J. Bras. Nefrol. 2004;26(3 suppl. 2):36-8.

ORAL – Osteodistrofia

Osteodistrofia

AO-100

EFEITOS DO SORO DE PACIENTES PROTEINURICOS EM CULTURA DE CÉLULAS DE LINHAGEM DE OSTEOSARCOMA HUMANO (MG63)

DIAS, C. B.1; MOYSÉS, .R. M. A.1; GUEIROS, J. E.1; REIS, L. M.1; GRACIOLI, F. G.1; CAPARBO, V.2; PEREIRA, R. C.1; BARROS, R. T.1; JORGETTI, V.1; WORONIK, V.1

1. HOSPITAL DAS CLINICA DA FMUSP – DEPARTAMENTOS DE NEFROLOGIA FACULDADE DE MEDICINA DA USP, BRASIL.
2. REUMATOLOGIA FACULDADE DE MEDICINA DA USP, BRASIL.

Introduçao: Estudos do nosso laboratório mostraram que pacientes glomerulopatas (GP) com proteinúria e funçao renal normal apresentam à histomorfometria óssea uma baixa remodelaçao óssea e um defeito de mineralizaçao1. Estas alteraçoes poderiam decorrer da condiçao de hipoalbuminemia encontrada nestes pacientes, já que a albumina é um conhecido fator trófico. Objetivo: Avaliar o comportamento em cultura das células MG63 em presença do soro de pacientes proteinúricos nao azotêmicos, e após correçao in vitro deste soro com albu – mina humana até atingir valores de 4g/dl. Estes mesmos pacientes foram estudados após 6 meses de tratamento com suplementaçao oral de vitamina D2 (500UI/dia). Material e Métodos: Critérios de inclusao dos pacientes: idade entre 19 e 50 anos, diagnóstico de GP, sem imunosupressao há pelo menos 6 meses, clearance de creatinina maior que 50 ml/min, e proteinúria maior que 1.5 g/24h.. Células MG63 foram cultivadas em DMEM (Dulbecco’s Modified Eagle Medium) com 6% de soro dos pacientes ou controles sadios de mesma idade e sexo. Foi avaliado proliferaçao celular através da incorporaçao pela timidina, e a atividade de fosfatase alcalina. Resultados: Foram estudados 10 pacientes com as características descritas na tabela abaixo:

Após o cultivo, observamos menor proliferaçao das células MG63 com soro de pacientes proteinúricos, comparadas ao cultivo com soro de controles sadios, 1221±426 vs 3.565±221 cpm, p<0.0001, respectivamente. Por outro lado, estes soros com valores de albumina normalizados nao modificaram a baixa proliferaçao celular, 1221±426 vs 1219±367 cpm, p= 0.9. Em outro protocolo soros de pacientes (n=6) submetidos a tratamento com vitamina D2, também nao induziram modificaçoes sobre a proliferaçao celular, 1221±426 vs 963±765, p=0.2, pré e pós tratamento respectivamente. A atividade de fosfatase alcalina nas células MG63 quando estimuladas com soro dos pacientes proteinúricos, foi maior que o grupo sadio, porém, nao houve diferença estatística, 1.3±0.3 vs 0.7±0.1 UI/mg, p=0.14. Conclusao: Soro de pacientes proteinúricos inibe a proliferaçao celular das células MG63, a qual nao foi corrigida pela normalizaçao da albumina in vitro e nem pela pelo tratamento do paciente com suplementaçao de vitamina D2, sugerindo a participaçao de outros fatores neste mecanismo perdidos pelo estado nefrótico.
1-Dias CB, et al. J Am Soc Nephrolol 13: 576A 2002


AO-101

HIPERFOSFATEMIA ESTA ASSOCIADA A HIPERTROFIA E A ATIVAÇAO CELULAR MIOCARDICA EM INSUFICIENCIA RENAL EXPERIMENTAL

NEVES, K. R.; GRACIOLLI, F. G.; REIS, L. M.; PEREIRA, C.; OLIVEIRA, S.; PASQUALUCCI, C.; NORONHA, I. L.; MOYSÉS, R. M. A.; JORGETTI, V.

DISCIPLINA DE NEFROLOGIA DA FACULDADE DE MEDICINA DA USP.

Introduçao: Hiperfosfatemia (HP) e distúrbios do metabolismo de cálcio (Ca) e paratormônio (PTH) contribuem para a elevada mortalidade cardiovascular em pacientes com Doença Renal Crônica. O mecanismo exato pelo qual a HP contribui para esta alta mortalidade é desconhecido. Objetivos: Avaliar o efeito isolado do fósforo (P) no desenvolvimento de calcificaçao vascular (CV), fibrose cardíaca e proliferaçao miocárdica. Métodos: Ratos Wistar machos foram submetidos à PTx e Nx com infusao contínua de PTH em níveis fisiológicos ou foram submetidos a shamPTX , shamNx e receberam veículo. As dietas diferiram apenas no conteúdo de P: BaixoP (BP)=0,2%, Alto P (AP)=1,2%, sendo utilizado “pair feeding”. Os grupos foram divididos em: PTxNxBP, ShamPTxShamNxBP, PtxNxAP e ShamPTxSham- NxAP. A pressao caudal (TCP) e o peso (P) foram medidos semanalmente. Após 8 semanas, realizamos análises bioquímica e qualitativa da histologia cardiovascular. A expressao cardíaca do antígeno nuclear de proliferaçao celular (PCNA) foi avaliada através de imunohistoquímica. Resultados: Apesar do “pair feeding”, ratos do grupo PTxNxAP consumiram menos dieta do que os demais. Níveis séricos de PTH foram semelhantes entre os grupos. Nao detectamos CV ou fibrose miocárdica. A regressao linear múltipla mostrou que o peso do coraçao/100g e a expressao de PCNA foram dependentes do P. Conclusoes: Neste modelo, a HP isolada nao causou CV ou fibrose cardíaca, mas agravou a hipertrofia miocárdica. Cardiomiócitos e células intersticiais foram ativados pela HP. Os resultados do PCNA nao podem ser atribuídos à uremia, hipertensao ou hipertrofia miocárdica. Provavelmente, a HP poderia atuar através de um mecanismo inflamatório, ativando células e levando à remodelaçao cardíaca.

 


AO-102

SOBRECARGA DE FOSFORO AGRAVA A DOENÇA RENAL CRONICA EM RATOS PARATIREOIDECTOMIZADOS

NEVES, K. R.; GRACIOLLI, F. G.; REIS, L. M.; MOYSÉS, R. M. A.; JORGETTI, V.

DISCIPLINA DE NEFROLOGIA DA FACULDADE DE MEDICINA DA USP.

Introduçao: A sobrecarga de fósforo (P) pode contribuir para a progressao da doença renal crônica (DRC) experimental devido a conseqüentes hiperfosfatemia (HP), hiperparatireoidismo secundário (HPS) e nefrocalcinose, ou por outros mecanismos ainda nao descritos. Entretanto, nao há estudos que avaliem a progressao da DRC que separem o efeito da sobrecarga de P daqueles do HPS, da hipercalcemia ou até de um efeito adverso da ingestao proteica. Todas estas variáveis sao reconhecidas como fatores que potencialmente pioram a funçao renal. Este estudo foi realizado para avaliar o efeito isolado do P, na ausência de HPS e hipercalcemia, sobre a evoluçao da DRC experimental. Métodos: Dez ratos Wistar machos foram submetidos à paratireoidectomia (PTx). Após 1 semana, aqueles com cálcio iônico < 0.8 mmol/L foram submetidos à Nx. 5/6. Cinco ratos controle foram submetidos a Sham PTx e Sham Nx. As dietas eram idênticas, exceto pelo conteúdo de P: BaixoP (BP)=0,2%, AltoP (AP)=1,2% e Controle (CP)=0,7%. Os grupos foram divididos em PtxNxAP (n=5), PTxNxBP (n=5) e ShamCP (n=5), com emprego de “pair feeding”. A pressao arterial caudal (TCP) e o peso (P) foram medidos semanalmente. Os animais foram colocados em gaiolas metabólicas 48 h antes do sacrifício, após 8 semanas de estudo. Resultados: A ingestao de dieta dos ratos PtxNxAP foi menor. Os animais PTxNx (AP and BP) apresentaram maiores TCP, P e creatinina (Cr) séricos e menor clearance de Cr (Clear) do que os ratos ShamCP. No entanto, os ratos PTxNxAP tinham maior Cr e menor Clear do que os PTxNxBP. Também observamos uma tendência para maior proteinúria no grupo PTxNxAP. Conclusao: A HP, mesmo na ausência de HPS e hipercalcemia, mostrou ser um fator independente para a progressao da DRC. Esta condiçao está provavelmente associada à maior proteinúria. O mecanismo envolvido na progressao merece estudo posterior.

 


AO-103

ALTERAÇOES OSSEAS EM ANIMAIS TRATADOS COM ACYCLOVIR( ACY): PAPEL DA INSUFICIENCIA RENAL E DO CO-TRANSPORTADOR NA-PI TYPEIIA

SANCHES, T. R. C.; SEGURO, A. C.; MOYSES, R. M.; NEVES, K. R.; JORGETTI, V.; ANDRADE, L.

DISCIPLINA DE NEFROLOGIA, FACULDADE DE MEDICINA DA USP.

Em estudos prévios demonstramos que o ACY pode causar insuficiência renal e poliúria, além do aumento da excreçao urinária de fósforo (KI 65:175-183,2004), conseqüente a uma importante diminuiçao da expressao do co-transportador Na-Pi type IIa em membrana apical de túbulo proximal. Estes animais estudados desenvolveram hipofosfatemia e hipercalcemia. O fosfato é o principal componente na mineralizaçao da matrix óssea. Sabe-se que o co-transportador Na-Pi type IIa também se expressa em osteoclastos; e que animais knockout para este gene desenvolvem hipofosfatemia e alteraçoes ósseas. O objetivo do presente estudo foi avaliar se o tratamento com ACY poderia também diminuir a expressao deste transportador em osteoclastos e quais as possíveis alteraçoes ósseas associadas. Ratos Wistar, foram estudados, após 17 dias de tratamento com ACY 100mg/kg/d, intra-peritoneal. Foram realizados estudos de gaiola metabólica (Clearance de creatinina, volume urinário, UVP, fósforo e cálcio plasmático). As tíbias foram removidas para extraçao de RNA para avaliaçao da expressao do co-transportador Na-Pi type IIa (estudos de Northern Blot); e os fêmures foram removidos para estudos histomorfométricos.

Demonstrou-se que a expressao do RNA mensageiro do co-transportador Na-Pi type IIa nos animais tratados em relaçao aos controles foi de apenas 29.2%, mostrando que o ACY reduziu de forma acentuada a expressao gênica deste transportador. Em Conclusao: ACY induz uma reduçao importante da expressao gênica do transportador Na-Pi type IIa em osso. Ocorre uma reduçao do volume trabecular e, ao contrário do que é visto nos animais knockouts, nao há reduçao da superfície recoberta por osteoclastos. Portanto, as alteraçoes ósseas encontradas podem ser devido a presença de insuficiência renal associada à inibiçao do co-transportador Na-Pi type IIa. Estudos em pacientes sao necessários para se avaliar possíveis alteraçoes ósseas decorrentes do uso prolongado de ACY.


AO-104

FATORES DE RISCO PARA OSTEOPENIA EM PACIENTES EM HEMODIALISE. UM ESTUDO HISTOMORFOMÉTRICO.

BARRETO, F. C.; CARVALHO, A. B.; BARRETO, D. V.; MOYSES, R. M. A.; JORGETTI, V.; CANZIANI, M. E. F.

UNIVERSIDADE FEDERAL DE SAO PAULO.
UNIVERSIDADE DE SAO PAULO.

Introduçao: A osteopenia (OP) tem sido associada a uma maior morbidadde e mortalidade nos pacientes em diálise. Embora considerada o padrao-ouro para o diagnóstico da osteodistrofia renal, a biópsia óssea tem sido subutilizada na avaliaçao da perda óssea daqueles pacientes. Objetivos: avaliar a OP através de biópsia óssea seguida de análise histomorfométrica; e identificar fatores envolvidos em seu desenvolvimento em pacientes em hemodiálise. Métodos: 83 biópsias ósseas foram analisadas retrospectivamente. Os seguintes parâmetros laboratoriais foram estudados: cálcio iônico, fósforo, fosfatase alcalina óssea, deoxi piridinolina, PTH intacto, 25 (OH)vitaminaD, osteoprotegerina (OPG), sRANKL e TNFa. O diagnóstico de OP foi considerado caso o volume ósseo trabecular (BV/TV) fosse maior que um desvio-padrao abaixo do nornal (F: BV/TV < 14,7%; M: BV/TV < 17,40%). De acordo com esse critério, os pacientes foram divididos em OP (n=38; 45,8%) e nao-OP (n=45; 54,2%). Resultados: Os grupos diferiram apenas com relaçao ao IMC (23,9±4,0vs.25,8±4,4 Kg/m2;p=0,01), aos níveis de OPG (192,8±69,9vs.160,7±72 pg/mL;p=0,02), à razao OPG:sRANKL (100,6±60,0vs.74,3±61,4; p=0,03) e ao TNFα (3,8±4,50 vs. 5,7±8,0pg/ml;p=0.02).Tabela. Comparaçao dos principais parâmetros histomorfométricos

Na análise multivariada, raça branca (coef β = -5,18; p= 0,0002; IC95%= -7,85/- 2,51) e a razao OPG: sRANKL (coef β = -0,02; p=0,01; IC95%= -0,04/-0,004) foram determinantes independentes do BV/TV. Conclusao: A osteopenia foi uma condiçao de alta prevalência nos pacientes estudados. Histomorfometricamente, caracterizou-se por baixa formaçao óssea (BFR/BS) e reabsorçao óssea (ES/BS) normal. Fatores genéticos e citocinas parecem estar envolvidos em sua fisiopatologia.


AO-105

CALCIFICAÇAO CORONARIANA E PERDA DE MASSA OSSEA EM PACIENTES DIALISADOS PORTADORES DE HIPERPARATIROIDISMO SECUNDARIO GRAVE

HERNANDES, F. R. ;BARRETO, F. C.; ROCHA, L.; HIGA, A.; CANZIANI, M. E. F.; CARVALHO, A. B.

UNIVERSIDADE FEDERAL DE SAO PAULO.

Introduçao: A alta mortalidade cardiovascular de pacientes em diálise tem sido associada à calcificaçao coronariana. Um de seus fatores patogênicos, entre outros, é a alteraçao do metabolismo cálcio-fósforo, principalmente àquelas relacionadas ao hiperparatiroidismo secundário (HPS). O objetivo deste estudo foi avaliar o grau de calcificaçao coronariana em pacientes dialisados portadores de HPS grave com indicaçao de paratiroidectomia (PTX). Métodos: Foram avaliados 13 pacientes (sexo: 2H / 11M; idade: 47,4± 11,3 anos; cor: branca 70%) em diálise há 106,5± 36,7meses (12 HD / 1 CAPD), portadores de HPS grave que tiveram indicaçao de PTX, devido à falência ou contra-indicaçao de tratamento clínico. Todos os pacientes, no máximo 1 mês antes da PTX, foram submetidos a exames bioquímicos, densitometria óssea (DO) de coluna lombar (L2L4) e colo de fêmur (Neck); tomografia coronariana (MSCT) através de tomógrafo de múltiplos detectores (Somaton Volume Zoom®, Siemens AG®, Alemanha), expressa em escore de cálcio (SCA). Resultados:(1) Bioquímica: Cálcio iônico= 1,32±0,09 mmol/L; Fósforo= 6,98± 2mg/dL; Fosfatase alcalina total= 804,5±706,53U/L; PTH-i= 2017±454pg/mL. (2) DO: L2L4(Densidade mineral óssea – DMO) = 0,938±0,239g/cm2; L2L4(Z)= – 1,47±1,53; Neck(DMO)= 0,779±0,190g/cm2; Neck(Z)= – 1,07±1,15. (3) MSCT: SCA=726,8±759,20 (SCA>10=70%; SCA>1000=40%). A idade correlacionou-se com L2L4(BMD) (r= – 0,66; p=0,01), com Neck(BMD) (r= – 0,71;p=0,006) e com SCA (r= 0,69; p=0,009). Foi observada correlaçao entre o SCA e Neck (BMD), porém de significância limítrofe (r= ñ 0,49; p=0,08). Conclusoes: Em pacientes dialisados com HPS grave observou-se: 1) Elevada freqüência de calcificaçao coronariana, a maior parte de grau severo; 2) Discreta perda de massa óssea (trabecular ou cortical); 3) A idade mostrou-se importante determinante da massa óssea e da calcificaçao coronariana; no entanto, uma associaçao entre esses dois parâmetros necessita maior investigaçao.


AO-106

PAPEL DO HIPERPARATIREOIDISMO SECUNDARIO NA ANEMIA DE PACIENTES COM DOENÇA RENAL CRONICA PRÉ-DIALITICA

ADLEI ROGÉRIO HAIASHI; LUCIANA CRISTINA PEREIRA; JOAO EGIDIO ROMAO JUNIOR

HOSPITAL DAS CLINICAS DA FMUSP, SAO PAULO – SP.

Uma causa possível da anemia de pacientes mantidos em diálise é o hiperparatireoidismo (HPT). entretanto, pouco é citado sobre esta associaçao em pacientes com doença renal crônica (DRC) em estágios pré-dialítico, leve a severo. Nós estudamos prospectivamente o papel do HPT na anemia de 174 pacientes consecutivos (primeira visita ao Ambulatório de Nefrologia) com DRC (idade de 56,9 ± 15,6 anos, 96 masculinos e 36% diabéticos). A creatinina sérica era de 2,8 ± 1,5 mg/dL e o ritmo de filtraçao glomerular (RFG) calculado era de 33,8 ± 20,7 ml/min/1,73 m2 (var.: 7 a 90 ml/min/1,73 m2). Anemia (hemoglobina <11,0 g/dL) estava presente em 49 pacientes (28,1%) e a média da hemoglobina e do hematócrito era 12,1±2,0 g/dL e 36,3±5,8%, respectivamente. O ferro sérico era 64,1±24,3 mg/mL, a saturaçao da transferrina de 22,8±10,0% e a ferritina de 116,0±161,7 ng/mL. O PTHi sérico variava de 18 a 776 pg/mL (média de 160,4±141,0 pg/mL). Houve uma correlaçao inversa e significante entre os valores do PTHi sérico com os níveis de hemoglobina (r = -0.29; p =0.0001) e do hematócrito (r = -0.28; p = 0.0002), da anemia com o grau de disfunçao renal (p<0,0001) e dos níveis de PTHi com a disfunçao renal (p<0,0001). Análise multivariada mostrou que a freqüência de anemia correlacionou-se independentemente com a severidade do HPT (p<0,0001). Dentre pacientes com DRC leve (RFG >60 ml/min/1,73 m2) anemia foi encontrada apenas em pacientes com PTHi >186 pg/mL. Adicionalmente, a freqüência de anemia esteve diretamente relacionada com a severidade do HPT e a disfunçao renal (p<0,0001), alcançando 48% entre os pacientes com RFG <30 ml/min/1,73 m2 e PTHi >186 pg/mL. Concluímos que níveis séricos eleva – dos de PTHi podem ter um papel relevante na patogênese da anemia observada em pacientes portadores de DRC pré-dialítica.

 


AO-107

AVALIAÇAO DA MASSA REMOVIDA DE FOSFORO EM HEMODIALISE TRADICIONAL E PROLONGADA: DEFININDO A IMPORTANCIA DA DURAÇAO DA TERAPIA

SAMPAIO, M. S.; RUZANY, F.; SUASSUNA, J. H. R.

UNIVERSIDADE DO ESTADO DO RIO DE JANEIRO / HOSPITAL UNIVERSITARIO PEDRO ERNESTO.

Introduçao: Novos métodos de terapia em hemodiálise vem sendo estudados. Tais métodos se baseiam em preceitos de diálise fisiológica e da preocupaçao com a depuraçao de moléculas diferentes da uréia, que se relacionam com a reduzida sobrevida dos renais crônicos em hemodiálise. Entre essas se encontra o fósforo. No entanto, existem controvérsias quanto à importância da duraçao a da frequência aplicada do tratamento hemodialítico na extraçao desse soluto que nao foram elucidadas adequadamente em trabalhos anteriores. Em vista do exposto, criamos um protocolo para investigar a importância do tempo na extraçao de massa de fósforo, comparando com a extraçao de massa de uréia e creatinina. Métodos: Oito pacientes, renais crônicos em programa de hemodiálise, foram submetidos a dois procedimentos de hemodiálise com intervalo de uma semana. Um de oito horas de duraçao com Qs de 150 ml/min e Qd de 300 ml/min ( hemodiálise prolongada – HDP ) e outro de quatro horas com Qs de 300 ml/min e Qd de 500ml/min ( hemodiálise tradicional – HDT ), com dialisador de alta superfície de acetato de celulose e ambas com KT/V programado para 1,2. Foi colhido o dialisado total e dialisado parcial em todos os procedimentos e definida a massa extraída de uréia, creatinina e fósforo. Resultados: Os resultados encontrados foram: igualdade na capacidade depurativa definida pelo eKT/V entre ambos os métodos, assim como na massa extraída de uréia e creatinina. No entanto, houve extraçao de 40% a mais de fósforo na HDP, com valores absolutos de 1298 mg na HDP e 927 mg na HDT. Este resultado foi devido a diferença da cinética do fósforo em relaçao à uréia e creatinina. Conclusao: Definimos que a extraçao de fósforo, ao contrário da uréia e creatinina é tempo dependente.


AO-108

TRATAMENTO CIRURGICO DO HIPERPARATIREOIDISMO SECUNDARIO (HPTS): RELATO DE 26 CASOS

MALTA, R. M.; LUGON, J. R.; ACCETTA, P.; CRUZ, E. A. S.

UNIVERSIDADE FEDERAL FLUMINENSE.

Introduçao. O HPTs é freqüente em pacientes submetidos à diálise. A paratireoidectomia (PTx) está indicada nos casos refratários ou na contra-indicaçao ao tratamento clínico. Relatamos a experiência do serviço com o tratamento cirúrgico do HPTs. Métodos: Analisamos, retrospectivamente, 25 pacientes submetidos a 26 PTx que foi subtotal em 22 casos, presumidamente total em 3 (por nao-identificaçao das 4 glândulas) e total em 1 (re-intervençao). Sessoes diárias de HD foram realizadas nos 2 dias precedentes à cirurgia. Analisamos os valores do Ca, P e K e, também, a suplementaçao de Ca elementar e calcitriol nos P.O. de 0-7. O PTHi foi acompanhado como um indicador do sucesso cirúrgico. Resultados: A idade por ocasiao da cirurgia foi 44±13a (14M:11F); o tempo em diálise, 121±38m (24 HD: 1CAPD). Treze eram brancos, nenhum era diabético. O PTHi pré-cirurgia era 1737±609 (percentil 25-75%, 1512-2050 pg/ml). O tempo de internaçao foi de 9±4 dias. O maior diâmetro das paratireóides retiradas variou de 0,8cm (0,18g) a 4cm (6g). Seis pacientes necessitaram de diálise por hiperK (K>6,0mEq/l) no P.O. zero ou 1. Os dados do P.O. imediato estao abaixo.

HipoCa (<8,0mg/dl) ocorreu em 20 casos, 4 sintomáticos; hiperCa (>10,5mg/dl), sempre assintomática, em 4. HipoP (P<2,5mg/dl) em 10, 2 sintomáticos. Após a alta, o acompanhamento de 2 pacientes foi perdido. O follow-up dos restantes foi de 29±20m. Durante o acompanhamento, PTHi>400pg/ml foi observado em 9 casos. Desses, 4 nao retornaram ao ambulatório especializado, 4 responderam prontamente à pulsoterapia com calcitriol e 1 necessitou re-intervençao cirúrgica. Conclusao: Os achados sugerem que a dose de Ca nos primeiros P.O. poderia ter sido maior. Dos 20 acompanhados, apenas um manteve-se refratário à terapia. Acompanhamento especializado parece-nos importante ao desfecho da PTx.


AO-109

A PRO-RENINA HUMANA GLICOSILADA É CAPTURADA POR CARDIOMIOCITOS DE RATOS NEONATOS E ATIVA A VIA DE SINALIZAÇAO DA HIPERTROFIA CARDIACA

CAMPOS, A. M.; NEVES, F. A. R.; MENDES, L. F.; RIBEIRO, A. M.

UNIVERSIDADE DE BRASILIA.

Introduçao: A pró-renina plasmática, precursor da renina, desempenha um papel ainda desconhecido. Ratos transgênicos que hiperexpressavam pró-renina murina plasmática, desenvolveram hipertrofia cardíaca sem hipertensao arterial. Recentemente, o receptor de manose 6-fosfato foi identificado como transportador de prórenina em cultura de cardiomiócitos de ratos neonatos. Métodos: Ventriculócitos de ratos neonatos foram transfectados com o gene repórter, promotor do BNP fundido ao gene da luciferase (BNP-Luc) associado ou nao ao plasmídeo do angiontensinogênio humano (hAGT). Após 48 horas, essas células foram co-incubadas com as células U937 (nao-aderentes) expressando prórenina (hPro) nativa ou mutantes (U937-Pro). Após 48 horas, os ventriculócitos foram coletados para análise de geraçao de luciferase, representadas em unidades de luz (UL). Células U937 nao transfectadas foram usadas no grupo controle. Resultados: Cardiomiócitos transfectados com BNP-Luc e co-incubados com células U937 (controle) resultou em 0,5 ± 0,28 UL e com células U937-ProWT, 1,1 ± 0,68 UL (p>0.05). Os cardiomiócitos co-transfectados com BNP-Luc e hAGT e co-incubados com células U937 nao apresentou diferença significante (2,18 ± 0,80 UL, p>0.05). Entretanto, quando co-transfectados com BNP-Luc e AGT e co-incubados com U937-ProWT, a atividade de luciferase aumentou significativamente para 53,6 ± 46,78 UL (p<0.05, 102 vezes maior que o controle), valor semelhante ao das células tratadas com angiotensina II 10-7 M (27,45 ± 16,64 UL). Captopril e losartan reduziram a ativaçao do promotor do BNP induzida pela hPro em 90 e 80%, respectivamente. Ventriculócitos co-transfectados com BNP-Luc e hAGT e co-incubados com células U937 expressando hPro mutante-1-2, que nao é convertida em renina, ou hPro+5, que nao é glicosilada, nao aumentou a atividade do promotor BNP. Conclusoes: Ventriculócitos de ratos neonatos capturam pró-renina humana glicosilada, convertendo-a em renina, gerando angiotensina I e ativando a via de sinalizaçao envolvida na hipertofia cardíaca.

ORAL – Osteodistrofia

Comentários