J. Bras. Nefrol. 2004;26(3 suppl. 2):49-64.

POSTERES – Glomerulopatia

Glomerulopatia

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A CORRELAÇAO SONOGRAFICO-HISTOLOGICA NA DOENÇA PARENQUIMATOSA RENAL DIFUSA

ARAUJO, N. C.; REBELO, M. A. P. RIOJA, L. S.

UNIVERSIDADE DO ESTADO DO RIO DE JANEIRO E CONSULTRASERVIÇO DE ULTRA-SONOGRAFIA.
HOSPITAL EGAS MONIZ DA OBRA PORTUGUESA DE ASSISTENCIA.

Introduçao: Este estudo foi planejado para correlacionar o aspecto sonográfico dos rins com os achados de biópsia e avaliar o papel da ecografia como marcador de cronicidade na doença renal. Material e Método: Os dados clínicos, laboratoriais, o exame ecográfico e a biópsia renal foram avaliados em 145 pacientes. As lesoes histológicas foram graduadas e receberam um escore de acordo com a extensao: normal (0: 0%), leve (1: <25%), moderada (2: >25% <50%) e grave (3: >50%). O índice de cronicidade histológica foi composto pela soma dos escores da obsolescência glomerular (OG), glomeruloesclerose parcial (GP), atrofia tubular (AT) e fibrose intersticial (FI), variando de 0 a 12. A ecogenicidade cortical foi graduada como menor que (0), igual a (1) ou maior do que (2) a ecogenicidade do parênquima hepático/esplênico. Um índice clínico de cronicidade foi criado composto pela soma dos escores da ecogenicidade cortical, da creatinina sérica (0: <1,4 mg/dl; 1: > 1,4 < 2,5 mg/dl; 2: > 2,5 mg/dl) e da relaçao entre o diâmetro longitu – dinal (mm) do rim D e a altura (cm) do paciente (RDL/A) (-1: > 0,73; 0: >0,60 < 0,73; 1: < 0,60), variando de -1 a 5. Os pacientes foram agrupados em doença primária e secundária para a análise estatística. Resultados: Na doença primária, a ecogenicidade cortical mostrou uma associaçao direta com a creatinina sérica, OG, GP, AT, FI e o RDL/A e a correlaçao entre os índices clínico e histológico foi significativa (r = 0,63; p<0,05). 66% dos pacientes com índice clínico igual a 5 evoluíram para diálise num período de seguimento máximo de 24 meses e os demais elevaram a creatinina a despeito do tratamento. Conclusao: 1) a ecogenicidade cortical é um marcador sensível de lesao histológica crônica renal; 2) pacientes que apresentam escore clínico igual a 5 nao se beneficiam do resultado da biópsia.


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ANALISE DAS CARACTERISTICAS CLINICAS, BIOQUIMICAS E HISTOLOGICAS EM PACIENTES COM NEFROPATIA POR IGA

MOSCOSO, G. S.; CAMARA, N. O. S.; SILVA, A. P.; FRANCO, M.; KIRSZTAJN, G. M.

UNIVERSIDADE FEDERAL DE SAO PAULO- UNIFESP.

Introduçao: A nefropatia por IgA é a glomerulopatia mais comum em países onde a biópsia renal é amplamente praticada. Uma menor proporçao de pacientes com esta glomerulopatia evolui para IRC. Objetivo: Avaliar as características clínicas, bioquímicas e histológicas dos pacientes com nefropatia por IgA. Material e Métodos: Estudo retrospectivo. Foram avaliados 26 pacientes com diagnóstico por biópsia de Nefropatía por IgA que fazem acompanhamento regular em nosso ambulatório. Resultados: Foram avaliados 26 pacientes (15F/11M) que no início do acompanhamento apresentavam idade de 30±11 anos, raça branca 58%, HAS 46%, hematúria 43%, síndrome nefrítica 25%, síndrome nefrótica 22%. O período de tempo desde o início dos sintomas antes da biópsia foi 34±50 meses. As características da biópsia foram: proliferaçao mesangial (algum grau) 38%, esclerose glomerular global e parcial (>20%) 11% e 46%, respectivamente, presença de crescentes celulares 23%, alteraçoes tubulares 25%; 8/26 pacientes nao usaram IECA nem imunossupressao, 5/26 só IECA, 4/26 usaram só corticóide, 9/26 usaram corticóide associado com ciclofosfamida e azatioprina. Ao final do acompanhamento (60±15 meses), 3/26 pacientes (G1) evoluíram para IRC (dobro da creatinina) e 23/26 pacientes (G2) com funçao renal estável; a creatinina e a proteinúria inicial nos grupos foram: G1: creat =1,1mg/dl, prot 24h= 0,9±0,5g; G2: creat=1,5mg/dl, prot 24h=1,9±1,5g. Na nossa populaçao, que ainda é pequena, de pacientes com NIgA, nao observamos diferença entre os grupos no que se refere à evoluçao. Possivelmente, com o aumento de número de pacientes, alguns fatores agora analisados passarao a ter relevância prognóstica.


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ANALISE DE 121 BIOPSIAS RENAIS (BXR) COMPARADAS COM O REGISTRO PAULISTA DE GLOMERULOPATIAS (RPG)

ANDRADE LCF; VIEIRA PA; REIS MF; PERNAMBUCO JM; FRANCO MN; BASTOS MG

Núcleo Interdisciplinar de Estudos e Pesquisas em Nefrologia (NIEPEN) UFJF-Juiz de Fora (MG). Apoio: Fundaçao IMEPEN.

Introduçao: O estudo das glomerunefrites (Gns) tem fascinado várias geraçoes de Nefrologistas. A BxR, elucidando lesoes glomerulares, avaliando o acometimento tubulointersticial e vascular permitiu intervençoes terapêuticas mais eficazes. Objetivo: Analisar 121 BxR realizadas nos ambulatórios de Gns do NIEPENUFJF e compará-las com o RPG (JASN 12: AO602, 2001). Material e Métodos: Foram realizadas ambulatorialmente, 121 BxR percutâneas guiadas por ultrassom no período de abril de 1997 a abril de 2003, sendo que 111 (91,73%) corresponderam às Gns. O material foi processado e interpretado pelo Serviço de Patologia da UNIFESP ou pelo Laboratório Morphos – Sao Paulo (SP). Os resultados foram comparados com aqueles do RPG de 593 BxR, sendo 521 (87,8%) correspondendo às Gns, realizadas no período de maio de 1999 a fevereiro de 2001. Resultados: A síndrome nefrótica e a síndrome de anormalidades urinárias (SAU) foram as maiores indicaçoes de BxR nos dois grupos, porém a SAU prevaleceu no estudo NIEPEN, onde as Gns associadas foram Nefropatia IgA e GESF Idiopática. As Gns primárias prevaleceu no grupo do NIEPEN (68,4% x 56,2%, p<0,05), sendo que a Gn membranosa foi mais freqüente no NIEPEN. A Gn crônica avançada também foi mais encontrada no NIEPEN (10,8% X 5,1%, p<0,05). A nefropatia lúpica foi a Gn secundária mais freqüente nos dois grupos. Conclusao: Este estudo demonstrou uma grande semelhança entre os casos de Gns do NIEPEN e RPG.


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ASPECTOS MORFOLOGICOS E EVOLUÇAO CLINICA DE 15 CASOS DE GLOMERULONEFRITE PROLIFERATIVA DIFUSA AGUDA (GNDA) EM ADULTOS BIOPSIADOS

LIMA, A. M. A. ; MOYSES NETO, M.; VIEIRA NETO,O.M.; COSTA, R.S; DANTAS,M

FACULDADE DE MEDICINA DE RIBEIRAO PRETO – USP.

Introduçao: A glomerulonefrite proliferativa difusa aguda (GNDA), geralmente pós-estreptocócica, tem resoluçao espontânea na imensa maioria dos casos e raramente necessita de biópsia. Entre as indicaçoes de biópsia renal estao a insuficiência renal grave e/ou persistente, complemento sérico normal e indícios de outras hipóteses diagnósticas. Objetivos: avaliar o padrao histopatológico e a evoluçao clínica dos casos de GNDA com diagnósticos confirmados por biópsia renal. Material e Métodos: Neste estudo retrospectivo foram analisados os prontuários médicos de 15 pacientes com idade superior a 12 anos, com GNDA confirmada por biópsia e atendidos entre 1986 e 2003. Os parâmetros avaliados incluíram a creatinina e complemento séricos, proteinúria e achados histopatológicos, que foram comparados com a evoluçao clínica. Resultados: Na internaçao a idade (anos) foi de 26,8 + 18,8 (mediana: 17; variaçao: 13 a 72) e a pressao arterial (mmHg) sistólica e diastólica de 138 + 28 x 94 + 24 mmHg. Níveis de séricos de C3 estavam reduzidos em 6 pacientes, normais em 4 e em 5 nao foram determinados. A creatinina (mg/dL) foi de 4,5 + 3,8 (mediana: 2,9; variaçao: 0,8 a 15) e a proteinúria (g/24h) 3,2 + 5,5 (mediana: 1,8; variaçao: zero a 20). A biópsia mostrou infiltraçao de polimorfonucleares e proliferaçao endocapilar difusa com depósitos de IgG e C3 em todos os pacientes. Em três destes ocorreu também proliferaçao extracapilar (crescentes celulares) em 50% ou mais dos glomérulos. Dos 12 pacientes sem crescentes, apenas 8 foram acompanhados em nosso serviço e evoluíram com resoluçao da doença. Dentre os 3 pacientes com crescentes, dois evoluíram para insuficiência renal crônica (IRC) terminal e um com melhora clínica. A presença de 50% ou mais de glomérulos com crescentes mostrou forte tendência prognóstica para IRC (p=0,054). Conclusao: A presença de 50% ou mais de glomérulos com crescentes em biópsias de GNDA é sugestiva de pior prognóstico.


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AVALIAÇAO QUALITATIVA E QUANTITATIVA DAS BIOPSIAS RENAIS REALIZADAS NA NEFROLOGIA DO HC – UFPE

VALENTE, L. M.; LIMA, A. E. M. CAVALCANTE, M. A.; NEIVA, R.; COELHO, S. N.

HC – UFPE.

Introduçao: Durante o treinamento da residência médica é recomendado que os médicos residentes (MR) realizem cerca de 30 biópsias (bx) renais cada. Atualmente, nos grandes centros, este procedimento vem sendo transferido para radiologistas invasivos. Objetivo: Avaliar qualitativa e quantitativamente as bx renais realizadas pelos MR da nefrologia no período de 17 meses. Métodos e pacientes: Avaliar o número de bx renais em rins nativos de pacientes (p) com doenças glomerulares com indicaçao de estudo histológico. Todas as bx renais foram realizadas sob supervisao 1 de 2 preceptores invariáveis . Todos os pacientes (p) tinham coagulaçao normal e ultrassonografia (US) renal que evidenciava 2 rins. As bx foram realizadas com anestesia local, marcaçao por anatomia e com agulha descartável de raqui-anestesia para avaliar a báscula. Os fragmentos eram retirados com p em apnéia com agulhas automáticas de 16 ou 18 Gauss. O MR realizava até 2 punçoes, após as quais se nao fosse obtido fragmento a terceira punçao era realizada pelo preceptor. Todos os p permaneciam internados e em repouso absoluto por 24 horas após o procedimento. Era entao, neste período feita a avaliaçao do p com medida sistemática da pressao arterial, freqüência cardíaca e cor de cada diurese. O nome do MR responsável pela bx, bem como as complicaçoes, número de punçoes, de fragmentos e de glomérulos após a análise histológica era registrado em um livro. Resultados: Em 17 meses foram realizadas 117 bx renais. O número médio de punçoes foi de 3, obteve-se tecido renal adequado 100 (85%) fragmentos. A média de glomérulos foi de 9 (0 a 37) e mediana de 7. Quanto as complicaçoes 3 (2,5%) apresentaram hematúria macroscópica resolvidas em 24 horas. Um (0,8%) paciente apresentou dor lombar persistente e foi diagnosticado por US a presença de hematoma renal que resolveu-se clinicamente. Nenhum dos pacientes apresentou alteraçao hemodinâmica. Conclusao: A bx renal percutânea é um procedimento invasivo que pode ser realizada pelo MR supervisionado. As complicaçoes encontradas nesta casuística estao de acordo com as da literatura. É necessário um estudo comparativo, para conclusoes, entre biópsias guiadas por US e também com as realizadas pelos MR da radiologia intervencionista.


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AVALIAÇAO DA RESPOSTA AO TRATAMENTO IMUNOSSUPRESSOR EM GLOMERULONEFRITE MEMBRANOPROLIFERATIVA. VALE A PENA TRATAR?

ROZA, F. R. C.; KIRSZTAJN, G. M.

EPM – UNIFESP.

Introducao: Em glomerulonefrite membranoproliferativa (GNMP), a indicaçao de tratamento imunossupressor e a eficácia deste ainda nao foram estabelecidas. Objetivo: Comparar a evoluçao de pacientes com GNMP submetidos ou nao a tratamento imunossupressor. Material e Métodos: Estudo retrospectivo, de pacientes com GNMP do Ambulatório de Glomerulopatias da UNIFESP, entre 12/1978 e 04/2004, excluindo-se os casos secundários (exceto os associados à esquistossomose). Resultados: Dos 40 pacientes estudados, 65% eram do sexo masculino, 55% tinham 31 a 50 anos de idade; 63,2% eram brancos e 55% já chegaram ao serviço com creatinina sérica (Cr) >1,5mg/dl. Na 1.ª consulta, 71,1% apresentavam proteinúria de 24h (P24h)>3g e 77,5%, HAS, sendo que 32,5% dos pacientes apresentavam PAD>110mmHg;17,1% possuiam FAN+ isoladamente (sem critérios para LES); 6 casos associavam-se à esquistossomose (3 hepatoesplênica). Quanto à histologia, 90,6%(29/32) eram do tipo I. Dos pacientes avaliados, 67,5% foram submetidos a algum tipo de tratamento imunossupressor (combinaçoes de esteróides, citotóxicos e outros). Comparando-se os dados clínicolaboratoriais dos pacientes nao-tratados e tratados, respectivamente, observa-se: HAS na 1.ª consulta em 69,2% e 81,5%, com PAD>110mmHg em 23% e 37% e P24h > 3g em 50% e 80,8%. Do ponto de vista histológico (29 biópsias), das 7 biópsias do grupo de pacientes nao-tratados, nenhuma apresentava crescentes, enquanto que das 22 biópsias dos pacientes submetidos a tratamento, 45,5% possuíam crescentes. Do grupo de pacientes tratados, 55,6% dobraram a Cr durante o acompanhamento (42,8 meses), em um tempo médio(Tm) de 35,6 meses e 37% evoluíram para IRCT(Tm: 32,4 meses). Dos pacientes nao-tratados, 30,8% dobraram a Cr durante o acompanhamento (54,2 meses), (Tm: 35,8 meses) e 15,4% evoluíram para IRCT(Tm:18 meses). Conclusoes: Segundo esses dados, nao há benefícios,quanto à sobrevida renal, no tratamento imunossupressor da GNMP. No entanto, é preciso considerar que a presença de fatores sabidamente de mau prognóstico predominou na populaçao tratada, como é o caso da HAS (ressaltando-se a HAS severa), proteinúria nefrótica e presença de crescentes na biópsia renal.


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AVALIAÇAO DA RESPOSTA AO TRATAMENTO IMUNOSSUPRESSOR EM GLOMERULONEFRITE MEMBRANOPROLIFERATIVA: VALE A PENA TRATAR? COMO E QUANDO?

ROZA, F. R. C.; KIRSZTAJN, G. M.

EPM-UNIFESP.

Introduçao: Nao há consenso quanto às indicaçoes de tratamento em glomerulonefrite membranoproliferativa (GNMP). Objetivo: Avaliar a resposta a diferentes tipos de tratamento imunossupressor em GNMP, verificando fatores que possam ser indicaçao de tratamento. Material e Métodos: Foram avaliados pacientes com GNMP, do ambulatório de Glomerulopatias da UNIFESP, entre 12/1978 e 04/2004, excluindo os casos secundários (exceto os associados à esquistossomose). Resultados: Dos 40 pacientes estudados, 27 receberam algum tipo de tratamento imunossupressor. Sete(25,9%) receberam apenas Prednisona(Pred) VO; 5(18,5%) SMD(pulsos)+PredVO; 10(37%) CFF(VO ou pulsos)+SMD(pulsos) e/ou PredVO; 4(14,8%) Azatioprina+PredVO e 01(3,7%) CsA. Dez pacientes (37%) do grupo tratado e 02 (15,4%) do grupo nao-tratado evoluíram para IRCT. A creatinina(Cr) média inicial destes 2 grupos foi 1,6mg/dl. Na 1ª consulta havia HAS em 81,5% dos pacientes tratados e em 69,2% dos nao tratados; HAS severa( PAD>110mmHg) em 37% e 23% e Proteinúria inicial>3g em 80,8% x 50% dos pacientes,respectivamente. Nao havia diferenças clínico-laboratoriais entre os grupos dos diversos esquemas imunossupressores, a nao ser menos HAS severa( 14,3%) no que usou apenas PredVO. Dos pacientes que usaram CFF + corticóide, 50% evoluíram para o dobro da Cr inicial e 30% evoluíram para IRCT, sendo estes percentuais de 40% e 40%, 42,8% e 28,5%, 100% e 50% para os grupos que usaram SMD+Pred, Pred VO e AZA+Pred, respectivamente.Quanto à histologia, do grupo que usou CFF, havia 3crescentes/8biópsias, com evoluçao de 1 daquelas para IRCT e do grupo SMD+Pred, 4/5, com 2 daquelas desenvolvendo IRCT.Do grupo PredVO E AZA+Pred havia 2/6 e 1/4 crescentes/biópsias, respectivamente, com evoluçao para IRCT de todos os casos de crescentes. Das 7 biópsias dos pacientes nao-tratados, nenhuma apresentava crescentes e nenhum destes evoluiu para IRCT. Conclusoes: Nao há benefícios no tratamento imunossupressor da GNMP, nem superioridade de um esquema específico; a nao ser na presença de crescentes, quando a sobrevida renal foi de 57,2% no grupo tratado com CCF e/ou SMD(pulso) e de 0% nos outros grupos


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AVALIAÇAO DO DISMORFISMO DAS HEMACIAS ATRAVÉS DE ANALISE DE IMAGEM DIGITAL DO SEDIMENTO URINARIO

GONÇALVES, L. F. S.; PROCHNOW, A.A.; SILVA, V.D.;URNAU, M.;- FISCHER, J.; COMERLATTO,L

SERVIÇO DE NEFROLOGIA DO HOSPITAL DE CLINICAS DE PORTO ALEGRE E PROGRAMA DE POS-GRADUAÇAO EM CIENCIAS MÉDICAS: NEFROLOGIA, UFRGS.

Introduçao: A observaçao do dismorfismo das hemácias na urina já está bem estabelecida como uma forma de identificar hematúria de causa glomerular. Este estudo busca desenvolver um método de análise digital para a determinaçao da presença de dismorfismo de hemácias no sedimento urinário. Métodos: Foram selecionadas 18 amostras de urina de pacientes com hematúria glomerular e nao glomerular, com análise do sedimento urinário por microscopia de contraste de fase. As imagens das hemácias foram filmadas e capturadas digitalmente com o programa Image-Pro Plus 4.0. Posteriormente, as imagens das hemácias foram isoladas e arquivadas com o programa Corel Draw 10.0. Nestas imagens, arquivadas em meio magnético, foi realizada uma avaliaçao morfométrica das hemácias através do programa Image-Pro Plus, com análise da área, perímetro, diâmetro, circularidade e dimensao fractal das mesmas. Análise estatística: ANOVA, significância: P < 0,05. Resultados: Encontrou-se diferença estatísticamente significativa entre as hemácias dos pacientes com hematúria glomerular e nao glomerular em relaçao a todos os parâmetros avaliados: área(um2) (27,63+1,66 x 40,5+1,69;P<0,0001), perímetro(um) (18,74+1,48 x 30,73+1,41; P<0,0001), diâmetro (um) (5,88+0,27 x 7,83+0,18;P<0,0001), circularidade (1,72+0,13 x 1,08+0,02;P<0,0001) e dimensao fractal (1,47+0,12 x 1,07+0,01;P<0,0001). Conclusao: Os parâmetros morfométricos empregados na análise digital das hemácias permitiu diferenciar as hemácias dismórficas dos pacientes com hematúria glomerular daquelas presentes na urina de pacientes com hematúria nao glomerular. A confirmaçao destes achados em estudo com maior número de casos pode representar uma nova abordagem, automatizada e reproduzível, da análise do dismorfismo de hemácias no sedimento urinário.


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AVALIAÇAO DOS PARAMETROS CLINICO-LABORATORIAIS DE PACIENTES COM NEFRITE LUPICA

ADRIANZÉN, O. A. G.; KOUTOUZOV, S.; MEDEIROS, M. M. C.; MOTA, R. M. S.; SILVA JUNIOR, G. B.; BACH, J. F.; CAMPOS, H. H.

HOSPITAL UNIVERSITáRIO WALTER CANTíDIO, UNIVERSIDADE FEDERAL DO CEARá, FORTALEZA, CEARA, BRASIL.

Introduçao: O Lupus Eritematoso Sistêmico (LES) é uma doença auto-imune caracterizada pela produçao de auto-anticorpos contra uma série de antígenos localizados na superfície, citoplasma e núcleo das células. A determinaçao dos períodos de atividade e o acompanhamento clínico-laboratorial no LES sao importantes para o controle adequado da doença. Métodos: Foi realizado estudo longitudinal em 87 pacientes com diagnóstico confirmado de LES, atendidos no Hospital Universitário Walter Cantídio (UFC). Durante o período de um ano, foram realizadas de 8 a 12 consultas com cada paciente para a avaliaçao da atividade da doença. Concomitantemente foram colhidas amostras de sangue para análise bioquímica e dosagem de auto-anticorpos. O tratamento constou de antimaláricos, corticosteróides, ciclofosfamida venosa e azatioprina. Resultados: 96 % dos pacientes eram do sexo feminino, sendo 34,5% das pacientes de cor branca. A idade média era de 33,1 anos e o tempo médio de doença, de 60,7 meses. A prevalência da atividade da doença variou de 50,6%, na primeira consulta, a 29,1%, na última consulta. A prevalência da nefrite variou de 37 a 55%, durante o período do estudo, com tendência à reduçao a partir da 2ª avaliaçao. A síndrome nefrótica esteve presente em 9,2% dos pacientes, mostrando também uma reduçao gradativa nas consultas subseqüentes. A prevalência de insuficiência renal variou de 10,9% a 32,2% dos casos durante as avaliaçoes mensais, reduzindo progressivamente. A sensibilidade do anticorpo anti-nucleossoma na nefrite lúpica variou de 32 a 67,5% e a sua especificidade de 46,2 a 67,3%. Já o anti-dsDNA mostrou sensibilidade que variou de 16 a 35,4% e especificidade de 85 a 97,5%. As dosagens de albumina, hemoglobina e hematócrito apresentaram um aumento progressivo durante as avaliaçoes seqüenciais. Conclusao: Houve reduçao dos níveis de prevalência das principais variáveis analisadas no transcurso do estudo longitudinal, fato que atribuímos ao monitoramento clínico-laboratorial adequado dos pacientes incluídos no estudo. A vigilância clínica periódica torna possível a adoçao de medidas preventivas eficientes do ponto de vista terapêutico em beneficio do paciente portador de LES.


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BIOPSIA RENAL: EXPERIENCIA DO HOSPITAL GERAL DE GOIANIA

OLIVEIRA, V. S.; VIEIRA JUNIOR, A. E. BARRETO, J. C. S.; RAMOS FILHO, R.

HOSPITAL GERAL DE GOIANIA.

Introduçao: A biópsia renal é uma ferramenta preciosa no diagnóstico e tratamento das glomerulopatias. A via percutânea nao guiada por ultrassonografia é o método de escolha no Serviço de Nefrologia do Hospital Geral de Goiânia-GO pela facilidade técnica e de material, embora em casos específicos sao realizados cirurgicamente. Este estudo teve como objetivo avaliar o perfil clínico-laboratorial e diagnóstico nos pacientes biopsiados neste serviço após sua reabertura. Métodos: Revisao dos prontuários e lâminas da microscopia óptica e imunofluorescência dos 17 pacientes submetidos à biópsia renal. Resultados: Idade média: 40 anos, variando de 12 a 80 anos. Sexo: feminino: 9 (52,95%); masculino: 8 (47,05%). Edema: presente: 14 (82,35%). Albumina:< 2,5 g =2 (11,76%); 2,5-3,5g = 10 (58,82%); > 3,5g = 5 (29,41%). Dislipidemia: presente: 12 (70,58%). HAS: presente: 12 (70,58%). Proteinúria: < 1g: 4 (23,5%); 1,0-3,5g: 5 (29,4%) e > 3,5g: 8 (47%). Hematúria: macroscópica: 4 (23,5%); microscópica: 4 (23,5%). Funçao renal: creatinina < 1,5 mg/dl: 11 (64,7%); 1,5-3,0 mg/dl: 4 (23,5%); > 3,0mg/dl: 2 (11,76%). Tempo de doença: < 90 dias: 2 (11,76%); 90 dias-1 ano: 9 (52,9%); > 1 ano: 6 (35,29%). História de ITU: presente: 5 (29,4%). Tipo de biópsia renal: percutânea: 12 (70,58%);cirúrgica: 5 (29,4%). Diagnóstico: Glomeruloesclerose segmentar e focal: 9 (52,9%), Glomerulonefrite Membranosa: 4 (23,5%), Glomerulonefrite por Lesoes Mínimas: 3 (17,64%) e Glomerulonefrite Mesangioproliferativa: 1 (5,88%). Houve apenas 1 paciente, biopsiado por via cirúrgica, que evoluiu com choque hemorrágico e nefrectomia.. Falha de punçao: presente: 2 (11,76). Quantidade de glomérulos: <10: 1(5,88%); 10-30: 10 (58,82%); >30: 6 (35,29%). Conclusao: Após a reabertura do Serviço de Nefrologia do HGG-GO foram realizadas 17 biópsias renais, a maioria por punçao percutânea nao guiada por ultrassonografia, com diagnóstico histológico de GESF na metade dos casos, contrapondo- se aos cerca de 30% descrito na literatura, mas nossa amostra nao nos permitiu análise estatística mais detalhada.


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CICLOSPORINA (CYA) NA SINDROME NEFROTICA IDIOPATICA PEDIATRICA DE DIFICIL TRATAMENTO

VAISBICH, M. H.; LANZARINI, V.; HENRIQUES, L.; KOCH, V. H.

UNIDADE DE NEFROLOGIA PEDIATRICA – INSTITUTO DA CRIANÇA – HOSPITAL DAS CLINICAS – FMUSP.

Introduçao: Ciclosporina (CYA) é uma opçao terapêutica na Síndrome Nefrótica Idiopática (SNI) de difícil tratamento: córtico resistentes (CR) e córtico-dependentes (CD). O objetivo é descrever os efeitos obtidos com seu uso em uma populaçao pediátrica. Material e Métodos: CYA foi usada em 18 pacientes (5 meninas) com idade média= 4,6 anos (1,4-11,3), tempo médio entre o diagnóstico e o início da CYA= 47,5 meses. Inicialmente 11/18 eram CR (GESF:6, LHM:4 e proliferaçao mesangial: 1) e 7/18 eram CD (GESF:2, LHM:5). Antes do uso de CYA, 17/18 receberam ciclofosfamida (CF), com alteraçao de CR para CD em 2 casos. No início da CYA 9/18 eram CD e 9/18 CR. A dose usada foi 3 a 5 mg/kg/dia associada à prednisona. Proteína transportadora de retinol urinária (RBPur) foi aumentada em 3/16 casos antes do início da CYA. Foram feitos controles bimensais de exame hematológico, enzimas hepáticas, bioquímica sérica e avaliaçao urinária e de biópsia renal anual; sorologias para CMV, vírus EB e hepatites virais foram negativas antes e durante o tratamento. Resultados: Resposta positiva ocorreu em 16/18 casos: 6/16 suspenderam PDN, com 4 recidivas após retirada da CYA, 1 está com CYA e 1 sem medicaçao. Em 9/16 casos a CYA foi retirada por efeitos colaterais e 1/16 é CD e dependente de CYA. Resposta negativa em 2/18 casos (2 com RBPur elevada no início). Efeitos adversosobservados: Nefrotoxicidade pela CYA:4; insuficiência renal aguda:2;acidose tubular renal:1; 2 casos de infecçoes graves e 2 de aumento de enzimas hepáticas por hepatite C. Conclusoes: CYA é boa opçao terapêutica a curto prazo em SNI. Monitorizaçao rigorosa de efeitos adversos é imperativa. RBPur pode ser bom marcador de resposta negativà à imunossupressao nestes pacientes.


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CISTITE INTERSTICIAL E UROPATIA OBSTRUTIVA SECUNDARIAS AO LUPUS ERITEMATOSO SISTEMICO: RELATO DE CASO

FILGUEIRAS, R. S.; ALVAREZ,M.C.;ANDRADE, J.A.M.;GOMES, C.L.R.; ROCHA, P.T.; SOUZA, E.R.M.;RUZANY, F

HOSPITAL UNIVERSITáRIO PEDRO ERNESTO.

Paciente do sexo F, 31a, branca, natural do RJ, iniciou quadro de astenia, anasarca e urina espumosa em FEV/2002. Emagreceu 5kg até julho do mesmo ano, quando apresentou náuseas, vômitos incoercíveis e dor abdominal difusa intensa. Procurou auxílio médico e foi submetida a laparotomia exploradora branca. Transferida para o HUPE em 16/08 com dor persistente, náuseas, vômitos esverdeados, diarréia líquida intensa nao inflamatória, tenesmo, disúria e polaciúria. Tratou “sífilis” aos 22 e 26 anos. A admissao: PA= 152 x 110 mmHg, FC=90bpm, FR=20ipm, tax = 36,7ºC. Desidratada (1+/4+). Ausculta cardíaca e pulmonar normais. Abdome peristáltico, ascítico, difusamente doloroso à palpaçao profunda, sem descompressao dolorosa. Dor à mobilizaçao do colo uterino e espessamento do paramétrio direito. Laboratório normal, exceto por LDH (607 U/L) e inversao da relaçao albumina/ globulina. Rx tórax com derrame pleural bilateral. ETT com derrame pericárdico leve. Líquido ascítico com gradiente de albumina de 0,6g/dL e ADA normal. EAS com proteína 2+, Hb 2+, 10 a 15 piócitos e 15 a 20 hemácias por campo, sem dismorfismo eritrocitário. Urinocultura negativa. Proteinúria de 575mg/24h. USG abdominal e urografia excretora com hidronefrose bilateral, sem cálculos. TC abdominal com mesmos achados, além de espessamento da parede vesical e de alças intestinais. PPD, anti HIV e fator reumatóide negativos. VDRL 1:2, FAN > 1:160 e anti-Sm reagente. Estudo urodinâmico evidenciou bexiga de capacidade cistométrica diminuída, com sensibilidade aumentada e baixa complacência. Cistoscopia com hiperemia interostial pré trigonal, cuja biópsia revelou cistite intersticial, que foi atribuída ao lupus eritematoso sistêmico. Resoluçao do quadro foi possível após associaçao de metilprednisolona e ciclofosfamida em pulsoterapia. A uropatia obstrutiva é manifestaçao incomum do LES, estando geralmente acompanhada de enteropatia perdedora de proteínas e pseuso-obstruçao intestinal. Este é o quadragésimo primeiro caso descrito na literatura mundial desde 1965, data da primeira publicaçao.


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EPIDEMIOLOGIA DA SINDROME NEFRITICA NA CLINICA PEDIA- TRICA DE UM HOSPITAL-ESCOLA

COSTA, A. F. P.; CARNEIRO, S. TEIXEIRA, M. C. B.

HOSPITAL-ESCOLA DR. JOSÉ CARNEIO – ESCOLA DE CIENCIAS MÉDICAS DE ALAGOAS (UNCISAL).

Introduçao: A Síndrome Nefrítica (SN) é uma manifestaçao de doença glomerular prevalente, sobretudo na populaçao pediátrica. Dados epidemiológicos regionais sao pouco disponíveis para análise. Método: Para observar epidemiologicamente a SN, realizou-se a busca ente 1700 registros de internaçoes de janeiro a dezembro de 2002, e após, revisao de prontuários da Pediatria do Hospital Escola Dr. José Carneiro, diagnosticados como síndrome nefrítica. Resultados: Um total de 31(1,8% das internaçoes) casos foram identificados como portadores de SN clássica. Desses, 21M e 10F, idade de 6,7 ± 3,4 anos. A procedência foi 51% da capital contra 32% de municípios do interior. Quanto ao foco infeccioso original, 64,5% teve como origem a pele; 12% foram originados na orofaringe e o restante, sem foco infeccioso aparente. O início dos sintomas ocorreu entre o 7o e o 10o dia após a infecçao em 64,5% dos pacientes. Quanto às manifestaçoes clínicas, hematúria macroscópica foi relatada em 54,8%; edema, em 77,4%. A PA sistólica foi 130 ± 15,7 e a diastólica, 86,6 ± 10,9 mmHg. Quanto às alteraçoes laboratoriais, a ASLO foi 350 ± 353,5; a creatinina plasmática 1,1 ± 0,7 mg/dl; uréia de 59,2 ± 32,5 mg/dl e a proteinúria de 24h, 365 ± 147 mg/24h. O complemento sérico nao esteve relatado na grande maioria dos prontuários. O tempo de internaçao médio foi de 12,3 ± 6,4 dias. Nao ocorreram óbitos, apenas um paciente necessitou de cuidados intensivos transitórios para controle da hipertensao arterial. Conclusao: Conclui-se que a SN é uma causa nao despezível entre as que necessitam de internaçao hospitalar pediátrica, com baixa mortalidade, mas com potencialidade intrínseca de complicaçoes.


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ESTRUTURA DO VIVIDO: ANALISE DO RELATO DE PACIENTES COM LUPUS ERITEMATOSO SISTEMICO

BARROS, B. P.; SOUZA, C. B.; KIRSZTAJN, G. M.

UNIVERSIDADE FEDERAL DE SAO PAULO.

Introduçao: A falta de estudos que consideram a opiniao do paciente com LES nos motivou, através de uma abordagem reflexiva e compreensiva, aestudar como é a vida de mulheres portadoras de Lúpus Eritematoso Sistêmico (LES) e como elas constituem a compreensao de sua doença. O objetivo desta pesquisa é, utilizando análise qualitativa, compreender como os pacientes com LES “constituem” o significado da doença, no sentido de ampliar o entendimento de como é a vida desses pacientes. Material e Métodos: Doze pacientes portadoras de LES diagnosticados de acordo com os critérios da ARA, do sexo feminino e com idades variando entre 15 e 40 anos. Entrevista clínica semidirigida, proposta por BLEGER, a partir da pergunta “Como é ter lúpus?”, de acordo com a metodologia de análise qualitativa de GIORGI. Resultados: As pacientes constituem a doença como um problema difícil de lidar, com percepçao de mudança de vida, principalmente em relaçao à alteraçao na imagem corporal, determinada pelos tratamentos. O desconhecimento popular da doença traz diversas conseqüências: discriminaçao, medo do “contágio”, dificuldade em conseguir emprego e alteraçoes nos relacionamentos interpessoais. A adesao ao tratamento é mantida pela incerteza e insegurança diante da imprevisibilidade da doença. Viver na iminência de uma possível atividade lúpica gera ansiedade, medo e consequentemente impoe limites à sua vida, pois a doença nao tem um curso regular, é percebida como uma ameaça à própria existência e, em decorrência disso, elas sesentem perseguidas pela ameaça de morte. Conclusoes: Na maneira peculiar de cada paciente descrever seu viver, as experiências pessoais de maior significaçao estao intimamente ligadas com: a percepçao de alteraçoes na imagem corporal e a necessidade de manter uma adesao rigorosa ao tratamento médico, bem como com os “modos de ser” para lidar com a doença.


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ESTUDO DA PREVALENCIA DE GLOMERULOPATIA COM ANCAP POSITIVO EM PACIENTES PORTADORES DE DOENÇA DE GRAVES EM USO DE PROPILTIURACIL

MANNIS, A. A.; JORGE, B. J.; CUSSIANO, G. ; NASTRI, A.A.

SERVIÇO DE NEFROLOGIA DO HOSPITAL BRIGADEIRO.

Indroduçao: ANCA (auto-anticorpo contra citoplasma dos neutrófilos) é marcador sorológico de vasculites como granulomatose de Wegener, poliarterite microscópica e glomerulonefrite crescêntica pauci-imune necrotizante. É classificado como ANCAc (citoplasmático), mais comumente associado à granulomatose de Wegener e ANCAp (perinuclear), mais comumente associado à glomerulonefrite pauci-imune e à poliarterite microscópica. Sua formaçao também pode ser induzida por algumas drogas utilizadas no hipertireoidismo, como propiltiuracil e metmazol. Há relatos de casos de glomerulonefrite crescêntica pauci-imune com o uso de PTU com ANCA positivo com ou sem vasculite sistêmica que pode ou nao evoluir com recuperaçao total da funçao renal após a suspensao da droga. Objetivos: identificar a freqüência de pacientes portadores de hipertireoidismo com ANCA positivo e avaliar a presença de indícios de glomerulopatia nestes pacientes. Método: foram estudados 17 pacientes portadores de doença de Graves (16 mulheres e 1 homem) em acompanhamento no ambulatório de endocrinologia, que concordaram em participar do estudo e que se submeteram a questionário sobre dados clínicos, exame de urina I, dosagem sérica de uréia (U), creatinina (Cr), Na, K, hemoglobina (Hb), hematócrito (Hto) e ANCA (imunofluorescência indireta-IF). Os dados foram descritos em média, desvio padrao e porcentagens. Resultados: a idade média do grupo foi de 41,5 ± 8,8 anos, com tempo de doença de 3,4 ± 1,0 anos, em uso de propiltiuracil (70,5%) e tapazol (29,5 %) por 2,9 ± 1,4 anos. Apenas 3 pacientes tinham algum sintoma (cefaléia 17,3%). Estavam hipertensos 52,9 % , estando também em uso de propanolol (82,3 %), captopril e hidroclorotiazida (17,7%).Nos exames laboratoriais encontrou-se: U = 30,5±8,4mg/dl, Cr = 0,7±0,1mg/dl, Na = 139,0±2,5 mEq/l, K=4,1±0,4 mEq/l Hb=13,2±0,9 g/dl , Hto= 37,9±2,5%, Clerance de Cr calculado = 112,5±30,5 ml/min, Anca p positivo em 4 pacientes (23,5 %), sendo a presença de hematúria em 2 pacientes (1 deles com Anca p positivo), com proteinúria negativa em todos esses pacientes. Conclusao: pacientes portadores de Doença de Graves em uso de PTU podem apresentar IF positiva para Anca p, sem necessariamente desenvolver glomerulopatia crescêntica, contudo na ocorrência de sedimento urinário positivo os pacientes devem ser monitorados quanto à funçao renal e urinálise.


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EVOLUÇAO DO CHECKUP RENAL ( CKR ) – PROGRAMA INFORMATIZADO DE DIAGNOSTICO PRECOCE, EPIDEMIOLOGIA E PREVENÇAO DE DOENÇAS RENAIS

ROCHA, J. R. C. CERQUEIRA, C. G. ROCHA, R. C. C.

RENALRIO – HOSPITAL DA BENEFICêNCIA PORTUGUESA, RJ.

Introduçao: Apresentamos o CKR pela primeira vez no Congresso Brasileiro de 1992. O programa, na época, era realizado manualmente, exigindo intenso treinamento e experiência par interpretaçao dos dados. Já em 2002, no Congresso de Natal, introduzimos a primeira versao informatizada, que simplificava bastante sua aplicaçao em grandes populaçoes. Agora, trazemos a nova versao, mais completa, que inclui o Indice de Massa Corporal (IMC) e facilidades para inclusao de outros exames, como colesterol e creatinina. Métodos: O CKR é um “software” desenvolvido por nós com a ajuda de um informata, consistindo de centenas de heurísticas com finalidades diagnósticas, criadas a partir da experiência pessoal dos autores. O programa exige o preenchimento de um questionário dirigido, a veri-ficaçao do peso e da altura (para IMC), medida da pressao arterial, da frequência e qualidade do pulso, determinaçao da glicemia casual e análise automática da urina, para elementos anormais (EA). Para maior automatizaçao do processo, desenvolvemos uma interface que permite a transferência instantânea dos EA diretamente para o programa. Com estas informaçoes, o CKR analisa os dados, consulta as heurísticas e emite um resultado impresso com as suspeitas diagnósticas encontradas, que é imediatamente entregue ao entrevistado. Resultados: O CKR está preparado apara analisar e apresentar as seguintes suspeitas diagnósticas : Nefropatias, Hipertensao Arterial, Diabetes, IMC, Infecçao Urinária, Litíase, Prostatismo, Hepatopatias e Arritmias Cardíacas. Já aplicamos o CKR em várias oportunidades, seja em empresas fechadas, como Programas de Prevençao, seja em ambiente aberto, para atingir o grande público, podendo examinar 250 pessoas/dia, com uma equipe de 8 profissionais. Nossa base de dados atual reune 2273 adultos entrevistados e mais 464 crianças e adolescentes, perfazendo um total de 2737 pessoas, sendo 51.2% do sexo masculino e 48.8% do sexo feminino No que tange especificamente às Nefropatias, objetivo principal do programa, encontramos 114 pessoas ( 4.2% ) onde o programa alertou para a presença de doença renal.Conclusao: O CKR é de fácil aplicaçao e tem sido muito bem recebido pela populaçao. O programa possui, como um de seus destaques, um aplicativo que possibilita pesquisas estatísticas e construçao de gráficos de grande utilidade para a confecçao de relatórios para os gestores de saúde. Além das evidentes vantagens epidemiológicas proporcionadas, o CKR também tem servido, com grande eficácia, para difundir as áreas de atuaçao da Nefrologia e resgatar o prestígio científico da nossa Especialidade.


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FATORES HISTOLOGICOS DE PROGNOSTICO EM GLOMERULONEFRITE MEMBRANOPROLIFERATIVA

ROZA, F. R. C.; KIRSZTAJN, G. M.

EPM-UNIFESP.

Introducao: Muitos aspectos relacionados a GNMP permanecem obscuros. A identificaçao de fatores que sugiram maior gravidade da doença, bem como pior evoluçao pode contribuir para a conduçao desses casos. Objetivo: Avaliar a presença de características histológicas que possam estar relacionadas a um determinado padrao evolutivo em GNMP. Material e Métodos: Foram revisados os lau – dos de 29 biópsias renais com diagnóstico de GNMP de pacientes acompanhados no ambulatório de Glomerulopatias da UNIFESP, entre 12/1978 e 04/2004, excluindo-se os casos de GNMP secundária, exceto os associados à esquistossomose. Resultados: As biópsias foram divididas em 3 grupos: I) 7 biópsias de pacientes que nao receberam tratamento imunossupressor, os quais nao evoluíram para IRCT; II) 15 biópsias de pacientes que receberam terapia imunossupressora e nao desenvolveram IRCT e III) 7 biópsias de pacientes que foram tratados com imunossupressores e evoluíram para IRCT. Nao havia diferença significativa entre os grupos em relaçao ao tipo de GNMP (o tipo I correspondia a 85,7%, 77,8% e 100%, respectivamente), presença de proliferaçao mesangial, hiperceluraridade mesangial, espessamento da membrana basal (MB), duplicaçao da MB, depósitos submembranosos, glomérulos lobulados, fibrose intersticial (FI), atrofia tubular (AT), arteriolonefroesclerose ou esclerose glomerular. Sinéquias entre o tufo capilar e a cápsula de Bowman estavam presentes em 71,4% das biópsias do grupo III, e em 33,3% e 42,9% dos grupos II e I. Infiltrado linfomononuclear (LMN) existia em 57,1%, 40% e 85,7% das biópsia dos grupos I, II e III, respectivamente, enquanto que infiltrado polimorfonuclear (PMN) foi visto nos percentuais de 0%, 13,3% e 28,6% nessas biópsias. Crescentes, em percentuais iguais quanto a serem celulares ou fibrocelulares, foram vistas em 71,4% das biópsias do grupo III, em 26,7% do grupo II e em nenhuma biópsia do grupo I. Conclusoes: Nesse estudo, crescentes (cujo valor prognóstico já é bem estabelecido), sinéquias e infiltrados LMN E PMN foram vistos com maior freqüência no grupo de pacientes que evoluiu para IRCT, sugerindo correlaçao desses fatores com pior evoluçao em GNMP.


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FATORES PROGNOSTICOS COM APLICABILIDADE CLINICA EM GLOMERULONEFRITE MEMBRANOPROLIFERATIVA (GNMP)

ROZA, F. R. C.; KIRSZTAJN, G. M.

EPM-UNIFESP.

Introduçao: Nao há consenso em relaçao ao tratamento da GNMP. A definiçao do prognóstico desta doença pode orientar a introduçao ou nao de imunossupressao, como em outras glomerulopatias. Objetivo: Analisar casos de GNMP para evidenciar possíveis fatores indicativos de pior ou melhor prognóstico. Material e Métodos: Estudo retrospectivo de pacientes(40) com GNMP, atendidos no Ambulatório de Glomerulopatias da UNIFESP, entre 12/1978 e 04/2004, excluindo-se os com causas secundárias, exceto os portadores de esquistossomose. Resultados: Foram comparadas as características clínico-laboratoriais dos pacientes que evoluíram (grupo I) e nao evoluíram para insuficiência renal crônica terminal- IRCT (grupo II) durante o acompanhamento, separando-se os pacientes tratados( 27) e nao-tratados(13) com esquema imunossupressor. A análise foi dificultada devido ao menor número de pacientes nao tratados.O achado mais relevante nestes foi a presença de proteinúria nefrótica em 100%(02) dos pacientes que evoluíram para IRCT e em 45,5%(05) dos pacientes que nao tiveram esta evoluçao. Dos pacientes tratados, entre os 10 que evoluíram para IRCT e os 17 que nao evoluíram, nao havia diferenças evidentes em relaçao a idade, creatinina sérica inicial, presença de HAS e hematúria e incidência de consumo de fatores do complemento. No grupo que evoluiu para IRCT(grupo I), 90% eram do sexo masculino, sendo 58,8% no grupo I. Nos grupos I e II, 40% e 76,5% eram da raça branca e 60% e 11,8% eram da raça parda, respectivamente; 30% e de 11,8% dos grupos I e II apresentavam sintomas recentes(<2meses). HAS severa (PAD>110mmHg) estava presente em 40% do grupo I e em 23,5% do grupo II e Proteinúria nefrótica no início do quadro em 90% e em 70,6%, respectivamente. Na análise conjunta dos grupos tratado e nao-tratado (40 pacientes), foi evidenciado FAN+(sem outros critérios para LES) em 6 , sendo que nenhum destes evoluiu para IRCT. Conclusoes: Os dados sugerem que os portadores de GNMP do sexo masculino e de raça nao-branca têm maior tendência a evoluir para IRCT, bem como aqueles com proteinúria nefrótica e HAS severa. Pacientes com FAN+ (sem outros critérios de LES) tiveram uma melhor evoluçao.


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FATORES PROGNOSTICOS DA GLOMERULONEFRITE RAPIDAMENTE PROGRESSIVA ASSOCIADA A ANTICORPO ANTIMEMBRANA BASAL GLOMERULAR

AYELLO, A. M. DOUVERNY, J. B.; PALOMBA, H.; SANTOS, D. R.; BÉRGAMO, R. R.

FACULDADE DE MEDICINA DO ABC.

Introduçao: A Glomerulonefrite Rapidamente Progressiva (GNRP) associada a anticorpo antimembrana basal glomerular (anti – MBG) é pouco freqüente e relaciona- se a elevados índices de morbidade e mortalidade. Materiais e Métodos: Relato de Caso – DGS, 13 anos, branco, estudante, natural e procedente de Sao Bernardo do Campo – SP. Há 03 meses evoluindo com quadro de febre (nao aferida), astenia, anorexia, adinamia e disúria. Apresentou 01 episódio isolado de hematúria macroscópica há 15 dias e negava queixas sistêmicas e/ou pulmonares. A investigaçao laboratorial inicial demonstrou importante déficit de funçao renal (uréia 91 mg/dl; creatinina 8,6 mg/dl), leucocitúria (16.000/ml), hematúria (>1.000.000/ml), proteinúria nao-nefrótica (344 mg/24h) e hipercalemia (8,6 mEq/l) associada à oligúria (150 ml/24h) e conseqüente necessidade de terapia de reposiçao renal (hemodiálise). A ultrassonografia de abdome total demonstrou rins de tamanho normal e relaçao córticomedular preservada. Foi realizada biópsia renal percutânea que evidenciou a presença de 26 glomérulos com imunofluorescência com depósitos lineares de IgG em alças capilares glomerulares e cápsula de Bowman, compatível com o diagnóstico de Glomerulonefrite Crescêntica associada a anticorpo antimembrana basal glomerular. Foi iniciado pulsoterapia com Metilprednisolona 1g/dia por 03 dias consecutivos, seguido de prednisona 1 mg/kg/dia, dose única de ciclofosfamida 10 mg/kg e 04 sessoes de Plasmaferese. Nao houve melhora da funçao renal e o paciente permanece em tratamento dialítico. Conclusao: O prognóstico da GNRP associada a anticorpo anti – MBG está diretamente relacionado à porcentagem de glomérulos acometidos por crescentes, oligúria e necessidade de diálise na apresentaçao da doença. Somente o diagnóstico precoce associado à terapêutica imunossupressora é capaz de influenciar a sobrevida renal da GNRP associada à anti – MBG.


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FATORES PROGNOSTICOS NA EVOLUÇAO DA GESF

MOSCOSO, G. S. ;CAMARA, N. O. S.; FRANCO, M.; SILVA, A. P.; KIRSZTAJN, G. M.

UNIVERSIDADE FEDERAL SAO PAULO-UNIFESP.

Introduçao: A GESF é uma das glomerulopatias (GPs) primárias que mais evolui para IRC e os fatores determinantes desta evoluçao sao apenas em parte conhecidos. Objetivo: Avaliar se e quais características observadas na apresentaçao da doença predizem resposta a tratamento e evoluçao para IRC (dobro da creatinina) em GESF. Material e Métodos: Neste estudo retrospectivo, foram avaliados 44 pacientes com diagnóstico por biópsia de GESF, que fazem acompanhamento regular no ambulatório de GPs. Resultados: 44 pacientes (25F/19M; idade 34±15 anos) foram acompanha-dos por 56±55 meses. No início do acompanhamento, 69% dos pacientes apresentavam HAS, 44% síndrome nefrótica e 33%, proteinúria nefrótica. A biópsia renal apresentava proliferaçao mesangial (algum grau) 38%; esclerose glomerular global e parcial (>20%) 11% e 46%, respectivamente, alteraçoes tubulares 25%; imunofluorescência “IgM e C3 positivos” 52%, “negativa” 28% e “atípica”, 20 %. Todos os 44 pacientes fizeram uso de imunossupressor, 32/44 usaram IECA com imunossupressor associado, e desses 26/32 tiveram maior diminuçao da proteinúria em relaçao aos que nao usaram IECA. Ao final do acompanhamento, 76% (34/44) dos pacientes apresentavam HAS, 25% evoluíram para IRC em 34±15 meses. Os fatores que se correlacionaram de forma estatisticamente significante com pior evoluçao foram proteinúria inicial (p<0,01), persistência da proteinúria, elevaçao da creatinina sérica ao final do 1.o ano do seguimento (p<0,01), presença de fibrose intersticial e alteraçoes tubulares na biópsia. A resposta favorável a corticóide foi um fator prognóstico de boa evoluçao (p<0,003). Sexo, idade, raça, creatinina inicial, HAS inicial e recidivas nao se associaram de forma estatisticamente significante com a evoluçao para IRC. Conclusoes: Na populaçao com GESF estudada, os fatores que definiram o prognóstico foram proteinúria inicial elevada ou persistente no seguimento, elevaçao da creatinina sérica ao final do 1.o ano e lesoes túbulo-intersticiais na biópsia.


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FATORES RELACIONADOS A ADESAO AO TRATAMENTO EM PACIENTES PORTADORES DE GLOMERULOPATIAS

VIEIRA, V. ;TARDIVO, L. C. L. P.; KIRSZTAJN, G. M.

ESCOLA PAULISTA DE MEDICINA – UNIFESP.

Introduçao: A adesao ao tratamento é um problema constante na prática médica e inúmeros esforços vêm sendo desenvolvidos no sentido de compreender melhor esse fenômeno. No caso de pacientes glomerulopatas, a adesao ao tratamento adquire importância na medida em que, em alguns casos a nao-adesao pode levar à perda da funçao renal. Até o presente momento nao encontramos na literatura nenhum trabalho que avalie tal aspecto na populaçao. Objetivo: detectar os fatores relacionados à adesao ao tratamento em pacientes glomerulopatas à partir de auto-relato. Metodologia: os 38 sujeitos que fizeram parte desse estudo eram pacientes com diagnóstico médico de glomerulopatia há pelo menos 6 meses, em acompanhamento ambulatorial. Aos mesmos foi aplicada entrevista semi-dirigida padronizada, visando identificar possíveis fatores relacionados à adesao ao tratamento. Resultados: esse trabalho parece confirmar dados de literatura de que o comportamento de adesao parece nao se relacionar com o conhecimento da doença, uma vez que 68,5% dos pacientes nao-aderentes revelaram conhecimento sobre a doença. No grupo de pacientes nao-aderentes, 26,4% dos pacientes afirmaram nao seguir só a dieta. 42% dos pacientes do estudo relataram perspectivas positivas de futuro, mas 31,6% dos pacientes com comportamento nao-aderente nao souberam responder à essa questao. 52,6% dos pacientes aderentes ao tratamento afirmaram que assim agem para nao piorarem ou se prejudicarem, e 31,6% desses mesmos pacientes afirmaram que seguem o tratamento para melhorar. Quanto aos pacientes que nao sao aderentes, 52,6% afirmaram que nao o seguem por concentrarem-se nas dificuldades em fazer o tratamento e 31,6% afirmaram nao acreditar nos efeitos benéficos do tratamento. Conclusao: esse estudo contribui para a compreensao de fatores relacionados à nao-adesao ao tratamento, muitos dos quais sao corrigíveis se devidamente detectados, como a questao da dieta e da descença no valor do tratamento instituído, que é perceptível em diferentes abordagens.


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FEBRE DE ORIGEM OBSCURA (FOO) – APRESENTAÇAO CLINICA DE VASCULITE

FREITAS, F. M. V. SOUZA, I. L. M.; MENDONÇA, A. S.; GUEIROS, A. P. S.; LOPES, L. M. V.; COELHO, S. T. S. N.

SERVIÇO DE NEFROLOGIA DO HOSPITAL DAS CLINICAS DA UFPE.

A etiologia das vasculites sistêmicas é desconhecida e o envolvimento renal ocorre em 50 a 90% dos casos. O objetivo deste trabalho é a descriçao do caso de uma paciente de 18 anos, branca, natural e procedente de Recife-PE, internada com história de febre há 3 meses, sem outras queixas. A paciente apresentava febre intermitente associada à leucocitose importante e sumário de urina evidenciando hematúria (sangue 3+/4+), com proteinúrias de 24h negativas. Foi tratada em 2 ocasioes como ITU, porém com uroculturas negativas. Nos períodos sem febre, nao se detectavam alteraçoes na leucometria e/ou no sumário de urina. Realizouse investigaçao para FOO com resultados normais ou negativos: hemoculturas, uroculturas (inclusive para BAAR), sorologias para HIV, Lues, hepatites B e C, toxoplasmose e CMV, Mantoux, complemento, anti-DNA, anti-Ro, anti-Sm, eletroforese de proteínas, Rx de tórax, Ecocardiograma, USG de abdome. A paciente possuía anemia normo-normo discreta, VHS 66 mm, além de 2 FAN positivos (1/80 e 1/200; pontilhado fino). Durante o internamento, cursou com aumento dos níveis de creatinina (Cr 0,7 p/ Cr 2,0). Foi submetida à biópsia renal, cujo achado da microscopia óptica (11glomérulos) foi de uma glomerulonefrite proliferativa necrotizante com lesoes ativas e esclerosantes, de distribuiçao focal e segmentar; presença de crescentes epiteliais fibróticas e fibrocelulares em 36% dos novelos levando à obsolescência glomerular. A.imunofluorenscência foi negativa. Solicitados ANCA-P e ANCA-C que foram negativos. A paciente foi submetida à pulsoterapia com metilprednisolona (1g por 3 dias) e ciclofosfamida, sendo programado pulso mensal com ciclofosfamida. Evoluiu com boa tolerância à terapêutica empregada, além do desaparecimento da febre e estabilizaçao da creatinina em torno de 1,0 mg/dL. Concluímos que, diante do envolvimento renal, a biópsia renal precoce pode representar propedêutica decisiva no diagnóstico de FOO e que, na investigaçao de hematúria, vasculite renal sempre deve ser suspeitada, independentemente da idade do paciente.


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GLOMERULOESCLEROSE FOCAL E SEGMENTAR (GESF) COLAPSANTE ASSOCIADA A LUPUS ERITEMATOSO SISTEMICO (LES)

FERNANDES, G. V.; OLIVEIRA, I. R.; MELLO, A. P. VALENTE, L. M.; CAVALCANTE, M. A.; NEIVA, R.

HC /UFPE.

Introduçao: GESF colapsante é descrita em pacientes infectados pelo HIV, porém há relatos de casos nao associados ao HIV. Estes teriam como fator desencadeante infecçoes como o parvovírus B19 ou CMV, uso de bisfosfonatos, heroína, ou ainda doenças auto-imunes como a doença de Still e LES. Na literatura nao há consenso quanto à correlaçao entre lupus e GESF colapsante. Relata-se um caso de LES em atividade e diagnóstico histológico de GESF colapsante. Caso: Paciente do sexo feminino, 22 anos, branca, foi internada com critério clínico-laboratoriais de LES (poliartrite, serosite, anemia hemolítica auto-imune, linfopenia e nefrite), além de quadro de insuficiência renal em síndrome urêmica (Cr 8,1mg/dL). Os exames laboratoriais mostravam proteinúria nefrótica (4,7g/24h), microhematúria (incontáveis hemácias por campo 400x), hipertrigliceridemia e hipoalbuminemia, sorologia negativa para HIV, hepatite B e C, FAN negativo e anti-DNA positivo (1/320) e hipocomplementemia (C4 6,1mg/dL). O exame ultrassonográfico evidenciava rins aumentados de tamanho (15cm), de aspecto hiperecogênico e sem hidronefrose. Foi iniciado tratamento com corticóide (metilprednisolona sob a forma de pulsos e prednisona 1mg/kg/dia) e hemodiálise (3 sessoes, recuperando a funçao renal após 7 dias). Foi submetida a 2 biópsias renais (MO e IMF), avaliadas por dois nefropatologistas. Resultados: A 1ª biópsia renal mostrava, à MO, 7 glomérulos com hiperplasia e hipertrofia das células epiteliais viscerais com gotículas hialinas PAS positivas, colapso global e segmentar de alças capilares. Epitélio tubular mostrava reabsorçao do conteúdo protéico em túbulos proximais, além de focos de dilataçao microcística com cilindros hialinos no lúmen. Nao havia atrofia tubular ou fibrose intersticial. A 2ª biópsia, realizada 2 meses após, mostrava histologia de nefrite lúpica classe III, com IMF (+) para IgG, IgM, C1q, cadeias leve kappa e lambda e (++) para C3d. A paciente foi tratada com ciclofosfamida e 21 meses após o evento inicial encontra-se sem proteinúria ou hematúria e com Cr 0,5mg/dL. Conclusao: Existe na literatura descriçao de pacientes com síndrome lupus-like e biópsia compatível com GESF colapsante (IMF negativa), porém esse é o primeiro caso relatado de achados histopatológicos peculiares a esse tipo de glomerulopatia em uma paciente com nefrite lúpica.


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GLOMERULONEFRITE CRESCENTICA ASSOCIADA AO ANCA EM PACIENTE IDOSO COM LUPUS ERITEMATOSO SISTEMICO

ARAUJO, E. S.; NAKA, E. L.; AMORIM, S. P.; GUILHEM, M.; ABREU, P. F.; ARAUJO, M. S.; COUTINHO, I. H. I. L. S.; DIZ, M. C. E.; MOREIRA, M. E. M.; SANTOS, D. R.; LARANJA, S. M. R.

HOSPITAL DO SERVIDOR PUBLICO ESTADUAL DE SAO PAULO.

A disfunçao renal aguda em paciente idoso pode ser multifatorial por isso a biópsia renal deve ser realizada sempre em casos de evoluçao nao esperada ou diagnóstico questionável. Relatamos um caso de paciente de 63 anos, sexo masculino, hipertenso há 5 anos que deu entrada neste serviço com edema de membros inferiores há 6 meses, dispnéia há uma semana, oligúria e perda de funçao renal já com necessidade dialítica. Fez uso de contraste radiológico em cateterismo cardíaco 2 meses antes da admissao. Apresentava creatinina de 0,8 mg/dl seis meses antes. O quadro foi caracterizado como uma glomerulonefrite rapidamente progressiva e a biópsia renal revelou glomerulonefrite crescêntica com imunofluorescência positiva para depósitos granulares de IgG, IgM, IgA, C3, C1q. O complemento sérico era consumido, o fator anti-nuclear positivo e o anticorpo anticitoplasma de neutrófilo (anti proteinase 3) positivo. Apesar do tratamento com corticóide e ciclofosfamida o paciente permanece em hemodiálise. Embora incomum, o Lupus Eritematoso Sistêmico (LES) tem sido descrito como diagnóstico diferencial nesses casos. Histologicamente a lesao renal pode se caracterizar por proliferaçao difusa das células renais e/ou presença de crescentes. A associaçao com o ANCA pode ocorrer em cerca de 20% dos pacientes lúpicos sendo mais freqüente o padrao pANCA. O caso descrito se refere a paciente idoso com glomerulonefrite crescêntica e cANCA positivo de etiologia lúpica. A apresentaçao de glomerulonefrite crescêntica em paciente com nefropatia lúpica somado ao encontro do cANCA pode representar pior evoluçao renal.


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GLOMERULONEFRITE RAPIDAMENTE PROGRESSIVA NO HOSPITAL DAS CLINICAS DA UNIVERSIDADE FEDERAL DE PERNAMBUCO (HC-UFPE), RECIFE – AVALIAÇAO CLINICA E EPIDEMIOLOGICA

VALENTE, L. M.; SOUZA, I. L. M. CAVALCANTE, M. A. G. M.; MENDONÇA, A. S.; NEIVA, R.; COELHO, S. N.

HOSPITAL DAS CLíNICAS – UNIVERSIDADE FEDERAL DE PERNAMBUCO.

Introduçao: Pacientes com glomerulonefrite (Gn) rapidamente progressiva (GnRP) em grande parte das vezes sao encaminhados tardiamente para o especialista. Cerca de 3% das afecçoes glomerulares submetidas a biopsia renal sao diagnosticadas como Gn crescênticas (GnC), mas esta prevalência vem aumentando nos últimos anos. A maioria dos autores denomina GnC aquelas em que 50% ou mais dos glomerulos (G) da amostra tem crescentes. As GnC sao as principais causas de GnRP e apresentam etiologia variada. Objetivo: Avaliaçao clínico-epidemiológica dos pacientes (p) com GnRP diagnosticados entre 01/01/03 a 31/05/04 na Nefrologia do HC-UFPE. Métodos: Avaliaçao clínica, histológica e retrospectiva de todos os casos de GnRP diagnosticados no HC-UFPE no período de 16 meses. Resultados: Durante o período do estudo tivemos 17 casos de GnRP, isto é, 14,5% (17/117) dos p submetidos a biopsia renal por afecçoes glomerulares no mesmo período. Todos os espécimes de biopsia apresentavam crescentes, mas só 12 (70,6%) foram considerados GnC, sendo que 4 casos mostravam crescentes em menos de 50% (25 a 44%) dos G ou amostras pouco adequadas (número de G < 5) e 1 amostra apresentava 100% de crescentes em 4 G. Entre os p com GnRP a idade média foi 30,7 anos; 14 eram do sexo fem (82%); raça branca foi predominante(58,8%). Dos 17 casos, 6 (32,3%) apresentavam creatinina serica (C) > 5mg/dl e todos os outros 11 (64,7%) tinham C anormal (>1,5mg/dl) na ocasiao do diagnóstico. Qto a etiologia da GnRP encontramos: nefrite lúpica (NL) em 11p (64,7%), vasculite associada ao ANCA em 2 p (11,8%), Gn pós infecciosa em 1 p (5,9%) e 1 p Nefropatia por IgA (5,9%).Outros 2 casos: 1 com suspeita de NL (sem IMF) e outro com suspeita de Gn pauci-imune (fragmento com 100% crescentes fibróticos).Qto a evoluçao: 4 p( 23,%%) iniciaram diálise e imunossupressao e nao tiveram recuperaçao da funçao renal (3 com NL e 1 suspeita de Gn pauci-imune). O paciente com diagnóstico de Gn pos infecciosa recuperou funçao renal. Os demais pacientes encontram-se em acompanhamento ambulatorial e C< 2mg/dl. 16/17 p foram submetidos a pulsoterapia com metilprednisolona e ciclofosfamida (exceto o p com Gn pos infecciosa). Conclusoes: A prevalência de GnRP nesta amostra é elevada e o percentual de GnC (10,3%) é superior a frequencia descrita na literatura. Vale resaltar que grande parte da amostra tinha o diagnóstico de NL e que nosso serviço é de referência no Estado. Cerca de 25% dos casos permanecem em tt dialítico e que estes p apresentavam pelo menos 2 fatores de risco para pior evoluçao. A boa evoluçao dos outros 75% possivelmente foi devido a intervençao medicamentosa assim que o diagnóstico de GnRP foi realizado.


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GLOMERULOPATIA MEMBRANOSA COM DEPOSITOS SUB-EPITELIAIS DE IGA. COMO INTERPRETAR?

AMORIM, S. P.; ABREU, P. F.; NAKA, E. L.; AMORIM, S. P.; ARAUJO, M. S.; COUTINHO, I. H. L. L. S.; DIZ, M. C. E.; DIAS, M. F. L.; KIRSZTAJN, G. M.; FRANCO, M.; LARANJA, S. M. R.

HOSPITAL DO SERVIDOR PUBLICO ESTADUAL DE SAO PAULO E UNIFESP.

Nefropatia Membranosa e Nefropatia por IgA sao achados frequentes em biópsias renais. Tem sido descrita a combinaçao das duas patologias em um mesmo paciente com predominância de depósitos de IgG sub-epitelial e de IgA em regiao mesangial. Descrevemos o caso de uma paciente com nefropatia membranosa à microscopia óptica mas com predominância de depósitos de IgA nao só em mesângio mas também em alça capilar.Trata-se de uma paciente de 71 anos, feminina, portadora de hipertensao arterial sistêmica apresentando disfunçao renal (creatinina de 2,4 mg/dl). Ao exame físico observado edema de MMll ++/++++ e pressao arterial de 200 x 100 mmHg. A investigaçao laboratorial revelou proteinúria de 12 g/24horas; urina tipo l com ausência de leucocitúria ou hematúria; albumina de 3,5 g/dl; colesterol de 247 mg/dl; hemoglobina de 12 g/dl; glicemia de 85 mg/dl; funçao hepática normal, sorologias virais negativas; complemento sérico normal; FAN negativo e ultrassonografia renal normal. A biópsia renal mostrou 11 glomérulos sendo dois hialinizados e os demais com espessamento da parede capilar, identificando-se “spikes” após impregnaçao argêntica. A imunofluorescência mostrou 23 glomérulos com depósitos granulosos, difusos mesangiais e em alça capilar de IgA +++, IgG +, C3 +. Foi instituido tratamento com prednisona 1 mg/Kg alternado com ciclofosfamida 1 mg/kg. Após três meses a paciente evoluiu com hiperglicemia, disfunçao hepática, queda do hematócrito sendo optado pela suspensao da imunosupressao.


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GLOMERULOPATIAS PRIMARIAS (GNP): ESTUDO EVOLUTIVO DE 55 BIOPSIAS RENAIS (BXR)

ANDRADE LCF; VIEIRA PA; REIS MF; PERNAMBUCO JM; FRANCO MN; BASTOS MG

NIEPEN/UFJF. Juiz de Fora (MG). Apoio: Fundaçao IMEPEN.

Introduçao. A presença da síndrome glomerular (SG) sinaliza para a BxR e os achados histopatológicos diagnosticam a GnP associada, porém é fundamental estabelecer fatores prognósticos para a doença renal elucidada. Objetivo. A partir do diagnóstico histopatológico, os autores definem as características clínicas evolutivas das principais GnP. Material e Método. Através do estudo retrospectivo, foram analisadas 55 BxR, realizadas no NIEPEN/UFJF, no período de Abril/97 a Abril/2004, cujo diagnóstico foi GnP e todos os pacientes atenderam aos critérios de inclusao em protocolo específico. Resultados: A idade média foi de 41,87+/-1,99 (14-71) anos; 33 masculinos, 22 femininos; 35 brancos e 20 nao brancos. Entre as mais freqüentes SG (%): 18 (32,72) nefrótica (SN) e 17 (30,91) anormalidades urinárias (SAU); entre as principais GnP (%): 11 (20) membranosa, 10 (18,18) GeSF, 10 (18,18) de Gn-IgA. Nao houve diferença entre as idades da GnP, prevalência de sexo e cor. O SN prevaleceu na GeSF e a doença renal crônica, Dcp < 60 ml/min (DRC) prevaleceu na membranosa (teste Fisher, p< 0,05). Foram constados 4 casos de Gn crescêntica: 2 de Gn-IgA e 2 vasculites (1 caso de p-ANCA positivo). Após o tempo médio de 2 anos de tratamento, 39 (71) estao em cura parcial; 6 (11) cura total, 8 (14,5) com DRC e 2 óbitos ( 1 membranosa e outro GeSF). Conclusoes:. A Gn membranosa foi aquela que demonstrou o mais variado grau de lesoes, variadas SG e o pior prognóstico, entretanto a BxR demorou a ser executada, em média 56 meses.


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GLOMERULOSCLEROSE SEGMENTAR E FOCAL IDIOPATICA E SECUNDARIA NO HCFMUSP

PINHEIRO, C. C.; BAHIENSE, M. BITENCOURT, C. D.; MALAFRONTE, P.; BARROS, R. T.; WORONIK, V.

DISCIPLINA DE NEFROLOGIA, UNIVERSIDADE DE SAO PAULO, SAO PAULO, SP.

Objetivo: A GESF é a glomerulopatia mais freqüentemente biopsiada no HCFMUSP. Conhecer sua epidemiologia tem sido objetivo do serviço. Métodos: foram estudados todos os pacientes >14 anos e GESF com diagnóstico por MO e IF (1999-2002) e ao menos 7 glomérulos na biópsia. Descrevemos características demográficas e clínicas, de acordo com a etiologia provável. As comparaçoes foram feitas por testes de Mann-Whitney e exato de Fisher e p=0,05 foi o limite de significância. Resultados: 40 pacientes foram identificados, 30 com a forma idiopática e 10 com a secundária (obesidade mórbida=2, S. mansoni=3, refluxo VU=1, GN pós-infecciosa=2, neoplasia=2). Os dados estao em média e dp ou percentagem.

Os tratamentos utilizados foram (isolados ou em combinaçao): corticóide(1mg/kg) por tempo prolongado (n=21), ciclosporina (n=18), IECA e/ou BAT1 (n=20). O restante dos pacientes recebeu sintomáticos. Durante o curto seguimento, 9 pacientes foram encaminhados à diálise. Conclusoes: Nao houve diferenças significantes entre as formas idiopática e secundária., exceto pela idade. O pequeno número de pacientes pode ter influenciado os resultados. Apesar do tratamento agressivo, o sucesso foi limitado, tornando necessários estudos de prediçao da resposta terapêutica para estimativas de risco-benefício.


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GNRP ASSOCIADO A RIFAMPICINA

SILVA, I. F. ; KIRSZTAJN, G. M. NARCISO, R.; ABREU, P.; FRANCO, M. M.

UNIFESP.

Introduçao: Existem poucos relatos de casos de pacientes que na vigência de tratamento para micobacterioses desenvolveram glomerulonefrite (GN) crescêntica provavelmente secundária ao uso de rifampicina. Objetivo: Relato de caso com achados incomuns. Relato de caso: Indivíduo do sexo masculino, 19 anos, com diagnóstico de tuberculose (TB) pulmonar há1 mês da internaçao, que após 3 dias do início do tratamento com esquema-I desenvolveu mialgias, com melhora espontânea; após 15 dias de tratamento, apresentou quadro cutâneo, com petéquias e prurido, determinando suspensao do tratamento. Evoluiu com melhora e o tratamento foi reiniciado uma semana depois. Após a reintroduçao do esquema, desenvolveu anasarca, hipertensao arterial e hematúria macroscópica; ao longo de 10 dias, observou-se elevaçao de creatinina sérica (Crs = 0,6-5,5 mg/dl) e uréia (Us = 27-166 mg/dl); demais exames revelaram: Urina I (Prot +++, leucócitos = 45 pc, eritrócitos > 100 pc); Prot U 24h = 4,65g; FAN (-); crioglobulinas (-); ANCA (-); HIV/HCV/HVB (-) e bióspia renal (Bx) com glomerulonefrite crescêntica pauci-imune (MO com 12 glomérulos; 100% de crescentes fibrocelulares e leve infiltrado túbulo-intersticial linfomononuclear). Iniciou-se hemodiálise e pulsoterapia com metilprednisolona EV (1g por 3dias), associada a prednisona VO (1mg/kg/dia) e ciclofosfamida VO 100mg/dia, que foram suspensos após 1 mês e meio, por complicaçao infecciosa, num contexto de oligúria e necessidade de diálise. Conclusao: Sabemos que 20% das GN pauci-imunes podem ser ANCA(-) e que parte destas sao desencadeadas por medicamentos. Raros casos de GN rapidamente progressiva secundária ao uso de rifampicina foram descritos. No caso relatado, chama a atençao a possibilidade de hipersensibilidade à rifampicina, pois em 2 tentativas prévias de introduçao da droga, o paciente teve mialgias e reaçao cutânea. Nao há achados confirmatórios específicos de tal diagnóstico e os casos já relatados revelaram GN ANCA (-) , na vigência do uso de rifampicina, como no presente no caso.


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GRANULOMATOSE DE WEGENER: APRESENTAÇAO ATIPICA COM HEMORRAGIA DIGESTIVA BAIXA

BOHLKE, M.;TUBONE, T.; LORENZET, I.; CARPENA, A. B.; CARLOS FILHO

SANTA CASA DE PELOTAS E UNIVERSIDADE CATOLICA DE PELOTAS.

A Granulomatose de Wegener (GW) é uma vasculite sistêmica que acomete pequenas e médias artérias, arteríolas e vênulas, envolvendo primariamente o trato respiratório e os rins. Apresenta elevada mortalidade se nao tratada precocemente. Este relato tem como objetivo descrever um caso de GW com apresentaçao atípica. Trata-se de paciente feminina, 53 anos, hospitalizada com quadro de hemorragia digestiva baixa maciça e insuficiência renal aguda. A colonoscopia evidenciou sangramento difuso a partir do cólon. Apresentava focos de consolidaçao alveolar, compatíveis com hemorragia pulmonar. A biópsia renal constatou crescentes fibrosos em 50% dos glomérulos, com imunofluorescência positiva somente para IgM (++) no mesângio (pauci-imune). A pesquisa de ANCAc foi positiva. Foi submetida a pulsoterapia com metilprednisolona endovenosa, com remissao da hemorragia digestiva. Recebeu a seguir prednisona e ciclofosfamida via oral por seis meses, havendo recuperaçao progressiva, porém incompleta, da funçao renal, encontrando-se atualmente com DCE de 20mL/min e sem tratamento dialítico. O presente relato refere-se a um caso de vasculite pouco prevalente (1:30.000), com apresentaçao atípica e boa resposta ao tratamento clínico.


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HEMATURIA DISMORFICA ISOLADA COMO SIGNO PRECOCE DE GLOMERULOPATIA QUE PODE SE PROGRESSIVA

MOSCOSO, G. S.; CAMARA, N. O. S.; FRANCO, M.; SILVA, A. P.; KIRSZTAJN, G. M.

UNIVERSIDADE FEDERAL DE SAO PAULO-UNIFESP

Introduçao: A hematúria dismórfica isolada é manifestaçao compartilhada por algumas glomerulopatias e que pode preceder o desenvolvimento de proteinúria e de dano funcional e estrutural por períodos de tempo variáveis. Objetivo: Avaliar a evoluçao de casos de hematúria dismórfica isolada no contexto da progressao de doença renal. Material e Métodos: Estudo retrospectivo. Foram avaliados 190 prontuários com diagnóstico inicial de hematúria dismórfica isolada e, em seguida, selecionados 96 em que o diagnóstico inicial manteve-se o mesmo e o tempo de acompanhamento foi superior 24 meses. Foram avaliados parâmetros clínicos e bioquímicos no início e final do acompanhamento. Resultados: 96 pacientes (26M/70F; idade: 39 ± 14 anos, X ± DP) com hematúria dismórfica foram acompanhados por 39 ± 46 meses; 55 e 45% dos casos apresentavam DE discreto (+) e moderado (++), respectivamente. Encontramos 4/90 pacientes HIV+, 3/80 HCV+, 8/90 FAN(+). Biópsias renais foram realizadas em 22 pacientes: 3 (14%) nao revelaram alteraçoes(na MO e IF), 9 (30%) GN proliferativas, 6 (40%) nefropatia por IgA, 4 (18%) outras; 1% tinham sinais de crônicidade na biópsia. Ao final do seguimento, 14% dos pacientes evoluíram com proteinuria nao-nefrótica, e 14% desenvolveram hipertensao arterial em média em 73 ± 26 meses. Conclusoes: Observamos que nenhum paciente evoluiu para IRC ou necessitou de diálise em um seguimento de até 10 anos. Quando realizadas biópsias, predominaram GN proliferativas e nefropatia por IgA (as quais costumam ter evoluçao benigna se evoluem apenas com hematúria); vale salientar, entretanto, que nao é rotina em nosso serviço biopsiar hematúria isolada e que, em raros casos, microscopia eletrônica esteve disponível.


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INGESTAO ENERGÉTICA E DE MACRONUTRIENTES EM PACIENTES COM GLOMERULOPATIAS (GPS)

AHMED, M. S.; BAXMANN, A. C.; KIRSZTAJN, G. M.

UNIVERSIDADE FEDERAL DE SaO PAULO

Introduçao: Pouco se sabe sobre a situaçao nutricional de pacientes com GPs, especialmente em situaçoes de proteinúria. O objetivo do presente estudo é avaliar a ingestao energética e de macronutrientes (proteína, carboidrato e gordura) em pacientes com GPs antes de receberem intervençao nutricional. Métodos: Vinte (20) pacientes com GPs proteinúricas (com ou sem proteinúria por ocasiao do estudo) realizaram um registro alimentar de 3 dias para avaliaçao do consumo diário de energia, proteína, carboidrato e gordura, e coletaram amostra de urina de 24h para determinaçao da proteinúria. Os pacientes foram divididos em 2 grupos de acordo com os valores de proteinúria (> 1 ou < 1g/24h). Resultados:

Tanto os pacientes com proteinúria >1 quanto os pacientes com proteinúria < 1g/24h apresentaram ingestao energética e de macronutrientes dentro dos padroes de normalidade (proteína: 0,8-1,2 g/kg; carboidrato: 55-60% do Valor Calórico Total e gordura: 25-30%). Como esperado nao foi observado entre os grupos diferença na ingestao energética, de proteína e de carboidrato, sendo observada diferença apenas na ingestao de gordura, embora esta diferença nao seja clinicamente importante uma vez que os valores estavam dentro da faixa de normalidade. Conclusao: Observou-se que sem intervençao nutricional os pacientes com GPs proteinúricas apresentaram um consumo alimentar semelhante ao da populaçao normal, independente de apresentarem perdas urinárias pequenas ou grandes.


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INSUFICIENCIA RENAL POR NEFRITE TUBULO-INTERSTICIAL (NTI) E VASCULITE DE PELE COMO PRIMEIRAS MANIFESTAÇOES NO SINDROME DE SJÖGREN

NASCIMENTO, G. V. R.; SILVA, V. S. RODRIGUES JUNIOR, A. G.; ANDRADE, L. G. M.; GABRIEL, D. P.; ALMEIDA, D. B.

HC-UNESP-BOTUCATU

Síndrome de Sjögren (SS): doença auto-imune caracterizada por infiltraçao linfocítica das glândulas exócrinas que pode cursar com manifestaçao renal em incidência que varia de 16 a 67% (acidose tubular renal distal- ATR tipo1- 5%, distúrbio de concentraçao urinária 66%, proteinúria-PTU- <1g/dia 15% e insuficiência renal 13%). Objetivo: relatar um caso de NTI e vasculite de pele como primeiras manifestaçoes de SS. Relato de caso: R.R.A., 51 anos, masculino, pardo, casado, lavrador, natural de Ribeirao Branco – SP. Há 2 anos do início do acompanhamento, aparecimento de pequenas manchas avermelhadas em MMII com resoluçao espontânea. Há 8 meses, devido ao ressurgimento das manchas e grande edema de MMII, foi internado na Dermatologia e submetido a biópsia de pele: vasculite leucocitoclástica, IF negativa. Encaminhado para Nefrologia por alteraçao da funçao renal (creatinina-Cr- inicial: 2,5 mg/dl, Ac anti-núcleo-FAN: negativo). Retorna após 1 mês com quadro de febre diária, emagrecimento, edema facial e artrite em maos e pés (Cr 3,4 mg/dl, uréia: 56 mg/dl, PTU de 24 horas 1,0 g, hematócrito de 18% e FAN: negativo) submetido a biópsia renal: nefrite túbulo- intersticial linfomononuclear intensa, IF: depósitos de C3 em cápsula de Bowman, IgA em cilindros e fibrinogênio em interstício. O paciente permaneceu em seguimento pela Nefrologia, sem diagnóstico etiológico, em uso de prednisona 20mg/dia por indicaçao da Dermatologia, mantendo funçao renal estável (Cr: 1,7 – 2,5 mg/dl, clearance de creatinina: 10 – 45 ml/min e PTU:0 – 0,7g/dia). Após 2 anos sem diagnóstico, em nova anamnese paciente informou boca seca e xerostomia. Feito a hipótese de SS que foi confirmada por 1)teste de Rosa-Bengala: insuficiência lacrimal; 2)cintilografia de glândulas salivares: funçao e drenagem reduzidos em grau acentuado; 3)dosagem de anticorpo SSA-Ro e SSA-La: positivos; e 4)biópsia de glândula salivar menor: sialadenite crônica linfoplasmocitária. Além de NTI, insuficiência renal e proteinúria também foi confirmada disfunçao tubular na forma de ATR tipo 1 e Diabetes insipidus.


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LESAO RENAL EM PACIENTES COM LUPUS ERITEMATOSO SISTEMICO

CADAVAL, R. A. M. ;MARTINEZ, J. E. ALFANI, A. C. P.; OLIVEIRA, T. D.; RODRIGUES, C. I. S.; ALMEIDA, F. A.; D’AVILA, R.

CENTRO DE CIENCIAS MÉDICAS E BIOLOGICAS DA PUC/SP

Introduçao: O lupus eritematoso sistêmico (LES) é uma doença inflamatória crônica, multissistêmica que evolui com manifestaçoes clínicas polimórficas, necessitando acompanhamento multiprofissional.O envolvimento renal noLES é um evento freqüente, sendo diagnosticado em 50-75% dos pacientes, podendo ser até maior se levarmos em consideraçao aqueles pacientes sem evidência clínica desta complicaçao. A anormalidade mais freqüentemente observada é a presença de proteinúria (80%), enquanto aproximadamente 40% tem hematúria e/ou piúria em algum momento do curso da doença. Métodos: Foram analisados 90 pacientes com diagnóstico definitivo de LES (mais de quatro critérios da ARA) atendidos no ambulatório multidisciplinar (nefrologia e reumatologia) de LES. Destes, 50% apresentaram evidências clínicas, laboratoriais e/ou histológicas sugestivas de glomerulonefrite lúpica. O tempo de seguimento foi de 82,8±56,0 meses. Resultados: A média de idade no momento do diagnóstico foi de 26,6±9,9 anos, com predomínio do sexo feminino (92%), sendo que entre os 38 pacientes com biópsia renal as classes proliferativa focal (III) e difusa (IV) foram as mais freqüentes (71%). Destes, 31 estao em acompanhamento. Em 6 houve perda de seguimento, 6 progrediram para insuficiência renal crônica (IRC) e 2 faleceram. Hipertensao arterial sistêmica foi diagnosticada em 59% dos pacientes. No momento da biópsia renal, a creatinina plasmática era de 1,9±1,8 mg/dl, e a proteinúria 2.145±1.903 mg/24h, sendo nefrótica em 29% dos pacientes. Na apresentaçao inicial do lupus, a insuficiência renal aguda (IRA) esteve presente em 11 pacientes, sendo 10 diagnosticados com classes III/IV. Evoluçao para insuficiência renal crônica ocorreu em seis pacientes, predominando na classe proliferativa. Conclusao: O atendimento ao paciente lúpico por equipe multiprofissional permite melhor integraçao e agilidade nas açoes terapêuticas. A incidência de acometimento renal nesta populaçao de lúpicos foi semelhante à encontrada na literatura médica. As classes III e IV geralmente têm na sua manifestaçao inicial IRA e evoluem mais freqüentemente para IRC.


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EUCOENCEFALOPATIA NECROZANTE DESMIELINIZANTE EM PACIENTE COM PURPURA DE HENOCH-SCHÖNLEIN

RODRIGUES JUNIOR, A. G. SILVA, V. S.; SILVA, T. N. V.; NASCIMENTO, G. V. R.; ANDRADE, L. G. M.; GABRIEL, D. P.

FACULDADE DE MEDICINA DE BOTUCATU – UNESP

Introduçao:Apesar da diminuiçao de sua incidência, as glomerulopatias ainda representam importante grupo de nefropatias.Em sua evoluçao, estao associadas a graus diferentes de morbi-mortalidade quer decorrentes da patologia de base quer de complicaçoes do tratamento.As infecçoes estao entres as complicaçoes relacionadas ao tratamento.Objetivo:O presente trabalho tem como objetivo relatar um caso de paciente com Púrpura de Henoch-Schönlein e sua evoluçao associada a quadro de leucoencefalopatia desmielinizante após o uso de imunossupressao. Caso Clínico:Paciente, J.B.C, 46 anos, branco, trabalhador industrial.Encaminhado para nefrologia em 03/04 via P.S, devido queixas de edema em MMII e escrotal há 20 dias, piora vespertina, associado a diminuiçao da diurese e coloraçao mais escurecida da urina.Referia quadro gripal há 2 sem, mialgia, febre e malestar. Queixa de vermelhidao em pernas, recente. Ao exame, descorado 1+/4,PA 170X120mmhg, edema 3+/4 de MMII, cacifo até coxas, máculas eritematosas em 1/3 distal de pernas, sem desaparecimento à dígito-pressao. Exames laboratoriais: Cr1=1,6; U=39; K=3,7; Alb=2,2; UrinaI= 3+ de proteínas e sangue; sorologias virais negativas; PTU 0,79 e Clcr=10.Prescritos sintomáticos.HD:Púrpura de Henoch-Schönlein.CD:avaliaçao dermatologia, programaçao de Bx renal. Retornou em 1sem para ver exames, realizada biópsia de pele sugestiva de vasculite leucocitoclástica.Referia tonturas e desaparecimento das lesoes em pele, diminuiçao do edema; PA100X60; edema 1+/4 MMI; CR=3,0; K=3,3; biópsia renal compatível com P. Henoch-Schönlein.Fez imunossupressao com corticoterapia.2 meses depois retornou com queda do nível de consciência, necessidade de ventilaçao mecânica.Suspeita de CMV de SNC, com discreta melhora após Ganciclovir, seguida por piora progressiva e morte.Necropsia com leucoencefalopatia desmielinizante.Conclusao: glomerulopatias têm posiçao importante entre as patologias renais e podem estar associadas a grau significativo de morbi-mortalidade entre as quais as infecçoes durante o tto.


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MACROFAGOS INDUZEM APOPTOSE NA GLOMERULONEFRITE LUPICA

DELGADO, A. G. TAKIYA, C. M.; COELHO, A.; SOUTO, M. I. D.; CARDOSO, C. R.; PASCARELLI, B. M. O.; CAMPOS, D. M.; ORNELLAS, J. F. R.; PAPI, J. A. S.

SERVIÇO DE NEFROLOGIA, SERVIÇO DE CLINICA MÉDICA, HOSPITAL UNIVERSITARIO CLEMENTINO FRAGA FILHO, DEPARTAMENTO DE EMBRIOLOGIA E HISTOLOGIA, UFRJ.

Introduçao. Tem sido documentado que macrófagos estao criticamente envolvidos na resposta inflamatória aguda e podem desempenhar papel relevante nas glomerulonefrites. Macrófagos produzem muitos mediadores pro-inflamatórias e também sao capazes de induzir a apoptose em várias células, assim participando da regulaçao da populaçao celular em muitos tecidos. Esse estudo foi realizado para verificar a relaçao entre macrófagos, apoptose e a cascata de ativaçao da apoptose, via caspase-3, na glomerulonefrite lúpica. Métodos: Foram estudas biópsias renais de 22 pacientes com LES, das quais 12 foram classificadas como tipo IV (grupo 1) e 10 como tipo V (grupo 2). A apoptose foi detectada através da técnica do TUNEL, a caspase-3 ativada através de um anticorpo monoclonal anti-caspase-3 e os macrófagos através de um anticorpo monoclonal anti- CD68. Todas as células foram contadas por método apropriado e os valores expressos como número total por glomérulo e como porcentagem de células marcadas. Resultados: A tabela abaixo resume os principais dados dos grupos 1 e 2:

Apesar das características de intensa proliferaçao no grupo 1, observa-se uma depleçao significativa da apoptose nesse grupo, que se acompanha de uma reduçao nao significativa de macrófagos. Análise de regressao linear dos dois grupos mostrou correlaçao positiva entre % de macrófagos e % de apoptose (r=0,645; P=0,02) e entre % de macrófagos e % de caspase-3 ativada (r=0,674; P=0,01). Conclusao: Apesar da intensa proliferaçao da nefrite lúpica tipo IV, isso nao se acompanha de aumento da quantidade de macrófagos. A forte correlaçao entre macrófagos, caspase-3 e apoptose sugere que os macrófagos estao envolvidos nesse importante mecanismo de morte e deleçao celular.


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MANIPULAÇAO RENAL DE SODIO EM CASO ATIPICO DE SINDROME DE BARTTER ASSOCIADO COM MITOCONDRIOPATIA E AMAUROSE NEURO-SENSORIAL

MENEGON, L. F.; AMARAL, T. N.; GONTIJO, J. A. R.

UNIVERSIDADE ESTADUAL DE CAMPINAS

Objetivos: avaliar manipulaçao renal de sódio em caso atípico de síndrome de Bartter, associado com mitocondriopatia e amaurose neuro-sensorial. Métodos: paciente de 45 anos, sexo feminino, com diagnóstico clínico-laboratorial de síndrome de Bartter. Realizados clearance de creatinina (CCr) e lítio (CLi), como estimativas da filtraçao glomerular (TFG) e manipulaçao tubular de sódio, respectivamente. Clearance calculado por fórmula padrao: C=(U*V)/P. Fraçao de excreçao total, proximal e pós-proximal de sódio foram calculadas, respectivamente, pelas fórmulas: FENa+ = CNa+/CCr, FEPNa+ = CLi/CCr, FEPPNa+ = CNa+/CLi. Resultados: dosagens plasmáticas: Na+=129, K+=2.1, Ca++=0.85, Mg++=0.96, Cl=79, Pi=5.3 mmol/L. Renina=19.5 ng/ml/h (0.15-2.33). Gasometria arterial: pH=7.51, PCO2=41.9 mmHg, PO2=87.1 mmHg, HCO3=33.9 mmol/L, anion gap=16 mmol/L, Osm=260 mmol/kg. Dosagens urinárias: Na+=88, K+= 4 2 mmol/L, Ca++=10 mg/dL, creatinina=25 mg/dL.

Conclusao: no caso estudado houve natriurese acentuada em decorrência de maior FEPPNa+. A excreçao de potássio foi semelhante, apesar da hipocalemia, sugerindo comprometimento da absorçao de sódio no segmento ascendente da alça de Henle. Estes dados refletem a grande requisiçao energética deste segmento do néfron – dependente do metabolismo mitocondrial – para a manutençao de sua adequada funçao.


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MICOFENOLATO DE MOFETIL (MMF) EM SINDROME NEFROTICA IDIOPATICA PEDIATRICA DE DIFICIL TRATAMENTO

VAISBICH, M. H. ;HENRIQUES, L.; LANZARINI, V.; KOCH, V. H.

UNIDADE DE NEFROLOGIA PEDIATRICA – INSTITUTO DA CRIANÇA – HOSPITAL DAS CLINICAS – FMUSP

Introduçao: Síndrome Nefrótica Idiopática (SNI) córtico-dependente (CD) ou córtico-resistente (CR) é freqüentemente um desafio para o clínico. O objetivo deste estudo é relatar os resultados observados em relaçao a eficácia e efeitos adversos com o uso de MMF em uma populaçao pediátrica CD ou CR com concomitante toxicidade ao corticóide ou a ciclosporina. Material e Métodos: Uma série de 8 pacientes (2 meninas) é descrita, média de idade 12,1 anos (3,5-18), intervalo de tempo médio entre diagnóstico e início de MMF foi= 7,5 anos. Inicialmente 6/8 pacientes eram CR e 2/8 CD. Biópsia renal mostrou GESF em 6/8 e LHM em 2/8 casos. Previamente ao MMF, 7/8 foram tratados com Ciclofosfamida (CF) e 6/8 com ciclosporina (CYA). No início do MMF 4/8 pacientes eram CD (3/4 com toxicidade à CYA e 1/4 após falhar na retirada do corticóide) e 4/8 eram CR (3/4 após CF e CYA e 1 após CF). MMF, na dose de 600 mg/m2SC a cada 12 horas, foi prescrito associada a prednisona (PDN). Proteína transportaddora de retinol urinária (RBPur) foi avaliada previamente ao MMF em 7/8 casos. Resultados: A medicaçao foi bem tolerada. Uma resposta positiva foi observada em 5/8 casos (4/5 estao em remissao com MMF: 2 sem PDN por 7 e 14 meses, 1 recidivou após 1 mês sem PDN e esta foi reiniciada e 1 paciente está atualmente em retirada gradual da PDN;1/5 apresentou melhora clínica após o início do MMF com reduçao na necessidade de infusoes de albumina, apesar de diminuiçao discreta da proteinúria, porém concomitante a queda no ritmo de filtraçao glomerular. Resposta negativa foi vista em 3/8 pacientes: 1/3 desenvolveu diabetes mellitus após 3 meses de MMF e a droga foi suspensa. RBPur aumentada foi detectada em 3/8 pacientes, todos que nao responderam. Conclusoes: Resultados positivos, ao menos temporários, foram observados em 5/8 casos tornando o MMF uma opçao de tratamento em SNI pediátrica. A RBPur pode ser um bom marcador de resposta negativa à imunossupressao nestes pacientes. A ocorrência de diabetes mellitus em 1 paciente necessita ser esclarecida.


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MICOFENOLATO MOFETIL (MMF) NO TRATAMENTO DAS GLOMERULONEFRITES

ANDRADE, L. C. F.; PAULA, R. B.; CARMO, P. A. V.; BASTOS, M. G.

FUNDAÇAO INSTITUTO MINEIRO DE ENSINO E PESQUISA EM NEFROLOGIA

Introduçao: O MMF é o éster do ácido micofenólico, o qual é um potente inibidor nao competitivo e reversível da desidrogenase inosina monofosfato, enzima catalizadora da síntese de novo das purinas. Como imunossupressor, atua na antiproliferaçao das células B e T sensibilizadas, diminuindo a produçao de citocinas, formaçao de anticorpos e atividade das moléculas de adesao. Objetivo: Relatar os casos de GNs tratados com MMF. Material e Métodos: 8 pacientes foram tratados com MMF, em doses iniciais de 2 gramas ou 1 grama/dia como induçao e mantidos com 1grama por ate 18 meses, associado a baixas doses de prednisona. Resultados: A tabela 1 refere os casos tratados.

Casos 1 e 2: apresentavam diabete melito antes do MMF. Caso 1: apresentou pneumonia. Caso 4: com Insuficiência renal. Casos 5 e 6: excluídos por pneumonia e diarréia graves.. Caso 8: leucopenia de 2800/ml Conclusao: O MMF é uma alternativa imunossupressora válida no tratamento das GNs.


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MICROALBUMINURIA COMO MARCADOR PRECOCE DE DOENÇA RENAL NA NEFROPATIA DA ANEMIA FALCIFORME

NOBREGA, T. C. O. ;CARDOSO, L. R. ORNELLAS, J. F. R.

UNIVERSIDADE FEDERAL DO RIO DE JANEIRO

Introduçao: A doença renal na anemia falciforme (AF) com evoluçao para insuficiência renal crônica (IRC) é precedida por proteinúria em 68%, com maior morbilidade e menor sobrevida em relaçao aos doentes sem IRC. A microalbuminúria (MA) é um marcador sensitivo de envolvimento renal, anterior a proteinúria. Objetivo: determinar a prevalência de MA em pacientes com AF sem doença renal estabelecida e a associaçao de marcadores prognósticos. Métodos: estudo de corte transversal em 51 pacientes com AF com idade de 15 a 30 anos. A MA foi estimada por nefelometria e os pacientes divididos em 2 grupos: com microalbuminúria (MAU) e sem microalbuminúria (s/MAU) e testados a possíveis associaçoes com ácido úrico (AU), hemoglobina fetal (HF) e úlcera de perna. Excluídos os pacientes hipertensos, com proteinúria, hematuria, dor, infecçao, transfusao 15 dias antes do estudo, ou outra doença associada. Resultados: Prevalência de MA foi de 27,5%. Nao houve diferença dos parâmetros clínicos, laboratoriais e indicadores de severidade da doença. Houve diferença significante da HF e AU nos grupos MAU e s/ MAU (p= 0,01; p=0, 03, respectivamente) e uma correlaçao inversa da MA com HF (r= -0,31; p= 0,04) e direta da MA com AU (r= 0, 31; p= 0,02), e, tendência estatística de ulcera de perna com MA (p=0,08). A análise pela regressao linear múltipla mostrou uma combinaçao linear entre microalbuminúria, HF e AU. Conclusoes: A microalbuminúria pode ser um importante marcador precoce de doença renal na AF. Níveis de HF e AU podem servir como marcadores prognósticos nesta doença e direcionar tratamento e evitar progressao p/IRC. MAU= 9. 98 – (2.67*HF) + (9.11*AU) r=0,464 R2=0,216

 


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MICROALBUMINURIA NA AVALIAÇAO DE CRIANÇAS COM DOENÇA FALCIFORME

CILLO, A. C. P.; SANTOS, C. C.; PELICCIONI, D. .; UEJO, D. S.; TAVARES, C. M.; BLUMER, J.; MOTTA, A. C.; BRANDALISE, S. R.

PUC-CAMPINAS.

Introduçao: A anemia falciforme é uma doença de envolvimento multissistêmico sendo a nefropatia uma das suas principais e mais graves complicaçoes. Método: Nosso objetivo é determinar a incidência de nefropatia falcêmica pela análise da microalbuminúria na urina de 24h. Foram estudadas 71 crianças: 34 de sexo feminino (41,9%) e 37 do sexo masculino (52,1%); com diagnóstico de anemia falciforme SS, em acompanhamento ambulatorial. Analisamos microalbuminúria 24h, de todos os pacientes. A microalbuminúria foi considerada patológica acima de 30 mg/dl. Resultados: Divididas por idade em 4 grupos:

  • Grupo A: entre 2 e 5 anos; (10 pacientes = 14,0%);
  • Grupo B: entre 6 e 10 anos; (21 pacientes = 29,5%);
  • Grupo C: entre 11 e 15 anos; (21 pacientes = 29,5%);
  • Grupo D: acima de 16 anos; (19 pacientes = 27,0%);

Todos apresentaram funçao renal normal. Encontramos 14 pacientes (19,7%) com microalbuminúria patológica. Destes 5 (35,7%) no grupo B; 3 (21,4%) no grupo C; 6 (42,9%) no grupo D. Nenhum no grupo A. Conclusao: Concluímos que a microalbuminúria em crianças com anemia falciforme tem uma incidência significativamente elevada na faixa etária acima dos 5 anos. Os resultados preliminares sugerem este método como importante indicador precoce da nefropatia podendo ser utilizado como marcador evolutivo.


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NEFRITE LUPICA EM IDOSO : DIFICULDADE DIAGNOSTICA

GABRIEL, I. C. S.; KIRSZTAJN, G. M. FRANCO, M. F.

UNIFESP.

Introduçao: Lúpus Eritematoso Sistêmico (LES) é uma doença que se manifesta predominantemente em mulheres jovens, sendo raros os quadros de abertura em idosos. Objetivo: Relato de apresentaçao incomum de LES/nefrite lúpica. Relato do caso: Indivíduo masculino, 73 anos, branco, dizia que há cerca de 6 meses da admissao iniciou quadro de edema progressivo de membros inferiores e face,evoluindo com edema de genitália e ascite; 3 meses depois, observou reduçao do débito urinário e foi diagnosticado HAS. Relatava ressecçao transuretral de próstata há 6 anos (hiperplasia benigna), uso crônico de AINH (dor lombar), ser ex-tabagista e ex-etilista. Ao exame inicial: regular estado geral, hipocorado (1+/4+), em anasarca, PA:160 x 100 mmHg, sopro sistólico panfocal (2+/4+), estertores crepitantes em 1/3 inferior bilateralmente. O paciente foi submetido a biópsia renal percutânea (nefropatia membranosa) e investigaçao de neoplasia (TC de tórax e abdome: normais; colonoscopia: pólipo Yamada I; proteinúria de Bence Jones negativa). Como evoluísse com anemia e leucopenia, foi feito mielograma (medula óssea hipocelular com hipoplasia eritróide e presença de microeritroblastos), sendo afastado Mieloma Múltiplo. Apresentou quadro de pneumonia nosocomial e piora da funçao renal, revertidos com Ceftriaxone e suspensao de diurético de alça. Teve alta sem definiçao do diagnóstico etiológico. Evoluiu com déficit de funçao renal e agravamento da anemia e da síndrome nefrótica. Durante acompanhamento ambulatorial fez-se diagnóstico de Lúpus Eritematoso Sistêmico (critérios: renal, hematológico, sorológico e serosites) e foi instituída terapia imunossupressora específica, e após 4 anos mantém creatinina sérica de 1,6 mg/dL (variou de 1,3 a 3,9 mg/dL) e proteinúria de 0,96 g/24h (chegou a 8,5 g/24h prétratamento). Discussao/Conclusao:> A apresentaçao de LES em indivíduos idosos é incomum, fazendo-se acompanhar de uma certa dificuldade diagnóstica. Neste caso, o maior enfoque nas etiologias mais frequentes por tipo histológico e idade retardou o diagnóstico, que só se fez após o resultado positivo do FAN. É importante fazer esse tipo de pesquisa em pacientes com glomerulopatias, mesmo em idosos, especialmente quando outras manifestaçoes sistêmicas sugerem nao se tratar de doença primária.


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NEFRITE LUPICA EM PACIENTE COM RINS POLICISTICOS: UM RELATO DE CASO

PITTA, F. A.; FERRAZ, R. R. N.; IGLESIAS, J. A. A.; SILVA, P. R. S.

FUNDAÇAO DO ABC – HOSPITAL DE ENSINO – SAO BERNARDO DO CAMPO – SP

Introduçao: O Lúpus Eritematoso Sistêmico com manifestaçao de nefrite lúpica já está estabelecido na literatura e descreveremos um caso com associaçao com rins policísticos. Objetivo: Apresentar um caso ilustrativo dessa situaçao e rever conceitos. Método: Revisao de prontuário e da biópsia renal percutânea. Relato de caso: SBS, 28a, F, parda. Em 2000, a paciente sabidamente hipertensa, iniciou com quadro de edema de membros inferiores de pequena intensidade e volume urinário normal, neste período fazia uso irregular de hipotensores. Apresentava em 2000, ultra-som de rins e vias urinárias (US) compatível com rins policísticos e sem história familiar de doença policística renal. Em setembro de 2003 devido a um quadro infeccioso pulmonar, iniciou avaliaçao clínica por apresentar lesoes cutâneas em membros superiores e inferiores, rash malar, dores articulares (pequenas e grandes articulaçoes), mialgia e piora significativa do edema de membros inferiores. Ao exame laboratorial mostrava-se com a creatinina sérica de 1,0 mg/dl, uréia sérica de 35 mg/dl, FAN (+) 1/1280, complemento fraçao C4: 21 mg/dL e C3:120 mg/dL, albumina sérica de 3,1 mg/dl, hemoglobina de 10 g/dL, clearance de creatinina: 35,4 ml/min, proteinúria: 9,3 g/24 h. Novo US 2003 com múltiplos cistos renais, compatível com rins policísticos e doppler colorido de artérias renais: normal. A biópsia renal(BR) mostrava um quadro histológico de glomerulonefrite proliferativa difusa, padrao endocapilar com crescentes fibrocelulares em 40%, atrofia tubular focal, fibrose intersticial discreta e cistos epiteliais de retençao. Iniciou-se tratamento imunossupressor com 03 pulsoterapias endovenosas de metilprednisolona e 01 de ciclofosfamida associados à prednisona 1mg/kg/d via oral, e mantidos os hipotensores. Evoluiu com remissao da atividade lúpica. Conclusoes: Dentro deste contexto, pudemos observar que a presença de cistos epiteliais de retençao (tubulares corticais) vistos à BR estao relacionados à doença renal policística e que o fato da paciente ser portadora deste distúrbio genético nao influenciou o tratamento da fase de atividade da nefrite lúpica.


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NEFRITE LUPICA: MARCADORES SOROLOGICOS E ASPECTOS DA IMUNOFLUORESCENCIA NA BIOPSIA RENAL NAS FORMAS MEMBRANOSA E PROLIFERATIVA DIFUSA

BEZERRA, R.; WORONIK, V.; BARROS, R. T.

DISCIPLINA/SERVIÇO DE NEFROLOGIA DO HOSPITAL DAS CLINICAS DA FACULDADE DE MEDICINA DA USP.

Introduçao: Relatos de literatura sugerem uma menor atividade imunológica e achados de imunofluorescência ( IF ) mais pobres na forma membranosa ( Classe V ) em relaçao às formas proliferativas de Nefrite Lúpica. Assim, Haas descreve presença de “Full House” em 64% de pacientes da classe V em oposiçao a quase 100% na classe IV. Métodos: Foram estudado o comportamento de marcadores sorológicos e achados de IF na biópsia renal de 118 pacientes com nefrite lúpica, sendo 40 com a classe V pura e 78 com a classe IV, definidos pela classificaçao da OMS revista por Weening et al. O estudo foi retrospectivo, com análise de prontuários, avaliando-se os marcadores sorológicos por ocasiao da biópsia renal. Os achados da IF foram quantificados para cada imunoglobulina (Ig) e complemento em intensidade dos depósitos, desde negativa ( zero ) até +++ ( 3 ). Resultados: O sexo masculino era mais freqüente na classe IV(16%) em relaçao a classe V (2,5%), p=0,03; Nao havendo diferença entre os grupos quanto à idade 27 vs 30 anos, respectivamente ( p=0,16). Os resultados dos marcadores sorológicos estao na tabela abaixo.

Com relaçao à IF nao encontramos diferenças quanto à presença de Ig e complemento entre a classe IV e V com a seguinte distribuiçao: IgG 92%vs 92%; IgA 56,7% vs 43,2%; IgM 58% vs 48,6%; C3 88% vs 73% e C1q 49% vs 35%, respectivamente. O achado de “Full House” foi de 18% vs 16%,respectivamente. Com relaçao à intensidade do depósito de IgG entre classes IV e V, encontramos deposiçao fraca em 36% vs 21% e deposiçao forte em 63% vs 78%, respectivamente, porém sem significância estatística.Conclusao: Na Nefrite Lúpica a forma proliferativa difusa apresenta mais freqüentemente C3 consumido e Hb < 12, enquanto a forma membranosa presença de anticorpos antifosfolípides.


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NEFROPATIA POR IGA DURANTE O USO DE ISOTRETINOINA

RAMOS FILHO, R.; OLIVEIRA, V. S. VIEIRA JUNIOR, A. E.; BARRETO, J. C. S.

HOSPITAL GERAL DE GOIANIA.

Introduçao: Paciente W.C.B. 20 anos, soldado da polícia militar, atleta, durante exames de rotina na corporaçao encontrou proteinúria de 2.4g/24hs. Encaminhado ao nefrologista. Paciente relatava estar bem, sem queixas, negava edemas, hematúria ou hipertensao. Estava em uso de isotretinoína (Roacutan®) para tratamento de acne há 6 meses. PA:140x80mmHg. Avaliaçao laboratorial: uréia:29mg/dl; creatinina:0.8mg/dl; proteínas:6.3g/dl; albumina:3.1g/dl; glicemia: 62mg/dl; colesterol:160mg; triglicérides:111mg; sorologias para hepatite B e C: negativas; FAN e ANCA: nao reagentes; C3:60 (n:91 a 157); C4:10(n:13 a 43); CH50:84: TGO:17; TGP:14; EAS: 37leucocitos p/c; 4hemácias p/c; proteinúria: 3.5g/24hs; Ultra-sonografia renal: normal. Suspenso o medicamento isotretinoína e após 2 meses como o paciente mantinha a proteinúria, foi submetido a biópsia renal. Biópsia renal: 23 glomérulos, sendo 2 em área justa-medular, mostram expansao segmentar da matriz mesangial com formaçao de sinéquias. Esses glomérulos mostram cápsula de Bowman difusa e irregularmente espessada. Túbulos focalmente atróficos, principalmente aqueles localizados na periferia dos glomérulos alterados. Interstício alargado por discreta proliferaçao fibroblástica nas áreas de atrofia tubular. Vasos sem alteraçoes. Imunofluorescência: IgG negativo, IgM traço mesangial, IgA 3+/3+ mesangial, C3 traço mesangial, C1q negativo, fibrina negativo. Diagnóstico: glomerulopatia esclerosante segmentar e focal e, associando com a imunofluorescência, glomerulopatia por IgA. Evoluçao: iniciado pulsoterapia com corticoide e ciclofosfamida com remissao da proteinúria. Retinóides (isotretinoína) têm sido usados no tratamento experimental de glomerulopatias em ratos por suas atividades antiinflamatórias e antiproliferativas. (JASN 2000 11:179-1487; NDT 2001 1613:441-444; Kidney Int 2001. 60:222-2234). A influência da isotretinoína como fator positivo ou negativo na evoluçao do paciente relatado, nao pode ser determinada.


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O BLOQUEIO DO SISTEMA RENINA ANGIOTENSINA NA PROGRESSAO DAS GLOMERULOPATIAS CRONICAS PROTEINURICAS EM RINS NATIVOS

MOSCOSO, G. S.; CAMARA, N. O. S.; FRANCO, M.; SILVA, A. P.; KIRSZTAJN, G. M.

UNIVERSIDADE FEDERAL DE SAO PAULO-UNIFESP.

Introduçao: A inibiçao do sistema renina angiotensina com os inibidores da enzima conversora de angiotensina (IECA) restaura ao normal a distribuiçao das proteínas na membrana basal glomerular, mantendo sua funçao, e por outros mecanismos, atenua a perda da funçao renal. Objetivos: Avaliar a resposta ao bloqueio do SRA através da terapia com IECA na progressao das glomerulopatías crônicas proteinúricas. Materiais e M: Neste estudo retrospectivo, foram incluídos 85 pacientes com glomerulopatias crônicas proteinúricas com diagnóstico por biópsia, que foram divididos em dois grupos: Grupo 1 (n=64) com uso da terapia com IECA por pelo menos 8 semanas, grupo 2 (n=21) sem IECA. Foram avaliados parâmetros clínicos e bioquímicos antes e depois da terapia. Resultados: Os grupos eram comparáveis em relaçao a idade, sexo e tipo de glomerulopatias. Nos pacientes do grupo 1, o uso de IECA diminuiu acentuadamente a proteinúria em comparaçao com os que nao receberam IECA (R2=0,0895 vs R2=0,1541, p<0,001). A funçao renal manteve-se estável em ambos os grupos, embora o grupo que nao usou IECA tenha apresentado uma tendência à reduçao da funçao renal com o tempo (R2=0,025 vs R2=0,0491). Conclusoes: Este estudo demonstrou que o uso de IECA diminui a proteinúria de maneira efetiva e mantém a funçao renal (avaliada pela creatinina sérica) estável, retardando a progressao da doença .


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PADRAO DAS DOENÇAS GLOMERULARES NO AMAZONAS

CARDOSO, A C.D.; MASTOIANNI, G.; FRANCO, M. FREITAS, A .C.

SERVIÇO DE NEFROLOGIA DO HOSPITAL UNIVERSITARIO GETULIO VARGAS – AM.

Objetivo: Descrever as biópsias renais realizadas de 03/93 a 04/04 no Serviço de Nefrologia do Hospital Universitário Getulio Vargas (Am) e analisar os casos de Glomerulopatias. Métodos: Foram avaliadas restropectivamente 519 biópsias renais realizadas em pacientes internados no Serviço de Nefrologia do HUGV – Am. Foram estudados os seguintes parâmetros: idade, sexo, freqüência e apresentaçao clínica das glomerulopatias primárias e secundárias. Resultados: 345 (66,5%) casos correspondem a glomerulopatias; lesoes glomerulares primárias foram observadas em 131 (38,1%), doenças vasculares em 13 (3,8%), doenças metabólicas Em 13 (3,8%) e, finalmente , as doenças glomerulares secundárias , representadas nesta casuística apenas pela nefrite lúpica em 72 casos (20,9%), sendo a maioria da classe IV (78,0%), seguida da classe V (12,0%), classe II e III (4,0%) e classe VI (2,0%). A Gesf foi a doença glomerular primária mais freqüente, diagnosticada em 43 pacientes (33%), seguida da GNM em 27 (20,9%), LM em 20 (15,3%), GN crescêntica em 14 (11,0%), GNMP em 4 (3,3%), Nefropatia por IgA em 4 (3,3%), GPM em 3 (2,2%), GNC esclerosante em 3 (2,2%) e glomerulonefrites nao – classificadas em 3 casos (2,2%). Conclusoes: A Gesf foi a lesao renal primária mais freqüente. O Lupus Eritematoso Sistêmico destacou-se como causa das glomerulopatias secundárias e a classe IV foi a mais freqüente entre as nefrites lúpicas.


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PREVALENCIA DE DOENÇAS INFECCIOSAS ESPECIFICAS EM PACIENTES COM SINDROME NEFROTICA

DONATTI, T. L.; ASSIS, S. B. SALLES, C. H. A.; TEIXEIRA, R. S. L.

UNIVERSIDADE FEDERAL MATO GROSSO – FACULDADE DE CIENCIAS MÉDICAS – HOSPITAL UNIVERSITARIO JULIO MULLER (HUJM).

Introduçao: O achado de um número cada vez maior de estudos mostrando a importância das doenças infecciosas na evoluçao dos pacientes imunossuprimidos, principalmente os transplantados, nos fez adotar a rotina da realizaçao das sorologias para as doenças infecciosas mais freqüentes, em todos os pacientes, seja nos novos, antes da introduçao dos glicocorticóides ou naqueles já em seguimento. O objetivo deste estudo é avaliar a prevalência das doenças infecciosas nos pacientes com SN e a possível interferência da sua positividade com a evoluçao da doença. Método: Foram avaliados retrospectivamente 83 prontuários de pacientes com SN acompanhados no ambulatório de Nefrologia pediátrica do HUJM. Resultados: 53 masculinos e 30 femininos. Destes, 67 (80,7%) eram Córtico-sensíveis (sendo 6 CSRF; 49 CSRI e 12 CD); 14 (16,9%) Córtico-resistente e 2 (2,4%) nao fizeram uso de corticóides.A biópsia renal foi realizada em 33 pacientes (39,8%) sendo 16 (19,3%) LGM; 3 (3,6%) PMD; 12 (14,5%) GEFS; 1 (1,2%) Finlandês e 1 (1,2%) EMD. A positividade das sorologias realizadas foi: Toxoplasmose IgG: 32(38,4%) e IgM: 5 (6,0%); Citomegalovírus IgG: 54 (65,1%) e IgM: 3(3,6%); HBSAg: 2(2,4%); AntiHBSAg: 70 (84,3%); PPD: 3(3,6%). Nao houve positividade dos testes de HIV; Hepatite C e VDRL. Nao houve correlaçao significativa entre a positividade das sorologias com o tipo histológico, resposta ao corticóide ou seu tem – po de uso. Porém, 2 pacientes com IgM+ para CMV na descompensaçao inicial da SN nao usaram corticóides e tiveram remissao espontânea. 4 pacientes com IgM+ para toxo em episódio inicial foram tratados para toxo e tiveram remissao total da SN, sem recidivas e sem seqüelas após o tratamento. Por outro lado, três pacientes córtico-dependentes, de evoluçao grave, com IgG+ títulos altos/ascendentes para toxo foram tratados e tiveram remissao também total, sem recidivas mas, infelizmente um com seqüelas de toxo ocular.Conclusao: Devemos conhecer o estado sorológico prévio dos pacientes com SN antes da introduçao de agentes imunossupressores e, estarmos alertas para detectar os quadros de infecçao aguda e reativaçao de infecçao antiga. A real participaçao destas patologias como desencadeadoras de proteinúria ou complicando uma SN já instalada necessita de melhores estudos.


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PREVALENCIA DE PROTEINURIA EM PACIENTES ANTIHIV POSITIVOS NO AMBULATORIO DE DOENÇAS INFECTO-PARASITARIAS DO HOSPITAL DAS CLINICAS DA UNIVERSIDADE FEDERAL DE PERNAMBUCO (HC-UFPE)

CAVALCANTE, M. A. G. M. ;VALENTE, L. M. MOURA, L. A.; COELHO, S. N.; LACERDA, H. R.

HOSPITAL DAS CLINICAS – UNIVERSIDADE FEDERAL DE PERNAMBUCO.

Introduçao: Estudos revelam que a taxa de prevalência de proteinúria em pacientes antiHIV positivos varia de 7 a 30%. A detecçao de proteinúria persistente é um marcador importante no diagnóstico de glomerulopatia, especialmente a associada ao vírus da imunodeficiência humana (GNHIV). No Brasil esses dados sao escassos e sao da regiao sudeste do país. O objetivo deste trabalho é verificar a prevalência de proteinúria em pacientes antiHIV positivos em ambulatório específico do HC-UFPE para HIV/AIDS, em Recife e suas possíveis causas, especialmente a correlaçao com GNHIV. Pacientes e Métodos: Foram avaliados 415 pacientes ambulatoriais no período de Janeiro a Maio de 2004, através de questionário e coleta de amostra de urina para realizaçao de fita urinária (Multistix) e análise por microscopia (400x) no laboratório central do HC-UFPE. Os paciente com proteinúria foram submetidos a novo exame, assim como dosagem de proteinúria através de quantificaçao da relaçao albumina/creatinina (RA/C) na urina (método do vermelho de pirogalol-molibdato de Fujita e Kitano). O questionário aplicado constava de dados clínicos, socio-econômicos e laboratoriais, tais como sexo, idade, raça, escolaridade, renda pessoal, modo de contágio, tempo de diagnóstico (antiHIV positivo), nível de CD4 e carga viral, funçao renal atual (creatinina sérica), intercorrências infecciosas e drogas usadas nos últimos 6 meses. Resultados: Dos 415 pacientes avaliados, 292 (70%) eram do sexo masculino, a média de idade foi 38,1 anos (mediana 37) e as raças predominantes foram a parda e negra (80%). Foi detectada proteinúria em 35 pacientes (8%). Desses 35 pacientes, em 18 nao foi quantificada a RA/C na urina, em 10 (29%) foi < 1; em 5 (14%) estava entre 1 e 3; em 2 pacientes foi > 3. Um dos pacientes com RA/C > 3, foi realizada biopsia renal, com achado histológico de esclerose glomerular segmentar e global com ectasia e atrofia tubular multifocal e fibrose intersticial moderada. Conclusao: A prevalência de proteinúria em pacientes antiHIV positivos nesta amostra foi semelhante a encontrada na literatura (8%) e no caso submetido a biopsia o achado de GESFcolapsante é compatível com GNHIV. Outros pacientes serao biopsiados durante o seguimento.


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PROGRAMA DE ATENÇAO A NEFRITE LUPICA (NL)

ANDRADE, L. C. F.; REIS, M. F.; PEREGRINO, F. C.; PERNAMBUCO, J. M.; CARMO, P. A. V.; FRANCO, M. N.; SCOTTON, A. S.

NUCLEO INTERDISCIPLINAR DE ESTUDOS E PESQUISAS EM NEFROLOGIA.

Introduçao. Este programa foi criado em 2001 e tem caráter multidisciplinar, com participaçao de reumatologistas, nefrologistas, psicólogos, nutricionista e assistente social, interessados no bem estar e qualidade de vida do paciente portador de lúpus eritematoso sistêmico (LES). Casos com suspeita de NL ou nefropatas, cuja biópsia renal (BxR) sugere NL sao admitidos e cumprem protocolo para o diagnóstico e tratamento da NL, controle das crises e preservaçao da funçao renal. Objetivo. Apresentar resultados preliminares de um programa multidisciplinar de atençao para a NL. Material e método. De abril de 2001 a abril de 2004 foram revistos 46 protocolos de indivíduos lúpicos, idade de 30,13+/-2,47 (16-56) anos, 21 do sexo feminino e 15 brancos (br) e 8 nao brancos (nbr), sendo que 23 (50%) com NL, 12 (52,2%) apresentaram NL na evoluçao do LES, 9 (39,1%) como única manifestaçao do LES e 2 (8,7%) como manifestaçao inicial do LES. A NL obedeceu a seguinte distribuiçao por síndrome: nefrótica 8 (34,8%), nefrítica 4 (17,4%), mista 6 (26%), anormalidade urinária 4 (17,4%) e 1 caso de rapidamente progressiva; associadas às seguintes classes de NL: II=4, III=3, IV= 12 (52,2%), V=4. Nao houve diferença significativa entre br e nbr quanto ás características da NL. A avaliaçao da atividade do LES antes e após o tratamento mostrou bons resultados, tanto em br como nbr, comparado por ocasiao da BxR (SLEDAI >10) em 80% e após o tratamento (SLEDAI <10) em 75% dos pacientes. Atualmente, 5 (21,7%) pacientes estao em processo de cura, 9 (39,1%) parcialmente curados e 7 com crises freqüentes, sendo que um evoluiu para doença renal crônica e outro para o óbito. Conclusao: Sao relatados 23 casos de NL de um programa multidisciplinar, onde sao enfatizados o controle da atividade do LES e a preservaçao da funçao renal.


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PSEUDOTUMOR RENAL DEVIDO A GRANULOMATOSE DE WEGENER: RELATO DE CASO

NAKA, E. L.; AMORIM, S. P.; GUILHEM, M.; ARAUJO, E. S.; ABREU, P. F.; DIZ, M. C. E.; COUTINHO, I. H. I. L. S.; ARAULO, M. S.; MOREIRA, M. E. M.; SANTOS, D. R.; LARANJA, S. M. R.

HOSPITAL DO SERVIDOR PUBLICO ESTADUAL.

Paciente de 42 anos, sexo masculino, com história de emagrecimento, tosse, febre, anemia, funçao renal normal e discreta proteinúria. Os exames de imagem revelaram condensaçoes pulmonares e imagem em terço médio de rim esquerdo abrangendo plano gorduroso peri-renal sugestiva de tumor ou abcesso. O paciente evoluiu com perda rápida da funçao renal, porém sem necessidade de terapia dialítica e a biópsia renal evidenciou glomerulonefrite necrotizante com crescentes. Entre outros exames a pesquisa positiva do ANCAc confirmou o diagnóstico de Granulomatose de Wegener. Foi iniciado tratamento com corticóide e ciclofosfamida com recuperaçao parcial da funçao renal, reduçao importante da massa renal e desaparecimento das lesoes pulmonares. Granulomatose de Wegener é uma entidade clínica pouco freqüente que tem como substrato fisiopatológico vasculite paucimune de pequenos vasos. Na fase ativa da doença anticorpos anticitoplasma de neutrófilos de padrao citoplasmático (ANCAc) sao encontrados em cerca de 90% dos casos. No rim manifesta-se como glomerulonefrite necrotizante e a biópsia é imprescindível para o diagnóstico. A apresentaçao da Granulomatose de Wegener como imagem de pseudotumor é um achado raro que inicialmente pode confundir o diagnóstico e o tratamento médico apropriado.


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PURPURA DE HENOCH SCHONLEIN EM PACIENTE COM DIABETES MELLITUS

SILVA, M. V. M.; KIRSZTAJN, G. M.; FRANCO, M. F. LIPARIZI FILHO, W.; TEIXEIRA, A. A.

UNIFESP.

Introduçao: Uma mulher de 62 anos, há 8 meses da admissao vinha apresentando petéquias em membros; rash malar, sonolência, artralgias em joelhos e emagrecimento de 20 kg no último ano. Na infância teve febre reumática com lesoes na válvula mitral, que complicaram com episódios de fibrilaçao atrial (FA) aguda. Por ocasiao da 1ª internaçao por FA, há 6 anos, diagnosticou-se diabetes mellitus (DM). Tem um irmao com DM. No exame físico da admissao, a paciente estava em bom estado, sem sinais de insuficiência cardíaca ou uremia; PA 130 x 80 mmHg, FC 88 bpm; à ausculta, presença de sopro em foco mitral. Apresentava máculas e pápulas eritematosas indolores, de aspecto crônico, em membros inferiores, algumas palpáveis; sem edemas. No exame de fundo de olho apresentava espessamento da parede arteriolar, tortuosidade de vasos, além de sinais leves de catarata. Materiais e Métodos: Seus exames iniciais mostravam: hemoglobina: 15,3 g/dl; VCM: 90,2 fl; plaquetas: 305 000/mm3; leucometria: 7 400/mm3 (linfócitos: 1998/mm3); creatinina: 3,0 mg/dl; uréia: 84 mg/dl; sódio: 129 mEq/l; potássio: 4,2 mEq/l; glicemia: 108 mg/dl; albumina: 4,0 g/l; VHS: 50 mm(1ª hora); PCR: < 0,03 mg/dl. A proteinúria de 24 hs foi de 1,04 g/1240ml. A análise da urina I mostrava proteinúria (0,49 g/l), 15 leucócitos/campo, 80 hemácias/campo com dismorfismo eritrocitário (2+). A urucultura foi negativa. Sorologias negativas para hepatites (B e C) e HIV; FAN positivo; anti-DNAn, Anti-ENA, crioglobulinas e anticardiolipina e anticoagulante lúpico negativos; CH50 e C2H normais. A paciente foi submetida a biópsias de pele e rim. Resultados:Na biópsia de pele mostrava dermatite de interface e vasculite com imunofluorescência negativa. A biópsia renal mostrou-se compatível com nefropatia por IgA, com depósitos granulosos, difusos, mesangiais, de IgA e C3 com espessamento irregular da membrana basal glomerular e alteraçoes degenerativas podocitárias no microscopia eletrônica. Conclusao: A priori, poder-se-ia considerar que a causa da insuficiência renal neste caso seria nefropatia diabética. Porém alguns dados (ausência de retinopatia na fundoscopia, petéquias, FAN positivo) fizeram com que se aprofundasse mais a investigaçao, levando à realizaçao das biópsias, chegando-se ao diagnóstico da associaçao de Púrpura de Henoch- Schöenlein com nefropatia diabética em fase inicial. Há poucos relatos na literatura da associaçao dessas duas doenças acometendo os rins. Deve-se prestar atençao nos dados de história clínica, exame físico, dados laboratoriais para nao deixar de diagnosticar nefropatia diabética associada a outras glomerulonefrites.


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QUANDO REDUZIR CORTICOIDE NO TRATAMENTO DA GLOMERULOSCLEROSE SEGMENTAR E FOCAL IDIOPATICA

MOSCOSO, G. S. ;CAMARA, N. O. S.; FRANCO, M.; SILVA, A. P.; KIRSZTJAN, G. M.

UNIVERSIDADE FEDERAL DE SAO PAULO-UNIFESP.

Introduçao: Embora existam evidências de que a corticoterapia prolongada (>16 semanas) é mais efetiva para alcançar remissao completa em GESF, os tratamentos curtos também sao efetivos para um certo número desses pacientes. Objetivo: Avaliar retrospectivamente a duraçao ótima da terapia com corticóide na nossa populaçao com GESF. Material e Métodos: Estudo retrospectivo. Dos 55 pacientes inicialmente avaliados, todos com diagnóstico histológico de GESF (por MO e IF) e acompanhamento de pelo menos 12 meses, 17 nao usaram corticóide, restando 38 (25F/13M). Desses, 22 pacientes usaram a terapia com corticóide por < 16 semanas (grupo 1) e 11 por > de 16 semanas (grupo 2). Resultados: 55%(12/22) dos pacientes do grupo 1 tiveram remissao completa (RC=proteinúria negativa): 5/22 (4/5 com 8 sem de tratamento) e parcial (RP = proteinúria < 1g/24h) :7/22 ( 4/7 com 8 sem ); e 45% nao tiveram resposta; 27% dos pacientes do grupo 2 alcançaram remissao (RC 1/11 e RP 3/11 ), 73% nao remitiram. O grupo 2 teve maior nível de creatinina sérica antes e depois do tratamento quando comparado ao grupo 1 (p=0,029). O nível de proteinúria e a presença de hipertensao nao foram estatisticamente diferentes entre os grupos (p= 0,8) , que diferiram quanto à presença de esclerose global , infiltrado intersticial e atrofia tubular (p=0,02). Conclusoes: Constatamos que os pacientes com menos fatores de risco (grau de esclerose e alteraçoes tubulares e creatinina sérica elevada) responderam mais freqüentemente ao tratamento mais curto. O nível de proteinúria nao distinguiu os 2 grupos em relaçao à resposta a tratamento. Corticoterapia prolongada tem um papel bem estabelecido em GESF; neste estudo, o tratamento por 16 semanas acrescentou 32% e 23% de RP e RC, respectivamente, e o tratamento por >16 semanas acrescentou 35% e 38% de RP e RC, respectivamente. Os resultados sugerem que a definiçao da duraçao de tratamento deve ser individualizada caso a caso, levando em conta os parâmetros que influenciam a resposta.


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RASTREAMENTO DA ORIGEM DA MICROHEMATURIA ASSINTOMATICA ATRAVÉS DA ANALISE DE PARAMETROS URINARIOS

PENIDO, M. G. M. G.; BASTOS, M. G.; ABRANTES, M. M.; PENIDO, M. G.; GOMES, D. C. F. F.; GOULART, M. M.; FARIA, L. M.; RIBEIRO, I. G.

UNIDADE DE NEFROLOGIA PEDIáTRICA – HOSPITAL DAS CLíNICAS – FACULDADE DE MEDICINA UFMG – BH, MG.

Introduçao: microhematúria assintomática é freqüente na prática pediátrica. Identificar sua origem é necessário, entretanto, essa diferenciaçao nao é simples e a literatura é controversa. Objetivos: avaliar a sensibilidade (S) e a especificidade (E) de parâmetros urinários e sua aplicabilidade clínica, na identificaçao da origem da microhematúria. Métodos: sedimentos urinários de 101 pacientes portadores de hematúria (52 glomerulopatias; 46 alteraçoes metabólicas) foram analisados por microscopia de contraste de fase, o observador foi o mesmo nao sabendo o diagnóstico etiológico da hematúria. Padrao ouro para glomerulopatia: biópsia renal percutânea; para alteraçoes metabólicas: excreçao urinária de cálcio, ácido úrico e citrato em urina de 24h. Avaliou-se a presença de cilindros hemáticos, de acantócitos e de células G1 e o padrao morfológico das hemácias (dismórfico e isomórfico). Resultados: 52 (53%) masculinos, 46 (47%) femininos; nao houve diferença entre eles (p=0,40); 7 (8%) lactentes, 37 (44%) pré-escolares, 34 (41%) escolares e 6 (7%) adolescentes, nao houve diferença entre elas (p=0,42). Resultados:

Conclusoes: presença de acantócitos pode ser usada como triagem para hematúria glomerular (S=100%); presença concomitante de CH e PM pode ser usada como “diagnóstico muito provável” (E=96%); presença de três ou quatro parâmetros nao alterou a especificidade.


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REDUÇAO DA APOPTOSE NA NEFRITE LUPICA PROLIFERATIVA DIFUSA

DELGADO, A. G. TAKIYA, C. M.; SOUTO, M. I. D.; COELHO, A.; CARDOSO, C. R.; PASCARELLI, B. M. O.; CAMPOS, D. M.; ORNELLAS, J. F. R.; PAPI, J. A. S.

SERVIÇO DE NEFROLOGIA E SERVIÇO DE CLINICA MÉDICA, HOSPITAL UNIVERSITARIO CLEMENTINO FRAGA FILHO, DEPARTAMENTO DE EMBRIOLOGIA E HISTOLOGIA, UFRJ.

Introduçao. A apoptose é um mecanismo de morte celular responsável pela deleçao de células em processos hiperplásicos, como o observado em algumas glomerulonefrites proliferativas agudas pós-infecciosas, onde o fenômeno parece importante no clearance das células envolvidas na inflamaçao. Há pouca informaçao sobre a apoptose nas lesoes renais de pacientes com lupus eritematoso sistêmico (LES) e sua relaçao com a manutençao dos fenômenos inflamatórios. Este estudo foi realizado para avaliar a relaçao entre apoptose, proliferaçao celular e lesoes histológicas glomerulares em pacientes com nefrite lúpica classes IV e V. Métodos: Foram estudadas biópsias renais de 22 pacientes com LES, das quais 12 foram classificadas como tipo IV (grupo 1) e 10 como tipo V (grupo 2). A apoptose foi detectada através da técnica do TUNEL e as células em proliferaçao com o anticorpo monoclonal dirigido ao antígeno nuclear de células em proliferaçao (PCNA). Células glomerulares (intrínsecas ou extrínsecas) reativas ao PCNA (proliferaçao) ou ao TUNEL (apoptóticas) foram contadas e os resultados expressos como percentuais em funçao do número total de células por glomérulo. Resultados: Pacientes do grupo 1 apresentaram maior incidência de PCNA que os pacientes do grupo 2, respectivamente 13,2±15,8% e 1,6±1,2% (P<0,05), confirmando a natureza proliferativa da lesao. Apesar disso, a apoptose foi significativamente menor nos pacientes do grupo 1 (0,29±0,17%) que no grupo 2 (0,58±0,27, P<0,05). A relaçao PCNA/apoptose foi de 33,6±34,1 no grupo 1 e de 5,1±5,4 no grupo 2 (P<0,05), indicando uma reduçao da proporçao de células em processo de apoptose nas lesoes proliferativas. Conclusao: O processo de apoptose está diminuído na nefrite lúpica proliferativa difusa, quando comparada com a nefrite lúpica membranosa. Intensa proliferaçao sem aumento concomitante na apoptose (elevada proporçao PCNA/apoptose) parece ser característico dessa lesao, diferente do que foi encontrado na nefrite lúpica membranosa. Este achado está provavelmente relacionado à manutençao persistente do aumento de células encontradas na lesao do LES classe IV.


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REMISSAO DE MACROPROTEINURIA APOS TRATAMENTO COM INFLIXIMABE

LUCIANO, E. P.; LOPEZ, J. E. P.; KORN, D.

HOSPITAL PROF. EDMUNDO VASCONCELOS.

Introduçao: A glomerulonefrite menbranosa ( GM ) é uma das formas de lesao renal de difícil diagnóstico e tratamento, com altos índices de insucesso e recaídas. O arsenal terapêutico atual conta com drogas imunossupressoras como corticosteróides , Clorambucil, Ciclofosfamida e outras.O objetivo desse trabalho é demonstrar, através da descriçao de um caso clínico, a remissao de macroproteinúria após tratamento com Infliximab: Identificaçao: CGC, 44 anos , casado, natural de Ipecó (SP),branco, inspetor de banco.HMA : Hà 2 meses com edema de membros inferiores( tornozelo e pés), associados com dores lombares de forte intensidade,sem irradiaçao,em cólicas.Procurou o PS do hospital onde constatouse proteinúria importante.Exames laboratoriais: Proteinúria de 24hs( 7.728); microalbuminúria( 4.213);U(39);Cr(1.20);Hb(14.4);leucograma normal;FAN nr;AntiENA – AntiDNA – ANCA -; Sorologias para HepC e HepB -; VHS( 47); PCR(63.7); Alb(2.0); Dep.Creatinina(60.0); Biópsia renal: Complexo glomerulite mesangial/gloméruloesclerose segmentar e focal(Síndrome nefrótica primária).ID: depósitos granulosos,difusos,periféricos glomerulares de IgG e C3,em conclusao, a análise global favorece o diagnóstico de GN membranosa, estadio I. Tratamento: Infliximabe na dose de 3 mg/Kg, com protocolo de 0(zero), 15 e 30 dias da primeira dose. Conclusao: Houve reduçao significativa da proteinúria com a administraçao de Infliximabe após 30 dias da primeira dose.O Infliximabe, um anticorpo monoclonal quimérico, humano-murino, mostrou-se eficaz para a reduçao da proteinúria nos pacientes com GM e boa opçao dentro do arsenal terapêutico.


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SINDROME HEMOLITICO-UREMICA DURANTE GESTAÇAO – RELATO DE DOIS CASOS COM EVOLUÇAO ATIPICA

GARCIA, F. D.; BALBI, A. L. NASCIMENTO, G. V. R.; SILVA, T. N. V.; RODRIGUES JUNIOR, A. G.; SILVA, V. S.

FACULDADE DE MEDICINA DE BOTUCATU – UNESP.

SHU é caracterizada pela ocorrência simultânea de anemia hemolítica, trombocitopenia e insuficiência renal aguda, geralmente com sintomas evidentes. A seguir sao descritos dois casos de SHU com evoluçao atípica. Caso 1: GB, 26 anos, branca, G5P2A2, 11 semanas de gestaçao. História de HA de difícil controle há 8 anos, logo após a primeira gestaçao. Admitida por queixas de cefaléia e PA= 250×130 mmHg com exame físico normal. Fundo de olho (FO): retinopatia hipertensiva grau I. Exames laboratoriais: uréia (U) 264 mg/dl, creatinina (Cr) 13.3 mg/dl, clearence (Cl) Cr 24h 3,3 ml/min, proteinúria 24h (P24) 1.3 g, urina I: normal, hematócrito (Ht) 29.5%, plaquetas 81000/mm3, ausência de esquizócitos, bilirrubinas e haptoglobina normais. US renal com doppler de artérias renais: normal. Iniciada diálise peritoneal por azotemia, evoluindo com abortamento 7 dias após internaçao. Biópsia renal: microangiopatia trombótica. Atualmente mantém-se em programa crônico de hemodiálise. Caso 2: CG, 31a, branca, G3A1P1, acompanhada na obstetrícia com 33 semanas de gestaçao, deu entrada com quadro de descontrole pressórico (190 x 110 mmHg) e cefaléia (exames iniciais: Cr 1.0 mg/dl, U 41mg/dl, Ht 43%, P24 13,1 g, urina I: proteínas 3+ e 4-6 hemácias). Evoluiu com dor abdominal, sendo diagnosticado descolamento prematuro de placenta e óbito fetal e submetida a parto cesárea, sem intercorrências. No pós-operatório imediato evoluiu com anúria, PA 160 x 100 mmHg, elevaçao progressiva da Ur e Cr (POi 52 e 1.4, 1º PO 62 e 2.5, 3º PO 175 e 8.2mg/dl, respectivamente), alteraçoes hematológicas (Ht 29%, plaquetas 44000/mm3) e aumento de DHL (de 990 para 2400 U/l), sem alteraçao de bilirrubinas. FO normal. US renal normal. Iniciou no 3º PO, por azotemia, programa regular de hemodiálise. Biópsia renal: microangiopatia trombótica. Conclusoes: sao descritos dois casos de gestantes, com perda irreversível da funçao renal por SHU sem demonstraçao de hemólise (clínica e laboratorial), mesmo com anemizaçao importante.


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SINDROME NEFROTICA (SN) ANTECEDENDO DOENÇA INFLAMATORIA INTESTINAL (DICII) EM PACIENTE ANCAP POSITIVO

DONATTI, T. L.; DUARTE, D. M. G.; PEREIRA, M. M. ASSIS, S. B.; SILVA, W. V.

UNIVERSIDADE FEDERAL DO MATO GROSSO-FACULDADE DE CIENCIAS MÉDICAS- HOSPITAL UNIVERSITARIO JULIO MULLER (HUJM).

Introduçao: Há uma variedade de relatos isolados de alteraçoes renais associados com doença inflamatória intestinal cronica (DICI). Os dados da literatura sao ainda conflitantes em relaçao à real fisiopatologia destas alteraçoes. Método: Dados extraídos do prontuário do paciente no HUJM, no período de 20/10/99 a 14/06/2004. Resultados: G.C.O. masc, 13a5m, acompanhado desde 20/10/99 (6a10m).A SN apresentou-se conforme critérios do ISKDC e fez uso irregular da Prednisona durante 16 meses, com comportamento CSRF, quando entao iniciou diarréia, vômitos, cansaço e fraqueza. Ao exame: mau estado geral, hipocorado ++/4+, pele seca e áspera, emagrecido (déficit =25%), cabelos ralos e quebradiços. Fígado fibroelástico, 2cm do RCD e baço nao palpável. Hipercolesterolemia (236mg/dL) hipoalbuminemia (2,3g/dl), hipopotassemia (2,3mEq/L), hipocalcemia (6,5mg/dL), hiponatremia (120mEq/L), e urina com proteinúria (1235mg/24hs=58,8mg/Kg/dia), glicosúria, hemoglobinúria e reabsorçao de cálcio e fósforo diminuídas. A exaustiva propedêutica para doenças sistêmicas mostrou apenas ANCAp positivo. Biópsia renal com proliferaçao endocapilar discreta, difusa (esclerose glomerular global 1/22); alteraçoes degenerativas/regenerativas epiteliais tubulares e fibrose intersticial discreta. IF com depósitos granulares de C3d (+/++) em alças capilares e mesangio. Evoluiu com diarréia com hematoquesia, dor abdominal, ulceraçoes labiais, orais e peri-anais. A colonoscopia mostrou pancolite ulcerativa com pseudopólipos, e biópsia compatível com DICI em atividade. Apresentou lesoes hipercrômicas difusas na pele, cuja biópsia revelou Lupus discóide. Beta 2 microglobulina elevada na urina da fase aguda da doença (2960microg/24hs). Houve franca regressao da diarréia, das alteraçoes tubulares renais e recuperaçao nutricional com azatioprina, metronidazol e prednisona. Um ano após, na tentativa de retirada da prednisona, mesmo com azatioprina, houve recidiva da SN, sem tubulopatia ou atividade da DICI. Conclusao: Este caso demonstra o intrincado envolvimento renal, seja tubular ou glomerular, com a DICI. Mais estudos precisam ser realizados para elucidar a fisiopatologia e o papel do ANCAp nestas alteraçoes.


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SINDROME NEFROTICA CONGENITA TIPO FINLANDES- APRESENTAÇAO DE TRES CASOS CLINICOS

LOPES, C. B.; COIMBRA, M. S. R.; VILAR, A. J.; LOPES, C. B.; SANTOS, C. N.; LIMA, A. V.; SERRA, D. S.; SANTIAGO, L. S.; FRANCO, M. C. A.

FUNDAÇAO SANTA CASA DE MISERCORDIA DO PARA.

Introduçao: A Síndrome Nefrótica Congênita tipo Finlandês (SNCF) é uma doença rara de caráter autossômico recessivo, cujo gene está localizado no braço longo do cromossomo 19q13. Apresenta manifestaçoes clínicas, como proteinúria maciça, hipoalbuminemia, anasarca, já nos primeiros dias de vida. O diagnóstico é clínico e laboratorial, podendo ser realizado ainda na vida intra-uterina através da dosagem de alfafetoproteína no líquido amniótico, cujos níveis estao elevados, porém a confirmaçao diagnóstica é por biópsia renal. É uma entidade clínica com alta morbidade e mortalidade, cuja evoluçao, freqüentemente, é para insuficiência renal crônica (IRC), sendo o transplante renal o único tratamento. Métodos: Relato de três casos de SNCF ocorridos na Fundaçao Santa Casa de Misericórdia do Pará. Um dos caso é procedente de uma aldeia indígena do Pará, com cerca de cento e cinqüenta habitantes, e com costume de casamentos consangüíneos e com relato de ocorrência de casos semelhantes a estes, porém nao diagnosticados. Todos os casos foram submetidos à avaliaçao clínica e laboratorial, e confirmados por biópsia renal pós-morten. Resultados: Em todos os três pacientes ocorreu proteinúria, hipoproteinemia, hipoalbuminemia, hipercolesterolemia e edema. Todos evoluíram com perda progressiva da funçao renal, e óbito antes dos cinco anos de idade. Conclusao: A SNCF é uma doença grave que evolue inexoravelmente para IRC; com óbito precoce por complicaçoes infecciosas e inerentes a síndrome. Sendo de grande importância o diagnóstico ante-natal e o aconselhamento genético nos casos de pais consangüíneos ou com história de síndrome nefrótica congênita na família.


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TRATAMENTO DAS PROTEINURIAS E SINDROMES NEFROTICAS (SN) PELO CLORAMBUCIL ( CLB )

ROCHA, J. R. C.; CERQUEIRA, C. G.

RENALRIO – HOSPITAL DA BENEFICENCIA PORTUGUESA, RJ.

Introduçao: Quando nao respondem adequadamente aos corticóides (CS), as SN exigem tratamentos complexos e de risco, na maioria das vezes. Tantas tem sido as tentativas terapêuticas, que hoje dispomos de inúmeros medicamentos e protocolos diferentes. Neste trabalho apresentamos a experiência de nosso grupo, com o uso do CLB para o tratamento das proteinúrias, num período de 25 anos. Métodos – Foram revistos os tratamentos e as evoluçoes de 26 pacientes que receberam CLB para suas glomerulopatias., sendo 19 adultos, 4 adolescentes e 3 crianças. Destes, apenas 2 nao foram biopsiados e tidos como Lesao Mínima ( LM) clássica, pela evoluçao clínica. Após as biópsias, este grupo ficou assim dividido: Glomeruloesclerose Focal e Segmentar (GESF) 13 (50% ), Glomerulopatia Membranosa (GM) 7 (27%) e LM 6 (23%). Em alguns casos, os pacientes também receberam CS, mas a maioria dos pacientes foi tratado apenas com CLB. A dose média do CLB utilizada foi de 0.2 mg/kg/dia e o tempo médio de administraçao de 9 ± 3,3 semanas. Note-se que após alguns anos de observaçao, passamos a adotar a linfopenia absoluta (linfócitos < 700 /mm3 ) como “end point” terapêutico, para suspensao do CLB. Para efeito de avaliaçao, definimos como cura total aqueles que apresentaram proteinúria menor do que 300 mg / dia e como cura parcial os que reduziram a proteinúria para menos do que 3,5g/24 horas. Os outros foram considerados insucesso. Resultados: No total, 21 pacientes (80.7%) tiveram cura total , 2 (7.7%) tiveram cura parcial e apenas 3 (11.5%) nao responderam. Todos os pacientes com GM e com LM tiveram remissao completa, enquanto, enquanto dos 13 pacientes com GESF, 8 (62%) remitiram completamente, 2 (15%) parcialmente e 3 (23%) nao responderam. Como efeitos colaterais importantes, 1 paciente desenvolveu Herpes Zoster de evoluçao benigna e outro, de 67 anos e com LM, apresentou Doença de Hodgkins (DH) 7 meses após o término da terapêutica. A relaçao causa-efeito entre o CLB e DH nao pode ser estabelecida com segurança, já que os linfomas podem ser antecedidos, neste grupo etário, em vários meses, por quadro de LM. Conclusao: Em nossas maos,o CLB tem sido muito eficaz para o tratamento de algumas glomerulopatias. De maior importância, gostaríamos de salientar os bons resultados obtidos com GESF, uma patologia notoriamente resistente. O objetivo maior deste trabalho é resgatar o CLB como agente terapêutico eficaz e propor um novo protocolo, de fácil utilizaçao e baixa toxicidade.


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USO DA CICLOSPORINA A MICROEMULSAO NO TRATAMENTO DA SINDROME NEFROTICA NA INFANCIA – 2 ANOS DE SEGUIMENTO

MENESES, R. P. ;PROSPERO, H. R.; SYLVESTRE, L. C.; CARMES, E. R.

SERVIÇO DE NEFROLOGIA DO HOSPITAL PEQUENO PRINCIPE, CURITIBA, PARANA.

Introduçao: a remissao sustentada da proteinúria é o desfecho de interesse no tratamento da síndrome nefrótica primária (SNP). A ciclosporina A (CsA) é uma alternativa ao corticoesteróide (CE) nos córtico-resistentes (CR) e uma “redutora” de dose de CE nos córtico-dependentes (CD). Objetivo: determinar a taxa de remissao da proteinúria (<0,2g/24hrs) em crianças com SNP, CR ou CD, a evoluçao da dose cumulativa de CE, a tolerabilidade e segurança da CsA, em especial quanto à funçao renal. Metodologia: estudo de coorte nao controlado, com variáveis clínico-laboratoriais aferidas a cada 6 meses e biópsia renal. Significância estatística α < 0,01. Resultados: 29 (93,6%) de 31 crianças (7,3±3,5 anos) incluídas no estudo, tratadas com CsA, 6mg/kg,dia, C0 entre 80 e 150 ng/ml, completaram 6 meses de seguimento; 7 (22,6%) interromperam o estudo e 19 (61,3%) completaram 24 meses de tratamento até 15 de fevereiro de 2004, 14 (73,7%) do sexo masculino (p=0,009), 7 (36,8%) com glomerulosclerose segmentar e focal (GESF), 9 (47,4%) doença de lesoes mínimas e 3 (15,8%) proliferaçao mesangial difusa; 8 CD (4 com remissao) e 11 CR (7 remissoes). A ciclosporinemia variou de 131,1±42,1 ng/ml no 6º mês a 109,9±28,2 no 12º, a creatinina de 0,53±0,1 a 0,63±0,2 md/dl (NS), colesterol de 377,8±161,2 (mediana 343,0) a 225,7±157,3 (mediana 183,0) mg/dl (p<0,0001), a albumina sérica de 2,5±1,1 a 3,6±0,9 g/l (p<0,0001). A mediana (med) da dose cumulativa de CE foi de 175,3±86,5 mg/kg/6meses no início do estudo, 90,0±42,6, med 86,6, aos 6 meses (p<0,0001) e 21,4±40,7 mg/kg/6m (mediana 0,77) aos 24 meses (p<0,0001). A proteinúria de 24 horas foi 3,8±2,7g/l, med 2,7, 1,5±3,3, med 0,0, (p=0,043), 0,8±1,7, med 0,0, (p=0,068), 0,3±0,7, med 0,0, (p=0,125), 1,1±1,9 (med 0,06), (p=0,081), no início e aos 6, 12, 18 e 24 meses de tratamento, respectivamente. Conclusoes: A CsA microemulsao mostrou-se efetiva e segura no tratamento de crianças CD e CD com SNP ao final de 24 meses de estudo. As taxas de remissao foram de 77,8% aos 6 e 12 meses, 73,7 e 57,9 para os que completaram 18 e 24 meses de seguimento (p<0,0001, p=0,6547, p=0,5376 e p=0,4941). Observou-se reduçao significativa na dose cumulativa de CE, funçao renal estável e tolerância à medicaçao. Nesta série o desfecho foi independente do diagnóstico histológico. Considerou-se particularmente beneficiado o grupo de GESF, que na maioria dos trabalhos publicados apresenta baixos índices de resposta ao tratamento.


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VARIABILIDADE INTEROBSERVADOR NA AVALIAÇAO DE DISMORFISMO DE HEMACIAS NA URINA

COMERLATO, L.; GONÇALVES, L. F. S.; PROCKNOW, A. A.

UNIVERSIDADE FEDERAL DO RIO GRANDE DO SUL-HOSPITAL DE CLINICAS DE PORTO ALEGRE.

Objetivos: Este estudo analisa a variabilidade na análise do dismorfismo eritrocitário no sedimento urinário por diferentes observadores, avaliando a correlaçao entre as observaçoes e a sua associaçao com o diagnóstico etiológico. Métodos: Dezoito amostras de sedimento urinário de pacientes com hematúria glomerular e nao glomerular previamente diagnosticadas foram selecionados e analisados de forma padronizada com microscopia de contraste de fase por um único pesquisador. As imagens das hemácias, em aumento de 400X, foram filmadas e capturadas digitalmente com o software Image-Pro Plus 4.0, Maryland, US, sendo entao armazenadas em um CD ROM e organizadas em diferentes pastas, uma para cada paciente. O número de hemácias em cada pasta variou de acoedo com a intensidade da hematúria, porém em número mínimo de 100/pasta. Estas imagens foram analisadas por doze observadores responsáveis pela análise de dismorfismo eritrocitário em laboratórios de análises clínicas de Porto Alegre. Os observadores, cegos em relaçao ao diagnóstico, classificaram as amostras pela presença ou ausência de dismorfismo e estimaram a porcentagem de dismorfismo em relaçao ao número total de hemácias. A análise estatística foi realizada com o teste de correlaçao de Pearson e testes Kappa e Phi, adotando-se um nível de significância de p<0,05. Resultados: Utilizando o ponto de corte de 75% de hemácias dismórficas como diagnóstico de hematúria glomerular, o diagnóstico correto foi obtido em 79% das observaçoes (sensibilidade de 76%, especificidade de 82%, valor preditivo positivo de 80% e valor preditivo negativo de 78%). A correlaçao entre as observaçoes foi de kappa 0,58. Nao encontrou-se correlaçao estatisticamente significativa entre o acerto no diagnóstico e a idade, tempo de experiência e experiência prévia com contraste de fase dos observadores. Conclusoes: A despeito da ausência de critérios rígidos e padronizados de avaliaçao e classificaçao de dismorfismo, sua realizaçao por profissionais envolvidos na prática assistencial apresenta um aceitável nível de acurácia e concordância, justificando seu uso na avaliaçao de pacientes com hematúria.


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VARIABILIDADE INTEROBSERVADOR NA AVALIAÇAO DE DISMORFISMO DE HEMACIAS NO SEDIMENTO URINARIO

GONÇALVES, L. F. S.; PROCKNOW, A. A.;FISCHER, J.; URNAU, M

SERVIÇO DE NEFROLOGIA DO HOSPITAL DE CLINICAS DE PORTO ALEGRE E PROGRAMA DE POS-GRADUAÇAO EM CIENCIAS MÉDICAS: NEFROLOGIA, UFRGS.

Introduçao: A análise de dimorfismo de hemácias na urina é uma prática usual na avaliaçao de hematúria, embora controversa quanto a quantificaçao e interpretaçao. Estudamos a variabilidade interobservador na análise do dismorfismo eritrocitário, com correlaçao entre as observaçoes e sua associaçao com o diagnóstico etiológico. Métodos: 18 amostras de sedimento urinário de pacientes com hematúria glomerular e nao glomerular foram analisadas com microscopia de contraste de fase por um único pesquisador, com filmagem e captura digital das hemácias com o software Image-Pro Plus 4.0, e armazenagem em CD ROM. Estas imagens foram analisadas por 12 observadores responsáveis pela análise de dismorfismo em laboratórios de Porto Alegre, cegos em relaçao ao diagnóstico, que classificaram as amostras pela presença ou ausência de dismorfismo e estimaram o seu percentual. Análise estatística: Correlaçao de Pearson, Kappa, nível de significância: P < 0,05. Resultados: Utilizando o ponto de corte de 75% de hemácias dismórficas como diagnóstico de hematúria glomerular, o diagnóstico correto foi obtido em 79% das observaçoes (sensibilidade: 76%, especificidade:82%, valor preditivo positivo: 80%, valor preditivo negativo:78%). A correlaçao entre as observaçoes foi kappa 0,58. Nao encontrou-se correlaçao significativa entre o acerto no diagnóstico e idade, tempo de experiência e experiência prévia com contraste de fase. Conclusao: A análise de dismorfismo de hemácias na urina por profissionais envolvidos na prática assistencial apresenta um aceitável nível de acurácia e concordância, justificando seu uso na avaliaçao de pacientes com hematúria.

POSTERES – Glomerulopatia

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