. Entretanto a escassez de órgaos é uma realidade. Os obstáculos sao inúmeros, entre eles a falta de informaçao. Objetivo: educar sobre o processo doaçao – transplante oferecendo conhecimentos básicos aos acadêmicos da área da saúde, com a finalidade de comprometê-los com este processo. Metodologia: Há 2 anos foi criada disciplina eletiva de Doaçao e Transplante de Orgaos, sem exigência de pré-requisitos, oferecida aos acadêmicos de Medicina, Bio-Medicina e Nutriçao. A disciplina consta de 25 horas e é oferecida semestralmente. Todos os aspectos do processo doaçao transplante sao ensinados como diagnóstico de morte encefálica, aspectos políticos e legais da doaçao, alocaçao e noçoes básicas de todos os transplantes. Contamos com a colaboraçao dos professores da faculdade, coordenadores hospitalares e médicos da ISCMPA, voluntários da ONG Via-Vida e participaçao de pacientes transplantados e em lista de espera. Resultados: No período de março de 2006 a julho de 2007 foram treinados 200 acadêmicos. Os alunos avaliaram a disciplina como excelente, e sugeriram continuar com uma nova disciplina eletiva de Doaçao e Transplante II. Foi criada esta segunda disciplina em março de 2007, que é basicamente prática, e está no seu segundo curso. Um grupo destes alunos está organizando a Liga de Transplantes. Apresentaram vários trabalhos em congressos, participaram em eventos educacionais, feiras de saúde com uma banca de Doaçao e Transplante, auxiliaram a ONG Via-Vida e iniciarao projeto de educaçao em escolas primárias. Conclusao: A atitude favorável de um profissional de saúde com relaçao a doaçao de órgaos pode influenciar positivamente na decisao das famílias dos potenciais doadores. O incentivo destes estudantes já está trazendo benefícios a nossa populaçao. Sugerimos que este tipo de disciplina deva ser implementado em outras escolas de saúde


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APLICAÇAO DE QUESTIONARIO SOBRE DOAÇAO E TRANSPLANTES DE ORGAOS E TECIDOS NA POPULAÇAO CARENTE DE PORTO ALEGRE/BRASIL – PROJETO PILOTO

CLOTILDE DRUCK GARCIA (FUNDAÇAO FACULDADE FEDERAL DE CIENCIAS MÉDICAS DE PORTO ALEGRE), RAONI BINS PEREIRA (FFFCMPA), DEBORA POLETTO TODESCHINI (FFFCMPA), RENATO JOSÉ KIST DE MELLO (FFFCMPA), ALEXANDRE MINELLI BÖCKMANN (FFFCMPA), JERONIMO DE MATTOS SICCO (FFFCMPA), MARIANA DE OLIVEIRA GOMES (FFFCMPA), TACIANA CAPPELLETTI (FFFCMPA), TALITA ZANETTE (FFFCMPA), VALTER DURO GARCIA (ISCMPA)

Introduçao: Um dos maiores obstáculos para o transplante é a elevada taxa de rejeiçao da família para a doaçao, devido a diversas razoes (i.e. incompreensao sobre a morte encefálica, medo da deformaçao do corpo, desconhecimento do sistema do alocamento de órgaos). Estes receios e a carência de informaçao nao podem ser resolvidos somente por campanhas gerais, necessitando de explicaçoes mais detalhadas. Para fornecer essa informaçao qualificada e formar médicos mais cientes de seu papel no processo de doaçao-transplante, a escola de medicina elaborou um projeto que capacita os estudantes com conhecimento básico sobre o assunto. Um questionário acerca do processo de doaçao-transplante foi elaborado e aplicado por esses estudantes com o objetivo de avaliar o conhecimento da populaçao e aumentar o número de possíveis doadores órgaos. Cada resposta do entrevistado é discutida pelo estudante-entrevistador com o intuito de informar de forma correta e individualizada. O objetivo desse trabalho é mostrar e discutir os resultados desse projeto piloto. Materiais e Métodos: O estudo foi feito em escolas de bairros carentes de Porto Alegre e 131 pessoas concordaram em ser entrevistadas, com idade entre 11 e 80 anos (média das idades = 32.5). Resultados: Observou-se que a maioria dos entrevistados carecia de informaçoes sobre o processo de doaçao e transplante de órgaos e tecidos. Entretanto, nenhum foi considerado completamente leigo no assunto. 84.70% dos entrevistados declararam espontaneamente que gostariam de ser doadores, embora somente 53.10% destes teriam revelado este desejo a sua família. Além disso, verificou-se que a tendência em se tornar um doador pode ser relacionada com o nível de informaçao sobre o processo de doaçao e sua legislaçao. Conclusao: O uso do questionário como instrumento de informaçao mostrouse válido pois através dele é possível orientar de forma correta sobre doaçao-transplante de órgaos e tecidos e mensurar o conhecimento da populaçao estudada sobre o assunto. Desta forma, o questionário também pode apontar pontos que devem ser mais insistentemente abordados nas campanhas de conscientizaçao. Além disso, o projeto estimula estudantes de medicina a conhecerem e divulgar o processo de doaçao e transplante de órgaos e tecidos e sua legislaçao.


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INSUFICIENCIA RENAL CRONICA TERMINAL EM DOADORES DE RIM COM SEGUIMENTO A LONGO PRAZO

JORDANA SCHEEREN (FUNDAÇAO FACULDADE FEDERAL DE CIENCIAS MÉDICAS DE PORTO ALEGRE), RAONI BINS PEREIRA (FFFCMPA), RENATO JOSÉ KIST DE MELLO (FFFCMPA), TACIANA CAPPELLETTI (FFFCMPA), VICENTE FARAON FONSECA (FFFCMPA), GRAZIELA MACHADO (FFFCMPA), GUILHERME JOST (FFFCMPA), TALITA ZANETTE (FFFCMPA), AURI SANTOS (ISCMPA), JOAO JORGE BIANCHINI (ISCMPA), ELIZETE KEITEL (ISCMPA), DENISE CASTRO (ISCMPA), CLOTILDE DRUCK GARCIA (FFFCMPA), VALTER DURO GARCIA (ISCMPA)

Introduçao: O transplante renal com doador vivo é a melhor opçao terapêutica para pacientes com insuficiência renal crônica terminal (IRCT). Entretanto, o doador pode apresentar riscos a longo prazo, alguns deles pouco estudados, como o desenvolvimento de IRCT. Objetivos: Avaliar a incidência de IRCT em doadores vivos na ISCMPA e compará-la com a incidência na populaçao em geral do Estado. Analisar os fatores que contribuíram para o desenvolvimento da IRCT em doadores renais que ingressaram em diálise. Materiais e Métodos: Análise retrospectiva da evoluçao dos 470 doadores de rim da ISCMPA no período de 1977 a 1997. O tempo mínimo de seguimento pós-doaçao foi de 10 anos e o tempo médio foi de 17,4 anos (10-30 anos). Foram revisados os prontuários dos doadores, avaliando evoluçao das medidas de pressao arterial, os níveis de creatinina, de proteinúria, a presença de fatores de risco como diabetes, dislipidemia, obesidade e tabagismo nos doadores renais que evoluíram para IRCT. Resultados: Cinco doadores com média de idade 37,4 anos provenientes da ISCMPA, evoluíram para IRCT e ingressaram em diálise em um tempo médio de 15,2 anos(7 a 25 anos), o que representa uma incidência de 610 pmp/a. Uma doadora com 54 anos, com creatinina de 1,0 mg% apresentava funçao renal unilateral diminuída antes da doaçao e, após 25 anos, desenvolveu uremia. O segundo doador, de 37 anos, obeso e tabagista, desenvolveu proteinúria nefrótica após 5 anos (biópsia: GESF) e uremia em 10 anos. Os outros três doadores, com idades de 22, 32 e 42 anos, sem fatores de risco prévios desenvolveram hipertensao seguida por uremia 7, 13 e 21 anos após a nefrectomia. Um sexto doador com 24 anos, investigado e nefrectomizado em outro serviço e com seguimento na ISCMPA, evoluiu para uremia 7 anos depois da doaçao. Após investigaçao levantou-se hipótese de tratar-se de um portador de hiperoxalúria familiar. Conclusao: A incidência de IRCT em doadores renais (610pmp/a) foi maior do que a incidência na populaçao em geral no Estado (120 pmp/a). Entretanto, nesta correlaçao nao houve correçao para a idade, visto que os doadores sao mais idosos que a média da populaçao. Esses doadores nao realizaram o seguimento regular anual recomendado no serviço e retornaram com IRCT. Esses resultados evidenciam a necessidade de avaliaçao rigorosa do potencial doador, bem como o acompanhamento pós-doaçao e a necessidade de registros nacionais de doadores, para confirmar esses dados preliminares e preocupantes.


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EVOLUÇAO DOS TRANSPLANTES RENAIS NA AMÉRICA LATINA: 100.000 TRANSPLANTES

VALTER DURO GARCIA (REGISTRO DE TRANSPLANTES DA AMERICA LATINA), JOSE OSMAR MEDINA PESTANA (REGISTRO DE TRANSPLANTES DA AMERICA LATINA), EDUARDO SANTIAGO DELPIN (REGISTRO DE TRANSPLANTES DA AMERICA LATINA)

Introduçao: América Latina é um conglomerado de 20 países adjacentes que têm em comum a língua de origem latina, espanhol ou português. Possui uma populaçao de 536 milhoes de habitantes e realiza transplante renal há 50 anos, Objetivo: Apresentar a evoluçao dos transplantes renais na América Latina. Métodos: Os dados para o registro de transplante sao obtidos através dos registros nacionais, do registro do grupo “punta cana” de coordenadores latino-americanos, de publicaçoes, de apresentaçoes em congressos e de informaçoes fornecidas por transplantadores e coordenadores de transplante. Resultados: Todos os países realizam transplante renal e o número de centros de transplante está aumentando, eram 181 em 1990, 330 em 1995 e em 2005 havia mais de 450 centros. A América Latina, com 8,5% da populaçao mundial, realizou, até 1990, 20.800 transplantes renais, cerca de 8,9% dos 234.559 transplantes realizados no mundo, tendo passado, em 2000, para 63.618 transplantes, em torno de 12,7% dos 500.545 transplantes renais registrados, e em 2005 alcançou 99.375 transplantes o que corresponde a 14,5% dos 685.844 transplantes realizados no mundo. Em fevereiro de 2006 foi realizado o 100.000 transplante renal. Em 1980 foram realizados 780 transplantes (2,2pmp), em 1990 este número passou para 2.300 (5,3pmp) e em 2000 atingiu 6.420 (11,5pmp), em 2005 foi 8,153 (15,2pmp) e em 2006 passou para 8.210. A taxa de transplantes renais com doador falecido era de 23% em 1980, passou para 42% em 1990 e estabilizou a partir de 1995 em cerca de 50%. Entre 1991 e 2006, houve um crescimento de 176% no número de transplantes, correspondendo a um crescimento médio anual de 7,5%. A lista de espera para transplante renal passou de 33.000 em 1995 para 51.095 em 2006.Em 2006, Brasil (3.281) e México (1.763) foram responsáveis por 61% dos transplantes, mas Uruguai (29,8), Costa Rica (24,8), Porto Rico (23,2) e Argentina (22,3) foram os únicos países que ultrapassaram os 20 transplantes pmp, enquanto a maioria dos países realizou entre 5 e 20 transplantes pmp. Apenas Uruguai (93,9%) e Cuba (91,7%) realizaram mais do que 90% dos transplantes com doador falecido. Conclusao: O crescimento dos transplantes renais na América Latina nos últimos 15 anos foi superior ao das demais regioes do mundo (7,5% ao ano), embora a taxa por milhao de populaçao (15,4pmp) ainda seja baixa, devendo-se tentar manter este crescimento nos próximos anos


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FORMAÇAO DE COORDENADORES HOSPITALARES DE TRANSPLANTE NO BRASIL.

VALTER DURO GARCIA (ABTO), ROSANA NOTHEN (ABTO), TEREZA MIRANDA (ABTO), L LUCA (ABTO), JOAO BATISTA TEIXEIRA PINTO (ABTO)

Introduçao: No Brasil entre 1993 e 1997 o número de doadores falecidos nao aumentou, mantendo-se entre 400 a 480 por ano, correspondendo a uma taxa entre 2,7 e 3,1 por milhao de populaçao por ano (pmp), e a taxa de potenciais doadores notificados mantevese entre 12 e 16pmp/ano. Para modificar este panorama, entre outras medidas foi criado o cargo de coordenador hospitalar de transplante, baseado no modelo espanhol e realizados cursos para capacitar e qualificar os coordenadores. Objetivos: Analisar os resultados desses cursos através do número de coordenadores formados e da taxa de efetivaçao da doaçao. Métodos: foram realizados cursos 18 cursos básicos e 20 cursos avançados para a formaçao destes coordenadores. Os cursos de nível básico foram organizados pela ABTO e tinham carga horária de 12 a 24 horas, e fornecem o título provisório de coordenador. Os cursos de nível avançado foram realizados sob coordenaçao e patrocínio do Ministério da Saúde, eram intensivos, com cinco dias de duraçao e 40 horas de aula, formando entre 40 e 50 profissionais por curso e fornecem a titulaçao definitiva do coordenador. No conteúdo programático, além de palestras, houve debates, discussao de casos, simulaçoes e vídeos. Resultados: Os cursos básicos capacitaram 1.020 coordenadores entre 1997 e 2002 em 9 estados. Os cursos avançados foram realizados entre 1999 e 2004, em 16 dos 21 estados que realizam transplante e no Distrito Federal, formando 920 coordenadores. Para diminuir custos foram utilizados alguns professores locais e quatro professores responsáveis pela organizaçao e maioria das palestras, e todos os alunos eram da regiao onde o curso foi realizado. Como conseqüência, houve um aumento anual médio de 20% nas doaçoes, tendo sido efetivados 600 doadores (3,8pmp) em 1999, 840 (5.2pmp) em 2001 e 1232 (7.3pmp) em 2004. A taxa de notificaçao de potenciais doadores alcançou 4.981 (29pmp) em 2004, cerca de 50% do estimado. Entretanto, com a interrupçao desses cursos, além da ausência de outras medidas necessárias, houve uma queda na taxa de doadores efetivados em 2005 e 2006 (6,2 e 6,0pmp). Conclusao: A continuidade da realizaçao desses cursos é fundamental, além de outras medidas, para a retomada do crescimento das doaçoes no país. Também devem ser organizados cursos de reciclagem para os coordenadores já formados.


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EVOLUÇAO DOS DOADORES DE RIM QUE DESENVOLVEM UREMIA E INGRESSAM EM LISTA DE ESPERA PARA TRANSPLANTE: DEVEM TER PREFERENCIA NA ALOCAÇAO?

RAONI BINS PEREIRA (FUNDAÇAO FACULDADE FEDERAL DE CIENCIAS MÉDICAS DE PORTO ALEGRE), JORDANA SCHEEREN (FFFCMPA), RENATO JOSÉ KIST DE MELLO (FFFCMPA), VICENTE FARAON FONSECA (FFFCMPA), TACIANA CAPPELLETTI (FFFCMPA), GRAZIELA MACHADO (FFFCMPA), GUILHERME JOST (FFFCMPA), TALITA ZANETTE (FFFCMPA), AURI SANTOS (ISCMPA), JOAO JORGE BIANCHINI (ISCMPA), ELIZETE KEITEL (ISCMPA), DENISE CASTRO (ISCMPA), CLOTILDE DRUCK GARCIA (FFFCMPA), VALTER DURO GARCIA (ISCMPA)

Introduçao: A doaçao de rim para transplante é um procedimento justificado pelos excelentes resultados no receptor e pelo baixo risco oferecido ao doador. Entretanto, alguns doadores desenvolvem doença renal terminal, e eles têm prioridade na lista de espera para transplante em vários países. Objetivos: Relato da evoluçao de doadores de rim, que após o desenvolvimento de uremia, ingressaram em tratamento dialítico na Santa Casa de Porto Alegre. Métodos: Avaliados os dados de prontuários desses doadores no Hospital e revisada a história clínica. Resultados: Seis doadores sadios na investigaçao inicial, com média de idade de 35,2 anos (entre 22 e 54 anos) na doaçao, ingressaram em programa dialítico 13,8 anos (7 a 25 anos) em média, após a nefrectomia. Cinco destes oriundos da Unidade de Transplante Renal da Santa Casa (UTR) e um de outro estado. Uma doadora que ingressou em diálise em 11/2006, 25 anos após a doaçao, com idade de 79 anos e com outras co-morbidades, nao tinha indicaçao de transplante renal. Os demais, com indicaçao de transplante ingressaram em lista de espera, sem prioridade. Três realizaram o transplante após 11, 36 e 48 meses, destes dois permanecem com funçao renal estável com 7 e 8 anos de seguimento pós-transplante, o terceiro faleceu quatro meses após receber o enxerto devido a edema agudo de pulmao. Permanecem em lista de espera por 17 e 72 meses os últimos dois doadores. Conclusao: Nos EUA, 80% dos 102 doadores que ingressaram em lista de espera realizaram o transplante em espaço curto de tempo (poucos meses), pois sao colocados no topo da lista, atrás apenas do zero MM. No Brasil os doadores nao sao privilegiados quando ingressam na lista de espera, o que resulta em longo tempo de espera pelo órgao. Propoese, nessa situaçao especial, como forma de reparaçao ao seu ato generoso, bem como incentivo à doaçao intervivos, a adoçao de alguma forma de “estado preferencial” na alocaçao do rim.


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TRANSPLANTE RENAL PEDIATRICO

CLOTILDE GARCIA (HOSPITAL DA CRIANÇA SANTO ANTONIO- ISCMPA), VIVIANE BITTENCOURT (HOSPITAL DA CRIANÇA SANTO ANTONIO- ISCMPA), DIEGO MALHEIROS (HOSPITAL DA CRIANÇA SANTO ANTONIO- ISCMPA), JERONIMO ANTONELLO (HOSPITAL DA CRIANÇA SANTO ANTONIO- ISCMPA), SANTO VITOLA (HOSPITAL DA CRIANÇA SANTO ANTONIO- ISCMPA), EDUARDO DIDONE (HOSPITAL DA CRIANÇA SANTO ANTONIO- ISCMPA), FABIAN PIRES (HOSPITAL DA CRIANÇA SANTO ANTONIO- ISCMPA), ERICA BRUGGER (HOSPITAL DA CRIANÇA SANTO ANTONIO- ISCMPA), CLAUDIA RICACHINEVSKI (HOSPITAL DA CRIANÇA SANTO ANTONIO- ISCMPA), HELENA MULLER (HOSPITAL DA CRIANÇA SANTO ANTONIO- ISCMPA), NATALIA PRADO (FFFCMPA), PAULA DUTRA (FFFCMPA), VANISE GRASSI (FFFCMPA), WALESKA DALPRA (FFFCMPA), VALTER GARCIA (HOSPITAL DA CRIANÇA SANTO ANTONIO- ISCMPA)

Objetivo: relatar resultados do programa de Tx renal pediátrico. Metodologia: análise dos Tx renais realizados em pacientes menores de 19 anos no período de mai/77 a set/07. Resultados: foram realizados 367 Tx em 334 crianças (31 retx, dois submetidos a 3 Tx), perfazendo 16,3% dos Tx realizados no centro. 52% eram meninos e 84,2%, brancos. Média de idade no Tx 11,3 (1-19) anos. 48 Tx realizados em crianças com menos de 15kg, 3 com peso inferior a 8kg. Modalidade prévia de diálise foi CAPD/APD em 39,2%, hemodiálise em 21,5% e 10,9% estavam em tratamento conservador. Doença básica mais freqüente foi refluxo vesicoureteral/uropatia obstrutiva (36%), seguida de glomerulopatia (26%). 78,7% dos pacientes originários do RS e 21,2% de outros estados. Doador falecido em 34,1% e vivo em 65,8%.A imunossupressao inicial: Aza+Pred 7,9%, CsA+AZA+PRED 6,8%, CsA+MMF+PRED 7,9%, Tac+Aza+Pred 8,2%, Tac+MMF+Pred 24,9% Tac+MMF sem Pred 12,5%. Foram transplantados 41 pacientes sem corticóide. Sirolimo foi empregado inicialmente em 6 casos. Induçao com OKT3/ATG realizada em 7 pacientes e 172 receberam Ac-anti-IL2. Realizados 29 Tx em pacientes com GESF, 14(48,2%) recorreram após o Tx. Destes, 8 foram tratados com plasmaferese, com uma taxa de remissao total de 75% e 2 casos recentes foram tratados com Rituximab, com sucesso. Houve 10 casos de neoplasia, 3 PTLD, 2 tumor de Wilms e 1 tumor de células claras em rim nativo, 1 neoplasia de colo uterino, 1 leiomioma de vesícula/fígado e 2 carcinomas de lábio.Foram observados 13 casos de diabete melito pós-tx, 2 recebendo CsA, e os demais com Tac. 247 pacientes permanecem em acompanhamento com enxerto funcionante, houve 120 perdas de enxerto, secundárias a nefropatia crônica do enxerto em 42(35%), nao-aderência em 12(10%), rejeiçao aguda em 13(11%), recorrência da doença básica em 15(13%), causas cirúrgicas em 9(8%), sendo 6(5%) tromboses vasculares, naofuncionamento primário do enxerto em 3 e nefropatia por BK vírus em 3. Houve 33 óbitos, sendo 19 nos primeiros 3 meses de Tx, a infecçao foi a principal causa. Asobrevida do receptor no primeiro, quinto e décimo ano foi de 96%, 94%, e 88%, e a sobrevida do enxerto no primeiro, quinto e décimo anos foi de 85%, 70%, e 48%. Conclusao: O transplante renal em crianças, embora com maiores dificuldades técnicas, com maiores riscos imunológicos precoces é a melhor opçao para crianças urêmicas, devendo ser realizado em centros com experiência.


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TRATAMENTO PREEMPTIVO DE CMV EM TRANSPLANTE RENAL PEDIATRICO

CLOTILDE GARCIA (HOSPITAL DA CRIANÇA SANTO ANTONIO-ISCMPA), VIVIANE BITTENCOURT (HOSPITAL DA CRIANÇA SANTO ANTONIOISCMPA), ANDRESA TUMELERO (HOSPITAL DA CRIANÇA SANTO ANTONIOISCMPA), DIEGO MALHEIROS (HOSPITAL DA CRIANÇA SANTO ANTONIOISCMPA), JERONIMO ANTONELLO (HOSPITAL DA CRIANÇA SANTO ANTONIO-ISCMPA), CRISTINA SANHUDO MORAIS (FFFCMPA), FERNANDA HAMMES VARELA (FFFCMPA), FERNANDA MENEGHINI FLEIG (FFFCMPA), GUILHERME SANTIAGO DA CUNHA (FFFCMPA), JOAO RAFAEL VICTOR SCHMITT (FFFCMPA), VALTER GARCIA (HOSPITAL DA CRIANÇA SANTO ANTONIO- ISCMPA)

Aprofilaxia reduz a doença por citomegalovirus (CMV), mas está associada com aumento dos custos e riscos de efeitos adversos, resistência viral e doença tardia por CMV. Aterapia preemptiva reduz custos, mas requer monitorizaçao freqüente e pode nao prevenir complicaçoes da replicaçao do CMV assintomático. Objetivos: Relatar resultados do tratamento preemptivo para CMV em Tx renal pediátrico, relacionando status imunológico do doador (D) e receptor(R) para CMV e risco de infecçao, avaliando sintomas e complicaçoes, tempo de tratamento necessário e comparando a funçao renal em um ano nos pacientes que desenvolveram doença por CMV. Pacientes e métodos: foi revisado o prontuário de 118 crianças transplantadas renais entre abr/2003 e dez/2006, que realizaram terapia preemptiva para CMV. Os pacientes foram testados rotineiramente com antigenemia para CMV quinzenal a partir de 2 semanas de Tx até o fim do terceiro mês. Aqueles pacientes com antigenemia + > 10 células, mesmo assintomáticos, ou < 10 células sintomáticos foram considerados como tendo doença por CMV e tratados com ganciclovir até negativar a antigenemia. Resultados: a idade média dos 118 pacientes foi de 10,4 +/-4,5 anos. Neste grupo 33(28%) foram considerados com doença por CMV: antigenemia CMV positiva assintomática (27%) ou associada a sintomas (73%) como febre, leucopenia, provas hepáticas alteradas, dor abdominal. A freqüência de doença de acordo com CMV IgG pré-transplante foi R-/D- 1/6(16%) R-/D+ 11/26(42%) R+/D- 0/6(0%) R+/D+ 16/58(28%) sem dados 5/22(23%). Aantigenemia positivou em média 60 dias (27-105) após o transplante e os pacientes foram tratados em média por 20 dias (7-49). Todos foram tratados com sucesso, sem complicaçoes severas. Houve 5 recidivas após tratamento, todas responderam a um segundo curso de ganciclovir. A freqüência de rejeiçao aguda foi semelhante nos pacientes com e sem doença por CMV: 4/33(12%) e 12/85(14%), respectivamente. A média da creatinina em 1 ano foi de 0,9 +/- 0,3mg/dl no grupo que nao desenvolveu CMV e de 1,0+/-0,5mg/dl no que desenvolveu. Conclusao: O tratamento preemptivo para CMV foi efetivo. No momento do diagnóstico os pacientes estavam assintomáticos ou com sintomas de pouca severidade, a taxa de rejeiçao e a funçao renal nao diferiram do grupo que nao desenvolveu a doença.


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TRANSPLANTE RENAL EM CRIANÇAS COM PESO INFERIOR A 15 KG

CLOTILDE GARCIA (HOSPITAL DA CRIANÇA SANTO ANTONIO-ISCMPA), VIVIANE BITTENCOURT (HOSPITAL DA CRIANÇA SANTO ANTONIO-ISCMPA), JERONIMO ANTONELLO (HOSPITAL DA CRIANÇA SANTO ANTONIO-ISCMPA), DIEGO MALHEIROS (HOSPITAL DA CRIANÇA SANTO ANTONIO-ISCMPA), ANDRESA TUMELERO (HOSPITAL DA CRIANÇA SANTO ANTONIO-ISCMPA), SANTO PASCUAL VITOLA (HOSPITAL DA CRIANÇA SANTO ANTONIO-ISCMPA), EDUARDO DIDONE (HOSPITAL DA CRIANÇA SANTO ANTONIO-ISCMPA), FABIAN PIRES (HOSPITAL DA CRIANÇA SANTO ANTONIO-ISCMPA), ENILDE GUERRA (HOSPITAL DACRIANÇA SANTO ANTONIO-ISCMPA), ANDRÉ D’AVILA (HOSPITAL DACRIANÇA SANTO ANTONIO-ISCMPA), JAIR SILVA(HOSPITAL DA CRIANÇA SANTO ANTONIO-ISCMPA), VALTER GARCIA (HOSPITAL DA CRIANÇA SANTO ANTONIO-ISCMPA)

Transplante renal em crianças pequenas, de peso inferior a 15 kg apresenta dificuldades peculiares, principalmente em funçao de uma maior incidência de complicaçoes cirúrgicas e imunológicas. Objetivos: analisar a evoluçao dos pacientes com peso inferior a 15kg. Pacientes e Métodos: análise retrospectiva de 354 transplantes renais em crianças, entre maio/1987 e abril/2007. 47 crianças com peso igual ou inferior a 15kg foram submetidas a 48 transplantes (13,5%), perfazendo 13,5% dos transplantes renais pediátricos. Resultados: Média de idade 4,4 +/-2,3 (0,9-12,5) anos e de peso 12,6 +/- 2,2 (5,1-14,9) kg no momento do transplante. 25(54%) meninos e 44(92%) brancos. Doença básica: RVU/uropatia em 52% dos casos, glomerulopatia em 19%, SHU em 8%, doenças hereditárias em 15%, outras patologias em 6%. Forma de tratamento pré-transplante: CAPD/APD em 37(77%), hemodiálise em 5(10%) e 6(13%) estavam em tratamento conservador. Doador falecido 13(27%) e vivo relacionado 34(71%), uma criança recebeu enxerto do pai adotivo. Imunossupressao primária tripla em 38 crianças, sendo a combinaçao CsA, Aza e Pred empregada em 13 pacientes (27%) CsA, MMF/S e Pred em 8(17%) TAC, MMF/S e Pred em 15(31%) e sirolimo, MMF/S e Pred em 2(4%). Protocolo duplo, com TAC e MMF/S utilizado em 10 crianças. Terapia de induçao com anticorpos empregada em 34(71%). Em um caso a rejeiçao aguda refratária foi revertida com rituximabe. Local de implante: 47 extraperitoniais e apenas um colocado em posiçao intraperitonial. Complicaçoes cirúrgicas: três tromboses vasculares (6,3%), uma arterial e duas venosas, sendo uma das tromboses venosas corrigida com sucesso. Dois casos de abcesso peri-renal, sem complicaçoes ureterais, linfoceles ou re-intervençao por sangramento. De 47 crianças, 36(76,6%) encontram-se em acompanhamento com enxerto funcionante, uma delas após retransplante, 6(12,8%) retornaram à diálise e 5(10,6%) foram a óbito, 3 nos primeiros três meses. 12 perdas de enxerto num período médio de seguimento de 53 +/- 49 meses, sendo 5 por causa imunológica, 2 por recorrência da doença básica, 2 por trombose vascular e 3 por óbito. A sobrevida do paciente em 1 e 5 anos foi de 91% e 83%, e do enxerto de 85% e 72%. Conclusao: transplante renal em crianças pequenas, embora tecnicamente mais difícil e de manejo mais complicado é um procedimento seguro, desde que executado por equipe experiente e habituada com o manejo e as complicaçoes nesse grupo de pacientes.


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NEFROPATIA POR BK VIRUS (BKV) EM TRANSPLANTE RENAL PEDIATRICO

CLOTILDE GARCIA (HOSPITAL DA CRIANÇA SANTO ANTONIO-ISCMPA), ANDRESA TUMELERO (HOSPITAL DA CRIANÇA SANTO ANTONIO-ISCMPA), JERONIMO ANTONELLO (HOSPITAL DA CRIANÇA SANTO ANTONIO-ISCMPA), DIEGO MALHEIROS (HOSPITAL DA CRIANÇA SANTO ANTONIO-ISCMPA), ANDRÉA PROENÇO (HOSPITAL DA CRIANÇA SANTO ANTONIO-ISCMPA), GRASIELA BERGAMIN (HOSPITAL DA CRIANÇA SANTO ANTONIO-ISCMPA), CLAUDIA BICA (HOSPITAL DA CRIANÇA SANTO ANTONIO-ISCMPA), JOAO CARLOS PROLLA (HOSPITAL DA CRIANÇA SANTO ANTONIO-ISCMPA), KARLA PEGAS (HOSPITAL DA CRIANÇA SANTO ANTONIO-ISCMPA), VALTER GARCIA (HOSPITAL DA CRIANÇA SANTO ANTONIO-ISCMPA), VIVIANE BITTENCOURT (HOSPITAL DA CRIANÇA SANTO ANTONIO-ISCMPA)

Infecçao e nefropatia por BKV assumiram importância no Transplante renal (Tx). As ferramentas diagnósticas sao de difícil interpretaçao. Células Decoy(com inclusoes virais-CD), na citologia urinária, é sinal de replicaçao viral, sem ser marcador específico. DNA viral em Biópsia renal (Bx) com achados histológicos sugestivos auxilia na confirmaçao diagnóstica. Objetivo: avaliar presença de nefropatia por BKV em Tx renais pediátricos propondo algoritmo para o diagnóstico da doença. Pacientes e métodos: transplantados depois de 03/2006 realizaram pesquisa mensal de CD até o 6ºmês e entao anualmente (n=26). Tx anteriores realizaram anualmente(n=207) ou quando houve disfunçao do enxerto. Estudadas 21 crianças, idade média 13,9 +/- 4,3 anos, submetidas a Bx renal (exame anatomopatológico AP e PCR para BKV) quando urina com presença de CD por 2 vezes (intervalo mínimo 1 mês) e/ou disfunçao aguda ou tardia do enxerto (9/26 Tx recente e 12/207 tardio). Classificadas em 3 grupos: G1: funçao renal normal/2 pesquisas CD(+), G2: disfunçao renal/pesquisa CD (+) G3: disfunçao renal/pesquisa CD (-). Pesquisa de CD com técnica de citopatologia urinária e pesquisa de BKV por PCR. Bxs sugestivas de nefropatia por BKV classificadas em 3 estágios: A:alteraçoes citopáticas com ou sem inflamaçao mínima B: lesao citopática e citolítica com inflamaçao intersticial C: fibrose intersticial e atrofia tubular, com alteraçoes citopáticas ou inflamatórias. Resultados: Pacientes submetidos à Bx em média 28 meses pós Tx (8 nos primeiros 6 meses). PCR em Bx/classificaçao histológica em estágios de severidade:G1 (n=11):2 PCR positivo (18%), 7 estágio A, 3 estágio B, 1 normalG2 (n=7): 2 PCR positivo (29%), 2 estágio A, 3 estágio B, 2 estágio CG3 (n=3): 1 PCR positivo (33%), 2 estágio B, 1 estágio CImunossupressao foi reduzida em todos os pacientes. No seguimento em três meses, 13/19 receptores com CD (+), negativaram. A creatinina permaneceu estável. Conclusao: Nefropatia por BKV é freqüente e sua detecçao precoce a principal arma para prevençao. Na realidade brasileira, onde pesquisa de viremia e/ou virúria com carga viral é indisponível, pesquisa de CD na urina é útil na seleçao de pacientes para confirmaçao através de PCR e histologia na Bx. Importante salientar serem os achados histológicos muitas vezes superponíveis aos encontrados em quadros de nefropatia crônica do enxerto ou mesmo rejeiçao aguda, sendo importante correlaçao com a clínica e achados da pesquisa de CD e PCR para BKV.


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INFECÇAO DE FERIDA OPERATORIA POS-TRANSPLANTE RENAL: COBERTURA DO ENXERTO EXPOSTO COM LIBERAÇAO DE RETALHO MIOCUTANEO CLOTILDE

DRUCK GARCIA (FUNDAÇAO FACULDADE FEDERAL DE CIENCIAS MÉDICAS DE PORTO ALEGRE-FFFCMPA), EDUARDO DIDONÉ (IRMANDADE SANTA CASA DE MISERICORDIA DE PORTO ALEGRE-ISCMPA), VIVIANE BARROS BITTENCOURT (ISCMPA), AMANDA VITORETI NICOLADELI (FFFCMPA), ANA PAULA GIULIANI (FFFCMPA), FABRICIO TOLOTTI AVILA DA ROSA (FFFCMPA), HENRIQUE ROCHA BENEVIDES MAGALHAES (FFFCMPA)

Os autores relatam o caso de um transplante renal pediátrico com doador vivo (retransplante) em criança de seis anos e 13kg que apresentou rejeiçao aguda grave com fratura renal e choque hemorrágico. Após controle da rejeiçao, evoluiu com hematoma perirrenal e infecçao da ferida operatória com enxerto exposto, sendo submetida a várias intervençoes para debridamento e lavagem da ferida. Com o controle da infecçao, optouse por descolamento de retalho de pele com músculo oblíquo externo para cobrir o enxerto. A paciente recebeu alta hospitalar após 72 dias de internaçao com creatinina de 0,6mg/dl. Atualmente a ferida operatória está totalmente cicatrizada e a criança nao apresenta hérnia incisional.


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PREDICTORS OF EMPLOYMENT AFTER SUCCESSFUL KIDNEY TRANSPLANTATION – A POPULATION-BASED STUDY

MARISTELA BOHLKE (UCPEL/UNIFESP), STELA SCAGLIONI MARINI (UCPEL), RAFAEL HISSÉ GOMES (UCPEL), MARCOS ROCHA (UCPEL), LISONEIDE TERHORST (UCPEL), CARLOS EDUARDO POLI DE FIGUEIREDO (PUCRS), RICARDO SESSO (UNIFESP), MARIA CLAUDIA IRIGOYEN (UNIFESP/INCOR)

Introduction: Kidney transplantation is currently the treatment of choice for end-stage renal disease. As the successful transplantation improves the physical and mental quality of life, it is supposed that the transplant recipient will return to play a productive role in the society. The present study evaluates the occurrence and predictors of employment after kidney transplantation. Methods: Population-based cross-sectional study in which 272 adult kidney recipients assisted in a Brazilian south state were evaluated. Sociodemographic, clinical and laboratory variables were assessed and quality of life was evaluated using the Short Form-36 (SF-36) health survey. Results: At the moment of the interview, 29% of the patients were employed, 23% in full-time and 6% in parttime jobs. After analysis with logistic regression, the main predictors of employment after transplantation were male sex (OR 4.04 95%CI 1.99-8.23), pretransplant employment for non diabetic (OR 4.35 95%CI 3.79-4.99), diabetes for individuals who worked when on dialysis (OR 0.06 95%CI 0.008-0.5), high educational level for individuals with mental quality of life scores above the 25th percentile (OR 3.06 95%CI 2.98-3.14 for 50th percentile of mental quality of life). The SF-36 physical component summary, immunosuppressive regimen, graft function or hematocrit did not predict the posttransplant employment rates. The Hosmer-Lemeshow test was of 3.33 (p=0.91), indicating that this model was suitably fitted to the data. Conclusion: The insertion of the kidney transplant recipients with functioning graft into the work force in the Brazilian state of Rio Grande do Sul is low, being predicted mainly by sociodemographic factors, without any detectable influence of patient perception of physical conditions or other clinical variables, except the presence of diabetes.


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RESULTADOS DE TRANSPLANTE RENAL EM BLOCO DE DOADOR FALECIDO PEDIATRICO EM RECEPTORES ADULTOS

VALTER DURO GARCIA (ISCMPA), ELIZETE KEITEL (ISCMPA), SANTO PASCOAL VITOLA (ISCMPA), EDUARDO CHAISE DIDONE (ISCMPA), ANDRÉ RICARDO D’AVILA (ISCMPA), AURI FERREIRA DOS SANTOS (ISCMPA), ENILDE ELOENA GUERRA (ISCMPA), FABIANA SILVA PIRES (ISCMPA), KARINE MICHEL (FFFCMPA), ANDRÉ PETTER RODRIGUES (FFFCMPA), JAIR GARCIA DA SILVA (ISCMPA), LUCAS REBENO FASOLO (ISCMPA), LETICIA MAYER DA ROCHA (ISCMPA), FABIO ANDRÉ ZANELLA (FFFCMPA), FELIPE POZZEBOM BORGES (FFFCMPA)

Uma das estratégias utilizadas para expandir o pool de doadores de rim face à crescente demanda tem sido o transplante de enxertos provenientes de doadores de pouca idade e/ou baixo peso, em bloco, em receptores adultos. Relatos prévios de maior risco de complicaçoes e menor sobrevida do enxerto fazem com que o assunto ainda seja alvo de discussao. Objetivo: Apresentar os resultados de uma série de pacientes submetidos a esta modalidade de transplante nos últimos nove anos na nossa instituiçao. Métodos: Entre 1998 e dezembro de 2006, 12 pacientes adultos foram transplantados utilizando rins em bloco de doadores com idade inferior a cinco anos (20 dias a 4 anos). Resultados: A média de idade dos receptores foi de 44,8 anos (variaçao de 27 a 60 anos). Os tempos de isquemia fria variaram entre 14h a 26h25′ horas (média de 21h20′). Os valores médios de creatinina em 1,6 e 12 meses após o transplante foram de 2,66, 1,38 e 1,15mg/dl, respectivamente. Um paciente perdeu um dos rins por trombose venosa no quarto dia, entretanto manteve funçao renal adequada do outro rim (creatinina 12 meses após o transplante de 1,2mg/dl). Um paciente desenvolveu hematoma que resolveu com drenagem cirúrgica, outro apresentou fístula urinária necessitando reanastomose ureteral. Uma quarta paciente, hipersensibilizada, portadora de bexiga contraída e estenose de uretra como sequela de tuberculose urinária, com prévia derivaçao urinária para conduto ileal, necessitou, após o transplante renal em bloco com implante dos ureteres no conduto ileal, de múltiplas intervençoes para controle de sangramento, infecçao e físitula urinária. No 7º mês pós-transplante a creatinina era 1,7mg/dl e no 8o mês faleceu em decorrência de acidente vascular cerebral hemorrágico. Os demais pacientes nao apresentaram intercorrências e estao com os enxertos funcionantes. Há onze receptores com enxerto funcionante por um tempo que varia de 9 a 115 meses. Conclusao: Os resultados apresentados permitem concluir que o transplante renal em bloco de doadores pediátricos em receptores adultos, em centros com experiência, permite bons resultados, comparáveis aqueles obtidos com transplante de enxerto de doador falecido considerado como ideal. Possivelmente, o procedimento pode ser indicado também para receptores pediátricos, que necessitam de rins adequados.


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POSSIVEL TRANSMISSAO DE TUBERCULOSE MILIAR PELO DOADOR EM RECEPTORES DE TRANSPLANTE RENAL.

VALTER DURO GARCIA (ISCMPA), CLOTILDE DRUCK GARCIA (ISCMPA), EDUARDO DIDONÉ (ISCMPA), ELIZETE KEITEL (ISCMPA), ANTONIO EDUARDO BITTAR (ISCMPA), PATRICIA D’ALMEIDA BIANCO (ISCMPA), ROBERTA CRISTINA PETRY (ISCMPA), ANDRÉ PETTER RODRIGUES (FFFCMPA), KARINE MICHEL (FFFCMPA), FELIPE POZZEBOM BORGES (FFFCMPA), FABIO ANDRÉ ZANELLA (FFFCMPA)

Introduçao: A presença de tuberculose contra-indica a doaçao de órgaos, devido ao alto risco de transmissao aos receptores e gravidade do quadro. Entretanto, esta infecçao pode estar presente no doador sem diagnóstico prévio. Objetivo: Apresentaçao de dois receptores, com rins provenientes do mesmo doador, que desenvolveram precocemente tuberculose miliar. Material e métodos: Revisao dos prontuários dos receptores de transplante renal e contato com equipe do receptor de transplante hepático, com a Central de Transplantes e com a equipe do hospital de origem do doador. Apresentaçao dos casos: Doador: Masculino, 33 anos, pedreiro, etilista. Internou em 06/06/07, com AVC hemorrágico e evoluiu para morte encefálica em 09/06. RX de tórax (09/06): Opacidades consolidativas esparsas em ambos os pulmoes. Receptor de rim 1: 39 anos, doença básica NH. Transplante sem intercorrëncias, imunossupressao: daclizumab + CsA + MMF + Pred. No 13o PO: febrícula e escarro purulento, que resolveu com antibiótico. Apartir do 25o PO: febre e calafrios e no 32o PO: drenagem de hematoma perirenal. Antigenemias para CMV (-) e Rx tórax normal. No 39o PO: TC tórax com imagens sugestivas de tuberculose miliar e encontrado BAAR no lavado brônquico. RHZ com melhora clínica. No 50o PO: reinício febre seguida por complicaçoes: RA IIA, sangramento digestivo grave (piloroplastia), trombose do enxerto (enxertectomia) tendo evoluído para óbito no 85o PO. Receptor de rim 2: 43 anos, doença básica desconhecida, transplante sem intercorrëncias. Imunossupressao: Daclizumab + TAC + MMF + Pred. Boa diurese com lenta queda da creatinina, biópsia renal no 14o PO: alteraçao borderline (MP 3 doses de 250mg). Reinterna no 60o PO com febre. TC de tórax: padrao miliar e BAAR negativo no LBA. Iniciou RHZ com melhora clínica. Seguimento de 30 dias, asssintomático, com creatinina de 1,5mg%. Receptor de fígado: mantém-se assintomático, com boa evoluçao, 100 dias após o transplante. Sugerido profilaxia com Isoniazida. Discussao: O caso revela a dificuldade em diagnosticar doenças transmissíveis no doador (exíguo tempo de investigaçao), a decisao em utilizar ou nao os órgaos quando há suspeita de processo transmissível, sem comprovaçao. Conclusao: Recomenda-se a notificaçao para a Central de Transplante de todas as doenças com possibilidade de terem sido transmitidas pelo doador nos primeiros 6 meses pós-transplante, a fim de que haja contato com as equipes dos outros receptores para um melhor controle.


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EPIDEMIOLOGIA DA MORTE ENCEFALICA E INDICE DE DOAÇAO NO RIO GRANDE DO SUL – ANALISE DE 19 ANOS.

ADRIANE MALDOTTI (CENTRAL DE TRANSPLANTES DO RS), ANA CAROLINA TABAJARA RAUPP (CENTRAL DE TRANPLANTES DO RS), ANA LIA MENDES MOREIRA (CENTRAL DE TRANSPLANTES DO RS), DÉBORA POLETTO TODESCHINI (CENTRAL DE TRANSPLANTES DO RS), ELIAS DAL MORO MAITO (CENTRAL DE TRANSPLANTES DO RS), FRANKLIN BASTOS CAPAVERDE (CENTRAL DE TRANSPLANTES DO RS), GUSTAVO GUADAGNIN LONDERO (CENTRAL DE TRANSPLANTES DO RS), FERNANDO DA MOTA FIGUEIREDO (CENTRAL DE TRANSPLANTES DO RS), NILO HOELFMANN (CENTRAL DE TRANSPLANTES DO RS), MARCELO GENERALI DA COSTA (CENTRAL DE TRANSPLANTES DO RS), ROBERTO MAYER (CENTRAL DE TRANSPLANTES DO RS), PAULO LEAES (CENTRAL DE TRANSPLANTES DO RS), DENISE MARIA SARTI DE OLIVEIRA (CENTRAL DE TRANSPLANTES DO RS), HELOISA PERRENOUD FOERNGES (CENTRAL DE TRANSPLANTES DO RS), VALTER DURO GARCIA (CENTRAL DE TRANSPLANTES DO RS)

Introduçao: Nos últimos anos está havendo uma modificaçao no perfil dos potenciais doadores em morte encefálica em relaçao a idade, gênero e a causa da morte encefálica. Objetivo: Avaliar se ocorreu modificaçao destes parâmetros no estado do Rio Grande do Sul (RS), no período de 1988 a 2006, assim como das taxas de notificaçao dos potenciais doadores, de efetivaçao da doaçao e de negativa familiar. Material e métodos: Foram revisados os registros da Central de Transplante do RS desde o seu início em 1988. Os potenciais doadores notificados (n=3.444) foram separados por dois períodos: I:1988-1997 (n=1.032) e II:1998-2006 (n=2.412). Análise por chi quadrado e considerado significativo quando p<0.05. Resultados: A média de idade no período I (30,5 anos) foi significativamente menor que no período II (39,2 anos). A mediana de idade do período II foi de 42,0 anos. A taxa de potenciais doadores do sexo masculino diminuiu significativamente de 69,2% no grupo I para 56,8% no grupo II. O trauma crânio-encefálico como causa de morte encefálica diminuiu de 62,6% no período I para 34,4% no período II (p<0,05), enquanto que o acidente vascular cerebral (AVC) aumentou de 30,9% para 50,1% (p<0,05). A taxa de potenciais doadores notificados aumentou de 11,3 por milhao de habitantes por ano (pmp/a) no período I para 27,2 pmp no período II (p<0,05), enquanto que a taxa de efetivaçao da doaçao passou de 6,0pmp/a para 10,6pmp/a (p<0,05). A taxa de nao autorizaçao familiar nao foi significativamente diferente nos dois períodos, sendo de 30,6% e 31,2%. Conclusoes: Está ocorrendo no Estado a mesma modificaçao observada nos países desenvolvidos, em que há um significativo aumento na idade dos potenciais doadores (39,2 anos), no sexo feminino (43,2%) e no AVC (50,1%) como causa de morte encefálica. Houve um aumento significativo na taxa de notificaçao e de efetivaçao da doaçao, sem modificaçao significativa na taxa de nao autorizaçao familiar. Entretanto, essas taxas de notificaçao e de efetivaçao representam metade do esperado.

Transplante

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