J. Bras. Nefrol. 2014;36(1):80-92.

Inibição da reabsorção renal de glicose como uma nova forma de tratamento para pacientes com diabetes

Eugenio Cersosimo, Carolina Solis-Herrera, Curtis Triplitt

DOI: 10.5935/0101-2800.20140014

A importância do rim na homeostase de glicose é reconhecida desde há muitos anos. Observações recentes, indicando um papel maior do metabolismo renal da glicose em várias condições fisiológicas e patológicas, reavivaram o interesse no manuseio renal de glicose como um alvo em potencial para o tratamento do diabetes. A enorme capacidade das células tubulares proximais para reabsorver a carga total de glicose filtrada, utilizando o sistema de co-transporte de sódio e glicose (SGLT), tornou-se o foco de atenção. Estudos originais realizados em animais experimentais com o uso do inibidor não-específico da SGLT florizina, demonstraram que a hiperglicemia após pancreatectomia diminuiu como resultado de glicosúria forçada. Posteriormente, foram desenvolvidas diversas substâncias com propriedades mais seletivas de inibição da SGLT-2 (“segunda geração”). Vários agentes foram usados em ensaios pré-clínicos e clínicos, e alguns já foram aprovados para uso comercial no tratamento da diabetes tipo 2. Em geral, os dados clinicos mostram que um período de 6 meses de tratamento com inibidores da SGLT-2 é seguido por uma taxa de excreção de glicose urinária média de ~ 80 g/dia, acompanhado por uma queda na glicemia de jejum e pós-prandial e com redução média na HbA1C de – 1.0%. Também foram relatados perda concomitante no peso corpóreo e uma leve mas consistente queda da pressão arterial. Em contraste, eventos adversos transitórios como poliúria, sede com desidratação e hipotensão ocasional foram descritos na fase inicial de tratamento. Além disso, um aumento significativo na ocorrência de infecções urogenitais, particularmente em mulheres, foi documentado com o uso de inibidores da SGLT-2. Os efeitos cardiovasculares, renais e ósseo/minerais a longo prazo destes agentes ainda são desconhecidos.

Conclusão:

Os inibidores da SGLT-2, se usados de forma criteriosa e em pacientes adequados, representam uma opção terapêutica única, que explora um novo mecanismo de ação anti-hiperglicêmico independente da insulina. Estão portanto indicados, tanto na monoterapia ou em combinação com outros agentes no tratamento de pacientes obesos com diabetes tipo 2.

Inibição da reabsorção renal de glicose como uma nova forma de tratamento para pacientes com diabetes

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