J. Bras. Nefrol. 2004;26(3 suppl. 2):21-3.

ORAL – Doença Renal Crônica e Diálise / Infecção

Doença Renal Crônica e Diálise / Infecçao

AO-055

EFEITO DA MICROCISTINA NA VIABILIDADE E FUNÇAO DE LEUCOCITOS

GONÇALVES, E. A. P. ; CENDOROGLO, M.; DALBONI, M. A.; PERES, A. T.; MANFREDI, A. P.; ANDREOLI, M. C. C.; AZEVEDO, S. M.; CANZIANI, M. E. F.

UNIVERSIDADE FEDERAL DE SAO PAULO.

Intrdoduçao: Microcistina (MC), uma cianotoxina, tem sido identificada na água de várias regioes do Brasil e do mundo. Vários estudos têm identificado além da hepatotoxicidade um papel imunomodulatório desta toxina. Considerando-se que pacientes em hemodiálise (HD) possam estar cronicamente expostos a variáveis concentraçoes de MC e que apresentam alteraçoes importantes na resposta imune, avaliamos o possível efeito da MC na funçao de leucócitos. Métodos: Leucócitos polimorfonucleares (PMN) e monócitos foram isolados de sangue periférico de voluntários saudáveis (n=11, VS) e de pacientes em HD (n=10, PHD). PMN de VS foram incubados com MC (0,1 ug/L, 1 ug/L e 10 ug/L) 24h e entao avaliados quanto ao metabolismo oxidativo, fagocitose e apoptose (citometria de fluxo). PMN de PHD foram incubados com MC (10 ug/L) 24h e avaliados da mesma forma. Monócitos foram incubados com e sem LPS (100 ng/ml) e MC (10 ug/L) 24h e avaliados quanto à produçao de TNF alfa e IL-10. Resultados: Pacientes em HD apresentaram menor viabilidade de PMN do que VS (53,3 + 17 vs. 68,1 + 14, p= 0,04) na situaçao controle, entretanto ao serem incubados com MC nao apresentaram diferenças na viabilidade, apoptose ou na fagocitose. PMN de todos os grupos apresentaram maior produçao de espécies reativas de oxigênio ao serem estimuladas com PMA (PHD 92,7 + 70,8 vs. 613,5 + 486 p<0,05; VS 47,2 + 15,4 vs. 441,8 + 405 p <0,05) porém nao houve diferença desta resposta na presença de MC. Monócitos apresentaram maior produçao de citocinas após estímulo pelo LPS em ambos os grupos (TNF alfa: PHD 5 vs. 1653,7+54,3; VS 5 vs. 1618,5+35,2 p<0,05; IL-10: PHD 15 vs. 4961+163; VS 15 vs. 4855,5+106, p<0,05) mas nao houve diferença entre os grupos com e sem MC no basal ou com LPS. Conclusao: MC, em concentraçoes que podem ser encontradas na água para HD, nao induziu alteraçao na funçao e morte de leucócitos ou na produçao de citocinas.


AO-056

SURTO DE PIROGENIA EM UNIDADE DE DIALISE

SILVEIRA, E. R.; MACEDO, M. A. M.; SANTOS, G. D.; SALUM, R. E.; ALKMIM, L. D.

CLINEMGE – CLINICA NEFROLOGICA DE MINAS GERAIS.

No período de 24 a 27 de janeiro de 2004, a Clínica Nefrológica de Minas Gerais apresentou 23 casos de pirogenia em seus pacientes em tratamento hemodialítico, com as seguintes características:

  • 4 dias de pirogenia com a respectiva freqüência: 10, 6, 4 e 3 casos do primeiro ao quarto dia
  • Os casos ocorreram nos três andares da clínica, de forma errática e em diferentes grupos de máquinas de hemodiálise;
  • Alguns pacientes, a partir da segunda hora de diálise, apresentaram sintomas de crise hipertensiva, febre, calafrios, vômitos, obnubilaçao, diarréia; outros apresentaram febre após terem deixado a unidade de diálise, retornando horas após o tratamento;
  • Apenas uma paciente foi internada com concomitante infecçao de cateter de longa permanência, cultura positiva, tratada com sucesso com antibiótico;
  • Os pacientes que apresentavam cateter de duplo lúmen para hemodiálise foram proporcionalmente mais acometidos que os que apresentavam FAV.
  • A metodologia de investigaçao da causa de pirogenia levou à suspeita que a possível causa estaria no lote de heparina utilizada nesse período na clínica.
  • A substituiçao do lote de heparina suspeita por heparina de outro fornecedor foi seguida da ausência de novos episódios de pirogenia.
  • A confirmaçao de nossa suspeita foi realizada pelos exames realizados na Fundaçao Oswaldo Cruz – Instituto Nacional de Controle de Qualidade em Saúde.

O objetivo da apresentaçao do trabalho está na sistemática empregada para o diagnóstico da causa de pirogenia, podendo alertar os nefrologistas em como enfrentar tais situaçoes.


AO-057

PREVALENCIA DA TUBERCULOSE(TB) NOS PACIENTES PORTADORES DE INSUFICIENCIA RENAL CRONICA(IRC) EM TRATAMENTO COM HEMODIALISE(HD)

MARQUES, L. P. J.; FUCK, F. B.; PACHECO, G. G. L. C.; NUNES, S. . N.; MOREIRA, R. M. P.

UNIVERSIDADE FEDERAL DO ESTADO DO RIO DE JANEIRO(UNI-RIO).

Tem sido descrito o aumento da incidência de TB nos pacientes renais crônicos em tratamento dialítico, provavelmente devido a imunodeficiência secundária a uremia crônica e a desnutriçao. Entretanto, possuimos poucos dados epidemiológicos sobre a prevalência da TB nos pacientes renais no Estado do Rio de Janeiro(RJ), area de alta prevalência de TB. Estudamos a prevalência e analisamos as caracteristicas clínicas da TB, em 1266 pacientes portadores de IRC em tratamento com HD, em 6 municipios do RJ, no período de Janeiro a Novembro de 2003. O diagnóstico de TB foi estabelecido pela detecçao do bacilo ou pelos achados histopatológicos. A TB foi diagnosticada em 2,36% dos individuos, com o Risco Relativo de 19,68 vezes maior de desenvolver TB do que a populaçao geral. Houve um predominio da TB extra-pulmonar em comparaçao com a pulmonar(p=0,03) e no inicio do quadro a maioria dos pacientes apresentaram febre de origem indeterminada, anorexia e emagrecimento. Todos os doentes foram tratados com o esquema RIP e apenas 1 doente evoluiu para o óbito em consequência da TB, 2 pacientes realizaram transplante renal após o tratamento. A prevalência da TB foi significativamente maior nos pacientes portadores de IRC em tratamento com HD(p<0,0001) em comparaçao com a populaçao geral. O diagnóstico precoce associado ao inicio imediato do tratamento adequado, proporcionaram um bom prognóstico para a TB, apesar da imunodeficiência secundária a uremia crônica e as alteraçoes do sistema imunológicos decorrentes do tratamento com HD.


AO-058

ENDOCARDITE INFECCIOSA EM PACIENTES SUBMETIDOS A TRATAMENTO DIALITICO POR CATETER VENOSO CENTRAL

BARBOSA, D. A.; GROTHE, C.; BETTENCOURT, A. R. C.; BELASCO, A.; DICCINI, S.; CARNEIRO, L. A. V.; SESSO, R.

UNIFESP.

Introduçao: Apesar dos avanços na tecnologia médica, paradoxalmente temos observado aumento na incidência de bacteremia e de endocardites. A endocardite nosocomial é geralmente induzida por um procedimento invasivo ou um dispositivo intravascular e tem sido responsável por cerca de 17% de casos. Objetivos: Avaliar a prevalência de endocardite em pacientes com cateter venoso central (CVC) em hemodiálise, identificar os microorganismos isolados da corrente sangüínea e a evoluçao clinica destes pacientes. Método: Trata-se de um estudo prospectivo, coorte controlado, realizado no ano de 2003, no Serviço de Nefrologia da UNIFESP. Noventa e quatro dos 156 pacientes em tratamento hemodialítico por CVC que evoluíram com bacteremia foram incluídos no estudo. A confirmaçao do diagnóstico de endocardite foi realizada através de hemocultura, ecocardiograma transtorácico e transesofágico. Os pacientes foram acompanhados durante todo o tratamento para verificar a evoluçao clínica. Resultados: Vinte e sete (28,7%) pacientes tiveram o diagnóstico confirmado de endocardite, destes 8 (29,6%) foram submetidos a tratamento cirúrgico e evoluíram sem complicaçoes e 19 (70,4%) foram submetidos a tratamento clínico e destes 15 (79%) pacientes evoluíram para óbito. O período médio entre o início dos sintomas e o diagnóstico de endocardite infecciosa foi de 16 dias. Os microorganismos isolados das 27 hemoculturas foram: 20 (74%) Staphylococcus aureus, sendo 11 (55%) S.aureus sensível a meticilina (MSSA) e 9 (45%) S.aureus resistente a meticilina (MRSA); 5 (18,5%) gram negativos e 2 (7,4%) fungos. A letalidade por endocardite infecciosa foi de 55%. Conclusao: A prevalência de endocardite infecciosa nos pacientes submetidos para hemodiálise por cateter venoso central foi de 28%. O microorganismo isolado com maior freqüência foi o Staphylococcus aureus e destes 44% eram MRSA. Elevada letalidade foi observada nesta populaçao de pacientes.


AO-059

HEPATITE C EM HEMODIALISE: TAXA DE PREVALENCIA E FATORES DE RISCO

TREVIZOLI, J. E.; NEVES, F. A. R.; SOUZA, M. B. N.

SECRETARIA DE SAUDE DO DF.

Introduçao: A infecçao pelo vírus da hepatite C (VHC) é atualmente a causa mais comum de doença hepática crônica em pacientes em hemodiálise (HD). Os objetivos desse estudo foram avaliar a taxa de prevalência e os fatores de risco para a aquisiçao do VHC. Método: O estudo transversal foi realizado de fevereiro a maio de 2002, em 08 unidades de HD conveniadas com a Secretária de Saúde e em hospital público. Foram obtidas informaçoes referentes à idade, ao estado cívil; ao tempo de doença renal; à data de ínico da HD; transfusao de sangue antes e depois de 1994 (data de início dos exames de triagem para hepatite C no Hemocentro do DF); à realizaçao de transplante renal prévio; à história de uso de álcool, drogas ilícitas, diabetes mellitus (DM) e os resultados dos exames de ALT, anti-HCV (ELISA-3), HBsAG e anti-HBc. Resultados: Foram avaliados 761 pacientes, sendo 442 (58,08%) homens e 319 (41,92%) mulheres, com idade média de 48 anos (DP 15,4), variando de 14 a 92 anos. A etiologia mais frequente da doença renal crônica foi hipertensao arterial (24,9%), seguida por DM (17,7%) e pela glomerulonefrite crônica (16,1%). A taxa de prevalência de infecçao pelo VHC (anti-HCV positivo) foi de 13,1% (17/761), de HBsAg de 2,2% (17/761) e da prevalência global de hepatite B (anti-HBC positivo) de 11,4% (87/761). Nao houve diferença na prevalência de hepatite C em relaçao à sexo, idade, raça, presença de DM, transfusao de sangue e transplante depois de 1994, presença de HBsAg e anti-HBc, ALT elevada, álcool e drogas ilícitas. Os fatores de risco para a aquisiçao do VHC foram tempo de hemodiálise (p<0,0001), transfusao de sangue antes de 1994 (p<0,0001) e transplante renal antes de 1994 (p<0,0001). Na análise multivariada, o tempo de hemodiálise foi o fator de risco mais importante. Conclusao: A taxa de prevalência do VHC nos pacientes em HD no DF observado nesse estudo, apesar de ser um dos menores do Brasil e próxima a alguns países desenvolvidos, ainda pode ser considerada elevada; pois é bastante superior à estimada na populaçao em geral.


AO-060

VIGILANCIA EPIDEMIOLOGICA DA INFECÇAO PELO VIRUS DA HEPATITE C EM PACIENTES EM HEMODIALISE CRONICA

SLOBODA, S.; CARDOSO, F.; PINTO, S.; SLOBODA, A.; MONTEIRO, C.

RENALDUC – RJ.

Introduçao: Embora a incidência da infecçao pelo vírus da Hepatite C (HCV) esteja em declínio nos pacientes submetidos à hemodiálise crônica (HDC), a identificaçao precoce de casos novos, medida fundamental para o controle de sua transmissao, permanece um desafio. O objetivo deste trabalho é apresentar a rotina de controle do HCV em uma clínica de HD e relatar 5 casos de infecçao pelo vírus. Métodos: A partir de janeiro de 2000 foi implementada uma rotina de vigilância para o risco de exposiçao e/ou desenvolvimento de infecçao pelo HCV, incluindo: 1. Hemotransfusao; 2.Hemodiálise fora da unidade e 3.Elevaçao de pelo menos 50% da média da alanina aminotransferase (ALT) obtida dos resultados dos meses anteriores do paciente em HDC. Para o paciente novo foi usada a média global do grupo anti-HCV negativo. O RT-PCR RNA-HCV está indicado quando ocorre por mais de 2 meses consecutivos a elevaçao da ALT, conforme descrito acima, na ausência de outra condiçao clínica que a justifique. O paciente com um dos critérios acima permanece em quarentena por no mínimo 4 meses até a reduçao dos níveis de ALT ou até a obtençao do RNA HCV RT-PCR negativo. Resultados: Em 4 anos, 5 pacientes se tornaram anti-HCV (+), sendo que 3 em HDC receberam hemotransfusoes. A média de tempo entre a transfusao, o aumento da ALT e a soroconversao foi de 2 e 4 meses, respectivamente. Curiosamente, os outros 2 pacientes ao iniciaram HD na clínica já apresentavam níveis de ALT acima da média do grupo anti-HCV (-), ocorrendo a virada sorológica com 3 meses e 8 meses após admissao. Conclusao: O diagnóstico precoce de infecçao pelo HCV através da elevaçao do nível da ALT, antes da detecçao do anti-HCV, pode ser particularmente difícil no paciente em HDC. Os 5 casos de soroconversao relatados ficaram sob estreita vigilância a partir da detecçao de pelo menos um dos critérios para o risco de infecçao pelo HCV. A utilizaçao desses critérios pode contribuir para reduzir a transmissao do HCV em unidades de HD.


AO-061

ESTUDO DA INFECÇAO PELO VIRUS DA HEPATITE C EM PORTADORES DE INSUFICIENCIA RENAL CRONICA DE BELO HORIZONTE, MG: PERFIL VIROLOGICO, ULTRA-SONOGRAFICO E HISTOLOGICO

FARAH, K. P.; CARMO, R. A.; ANTUNES, C. M. F.; SERUFO, J. C.; CASTRO, L. P. F.; LEITE, V. H. R.; OLIVEIRA, G. C.; BUSEK, S. C. U.; SILVA, R. A. P.; ALVARES, M. C. B.; LAMBERTUCCI, J. R.

CURSO DE POS-GRADUAÇAO EM MEDICINA TROPICAL DA UFMG/CTR ORESTES DINIZ-PBH.

Introduçao: A infecçao pelo vírus da hepatite C (VHC) é importante causa de morbimortalidade nos portadores de insuficiência renal crônica (IRC). Há poucos estudos correlacionando resultados virológicos com a histologia hepática. Métodos: Realizou-se estudo de corte transversal, analítico comparando-se 76 portadores de IRC em hemodiálise, com 77 candidatos ”a doaçao de sangue (CDS) de serviço de infectologia de Belo Horizonte, todos com anti-VHC-EIA-3.0 reativo. Investigou-se as variáveis virológicas (RT-PCR no plasma e fígado), ultrasonográficas e histológicas, com análise univariada. Resultados: RNA-VHC no plasma foi detectado em 94,7% (72/76) no grupo IRC e em 84,4% (65/77) no grupo CDS. O perfil genotípico do VHC no grupo IRC foi: 1a em 29 pacientes (38,2%); 1b em 33 (43,4%); 2a em três (3,9%); 2b em cinco (6,6%); 3a em um (1,3%) e 4 em um (1,3%). No grupo CDS evidenciou-se genótipo 1a em 28 (36,4%); 1b em 23 (29,8%); 2a em um (1,3%); 3a em doze (15,6%) e indeterminado em um. O genótipo 2 mostrou-se mais prevalente no grupo IRC (p=0,016) e o 3 no grupo CDS (p=0,001). Foi possível detectar RNA-VHC no fígado de seis pacientes com RT-PCR plasmático negativo. O ultra-som nao mostrou diferenças entre os grupos quanto “a textura hepática (p=0,290), sinais sugestivos de fibrose de Symmers (p=1, 000) ou de hipertensao portal (p=0,620). A análise histológica (METAVIR) nao mostrou diferença com relaçao “a atividade inflamatória (p=0,478) ou fibrose (p=0,268). Entretanto, as sideroses Kupfferiana (p<0,001) e hepatocitária (p<0,001)foram mais prevalentes nos portadores de IRC. Conclusoes: A predominância do genótipo 2 no grupo IRC sugere transmissao nosocomial pela pouca prevalência deste na regiao. A identificaçao do RNA-VHC no fígado e sua ausência no plasma indicam que a “infecçao oculta” pelo VHC possa estar presente. Finalmente, o elevado grau de siderose hepática nos portadores de IRC é indicativo de que a quantidade de ferro parenteral administrada regularmente possa estar em dose excessiva, acarretando riscos de piora da fibrose hepática.


AO-062

TAXA DE CRONIFICAÇAO E ASPECTOS CLINICOS DA HEPATITE C EM PACIENTES PORTADORES DE IRC EM HEMODIALISE

TREVIZOLI, J. E.; NEVES, F. A. R.; SOUZA, M. B. N.; JUNQUEIRA NETO, C.; CARVALHO, M. B.; MENDES, L. S.

HOSPITAL DE BASE – SECRETARIA DE SAUDE DO DISTRITO FEDERAL.

A hepatite C caracteriza-se por elevada taxa de cronificaçao e evoluçao clínica silenciosa nos pacientes com funçao renal normal. Fatores virais e do hospedeiro, como o estado imune, correlacionam com esses aspectos. A pesquisa de anticorpos contra o vírus da hepatite C (VHC), utilizando os testes de terceira geraçao (ELISA-3) apresenta excelente sensibilidade e especificidade nos pacientes em hemodiálise (HD), porém nao distingue infecçao ativa da passada. Os objetivos desse estudo foram avaliar a taxa de infecçao crônica nos pacientes em HD, por meio da pesquisa do RNA do VHC e verificar a presença de doença hepática, por meio de exame físico, laboratorial e ecográfico. Método: Foi realizado estudo transversal, durante o período de fevereiro a dezembro de 2002, com 97 pacientes portadores de anti-HCV positivo (ELISA e RIBA). A pesquisa de RNA foi realizada em duas ocasioes, com intervalo de 06 meses, pela técnica nested-PCR (Cobas Amplicor Roche). Infecçao ativa foi definida quando pelo menos uma pesquisa viral foi positiva. Avaliaçao clínica foi realizada sempre pelo mesmo examinador. Foram realizados testes de funçao hepática (TAP e albumina) e por meio da ecografia verificou-se a presença de hipertensao portal e fibrose hepática. Resultados: Após as duas pesquisas, a infecçao crônica foi confirmada em 76,3% (74/97) dos pacientes. Comparando o grupo de pacientes com infectados (n=74) com aqueles que eliminaram o vírus (n=23) observamos que nao houve diferenças em relaçao a idade, sexo, transplante renal prévio, álcool, presença de HBsAG e anti-HBc. Entretanto, os pacientes com viremia positiva receberam mais sangue (p=0,003), mais frequentemente apresentaram elevaçao de ALT e estavam em hemodiálise há mais tempo, embora sem atingir nível de significancia estatística nesses dois últimos aspectos. As avaliaçoes clínica, laboratorial e ecografica foram realizadas em 65 pacientes, 48 (72,3%) com RNA do VHC positivo e 17 (27,7%) negativo, nao havendo diferenças entre os dois grupos. Conclusao: A taxa de cronificaçao observada nesse estudo é semelhante a relatada na literatura. Dessa forma, os pacientes em hemodiálise conseguem erradicar a infecçao em taxas semelhantes aos pacientes com funçao renal normal. Além disso, a infecçao evolui de forma silenciosa e somente a pesquisa viral consegue diferenciar os pacientes cronicamente infectados.


AO-063

INTERFERON-A EM MONOTERPIA EM PACIENTES RENAIS CRONICOS COM HEPATITE C: BOA TOLERANCIA, PORÉM EFICACIA REDUZIDA

MACHADO, D. J. B.; IANHEZ, L. E.

HOSPITAL DAS CLINICAS-FMUSP.

Os interferons sao as únicas drogas aprovadas para tratamento da hepatite crônica C em renais crônicos. A utilizaçao de ribavirina determina anemia hemolítica grave e o uso de peg-interferon ainda nao está regulamentado. Com o objetivo de avaliar a tolerância e eficácia do interferon-a em renais crônicos dialíticos utilizamos a droga em monoterapia, na dose 3MUI a cada 48 horas, via SC, por 12 meses em 15 pacientes. A carga viral foi avaliada pelo Amplicor HCV Monitor 5.0 e a genotipagem por sequenciamento. Os fragmentos de biópsias foram avaliados de acordo com o Consenso Nacional de Hepatites. Os pacientes tinham 43 ± 8,0 anos e 10 eram sexo masculino e estavam em HD há 54 ± 16 meses; apresentavam ALT 33 ± 15 U/l, carga viral de 730.000 ± 550.00 cópias/ml, sendo 4/6 do genótipo 1. A biópsia hepática revelava fígado reacional em 7, hepatite crônica em 6 e havia cirrose em 1. O tratamento foi suspenso em 8 pacientes até o sexto mês devido a intolerância (3) ou nao- resposta (5). A intolerância deveu-se a anemia sintomática de difícil controle, emagrecimento e queda do estado geral. Ademais efeitos colaterais comuns foram febre (100%), calafrios (86%), mialgia (100%), hiporexia (86%), anemia (aumento de dose de EPO em 100%), depressao (26%), alopecia (26%). A resposta (carga viral negativa) ao final de 12 meses foi de 6/15 (40%). Conclusao: O tratamento da hepatite C em renais crônicos tem boa tolerância apesar dos efeitos colaterais freqüentes, contudo a resposta ao final de 12 meses alcança somente 40% dos pacientes ou 50% dos pacientes que nao interrompem a droga.

ORAL – Doença Renal Crônica e Diálise / Infecção

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