J. Bras. Nefrol. 2004;26(3 suppl. 2):30-2.

ORAL – Doença Renal Crônica e Diálise ( Sobrevida x DCV)

Doença Renal Crônica e Diálise ( Sobrevida x DCV)

AO-082

CALCIFICAÇAO CORONARIANA EM INDIVIDUOS SUBMETIDOS `A HEMODIALISE – CONTRIBUIÇAO DE FATORES DE RISCO TRADICIONAIS E ASSOCIADOS A UREMIA

BARRETO, D. V.; BARRETO, F. C.; MOYSES, R. M. A.; JORGETTI, V.; CENDOROGLO NETO, M.; CARVALHO, A. B.; CANZIANI, M. E. F.

UNIVERSIDADE FEDERAL DE SAO PAULO.
UNIVERSIDADE DE SAO PAULO.

Introduçao: A calcificaçao coronariana (CAC) está freqüentemente associada à aterosclerose, presente em 90% das lesoes angiograficamente significantes. Há evidências recentes de que a CAC tem prevalência aumentada nos pacientes submetidos à hemodiálise e sugeriu-se que isto se deva à associaçao entre fatores de risco cardiovascular tradicionais e outros relacionados à uremia e ao próprio tratamento dialítico. O desenvolvimento e a progressao da CAC parecem similares à osteogênese. Objetivos: avaliar a prevalência de CAC em pacientes submetidos à hemodiálise crônica; avaliar a relaçao entre CAC, fatores de risco associados à uremia e histomorfometria óssea nesta populaçao. Métodos: 101 pacientes em programa de hemodiálise foram analisados a partir de parâmetros bioquímicos, marcadores de inflamaçao, de estresse oxidativo e do metabolismo ósseo. Subseqüentemente, todos foram submetidos à Tomografia Coronariana multi-slice (MSCT) para detecçao e quantificaçao de CAC e biópsia óssea trans-ilíaca. Resultados: A mediana do escore de cálcio foi de 116,2 UA (0 – 5547 UA). 52% dos pacientes apresentaram calcificaçao moderada ou grave e, em 20%, o escore de cálcio foi maior do que 1000 UA. Na análise univariada, idade (r = 0,24; p < 0,000001), osteoprotegerina (r = 0,44; p = 0,00002) e índice de massa corporal (r = 0,24; p = 0,01) se correlacionaram positivamente com o escore de cálcio. O volume ósseo trabecular (r = -0,24; p = 0,02) e a espessura trabecular (r = -0,22; p = 0,03) se correlacionaram negativamente com o escore de cálcio. Houve uma tendência à correlaçao entre proteína C reativa e escore de cálcio (r = 0,18; p = 0,062). Na análise de regressao linear múltipla, a osteoprotegerina foi identificada como a única variável independentemente associada à CAC. Conclusao: A CAC têm elevada prevalência entre os pacientes submetidos à hemodiálise e esteve associada à idade avançada, obesidade, inflamaçao e volume ósseo reduzido. Os níveis séricos de osteoprotegerina estao aumentados nesta populaçao e podem representar um mecanismo de defesa parcial à progressao da aterosclerose nos indivíduos urêmicos.


AO-083

PERCENTIL DE MASSA DE CALCIO EM CORONARIAS E SUA ASSOCIAÇAO COM MARCADORES BIOQUIMICOS E INFLAMATORIOS EM PACIENTES RENAIS CRONICOS EM HEMODIALISE

KAROHL, C.; FENSTERSEIFER, D. M.; SCHVARTZMAN, P. R.; VERONESE, F. V.

PROGRAMA DE POS-GRADUAÇAO EM CIENCIAS MÉDICAS: NEFROLOGIA, UFRGS. SERVIÇO DE NEFROLOGIA DO HOSPITAL DE CLINICAS DE PORTO ALEGRE. SERVIÇO DE TOMOGRAFIA DO MAE DE DEUS CENTER, HOSPITAL MAE DE DEUS, PORTO ALEGRE, RS.

Introduçao: A prevalência de calcificaçoes em artérias coronárias (CaCs) e sua associaçao com inflamaçao e calcifilaxia tem sido descrita em pacientes renais crônicos em programa de hemodiálise (HD). Objetivos: Avaliar a prevalência de CaCs através do percentil de massa de cálcio e sua associaçao com marcadores clínicos, bioquímicos e inflamatórios em pacientes renais crônicos em HD. Métodos: Foram estudados 22 pacientes em programa de HD no Hospital de Clínicas de Porto Alegre através de tomografia computadorizada em espiral com múltiplos detectores, para determinaçao da massa de cálcio (mg) (MaCa) de coronárias corrigida para idade e sexo, categorizando os pacientes acima e abaixo do percentil 75 (P75) de MaCa. Parâmetros clínicos, de doença óssea e marcadores inflamatórios foram correlacionados com o percentil de massa de cálcio detectada em artérias coronárias. Resultados: Treze (59,1%) pacientes situaram-se acima do P75. A média de idade, a mediana de tempo em HD e a proporçao de pacientes diabéticos (DM), com cardiopatia isquêmica clínica (CI) e desnutridos foi maior naqueles casos com maior MaCa (acima do P75), embora sem alcançar diferença estatística. Nao houve diferença significativa entre pacientes acima e abaixo do P75 em relaçao a média de IMC, dose diária do quelante de cálcio, nível de colesterol, triglicerídeos, albumina, fibrinogênio e proteína C reativa. As médias do fósforo sérico e do produto Ca x P foram significativamente mais baixas nos pacientes acima do P75 (5,8±1,3 x 7,3±1,4 mg/dl, P=0,019 e 50±14 x 64±14, P=0,029, respectivamente), e também houve uma tendência do nível de paratormônio ser menor nestes pacientes (P=0,06). Conclusoes: A maior parte dos pacientes com risco aumentado de calcificaçao arterial (idosos, maior tempo de HD, presença de DM e CI, desnutridos) situaramse acima do P75 de MaCa, embora nao tenha havido uma diferença estatisticamente significativa entre os grupos. Um menor nível de fósforo sérico e do produto Ca x P neste grupo (acima do P75) pode estar relacionado à desnutriçao.


AO-084

PREDITORES CLINICOS E SOCIO-DEMOGRAFICOS DE MORTALIDADE EM PACIENTES SUBMETIDOS A HEMODIALISE CRONICA

PRESIDIO, S. P.; MOURA JUNIOR, J. A.; PASCHOALIN, E. L.; SOUZA, C. M.

FUNDAÇAO PARA O DESENVOLVIMENTO DAS CIENCIAS.
ESCOLA BAHIANA DE MEDICINA.
CLINICA SENHOR DO BONFIM.

Introduçao: correlacionar marcadores de anemia, nutriçao e adequaçao de hemodiálise, bem como tempo em hemodiálise, doença de base, idade, sexo e identidade da cor da pele à mortalidade de pacientes em programa de hemodiálise. Métodos: estudo de coorte prospectivo realizado em clínica de nefrologia em Salvador, entre 01-2001 e 12-2002. Foram avaliados 118 pacientes em programa crônico de hemodiálise, utilizando as mesmas rotinas para controle da anemia, nutriçao e adequaçao de diálise, acompanhados pela mesma equipe médica, monitorizados mensalmente os resultados de hematócrito, hemoglobina, percentual de remoçao de uréia (PRU) e Kt/V, tendo a albumina dosagem trimestral. Dados clínicos como doença de base e tempo em hemodiálise, e sócio-demográficos como idade, sexo e identidade da cor da pele, também foram analisadas. Resultados: participaram do estudo 148 pacientes, 127 deles já estavam em programa de hemodiálise e 21 pacientes iniciaram o tratamento durante o estudo no ano de 2001. Foram excluídos 30 pacientes por passarem a preencher algum critério de exclusao. Totalizaram ao final do estudo 118 pacientes com 23 óbitos durante os dois anos de acompanhamento. A idade média dos 95 pacientes que permaneceram vivos foi de 46,0 ± 12,8 anos e dos que evoluíram a óbito 54,9 ± 16,7 anos (p= 0,006). Dos marcadores laboratoriais, apresentaram risco aumentado de morte a hemoglobina < 10g% (RR = 2,2; IC 95% [1,0-4,8]) e o hematócrito < 30% (RR = 2,3; IC 95% [1,0-5,17]). O PRU < 65% (RR = 1,6; IC 95% [0,8-3,4]), o Kt/v < 1,2 (RR = 1,9; IC 95% [0,8- 4,3]) e a albumina < 3,5g% (RR = 1,28; IC 95% [0,53 – 3,06], mostraram risco para o óbito elevado, porém com intervalo de confiança amplo. Dos 23 pacientes que morreram 15 (65%) eram do sexo masculino e 8 (35%) do sexo feminino (RR =1,62; IC 95% [2,45 – 6,75]). Os brancos apresentaram maior risco para óbito (RR = 4,64; IC 95% [4,01 – 13,1]), bem como idade superior a 60 anos (RR= 7,44 ;IC 95% [6,96-20,65]. Representaram também risco aumentado de morte o tempo de hemodiálise < um ano (RR = 9,8; IC 95% [10,38 – 73,71]) e diabetes como doença de base (RR = 7,01; IC 95% [6,08 – 26,78]). Conclusao: foram associados à mortalidade de pacientes em hemodiálise crônica: hemoglobina abaixo de 10g% e o hematócrito abaixo de 30%. A albumina menor que 3,5g%, o PRU menor que 65% e o Kt/V menor que 1,2 foram preditores de mortalidade, entretanto sem significância estatística. Tempo de hemodiálise menor que um ano, diabetes melitus, idade superior a 60 anos, sexo masculino e os brancos também se associaram à mortalidade deste grupo de pacientes.


AO-085

INFLUENCIA DE FATORES DE RISCO NA SOBREVIDA DE PACIENTES DIALISADOS NAO DIABÉTICOS

D’AVILA, R.; FERNANDES, F. A.; GUERRA, E. M. M.; CADAVAL, R. A. M.; RODRIGUES, C. I. S.; ALMEIDA, F. A.; TAVARES, A.

FACULDADE DE MEDICINA DE SOROCABA PUC/SP E UNIFESP/EPM.

Introduçao: Investigar fatores ligados a problemas cardiovasculares e sua influência sobre a sobrevida em pacientes dialisados nao diabéticos. Métodos: Estudamos 124 pacientes renais crônicos nao diabéticos em hemodiálise ou CAPD. Foram dosadas, por ocasiao da entrada do paciente no estudo: Homocisteina (por HPLC), Mutaçao C677T do gene da MTHFR (Hinf 1 do DNA total após PCR), Colesterol, Triglicérides e Albumina, PTH, ferritina, folato eritrocitário e vitamina B12. A sobrevida foi avaliada de Fevereiro a Junho de 2000 até o dia 01/05/2004 em 121 pacientes (3 perdas de seguimento). Resultados: Após 4 anos, 48 pacientes (40%) permanecem vivos, em diálise; 30 (25%) receberam transplante renal e 43 (35%) evoluíram para óbito. A tabela mostra os resultados médios comparados entre esses pacientes.

A distribuiçao dos três genótipos para a mutaçao C677T da MTHFR e os níveis eritrocitários de ácido fólico e sanguíneos de vitamina B12, PTH e ferritina, além do produto cálcio x fósforo foram semelhantes entre os 3 grupos. Em resumo, os pacientes que faleceram eram mais velhos e apresentavam menor albuminemia. Observamos aumento acentuado e universal da homocisteinemia, que foi mais elevada nos pacientes que transplantaram e idêntica prevalência da mutaçao do gene do MTHFR entre os três grupos. Maior homocisteinemia esteve associada paradoxalmente à maior possibilidade de transplante renal. Conclusoes: Idade mais avançada e menores níveis de albumina foram os fatores mais associados a maior mortalidade em nosso estudo.


AO-086

IMPACTO DA SEVERIDADE DE DOENÇAS COEXISTENTES NA SOBREVIDA DE PACIENTES EM DIALISE

SARDENBERG, C.; SANTOS, B. F. C.; MATOS, A. C. C.; CARVALHO, C. O. M.; ANDREOLI, M. C. C.; RANGEL, E. B.; OLIVEIRA, M.; IIZUKA, I. J.; COSTA, M. F.; CENDOROGLO NETO, M.; CARDOSO, R. M.; KARAM, C.

HOSPITAL ISRAELITA ALBERT EINSTEIN-CENTRO DE DIALISE EINSTEIN.

Introduçao: Embora o estudo HEMO tenha mostrado uma relaçao entre o índice de doenças coexistentes (ICED) e a sobrevida de pacientes em hemodiálise, nao há na literatura relato do uso deste instrumento na populaçao brasileira em diálise. O objetivo do estudo foi analisar o impacto do ICED na sobrevida de pacientes em programa crônico de diálise em um hospital privado. Métodos: As co-morbidades foram avaliadas usando o ICED, índice que compreende o índice de impedimento físico (IPI) e o índice de severidade de doenças (IDS) no momento da admissao em programa crônico de diálise em 48 pacientes (29 homens, 19 mulheres, mediana de idade 66 anos; de 17 a 89 anos). No estudo avaliamos além do ICED os índices que o compoe (IPI e IDS) e as seguintes variáveis: sexo, idade, presença de diabetes, doença arterial periférica e nível sérico de proteína C reativa na admissao. A relaçao entre as variáveis e o desfecho foi feita através de análise uni e multivariada utilizando modelo de regressao logística com o objetivo de identificar fatores de risco independentes. Resultados: Na análise univariada ICED maior do que 1, índice de severidade de doenças (IDS) igual a 3 (severo), idade e presença de doença arterial periférica foram preditores de mortalidade. Na análise multivariada o índice de severidade de doenças (IDS) igual a 3 manteve-se como forte preditor de mortalidade (OR 8,2; IC 95% 1,93 a 34,87, P=0,004). Conclusao: A severidade de doenças coexistentes no momento da admissao em programa crônico de diálise é fator de risco independente de mortalidade na populaçao estudada.


AO-087

INFLUENCIA DA HIPOALBUMINEMIA NO PROGNOSTICO DE SOBREVIDA DE PACIENTES RENAIS CRONICOS EM HEMODIALISE

ARRUDA, C. R.; SANTOS, C. R. V.; FIORAVANTE, A. M.; BALBI, A. L.; BARRETTI, P.; MARTIN, L. C.; CARAMORI, J. C. T.

UNIDADE DE DIALISE DO HOSPITAL DAS CLINICAS DA FACULDADE DE MEDICINA DE BOTUCATU – UNESP.

Introduçao: a incidência de insuficiência renal crônica (IRC) tem aumentado nos países do Ocidente e se projeta um aumento maior para o futuro. Devido à alta taxa de mortalidade de pacientes em diálise, tem-se procurado reconhecer todos os fatores relacionados a esses resultados. Este estudo foi realizado a fim de identificar a influência dos aspectos laboratoriais na sobrevida dos pacientes em hemodiálise (HD) e avaliar seu impacto na morbimortalidade desses pacientes. Métodos: estudo retrospectivo de 107 pacientes submetidos à HD como primeiro tratamento substitutivo, por período mínimo de 3 meses, entre 1990 e 2001. Foram estudados parâmetros laboratoriais (hematócrito – Ht, hemoglobina – Hb, albumina, uréia, creatinina, clearance de creatinina, cálcio, fósforo séricos), além de parâmetros clínicos (idade, sexo, tabagismo, etilismo, acompanhamento nefrológico anterior, diabete melito, hipertensao arterial, aterosclerose clínica, comorbidades) e radiológicos (índice cárdio-torácico). Os dados referem-se ao momento imediatamente anterior ao início do tratamento hemodialítico. Na análise, utilizaram- se o estimador de Kaplan-Meyer e o modelo de regressao de Cox. Resultados: houve predominância de pacientes anêmicos (Hb:9,1g/dl; intervalo de confiança:0,7 e Ht:25,6%; intervalo de confiança:6,6), discretamente hipoalbuminêmicos (3,5g%; intervalo de confiança:0,6), com clearance de creatinina abaixo de 10 ml/min (5,75ml/min; intervalo de confiança:3,69), com tendência a hipocalcemia e hiperfosfatemia (8,4mg%; intervalo de confiança:1,24 e 6,3mg%; intervalo de confiança:1,9 , respectivamente). Na análise da sobrevida actuarial de grupos subdivididos por faixas de variaçoes laboratoriais, observou-se que pacientes com hipoalbuminemia tiveram menor sobrevida, tanto em 1 ano de HD (p=0,0226) quanto em 5 anos (p=0,0608), quando comparados a pacientes com albumina sérica normal. Na análise multivariada, observou-se que pacientes com valores de albumina menores ou iguais a 3,5g% apresentam tendência ao aumento do risco de morte em 2,1 vezes (p=0,1027). Conclusao: reforçamos neste estudo a importância da albumina no prognóstico de pacientes renais crônicos, sabendo-se que pode influenciar na sobrevida desses a médio e longo prazos; ressalta-se que os valores de albumina sérica nao dependem somente do estado nutricional do paciente, mas também da presença de fatores cardiovasculares e inflamatórios.
Apoio: Iniciaçao Cientifica FAPESP


AO-088

ESTUDO DO PERFIL LIPIDICO E DOS FATORES DE RISCO ASSOCIADOS;A DOENÇA ARTERIAL CORONARIANA EM PACIENTES COM INSUFICIENCIA RENAL CRONICA EM TRATAMENTO HEMODIALITICO

SILVA, J. R.; CORREA NETO, I. J. F.; CORREA, H. A.; OLIVEIRA, C. M.; SANTOS, E. B. A.

FACULDADE DE MEDICINA DE ITAJUBA – MG.

Introduçao: A Doença Arterial Coronariana ( DAC) é uma doença multifatorial e sua prevençao está condicionada aos chamados fatores de risco, dentre os quais destacamse: Tabagismo, Hipertensao Arterial, HDL-c < 40 mg/dl, Diabetes Melito (DM), Idade ( > 45 anos para homens e > 55 anos para mulheres) e Obesidade Abdominal. Durante os últimos 30 anos têm-se presenciado elevaçoes relativamente rápidas de mortalidade por causas cardiovasculares em paises em desenvolvimento, dentre os quais o Brasil é um dos representantes. Os níveis séricos de CT foram avaliados em alguns estudos no Brasil em regioes específicas, dentre os quais um estudo realizado em 1998 envolvendo 8045 indivíduos com idade mediana de 34,7 +/- 9.6 anos mostrou que o nível sérico de CT foi de 183+/- 39,8 mg/dl, sendo os valores mais elevados no sexo feminino e nas faixas etárias mais avançadas. Níveis elevados de CT foram encontrados em 8,8% dos indivíduos. Objetivo: Analisar o perfil lipídico e os principais fatores de risco para DAC em pacientes portadores de Insuficiência Renal Crônica ( IRC) em tratamento hemodialítico. Métodos: Foram avaliados 63 pacientes portadores de IRC em tratamento hemodialítico durante os meses de novembro e dezembro de 2003. As variáveis analisadas neste estudo foram: Sexo, Idade, Tabagismo, Presença de Diabetes Melito, Hipertensao Arterial Sistêmica (HAS) e Obesidade Abdominal. Resultados: Quando comparadas as características clínicas da populaçao estudada, entre os sexos, verifica-se maior proporçao de pacientes com obesidade abdominal ( 85,71%) e HAS no grupo feminino (79,31%). Entre os pacientes com diagnostico de DM, a grande maioria pertence ao sexo feminino. Quando comparado tempo de hemodiálise e o sexo, foi verificado maior tempo médio de tratamento em homens (50,1 meses) em relaçao as mulheres ( 37,1 meses). Dentre os pacientes com perfil lipídico acima dos valores limítrofes, observou-se maior percentagem no grupo feminino. Entretanto, destaca-se que com relaçao aos níveis de TG, 68,75% dos pacientes encontramse abaixo dos valores limítrofes. Quanto às características laboratoriais, níveis médios de CT, LDL-c e TG apresentam-se mais elevadas no grupo feminino. Entretanto, os resultados dos testes estatísticos nao permitem afirmar que haja diferença significativa entre os sexos. Por outro lado, neste grupo foi observado maiores valores de HDL-c. Conclusâo : Embora diversas escalas, como a de Framingham, preconizam maiores riscos de DAC para o sexo masculino, neste trabalho, verificou-se maiores valores lipídicos, obesidade abdominal e presença de DM no sexo feminino. Alem disso, a percentagem de pacientes com HAS é maior no grupo feminino.


AO-089

ALTERAÇOES ULTRAESTRUTURAIS DO MIOCARDIO NA UREMIA TERMINAL

SARTURI, P.; PIOVESAN, F.; COIRO, J.; DUDA, N.; TUMELERO, R.; MANFRO, R. C.

PROGRAMA DE POS-GRADUAÇAO EM NEFROLOGIA, UFRGS. LABORATORIO DE MICROSCOPIA ELETRONICA, ULBRA, HOSPITAL SAO VICENTE DE PAULO, PASSO FUNDO.

Introduçao. A incidência de doença cardiovascular na populaçao em diálise é elevada, primariamente devido à alta prevalência dos fatores de risco tradicionais para aterosclerose, assim como dos peculiares à uremia. A miocardiopatia observada vai além das alteraçoes ateroscleróticas coronarianas sugerindo que outras anormalidades ocorram na fibra miocárdica. O objetivo deste estudo foi avaliar a ultraestrutura do miocárdio de urêmicos em diálise. Pacientes e Métodos: Incluiram-se pacientes estáveis em programa de diálise por pelo menos 6 meses, com idade superior a 18 anos, sem doença aterosclerótica coronariana ao exame de cineangiocoronariografia transluminal e que consentiram em participar do estudo Os critérios de exclusao foram doença arterial coronariana aterosclerótica e sintomas de cardiopatia isquêmica. Resultados: Foram incluídos nove pacientes (cinco homens), a média de idade foi de 27,3 anos (20 a 38 anos), três eram portadores de diabete melito. A média do produto cálcio iônico-fósforo foi 20,3. A hemoglobinas variaram de 7,1 a 11,2 (média de 9,4g%). Todos os pacientes elegíveis para o estudo realizaram ecocardiograma para avaliar funçao e massa ventricular. Oito pacientes apresentavam hipertrofia de ventrículo esquerdo no período de realizaçao do estudo. As cinecoronáriografias nao demonstraram lesoes estenosantes significativas, durante as mesmas foram feitas biópsias do endomiocárdio que foram avaliadas por microscopia ótica (MO) e eletrônica (ME). A MO evidenciou edema das fibras musculares miocárdicas. Na avaliaçao pela ME evidenciou-se que o número de mitocôndrias significativamente aumentado quando comparado a biópsias controle, observou- se também significativa senecência das fibras musculares com perda das orientaçoes das bandas Z e H. Conclusoes:. Os presentes dados sugerem que na uremia terminal ocorram aumento do número de mitocôndrias e senecência do sarcômero. As causas destas alteraçoes permanecem por ser estabelecidas, estando possivelmente a anemia envolvida na fisiopatologia destes achados.


AO-090

DOPPLER TECIDUAL DO ANEL MITRAL NO DIAGNOSTICO DA ALTERAÇAO DO RELAXAMENTO DO VENTRICULO ESQUERDO EM RENAIS CRONICOS COM FLUXO MITRAL APARENTEMENTE NORMAL AO DOPPLER CONVENCIONAL

PECOITS FILHO, R.; BARBERATO, S.

CENTRO DE PESQUISA RIM, DIABETES E HIPERTENSAO (RDH) – FUNDAÇAO PRO-RENAL DE CURITIBA, CENTRO DE CIENCIAS BIOLOGICAS E DA SAUDE, PONTIFICIA UNIVERSIDADE CATOLICA DO PARANA (PUCPR).

Introduçao: o Doppler pulsado convencional (DC) oferece avaliaçao imprecisa da alteraçao do relaxamento (AR) do ventrículo esquerdo (VE), pois é fortemente dependente da pré-carga. O Dopler tecidual (DT) é um método relativamente independente das condiçoes de carga, capaz de desmascarar a pseudonormalizaçao do fluxo mitral, podendo ser útil na avaliaçao de renais crônicos em hemodiálise (HD), sujeitos a grandes variaçoes da volemia. Objetivos: estudar a prevalência da AR do VE em pacientes renais crônicos sob HD que tenham fluxo mitral ao DC aparentemente normal. Material e Método: após ecodopplercardiograma completo realizado no período interdialítico, 51 pacientes foram incluídos no estudo. Estudamos a funçao diastólica pelo DC do fluxo mitral e pelo DT do anel mitral. Ao DC medimos: onda E, onda A, relaçao E/A, TD e TRIV. Consideramos AR ao DC quando relaçao E/A<1; normal se E/A entre 1-2 e alteraçao da complacência (AC) quando E/A>2. Pseudonormalizaçao foi diagnosticada quando o DC era normal e o DT apresentava relaçao e/a<1 e relaçao E/e>10 em ambos segmentos septal e lateral do anel mitral. Resultados: A28 homens e 23 mulheres, idade média 40±13 anos, tempo mediano em HD de 23 meses (1-120), índice mediano de massa do VE 192 g/m2 (83-393) completaram o estudo. Ao DC,(56,9) apresentavam disfunçao diastólica. Entre os 22 pacientes com fluxo mitral normal ao DC, 31,8% preencheram critérios ao DT de AR (pseudonormalizados), representando um ganho adicional de 13,7% no diagnóstico de disfunçao diastólica a qual atingiu prevalência de 70,5% em nossa amostra. Em relaçao aos indivíduos com fluxo mitral normal, os pseudonormalizados tinham maior idade (42±12 vs. 34±10 anos, p<0,01), tamanho do VE (5,1±1,2 vs.4,7±0,6 cm, p<0,05) e tempo sob HD (66±13 vs.25±8 meses, p<0,05); por outro lado, apresentavam menor fraçao de ejeçao (67±3 vs.75±2 %., p<0,05). Conclusao: o DT diagnosticou AR do VE em 31,8% (7/22) dos pacientes sob HD de rotina que apresentaram funçao diastólica aparentemente normal ao fluxo mitral.A pseudonormalizaçao parece estar associada à idade,tempo de HD e disfunçao sistólica do VE.

ORAL – Doença Renal Crônica e Diálise ( Sobrevida x DCV)

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