J. Bras. Nefrol. 2014;36(3 suppl. 1):53-71.

Temas Livres Pôsters – Transplante

TLP: 129

Perfil Epidemiológico das Doenças Tropicais Negligenciadas em Pacientes Transplantados Renais de um Hospital de Referência do Estado do Ceará

Autor(es): Silvana Daher Costa; Geraldo da Silva Bezerra Júnior; Camilla Neves Jacinto; Yago Sucupira Amaral; Lorena Vasconcelos Mesquita Martiniano; Ronaldo de Matos Esmeraldo; Elizabeth De Francesco Daher; Renan Gomes Mendes Diniz; Lara Raissa Cavalcante Malveira; Douglas de Sousa Soares

Hospital Geral de Fortaleza

INTRODUÇÃO: O transplante, devido ao seu crescente sucesso, tornou-se a primeira opção terapêutica para muitas doenças que afetam a população mundial. Com a melhora das técnicas cirúrgicas e dos esquemas imunossupressores, que reduziram significativamente as complicações e a rejeição aguda nos pacientes transplantados, as doenças infecciosas negligenciadas ganharam importância como causas de morbidade e mortalidade nesses pacientes. O objetivo do presente estudo foi avaliar a epidemiologia e o impacto das doenças tropicais em pacientes transplantados renais.
MÉTODOS: Foi realizado um estudo retrospectivo, observacional, transversal, predominantemente analítico, com prontuários de pacientes que realizaram transplante renal em um hospital de referência, no período de janeiro de 1993 a dezembro de 2013.
RESULTADOS: Foram analisados 1109 pacientes dos quais 81 apresentaram doenças infecciosas tropicais, entre elas, Tuberculose (n=33), Varicela (n=11), Herpes Zoster (n=17), Calazar (n=6), Dengue (n=6), Criptococose (n=3), Histoplasmose (n=2), Hanseníase (n=1), Toxoplasmose (n=1) e SIDA (n=1). Em 7 casos foi observada infecção por mais de um tipo de agente etiológico. A média de idade desses pacientes foi de 39,1±14,7 anos, sendo 64,2% do sexo masculino. O tempo médio de diálise desses pacientes antes do transplante foi de 39,4±34,9 meses e o tempo médio da entre o transplante e a infecção foi de 42,7±47,4 meses. As médias de creatinina sérica foram 1,71±0,85 mg/dL antes da infecção; 2,85±2,33mg/dL na vigência da infecção e 1,63±0,76 três meses após o tratamento. Dos 81 pacientes, 40,1% apresentaram alteração da função renal no momento do diagnóstico da infecção e 16% após o tratamento. Rejeição do enxerto foi observada em 18,5% antes da infecção e 11,1% após. Óbito foi o desfecho em 13,6% e perda do enxerto em 14,8% dos casos.
CONCLUSÃO: O presente estudo demonstra que as doenças tropicais negligenciadas tem relevância na morbimortalidade de pacientes transplantados renais, indicando a necessidade da instituição de protocolos e recomendações para sua profilaxia e tratamento efetivo.


TLP: 130

Estresse oxidativo protéico e inflamação: alterações pós transplante renal

Autor(es): Larissa Vieira Marino; Larissa Rodrigues Neto Angéloco; Elen A. Romão; Paula Garcia Chiarello

Faculdade de Medicina de São Paulo – Universidade de São Paulo

INTRODUÇÃO: O transplante renal é considerado a melhor opção terapêutica para pacientes com Doença Renal Crônica em estágio terminal, proporcionando melhor qualidade de vida e prolongando a expectativa de vida.
OBJETIVO: avaliar as alterações em estresse oxidativo proteico e parâmetros inflamatórios em pacientes no período pós-transplante renal imediato e tardio, além da influência de algumas variáveis clínicas.
MÉTODOS: 35 pacientes submetidos ao transplante renal, _ 18 anos, com enxerto funcionante, de doadores vivos ou cadáveres, foram avaliados no momento da alta hospitalar e 3 meses depois. Foram considerados nas duas avaliações os exames bioquímicos de rotina (sódio, potássio, ureia, creatinina e hemograma completo); além de lipidograma, ferro sérico, ferritina, albumina, proteínas totais e proteína C reativa. Para avaliação do estresse oxidativo foram dosados os produtos proteicos de oxidação avançada (AOPP) e vitaminas A, C e E.
RESULTADOS: notou-se, na alta hospitalar, que os valores de albumina e proteínas totais foram significativamente menores entre os indivíduos que apresentaram rejeição ao enxerto. Após três meses verificou-se uma melhora gradativa e significativa da função renal, acompanhada pela melhora do quadro de anemia e estresse oxidativo, concomitante à normalização dos eletrólitos séricos. Em contrapartida, observou-se um aumento significativo no LDL-colesterol (20,52%). Na razão AOPP/albumina observou-se uma redução significativa de 34,83%, entre os dois períodos avaliados. Correlações estatisticamente significativas mostraram que para aqueles indivíduos em que o tempo de isquemia fria (TIF) foi maior, mais negativas foram as mudanças nos níveis séricos de vitamina C (_= – 0,3751; p= 0,0257) e para aqueles que ficaram mais tempo internados, menores foram as quedas em AOPP (_= 0,4396; p= 0,0076). Quanto aos parâmetros inflamatórios não houve alteração estatisticamente significativa.
CONCLUSÃO: o transplante renal melhora muitas das anormalidades que ocorrem no período dialítico, incluindo o quadro de estresse oxidativo proteico. Todavia, instaura-se gradativamente um quadro metabólico caracterizado por dislipidemia e outros fatores, que estão diretamente relacionados ao risco de eventos cardiovasculares, comumente observados nesta população.


TLP: 131

Uso combinado de inibidores da calcineurina e inibidores da mTOR em receptores de transplante renal: eficácia, segurança e tolerabilidade em longo prazo 

Autor(es): Mayara Ivani de Paula; Claudia Rosso Felipe; Alexandra Nicolau Ferreira; Hélio Tedesco; José Osmar Medina Pestana

Hospital do Rim, Universidade Federal de São Paulo

INTRODUÇÃO: Eficácia e segurança do uso de novo dos inibidores da mammalian target of rapamycin (imTOR) em longo prazo foram avaliadas principalmente baseadas em dados de registro.
MÉTODOS: Esta foi uma análise retrospectiva de 10 anos de dados obtidos de 10 estudos prospectivos randomizados em receptores de transplante renal de novo recebendo ICN em combinação com sirolimo (n=329), everolimo (n=128) ou antimetabólitos (n=124).
RESULTADOS: Não houve diferença ao longo de 10 anos nas sobrevidas do paciente (84,5 vs. 80,9 vs. 89,7,p=0,996), do enxerto (65,4 vs. 59,5 vs. 73,1% p=0,868) e livre de rejeição aguda comprovada por biópsia (78,1 vs. 77,3 vs. 79,0%, p=0,976). A incidência de infecção por CMV foi menor (6 vs. 3 vs. 11%, p=0,024) enquanto que descontinuação do tratamento foi maior (66 vs. 47,7 vs. 31,5%, p<0,001) entre pacientes recebendo imTOR, respectivamente. No quinto ano pós-transplante, a média da taxa de filtração glomerular estimada (49,8±18,5 vs. 47,6± 20,7 vs. 55,0±18,5 mL/min, p=0,023) e a proporção de pacientes com proteinúria (53 vs. 40 vs. 23%, p<0,001) foram maiores entre pacientes recebendo imTOR, respectivamente.
CONCLUSÃO: A eficácia do uso de novo dos imTOR é comparável aos antimetabólitos em receptores de transplante renal recebendo ICN. Apesar da menor incidência de infecções por CMV, o perfil de segurança é desfavorável, mostrando maiores taxas de descontinuações do tratamento, função renal inferior e maior incidência de proteinúria.


TLP: 132

Avaliação dos pacientes renais que se preparam para a inclusão na lista de transplante em um hospital público de Fortaleza-CE 

Autor(es): Fabiana Juareza Rodrigues Brasil Sindeaux; Juliana Gomes Ramalho de Oliveira; Rita Mônica Borges Studart ; Islene Victor Barbosa; Francisca Elisângela Teixeira Lima; Geórgia Alcântara Alencar Melo; Ana Carine Goersch Silva

Hospital Geral de Fortaleza

INTRODUÇÃO. A lesão renal crônica (LRC) é caracterizada por uma redução lenta e progressiva da função renal que se mantém por períodos variáveis, resultando na inabilidade dos rins em exercer suas funções básicas. O transplante renal é a modalidade de tratamento substitutivo que promove uma melhor qualidade de vida e que permite ao paciente levar uma vida bem próxima da normalidade. Objetivou-se avaliar os pacientes renais que se preparam para a inclusão na lista de transplante.
MÉTODO. Estudo documental de natureza quantitativa, realizado em um hospital público terciário situado em Fortaleza-CE, referência em transplante renal. A amostra foi composta por 120 pacientes que não estão cadastrados na central de transplante, e que são acompanhados no ambulatório do referido hospital. Os dados foram coletados no período de julho de 2013. O estudo foi aprovado pelo Comitê de Ética em Pesquisa.
RESULTADOS. Dentre os pacientes estudados, 57,5% eram do sexo masculino, com idade entre 44 a 53 anos (29,2%), com companheiro, com peso entre 41 a 60 quilos e possuíam condições habitacionais adequadas. Aavaliação dos pacientes renais que não estão ativos na lista para transplante revelou uma média de um a dois anos para estarem aptos à realização do transplante (41,7%), e que a maioria estava em tratamento dialítico entre três a cinco anos (25,8%). Os pacientes procedentes do interior do estado constituem a maior parcela dos participantes deste estudo (63,3%). Dentre os pacientes não ativos em lista, 49,2%% não tinham ocupação formal e 26,7% possuíam ensino fundamental incompleto. Entre as principais pendências para a inclusão destes pacientes em lista destacam-se: avaliação cardiológica (32,5%), endoscopia digestiva (31,7%) e parecer odontológico (30%).
CONCLUSÕES. O fato da maioria dos pacientes não inscritos em lista ser procedente do interior do Estado prolonga consideravelmente o tempo de preparação por precisarem se deslocar até a capital para a realização dos exames e consultas. A maior pendência no preparo destes pacientes, foi o parecer cardiológico devido à dificuldade no agendamento das consultas dos usuários do Sistema Único de Saúde. Outra dificuldade neste processo preparatório é a longa espera na realização da endoscopia digestiva alta que está diretamente relacionada à dinâmica dos serviços públicos de saúde.


TLP: 133

Glomerulopatia Membranosa Pós-Transplante Renal 

Autor(es): Artur Quintiliano Bezerra da Silva (da Silva AQB); Mastroianni Kirsztajn G; de Sandes TV

UNIFESP

INTRODUÇÃO: A glomerulopatia membranosa (GNM) é uma das causas mais comuns de síndrome nefrótica (SN) na população adulta, correspondendo a cerca de 20% dos casos. Pouco se sabe sobre o comportamento dessa doença quando se desenvolve após o transplante renal, relatando-se incidência variável, na dependência da definição utilizada (histológica ou clínica e histológica) e do tipo de doença glomerular nos rins nativos.
MÉTODOS: Estudo retrospectivo de GNM pós-transplante renal (pTxR) em um centro de transplante renal, onde 11525 transplantes já foram realizados. Foram avaliados os prontuários dos pacientes no período de janeiro/1983 a janeiro/2014, sendo encontrados 33 casos (0,28%) de GNM pTxR.
RESULTADOS: Predominaram pacientes do sexo masculino (54,5%), 96,7% tinham hipertensão, 9,1% diabetes, 51,5% dislipidemia, 36,3% função retardada do enxerto, 21,1% rejeição aguda celular, não havendo rejeição humoral. A sobrevida média do enxerto foi de 103 meses (m) e 106m entre aqueles que perderam o enxerto (9/33). O tempo médio para detecção da primeira proteinúria foi de 48m e para o diagnóstico de GNM pTxR foi 58m, através de biópsia do enxerto. Em 11 pacientes, a GNM era secundária (HCV, HBV, LES, neoplasia). Recorrência primária, glomerulopatia “de novo” primária, recorrência secundária e “de novo” secundária corresponderam a 30,3%, 36,36%, 6,1% e 27,3%, respectivamente. Os antígenos leucocitários humanos (HLA) mais comuns foram: A2 (54%), B35(37,5%) e DR11 (37,5%). Desenvolvimento de GNM pTxR ocorreu em pacientes com diferentes esquemas de imunossupressão para transplante.
CONCLUSÃO: No presente estudo, perda do enxerto não foi comum ao longo do seguimento; o início da proteinúria foi mais tardio do que em relatos prévios (48m vs. 10 m) e síndrome nefrótica não correspondeu à principal manifestação inicial (como usualmente descrito). Diagnosticou-se recorrência em 36,4% (uma frequência superior à de relatos prévios), independentemente do esquema imunossupressor utilizado. Análises adicionais estão em andamento para definir melhor o perfil desse grupo de pacientes e peculiaridades da sua evolução.


TLP: 134

Experiência de um centro de transplantes de alto volumeem biópsias de enxerto renal

Autor(es): Michele Andraus; Cahuê Henrique M. C. Pinto; Carolina Muniz Schaff; Luciana Wang Gusukuma; Tainá Veras de Sandes Freitas; Marcello Fabiano de Franco; Hélio Tedesco Silva Junior; José Osmar Medina Pestana

Hospital do Rim / Fundação Oswaldo Ramos

INTRODUÇÃO: A biópsia de enxerto renal (BxR) constitui o padrão ouro para o diagnóstico, prognóstico e tratamento das patologias renais após o transplante. Este estudo descreve a experiência de um centro transplantador que realiza mais de 1. 000 biópsias de enxerto renal por ano.
MATERIAL E MÉTODOS: Estudo retrospectivo que avaliou todas as BxR realizadas entre março/11 e maio/13 em um único centro, procedimento praticado com agulha automática de 18 gauge, padronizado e realizado por um número restrito de profissionais treinados. Foram descartadas as BxR cujo registro de adequação, diagnóstico ou complicação estavam incompletos. Foram consideradas satisfatórias as amostras _ 7 glomérulos e _ 1 vaso.
RESULTADOS: No período citado, foram realizadas 2365 BxR e 1531 foram analisadas: 34 BxR protocolares e 1497 BxR por indicação. Destas, 2% foram guiadas por ultrassonografia. Os pacientes eram predominantemente homens (65%), jovens (média de 41 anos, variando de 5 a 75 anos), sendo 1102 (72%) receptores de transplante com doador falecido. 3% dos pacientes estavam usando AAS. As principais indicações foram disfunção aguda do enxerto (43%), função tardia do enxerto (23%), controle de tratamento de rejeição aguda (18%) e função insatisfatória do enxerto (7,8%). A incidência de rejeição aguda nas indicações citadas acima foi 44, 42, 69, e 39%, respectivamente. Imunofluorescência foi realizada em 20% dos casos. 72% das amostras foram satisfatórias e 3,6% apresentaram complicações: hematúria (44 casos, 80%), reação vaso-vagal (8 casos, 15%), hematoma com necessidade de abordagem cirúrgica (2 casos, 4%), e óbito (1 caso, 2%). A análise univariada mostrou que nenhuma das variáveis demográficas, a indicação, a adequação, o uso de AAS e a modalidade (guiada ou não guiada por US) não estiveram relacionados a maior risco de complicações.
CONCLUSÃO: A experiência do centro mostrou que o procedimento de BxR foi efetivo em obter amostras adequadas, com baixa incidência de complicações. Nenhuma das variáveis testadas esteve associada a maior incidência de complicações.


TLP: 135

Avaliação de biópsias protocolares de enxerto renal em pacientes submetidos a conversão de tacrolimo parasirolimo três meses após o transplante

Autor(es): Tainá Veras de Sandes-Freitas; Claudia Rosso Felipe; Erika Fernandes Campos; Maria Gerbasi de Lima; Maria Fernanda Soares; Marcello Fabiano de Franco; Hélio Tedesco Silva; José Osmar Medina-Pestana

Hospital do Rim / Fundação Oswaldo Ramos / Universidade Federal de São Paulo-UNIFESP

INTRODUÇÃO: É elevada a incidência de rejeição subclínica (RSC) em regimes baseados em ciclosporina e seu tratamento associase a melhores desfechos clínicos e histológicos. No entanto, a incidência de RSC em regimes contendo tacrolimo (TAC) em concentrações convencionais é reduzida e não parece haver benefício na identificação e tratamento desses episódios. Não há evidências sobre a incidência de RSC em regimes baseados em TAC em concentrações reduzidas (TACred), e qual o impacto histológico da eliminação de TAC em pacientes expostos a TACred.
OBJETIVOS: Avaliar os achados histológicos de biópsias protocolares (BxP) e a pesquisa de anticorpos específicos contra o doador (D. S. A) de pacientes recebendo imunossupressão baseada em TACred, com conversão para sirolimo (SRL) três meses após o transplante renal (TxR).
METODOLOGIA: Foram avaliadas as BxP de tempo zero (T0), mês 3 (M3) e 24 (M24) e a pesquisa D. S. A de 169 receptores de TxR, os quais receberam TACred (5-7ng/mL), prednisona e micofenolato, com conversão para SRL no M3 (grupo SRL) ou manutenção com TACred (grupo TAC).
RESULTADOS: Dos 169 pacientes incluídos, 140 foram analisados no M3. A população consistiu predominantemente de homens (65%), jovens (44 anos), receptores de TxR com doador vivo (55%), de baixo risco imunológico (PRA 1,6%, MM 3). A média da concentração de TACred no M3 foi 6ng/mL. Aincidência de RSC foi 8,6%, com predomínio de infiltrados borderline (58%). No mês 24, apenas 1 paciente (grupo SRL) apresentava RSC (infiltrado borderline). Cinco pacientes (4 do grupo SRL e 1 do grupo TAC) apresentaram episódio de rejeição aguda (RA) após o M3. As lesões de fibrose intersticial e atrofia tubular (FIAT) predominaram no grupo SRL (69 vs. 44%, p 0,022) e foram mais severas. Apesar de não estatisticamente significante, uma maior proporção de pacientes no grupo SRLdesenvolveu D. S. Ano mês 24 (19 vs. 7%). Não houve benefícios da conversão com relação à taxa de filtração glomerular (61,5 vs. 67,8 mL/min, p=NS), e o grupo SRL apresentou maior incidência de proteinúria (59,6 vs. 25%, p =0. 001).
CONCLUSÕES: Aincidência de RSC em pacientes recebendo regime com TACred não foi desprezível, mas com predomínio de infiltrados borderline, cujo significado é incerto . Os pacientes convertidos para SRLapresentaram maior incidência de FIAT, com lesões mais severas. Amaior incidência de D. S. Após transplante e maior incidência de RApós conversão pode justificar esse achado.


TLP: 136

Doença Mineral Óssea no Transplante Renal

Autor(es): Ana Elisa Souza Jorge; André de Sousa Alvarenga; Gerson Marques Pereira Junior; Carlos Rafael de Almeida Felipe; Rafaelle Cristine Batista de Oliveira; Soraia Cristina Cantini; Marcelo Tavares de Souza; Brenda de Sá Senna Prates; Marcelo Mageste Rodrigues; Sarah de Castro

Santa Casa de Belo Horizonte

INTRODUÇÃO: A doença mineral óssea (DMO) após o transplante renal (Tx) é uma complicação frequente, complexa e muitas vezes negligenciada. Está relacionada à DMO pré-Tx, ao uso de imunossupressores e à função do enxerto. O objetivo deste estudo foi avaliar a evolução dos níveis séricos de paratormônio (PTH), cálcio total (Ca) e fósforo (P) no primeiro ano pós-Tx e suas correlações.
MÉTODOS: Foram selecionados pacientes transplantados renais entre 2009 e 2013 que possuíam medidas Ca, P e PTH pré e póstransplante. Foram realizadas análises de regressão linear e coeficiente de Spearman para avaliar a associação entre essas variáveis. Foram utilizados também teste-t pareado e nãopareado, Wilcoxon e Man Whitney.
RESULTADOS: Foram avaliados 39 pacientes com média de idade de 43 anos, sendo 56% do sexo feminino e 77% de transplantes com doador falecido. Antes do Tx, 53,8% dos pacientes apresentavam PTH > 300 pg/ml. No primeiro ano pós-Tx, 17,9% dos pacientes apresentavam hipercalcemia, 17,1% hipofosfatemia, 68% mantinham PTH acima do valor de referência (hiperparatireoidismo residual) e o RFGe médio (CKD-EPI) foi de 52,2 ml/min/1,73m2.
No pós-Tx houve redução estatisticamente significativa dos níveis de PTH (PTHpré-tx=340,8 vs PTHpós-tx= 91,6) e P séricos (Ppré-tx= 5,2 vs Ppós-tx= 3,0). Já os níveis de Ca foram significativamente maiores (Capré-tx= 8,6 vs Capós-tx=9,3). Os níveis de PTH pré-Tx correlacionaram-se, no pós-transplante, diretamente com os níveis de PTH (p=0,001) e inversamente com os níveis de P (p=0,004). Não houve relação do PTH pré-Tx com o Ca e RFGe pós-Tx. Outro achado importante foi que níveis maiores de P pré-Tx se associaram a menor RFGe pós-Tx (p=0,03).
Houve forte correlação entre a calcemia e o PTH no pós-Tx (p=0,001), sendo que os pacientes hipercalcêmicos apresentaram níveis de PTH significativamente maiores do que os normocalcêmicos (PTHCa>10,1=232,9 vs PTHCa<10,1 = 75,8). Já o P e PTH pós-Tx se relacionaram de forma inversa, também com significância estatística (p=0,008).
CONCLUSÃO: Este trabalho evidenciou que o hiperparatireoidismo persistente pós-transplante foi frequente e muitas vezes associado à hipercalcemia e hiperfosfatemia. Além disso, observamos também que a hiperfosfatemia pré-transplante relacionou-se com menor RFGe no primeiro ano pós-transplante.


TLP: 137

Como poderíamos monitorar os anticorpos anti-HLA no pós transplante renal

Autor(es): Erick Acerb Barbosa; Renata Souza; Fabiana Agena; Gabriella Maciel; Patricia Souza; Hélcio Rodrigues; Elias David-Neto; Maria Cristina Ribeiro de Castro

INTRODUÇÃO: O objetivo do estudo foi avaliar através de técnicas muito sensíveis a presença e a cinética dos anticorpos anti-HLA antes e após o transplante renal e sua influência no aparecimento e na gravidade de episódios de rejeição aguda.
MÉTODOS: Este é um estudo prospectivo, observacional onde foram avaliados 1350 soros de 150 pacientes. Esses pacientes foram acompanhados durante um período de 12 meses após o transplante ou até a perda do enxerto. Foram utilizados soros para pesquisa de anticorpos anti-HLA isotipo IgG pela técnica do Luminex® e tipagem HLA classe I para locci A, B e C e classe II para os locci DR e DQ.
RESULTADOS: Foram estudados 82 pacientes do gênero masculino e 68 do gênero feminino, com idade média de 46,4 anos. A idade média dos doadores foi 43,6 anos. Noventa e nove pacientes receberam rins de doadores falecidos sendo, 45,5% sensibilizados, e 51 receberam rim de doadores vivos sendo, 29,5% sensibilizados. Entre os não sensibilizados pré-transplante, a taxa de rejeição aguda foi mais baixa (13,5% x 36,4%) p=<0,001 e o aparecimento de anticorpos doador específico (ADE) de novo ocorreu somente em 2,2%. Os pacientes que transplantaram com ADE tiveram OR 2,7 para rejeição aguda. O MFI-ADE do pré-transplante dos pacientes que rejeitaram foi igual ao dos que não rejeitaram (p=0,458). Os pacientes que apresentaram rejeição tiveram um aumento do nível de MFI médio de 22% entre o prétransplante e o 7º PO e os que não apresentam rejeição tiveram um descenso médio de 28%. Quanto maior a queda do MFI ao longo do 1ª ano menor foi a creatinina sérica ao final de 1 ano (p=0,053). Encontramos fatores que aumentaram o risco de elevação do MFI-ADE ao longo do transplante: ser mulher (OR=19,7), gestação prévia (OR=4,6), transfusão de sangue (OR=3), rim de doador falecido (OR=3,4) e retransplante (OR=1,5). Pacientes que não desenvolveram RAMA tiveram melhor função renal pela fórmula MDRD (p=0,0245).
CONCLUSÃO: A monitorização frequente e prospectiva dos anticorpos anti-HLA no pós-transplante renal é importante e pode identificar os pacientes com maior risco para rejeição. Não encontramos evidências de benefício na monitorização rotineira dos anticorpos anti-HLA em pacientes não sensibilizados porém os sensibilizados se beneficiaram da monitorização frequente especialmente no primeiro mês.


TLP: 138

Análise não invasiva da expressão de genes relacionados àrejeição aguda em pacientes estáveis submetidos àbiópsias protocolares no terceiro mês pós-transplante renal

Autor(es): Gabriel Joelsons; Tuany Domenico; Rosangela Munhoz Montenegro; Fernanda Almeron; Barbara Alemar; Cleandra Gregorio; Roberto Ceratti Manfro

Hospital de Clínicas de Porto Alegre

INTRODUÇÃO: A rejeição do transplante renal pode ocorrer de forma sub-clínica (RSC), sem que haja alteração de sua função, esse tipo de rejeição pode ser determinante da função e sobrevida em longo prazo.
OBJETIVO: Avaliar a incidência de RSC no terceiro mês póstransplante e avaliar biomarcadores moleculares não invasivos de RSC.
PACIENTES E MÉTODOS: Pacientes transplantados renais sequenciais com função renal estável foram avaliados com biópsia protocolar no 3º mês pós-transplante. As análises histopatológicas foram interpretadas de acordo com Banff 2007 e incluíram avaliação imunohistoquímica anti-C4d e anti SV-40. A expressão do mRNA no sangue periférico foi avaliada por qPCR para os genes Perforina, TIM3, FOXP3, CD138, CTGF e TGF-_.
RESULTADOS: Foram avaliados 110 pacientes receptores de transplante renal. Nas análises histopatológicas observou-se: (1) alteração borderline do enxerto renal em 28 pacientes (25,5%); (2) rejeição aguda do tipo Banff IAem 4 pacientes (3,6%); (3) IFTAleve em 14 pacientes (12,7%); (4) necrose tubular aguda em 7 casos (6,4%); (5) nefrotoxicidade por inibidores de calcineurina em 1 caso (0,9%); (6) marcação positiva para anti-SV40 em um caso (0,9%) e (7) 55 biópsias (50%) foram consideradas normais. Comparados aos pacientes sem rejeição os com rejeição aguda, incluindo aqueles com rejeição borderline, apresentaram medianas dos níveis de mRNA no sangue significativamente elevados para os genes Perforina (3,01 x 0,47; P=0,024), TIM3 (1,67 x 0,52; P=0,029), FOXP3 (1,46 x 0,54; P=0,03) e CTGF (1,48 x 0,38; P=0,042). Os genes de CD138 e TGF-B não demonstraram diferenças significativas nas comparações.
CONCLUSÕES: Nesta série, a realização da biópsia protocolar no 3º mês pós-transplante evidenciou alterações sub-clínicas em elevada porcentagem dos pacientes. As análises moleculares de amostras não invasivas se mostraram ferramentas potenciais no auxílio ao diagnóstico de rejeição em pacientes com função renal estável. Estas alterações podem estar relacionadas a desfechos desfavoráveis na evolução dos casos em médio ou longo prazo e reforçam a necessidade do desenvolvimento de biomarcadores não invasivos acurados que auxiliem na individualização da terapia em pacientes transplantados renais.


TLP: 139

Neurotoxoplasmose em paciente transplantado renal

Autor(es): Karina Litchteneker; Amanda Carolina Damasceno Zanuto; Mariana Espiga Maioli; Anuar Michel Matni; Vinicius Daher Alvares Delfino; Abel Esteves Soares; Luiz Fernando Kunii

Instituto do Rim de Londrina

Paciente feminina, 47 anos, hipertensa e dislipidemica, transplantada renal há 10 anos devido à glomerulonefrite crônica. Usava micofenolato de mofetil, prednisona e sirolimo. Admitida no hospital com quadro de cefaleia em região frontal há 1 mês que evoluiu com hemiparesia esquerda durante o internamento. Tomografia de crânio inicial mostrou lesão expansiva com efeito de massa e captação anelar de contraste na região frontoparietal subcortical à direita e gânglios da base. Inicialmente recebeu ceftriaxona e metronidazol por 14 dias, devido à suspeita de abscesso, que depois foi substituído por anfotericina B lipossomal; sem melhora dos sintomas. Foi então submetida à biópsia cerebral. Anátomo patológico revelou ausência de neoplasia linfoproliferativa e pesquisa de agente etiológico inconclusiva; iniciou tratamento com sulfadiazina, pirimetamina e ácido folínico,sendo substituído por clindamicina pelos efeitos gastrointestinais. Evoluiu com leucopenia; mantido tratamento apenas com clindamicina; apresentando melhora significativas das lesões cerebrais e recuperação da força no dimídeo esquerdo.
DISCUSSÃO: As duas formas mais comuns de apresentação da neurotoxoplasmose nos imunodeprimidos são a (meningo) encefalite e a lesão focal; esta última encontra-se frequentemente nos doentes com aids, enquanto nos transplantados predomina a primeira; diferente do caso exposto. Observa-se que a infecção primária pelo Toxoplasma gondii nos casos relatados na literatura ocorreram predominantemente no primeiro mês após o transplante (entre o 150 e o 260 dias); já a reativação da toxoplasmose pode se manifestar mais tardiamente. Nesse relato apresentava Sorologia de Toxoplasmose IgG 1/4000 E IgM Não Reagente pré transplante. Obseva-se na literatura que o número de maior descrição ocorre de forma aguda; nesses pouco mais de 30 casos descritos na literatura, cerca de 18 evoluíram a óbito (56%).
CONCLUSÃO: A neurotoxoplasmose é infecção oportunista comum nos pacientes imunossuprimidos por Síndrome da Imunodeficiência Humana, porém é incomum em outras formas de imunossupressão, como nos transplantados de órgãos sólidos. Alto grau de suspeição é necessário para instituir o tratamento empírico nos casos de lesão expansiva e frequentemente, devido o diagnóstico diferencial com neoplasia e piora clínica, a abordagem cirúrgica faz-se necessária.


TLP: 140

Transplante renal sem terapia imunossupressora de manutenção por 30 anos – relato de caso

Autor(es): Amanda Carolina Damasceno Zanuto; Karina Litchteneker; Mariana Maioli Espiga; Ana Maria Emrich; Anuar Michel Matni; Abel Esteves Soares; Vinicius Daher Alvares Delfino; Luiz Fernando Kunii

Instituto do Rim de Londrina

INTRODUÇÃO: O transplante renal é um tratamento possível para pacientes com insuficiência renal crônica (IRC) devido aos crescentes avanços da terapia imunossupressora, já que uma das principais barreiras ao sucesso dos transplantes é a rejeição. Os protocolos de imunossupressão preconizam esquema tríplice de drogas ou, no mínimo, duplo se pacientes com HLA idêntico. Relatamos o caso de paciente transplantado há 30 anos, sem terapia imunossupressora de manutenção há 29 anos, mantendo função do enxerto próxima do normal.
DESCRIÇÃO DO CASO: Homem negro de 56 anos, com diagnóstico de hipertensão arterial (HA) severa e IRC aos 26 anos e necessidade imediata de hemodiálise (HD). Em 1983, dez meses após início da HD, foi submetido a transplante renal, cujo doador foi seu irmão de 23 anos, HLA idêntico. Mantido sob terapia imunossupressora de manutenção com azatioprina e prednisona, além de antihipertensivos, após um ano do transplante, o paciente abandonou o seguimento ambulatorial e só retornou 19 anos depois (20 anos após o transplante) devido a HA de difícil controle. Foi detectado que por este período, o paciente permaneceu sem terapia imunossupressora e, surpreendentemente, a função do enxerto renal estava pouco comprometida, com creatinina de 1,7 mg/dL. Optou-se por mantê-lo sem a terapia imunossupressora e realizou-se ajuste do esquema anti-hipertensivo. Em dezembro de 2013, este transplante completou 30 anos e o receptor permanece clinicamente bem, com creatinina de 1,5 mg/dL. O doador faleceu há 3 anos, por infarto agudo do miocárdio.
DISCUSSÃO: A terapia imunossupressora ideal está diretamente ligada ao sucesso do transplante renal e, portanto, nenhum centro transplantador tem em seus protocolos esquemas sem terapia de manutenção. Na literatura, são descritos casos de pacientes sem terapia de manutenção quando o transplante de rim foi realizado após transplante de medula óssea ou após terapias de indução a tolerância imune, ambas ainda em estudo. Os fatores que podem ter sido relevantes para a tolerância tão prolongada ao enxerto renal são, além do HLA idêntico, a ausência sensibilização prévia do receptor e a não ocorrência de episódios de rejeição aguda. Esses fatores, somados a má adesão terapêutica do receptor e a conduta da equipe em manter o paciente sem imunossupressão, permitiu a observação deste caso peculiar. Provavelmente, há fatores desconhecidos ligados a imunidade do receptor que também interferiram neste quadro.


TLP: 141

Perfil de Segurança do Estudo de Conversão planejada doimunossupressor Tacrolimo para Sirolimo em receptores de transplante renal

Autor(es): Maria Júlia Pereira Félix; Cláudia Rosso Felipe; Hélio Tedesco Silva; José Osmar Medina Pestana

Hospital do Rim – Universidade Federal de São Paulo

INTRODUÇÃO: Atualmente, conversão dos inibidores de calcineurina para inibidores de mTOR é utilizado para melhorar a função renal. Este estudo deseja avaliar a segurança e tolerabilidade em transplantados renais que experimentaram esta estratégia.
MÉTODOS: Realizou-se análise prospectiva do estudo aberto que randomizou pacientes tratados até 3 meses com tacrolimo (TAC) e micofenolato (MPS) e foram reavaliados para converterem para sirolimo (SRL) e MPS ou manter o regime inicial. Todos os eventos adversos, com incidência > 5%, e parâmetros laboratoriais foram avaliados conforme Common Terminology Criteria for Adverse Event (medDra) v. 4. 0. por 24 meses.
RESULTADOS: Dos 169 pacientes randomizados, 160 chegaram ao mês 3 (3 óbitos, 5 perdas do transplante, 1 retirada do consentimento). Apenas 119 pacientes tiveram critérios para intervenção: 60 converteram para SRL; 59 mantiveram com TAC e 41 não conseguiram seguir o plano de conversão devido: rejeição aguda prévia (54%), eGFR<40 mL/min (19%), proteinuria>0,5g/dia (12%), interrupção do tratamento com TAC e MPS (10%) ou complicações cirúrgicas (2%). Dos 1488 eventos adversos reportados até o mês 24, 628 (42%) ocorreram antes da conversão. Após a conversão, 313 eventos ocorreram no grupo SRL vs. 272 no grupo TAC. Eventos incluídos em desordens gastrointestinais e infecções foram mais frequentes na pré-conversão (66%;61%) e pós-conversão (Gr SRL:68% vs. Gr. TAC:58%,p=0,23; Gr. SRL:73% vs. Gr. TAC:71%,p=0,79), respectivamente. Ocorreram diferenças entre os grupos, em eventos como aftas (28 vs. 0%,p=0<0,05) e dermatites (15 vs. 3%,p=0<0,05) que foram frequentes no SRL e dores em membros superiores (3 vs. 14%,p=0<0,05) e doença hemorroidária (0 vs. 6%,p=0<0,05) mais frequentes no TAC. Os níveis de colesterol (226±51 vs. 184±55 mg/dL,p=0<0,05) e triglicérides (248±209 vs. 181±130mg/dL,p=0<0,05) foram elevados no grupo SRL no mês 24. Quatro pacientes descontinuaram do grupo SRL devido: (1) nefropatia por polioma BKV, (1) transplante de pâncreas (1) Glomeruloesclerose Segmentar Focal e (1) perda de seguimento. E quatro do grupo TAC devido: (2) neoplasias, (1) diarreia, e (1) transplante de pâncreas.
CONCLUSÃO: Concluiu-se que (1) 26% dos pacientes não foram capazes de converterem para o grupo SRL; (2) após a conversão, 97% dos pacientes mantiveram o mesmo regime; (3) exceto por dislipidemia, afta e dermatite nenhum outro evento afetou o perfil de segurança relacionado ao SRLnessa análise.


TLP: 142

Relato de Caso: Tuberculose Endobrônquica Simulando Neoplasia de Pulmão

Autor(es): Dal Molin, C.Z.; Riella, M.C.; Contieri, F.L.C.; Bignelli, A.T.; Gordon, G.E.M.; Hokazono, S.R.; Soares, M.F.; Lourenço, J.V.; Martins, L.F.N.P.

Hospital Universitário Evangélico de Curitiba; Fundação Pró-Renal de Curitiba

INTRODUÇÃO: A tuberculose endobrônquica (TE) é caracterizada por um processo inflamatório da árvore traqueobrônquica, sendo incomum em adultos, com predomínio feminino e relacionada à forma pulmonar primária. Relatamos um caso de TE em população imunossuprimida específica (transplante renal), com manifestações clínicas e broncoscópicas peculiares, assemelhando-se à neoplasia pulmonar.
CASO: Paciente feminina, 29 anos, transplantada renal em 1999, com disfunção crônica do enxerto. Procura atendimento por quadro de 5 dias de febre noturna e diarréia. Recebeu antibioticoterapia por 5 dias com melhora da diarréia, porém persistiu com febre (noturna, de até 39ºC) e queixa de inicio de tosse seca há 1 dia. Histórico de quadro semelhante (diarréia e tosse) há 2 meses. Exame físico hipocorada, restante sem alterações. Laboratório: Hb 9,8 g%, leucócitos 12. 600/mm3 , plaquetas 257. 000/mm3, VHS 105 mm, PCR 117 mg/L, Cr 3 mg/dL, Ur 89 mg/dL. RX de tórax sem alterações. Evoluiu com febre noturna diária, tosse produtiva, dor torácica e dispnéia. Solicitada tomografia (TC) de tórax, evidenciando nódulo pulmonar na região peri-hilar direita de 35x29mm e broncoscopia mostrou lesão endobrônquica vegetante-infiltrativa em nível da porção inicial de brônquio principal direito, sugestivo de neoplasia. Submetida a biópsias e coletado LBA, com pesquisa de Bacilos Álcool Ácido Resistentes positiva (+), compatível com análise histológica de biópsia endobrônquica (BAAR em meio a tecido de granulação exuberante, com padrão atípico de reação tecidual e ausência de padrão de neoplasia).
DISCUSSÃO: TE ocorre em 5-40% dos casos ativos de TB pulmonar, entretanto é subdiagnosticada, já que os achados clínicos podem ser inespecíficos e a radiografia de tórax pode não evidenciar alterações. A fisiopatogenia envolve extensão direta de um foco parenquimatoso, migração de bacilos de escarro infectado, disseminação hematogênica, erosão de um linfonodo bronquial e disseminação linfática. Classificada, por Chung e Lee, em caseosa, edemato-hiperêmica, fibro-estenótica, tumoral, granular, ulcerativa e bronquítica não específica. Os quatro primeiros têm pior prognóstico, devido a estenose brônquica. O caso em questão aponta TE tumoral, cujo prognóstico é o mais grave e imprevisível. Deve ser considerada como diagnóstico diferencial em pacientes jovens, imunossuprimidos ou não, com queixa de tosse, sem evidências de alterações em RX, confirmado através de TC de tórax e broncoscopia com biópsia.


TLP: 143

Complicações de ferida operatória em receptores detransplante renal recebendo everolimo (EVR) de novo. 

Autor(es): Priscilla Sayuri Ueno; Marina Pontello Cristelli; Pedro Guilherme Coelho Hannun; Claudia Rosso Felipe; Hélio Tedesco Silva; José Osmar Medina Pestana

Hospital do Rim, Universidade Federal de São Paulo

INTRODUÇÃO: O uso de novo de EVR foi associado a um grande número de eventos adversos relacionados à cicatrização de feridas (EAFO). Este estudo avaliou especificamente EAFOs dentro de um estudo prospectivo randomizado comparando o uso de EVR e micofenolato sódico (MPS) associados ao tacrolimo (TAC) em receptores de transplantes renais de novo.
METODOLOGIA: Neste estudo prospectivo, randomizado e de centro único, 288 receptores de transplante renais randomizados para: (G1, N = 85) dose única de globulina antitimócito (3 mg/kg), exposição reduzida a TAC (TAC < 5 ng/ml), EVR (4-8 ng/mL ) e prednisona; (G2, N = 102) basiliximabe , exposição reduzida a TAC (6 ng/ml, durante 3 meses, em seguida,<5 ng/mL em diante), EVR (4-8 ng/ml) e prednisona; (G3, N=101) basiliximabe, TAC (6-8 ng/ml) , MPS (1. 440mg/dia) e prednisona. Todos os fármacos foram iniciados em 24 horas da revascularização do enxerto. Todos os 12 cirurgiões envolvidos não estavam cientes do estudo e, portanto, não foram aplicados quaisquer procedimentos cirúrgicos específicos. Uma avaliação de ultra-som do enxerto foi realizada em todos os pacientes que chegaram a 30 dias de transplante para capturar anormalidades subclínicas.
RESULTADOS: Não houve diferença nas principais características demográficas. As concentrações médias de EVR no dia 7 foram de 4,1 ± 1,3 no G1 e 4,0 ± 1,4 ng/ml no G2. Não houve diferença na incidência de pacientes com pelo menos um EAFO (28 vs 35 vs 25 % , p = 0,246), ou na incidência daqueles EAFOs que necessitam de re-intervenção cirúrgica (13 vs 13 vs 12 %, p= 0,972). O número total de eventos foi maior em G2 (35 vs 61 vs 42) . Os eventos mais frequentes foram linfocele (16 vs 25 vs 12%), hérnia incisional (6 vs 11 vs 2%) e fístula urinária (6 vs 7 vs 7%). O ultra-som foi realizado em 96% dos pacientes. Entre os pacientes sem EAFO anterior, achados específicos foram observados em 13%, 11% e 4% dos pacientes do G1, G2 e G3, respectivamente, em sua maioria pequenas coleções.
CONCLUSÃO: Nesta análise rigorosa, envolvendo 12 cirurgiões cegos, a proporção de pacientes com qualquer EAFO foi comparável em pacientes recebendo EVR ou MPA, embora o número total de eventos pareça ser maior em pacientes do G2.


TLP: 144

Eficácia e Segurança da conversão eletiva de sotrastaurina(STA) para tacrolimo (TAC) ou micofenolato (MPS) em receptores estáveis de transplante renal

Autor(es): Pedro Guilherme Coelho Hannun; Claudia Rosso Felipe; Hélio Tedesco Silva; José Osmar Medina Pestana

Hospital do Rim, Universidade Federal de São Paulo

INTRODUÇÃO: Estudos recentes mostram que a interrupção eletiva de fármacos imunossupressores acarreta em um risco intrínseco e imprevisível de ocorrência tanto de rejeição aguda quanto de eventos adversos.
OBJETIVOS: Este estudo teve como objetivo avaliar a eficácia e segurança da modificação na terapia imunossupressora em transplantados renais estáveis previamente tratados com STA após o desenvolvimento de este fármaco ter sido prematuramente interrompido.
MÉTODOS: Este foi um estudo prospectivo que incluiu 38 pacientes transplantados renais estáveis anteriormente envolvidos em ensaios clínicos com STA. A coorte 1 consistia de nove pacientes que recebiam TAC , STA e prednisona e que foram convertidos de STA para MPS. A coorte 2 consistiu de 29 pacientes que recebiam EVR, STAe prednisona e que foram convertidos de STApara TAC.
RESULTADOS: No grupo 1, as concentrações de TAC corrigidas pela dose dos pacientes convertidos de STA para MPS diminuíram na primeira semana após a conversão em relação aos valores basais (1,5±0,9 vs 2,1±1,1ng/mL. mg, p=0,035),mas nenhuma diferença foi observado ao final de 12 meses (1,8 ± 0,9 vs 2,1 ± 1,1 ng /mL . mg , p = 0,261) . Dois pacientes (22%) experimentaram seu primeiro episódio de rejeição aguda após a conversão (um foi esteróide-resistente). A dose de MPS foi reduzida ou interrompida em 44% dos pacientes devido a eventos gastrointestinais. No grupo 2, na primeira semana após a introdução de TAC, houve uma diminuição significativa na média das concentrações EVR (8,6±2,8vs 5,0±1,7 ng/mL,p<0,001), com uma concentração média de TAC de 9,0±4,8 ng/mL. Observou-se um episódio de rejeição aguda esteróide-resistente. A conversão foi associada a uma redução na taxa de filtração glomerular, ao final dos 12 meses (67,5±16,9 vs 61,0±18,7 mL/min/1. 73m2, p<0,001). Dois pacientes interromperam o uso de EVR (dislipidemia e rejeição aguda). A incidência de diabetes mellitus pós-transplante foi de 13,8% (4/29).
CONCLUSÃO: A interrupção do STA foi associada a alterações farmacocinéticas significativas das concentrações de TAC e EVR, devido à sua conhecida interação fármaco-fármaco evidenciando as dificuldades e a imprevisibilidade de estratégias de conversões eletivas.


TLP: 145

Um raro caso de ascite em paciente transplantado renal

Autor(es): Moisés Carminatti; Fernanda de Souza Santana; Douglas Rodrigues Teixeira; Marcus Gomes Bastos; Fábio Heleno Pace; Hélady Sanders-Pinheiro

INTRODUÇÃO. A síndrome venooclusiva hepática (SVOH) é uma complicação rara em pacientes transplantados renais, associada ao uso dos imunossupressores azatioprina e mais recentemente ao tacrolimo. Descrevemos o caso de um paciente que desenvolveu quadro de ascite volumosa, de instalação progressiva, com diagnóstico histopatológico de SVOH.
DESCRIÇÃO DO CASO. Homem branco de 62 anos, com doença renal crônica por amiloidose renal, em hemodiálise por 47 meses, recebeu transplante renal (Tx) de doador vivo relacionado com imunossupressão com prednisona, tacrolimo e micofenolato mofetil. Evoluiu com boa função do enxerto sem intercorrências infecciosas ou imunológicas. Apresentou necessidade de baixas doses de tacrolimo, tendo ficado com níveis elevados nos primeiros 3 meses pós Tx. Após 14 meses, desenvolveu em dois meses ascite, com hepatomegalia discreta e foi internado para investigação. O padrão laboratorial era de colestase importante, e o líquido ascítico apresentava características de exsudato e transudato. A tomografia de abdome mostrou hepatomegalia heterogênea e veia porta limítrofe, porém a endoscopia digestiva revelou varizes esofágicas. As culturas do líquido, citologia oncótica e sorologias (citomegalovírus, Epstein-Barr, toxoplasmose e hepatites B e C) foram negativas. Adenosina deaminase do líquido ascítico, ecocardiograma, urina de 24h eram todos normais. Laparoscopia exploradora revelou fígado alterado e foi realizada biopsia hepática. A biópsia, negativa para Vermelho-Congo, revelou importante dilatação sinusoidal, sinais de hemorragia recente e focos de necrose, com trombose de vênulas e focos de infiltrado inflamatório misto, compatível com diagnóstico de SVOH. Iniciamos espironolactona 37,5 mg/dia, e posterior conversão de tacrolimo para everolimo. Houve desaparecimento da ascite e hepatomegalia em 4 meses e atualmente, 9 meses após a suspensão, melhora acentuada da colestase.
DISCUSSÃO. A SVOH é freqüente no preparo para Tx de medula óssea ou em pacientes em uso de azatioprina. Tem fisiopatologia semelhante à microangiopatia trombótica renal. A SVOH relacionada ao uso de tacrolimo é muito rara, o diagnóstico é feito apenas por biopsia e confirmada pela evolução após a suspensão do imunossupressor, como observamos no nosso paciente. A recuperação após a suspensão é lenta. O caso ilustra a necessidade de investigação criteriosa e eventualmente invasiva para investigação apropriada da ascite em pacientes imunossuprimidos.


TLP: 146

Avaliação dos métodos diagnósticos para infecção ativa por Citomegalovírus em pacientes transplantados renais

Autor(es): Rodrigo Fontanive Franco; Rosangela Munhoz Montenegro; Alice Machado; Fernanda De Paris; Jose Miguel Dora; Denise Menezes; Nadine Claussel; Roberto Ceratti Manfro

Programa de pós-graduação em Ciências Médicas. Serviço de Nefrologia. Hospital de Clínicas de Porto Alegre.

Infecção por Citomegalovírus (CMV) é uma importante causa de morbimortalidade em pacientes transplantados renais. Seu diagnóstico é por vezes difícil e os métodos presentemente utilizados visam à detecção da replicação viral, o que estabelece a condição de infecção ativa. Entre os métodos diagnósticos para infecção por CMV estão antigenemia pp-65 e os métodos que utilizam a amplificação de ácidos nucleicos pela reação em cadeia da polimerase (PCR). O objetivo deste estudo foi avaliar e comparar a incidência de infecção ativa por CMV em pacientes transplantados renais por ambos os métodos, identificando, assim, a melhor correlação clínico-laboratorial. Trinta pacientes transplantados renais sequenciais foram incluídos prospectivamente e tiveram amostras biológicas para as análises colhidas até o 6º mês pós-transplante. 27 (90%) receberam órgãos de doadores falecidos, média de idade 42 anos (variação 14-64 anos), 18 (60%) masculinos, 25 (83,33%) caucasóides. Terapia de indução com anticorpos foi utilizada em 27 pacientes, sendo 11 com globulina anti-timócito (ATG) e 16 com Basiliximabe. Profilaxia com Ganciclovir foi empregada em 15 pacientes. Infecção ativa foi caracterizada pela replicação viral detectada por qualquer dos métodos e doença citomegálica pela presença de replicação viral e sinais, sintomas ou dados laboratoriais demonstrando acometimento orgânico. Foram analisadas 240 amostras (média de 8 amostras por paciente). Ambos os testes identificaram os casos de infecção e doença citomegálica com igual acurácia. Esses dados demonstram que ambos os métodos são adequados para o diagnóstico da replicação viral póstransplante renal. A escolha entre um ou outro deve levar em consideração a demanda, capacidade de execução e custoefetividade em cada instituição. Entretanto, os métodos que utilizam a amplificação de ácidos nucleicos do DNA viral são potencialmente mais reprodutíveis e mais sensíveis.


TLP: 147

Avaliação Epidemiológica dos Paciente Transplantados Renais com Função Retardada do Enxerto: fatores de risco e evolução

Autor(es): Flávia Carvalho Leão Reis; Marcus Faria Lasmar; Luiz Flávio Couto Giordano; Heloísa Reniers Vianna; Luis Gustavo de Freitas Trindade; Flávia Mendes Coelho; Omar Caetano; Janaína Borborema Aguiar; Euler Pace Lasmar

Hospital Universitário São José

INTRODUÇÃO: Função Retardada do Enxerto (DGF) é uma complicação muito comum, atingindo 25 a 50% dos receptores de transplante (Tx) de doador falecido. Constitui-se em fator de risco para episódios de rejeição aguda, com influência na sobrevida do enxerto. O objetivo deste trabalho foi analisar a incidência de DGF no grupo de receptores de transplante renal doador falecido no Hospital Universitário São José, procurando identificar: fatores de risco para o desenvolvimento de DGF; impacto na função renal; incidência de episódios de rejeição e sobrevida do enxerto e do paciente no período de 01 ano.
MATERIAL E MÉTODOS: Foram analisados retrospectivamente os prontuários de 74 pacientes (pts) submetidos à Tx com doador falecido no período de novembro de 2008 a maio de 2012. As variáveis estudadas no receptor foram: idade, sexo, tempo em diálise, etiologia da insuficiência Renal Crônica (IRC),nível de creatinina e incidência de rejeição aguda em 1 ano, PRA, retransplante, presença de DSA, número de mismatches, imunossupressão, sobrevida do paciente e enxerto no primeiro ano. As variáveis do doador foram: idade, sexo, causa do óbito, creatinina na retirada e tempo de isquemia fria. Os receptores foram classificados em 2 grupos: com DGF (n= 36) e sem DGF (n=38).
RESULTADOS: A incidência de DGF em nosso serviço foi de 48,6% e a principal causa de IRC neste grupo foi indeterminada (61%). Das variáveis analisadas dos receptores, apenas o retransplante mostrou-se estatisticamente relevante como fator de risco para DGF. Na análise das variáveis dos doadores, tanto a idade quanto a creatinina na retirada foram estatisticamente diferentes entre os grupos, sendo que idade do doador acima de 45 anos e creatinina de retirada igual ou maior a 1,5mg/dL foram considerados fatores de risco para o desenvolvimento de DGF. No seguimento de 1 ano, não houve diferença estatisticamente significativa entre os grupos nos parâmetros analisados.
CONCLUSÃO: A incidência de DGF na nossa unidade está de acordo com os dados da literatura. Idade do doador acima de 45 anos, creatinina na retirada igual ou acima a 1,5 mg/dL e retransplante foram considerados fatores de risco para o desenvolvimento de DGF. Não houve diferença quanto a sobrevida dos pacientes em 1 ano, o que confirma dados da literatura. Porém, creatinina do receptor, episódios de rejeição e sobrevida do enxerto em 1 ano são considerados fatores influenciados negativamente pela FRE, o que não foi demonstrado em nosso estudo.


TLP: 148

Nefropatia por IgA recorrente após transplante renal: tratamento e prognóstico

Autor(es): Diogo Buarque Cordeiro Cabral; Tainá Veras de Sandes Freitas; Gianna Mastroianni Kirsztajn; José Osmar Medina Pestana

UNIFESP

Glomerulonefrites recorrentes após o transplante representam a terceira causa de perda do enxerto. A nefropatia por IgA (NIgA) recorre em até 61% dos casos e seu curso clínico e tratamento não estão definidos. O objetivo deste estudo é descrever as características clínicas da NIgA recorrente e, pela primeira vez, o impacto do seu tratamento na sobrevida do enxerto e do paciente. Nesta coorte retrospectiva, selecionamos 45 pacientes com NIgA recorrente com proteinúria > 1,0 g/24h ou disfunção devido a nefropatia, confirmada por biópsia e com seguimento mínimo de 6 meses após o diagnóstico. Para sobrevida, foi considerado seguimento a partir de um ano. A amostra foi dividida em 3 grupos: 1. sem imunossupressão adicional (7), 2. tratamento com prednisona < 0,4 mg/kg/dia (6), 3. tratamento com prednisona _ 0,4 mg/kg/dia (32) e comparados quanto às características clínicas e desfechos.
A média de idade foi de 34,1 (± 9,5) anos e o sexo masculino (68,9%) e a raça branca (72,1%) predominaram. Transplante de doador vivo ocorreu em 84,4%, com incidência de função tardia do enxerto e rejeição aguda de 6,7% e 22,7%, respectivamente. Todos utilizavam imunossupressão com 3 drogas, baseado em prednisona e inibidores de calcineurina. A NIgA recorreu em 48,3 (± 33,3) meses após o transplante, com proteinúria de 3,4 (± 2,2) g/24h e disfunção renal, evidenciada pela diferença entre a taxa de filtração glomerular basal pela fórmula MDRD de 59,1 (± 12,9) e do momento da biópsia de 44,6 (± 14,0) ml/min/1,73m2. Os 3 grupos são semelhantes, exceto pelo tempo de surgimento da proteinúria, entre os grupos 1 e 3: 37,2 (± 12,5) e 21,1 (± 14,5) meses. Quanto ao tratamento, 88,9% utilizaram IECA ou BRA e 46,7% bloqueio duplo, sem diferença significante entre os grupos. Metilprednisolona EV foi adicionada a 66,7% do grupo 2 e 78,1% do grupo 3. Ciclofosfamida foi utilizada apenas no grupo 3 (25%). Os grupos 2 e 3 apresentaram maior remissão parcial (28,6% vs 50,0% vs 53,1%) e menor remissão completa (28,6% vs 16,7% vs 12,5%) da NIgA, mas não estatisticamente significante. Aperda do enxerto pela NIgA ocorreu em 28,9% dos casos, sem diferença entre os grupos. Grupo 1 apresentou maior sobrevida global do enxerto (71,4% vs 66,7% vs 56,0%), contudo, não significante. Apesar da NIgA piorar o prognóstico do rim transplantado, o seu tratamento com imunossupressão adicional, neste estudo baseado principalmente em aumento da dose de corticoide, aparenta não modificar o desfecho.


TLP: 149

Análise Epidemiológica dos Pacientes Transplantados Renais com Diagnóstico de Doença Citomegálica em umHospital Universitário de Belo Horizonte/MG

Autor(es): Flávia Carvalho Leão Reis; Marcus Faria Lasmar; Luiz Flávio Couto Giordano; Heloísa Reniers Vianna; Luis Gustavo de Freitas Trindade; Ive Rocha Baia Antunes; Euler Pace Lasmar

Hospital Universitário São José

INTRODUÇÃO: A doença por citomegalovírus (CMV) refere-se à infecção aguda sintomática por este vírus e inclui a síndrome CMV (febre, fadiga, leucopenia ou trombocitopenia e viremia CMV detectável) e doença CMV invasiva.
OBJETIVO: Avaliar a incidência de doença por CMV em transplantados renais do serviço de Transplante do Hospital Universitário São José, estabelecendo o perfil epidemiológico dos pacientes acometidos.
MÉTODO: Estudo retrospectivo com a inclusão dos pacientes (pts) transplantados renais de novembro/2008 a janeiro/2013. Em estudo: idade, sexo, doença de base, tipo de doador, imunossupressão, sorologia CMV de receptor e doador. Diagnóstico de doença CMV: antigenemia para CMV > = 1 célula/100000 ou antigenemia negativa com demonstração de inclusões citomegálicas em tecidos (doença invasiva), associado a sintomas.
RESULTADOS: Foram 281 transplantes (tx) no período analisado. Incidência da doença CMV: 14%. Idade média dos pts: 46 anos, 74% do sexo masculino; 41% causa da IRC desconhecida; 67% tx doador cadáver; 31% receberam indução (75% com timoglobulina); 72% era IgG positivo para CMV (com doador IgG positivo). Foi diagnosticado 01 caso de doença invasiva.
CONCLUSÃO: A incidência de doença CMV encontrada e o risco aumentado desta doença quando do uso de timoglobulina estão de acordo com dados da literatura. O fato de a maioria dos pts ter sorologia CMV positiva reflete a prevalência desta infecção na população, não podendo concluir a respeito do risco deste status sorológico para desenvolvimento da doença CMV neste estudo.


TLP: 150

Análise das necessidades odontológicas em pacientes pr-transplante renal

Autor(es): Liliane Tassia Assis Nascimento; Alcione Lúcia de Morais Rímulo; Juliana Rocha Gonçalves; Marcelo Faria Lasmar; Flávia Carvalho Leão Reis; Marcus Faria Lasmar; Luiz Flávio Couto Giordano; Heloísa Reniers Vianna; Luiz Gustavo de Freitas Trindade; Euler Pace Lasmar

FEAD – faculdade de Odontologia

INTRODUÇÃO: A insuficiência renal crônica (IRC) promove alterações sistêmicas que podem refletir no meio bucal. Alterações no pH salivar modificam a capacidade de tampão da saliva elevando a formação de cálculo dentário. Doenças bucais são portas de entrada de microrganismos para a corrente sanguínea tornando-se complicadores do estado de saúde. Mediadores inflamatórios como a proteína C-reativa, imunoglobulinas produzidas durante as reações bacterianas no periodonto podem danificar os rins. O objetivo desse trabalho foi obter dados sobre a condição da saúde bucal dos portadores de IRC, necessidades de tratamento e meios para o controle desses pacientes, uma vez que são potenciais candidatos a transplante.
MÉTODOS: Estudo descritivo retrospectivo incluindo 12 pacientes em avaliação pré-transplante no Hospital Universitário São José, encaminhados à faculdade de odontologia FEAD MG. Os dados foram coletados dos prontuários odontológicos entre junho/dezembro de 2013.
RESULTADOS: O número de dentes ausentes representou 39,2%, cariados 3,9%, fraturados 2,3%, restaurações satisfatórias 38%, restaurações insatisfatórias 3,1%, hígidos 52,7% e raiz residual 3,1%. Os tecidos periodontais foram avaliados por sondagem, exame clínico realizado através de uma sonda milimetrada que é inserida no sulco gengival nas 4 faces de cada dente. A medida anotada corresponde àquela observada da margem gengival até o fundo do sulco. A profundidade de sondagem prevalente foi de 3mm (96,3%) considerada normal. Profundidade de 3mm a 5mm considerada preocupante foram descritas em 6 dos 12 pacientes (3,5%). Sondagem maior ou igual a 6mm que caracteriza uma condição da doença periodontal mais evoluída foi detectada em 1 paciente (0,1%). Observou-se cálculo em 121 dentes e retração gengival em 27. A mobilidade dental foi detectada em 5 dentes. Dos procedimentos realizados, a raspagem foi a mais prevalente (37,1%) seguida por restauração (28,5%), exodontia (28,5%) e prótese (5,7%).
CONCLUSÃO: O presente estudo trouxe informações relevantes sobre a condição de saúde bucal desses pacientes, assim como a prevalência das principais doenças e necessidade de tratamento. Os cuidados odontológicos são de grande importância devido à imunossupressão em que esses permanecem ficando susceptíveis às infecções oportunistas que podem ter origem na cavidade bucal e disseminar-se sistemicamente aumentando a morbidade e a mortalidade.


TLP: 151

Transplante Renal em Receptores Idosos: comparação de resultados entre doadores vivos e falecidos

Autor(es): Luis Gustavo F. Trindade; Marcos Faria Lasmar; Luiz Flávio Couto Giordano; Heloísa Reniers Vianna; Flávia Carvalho Leão Reis; Omar Caetano Cunha; Euler Pace Lasmar

Hospital Universitário São José (HUSJ) / Faculdade de Ciências Médicas de Minas Gerais (FCMMG) / Fundação Educacional Lucas Machado (FELUMA)

INTRODUÇÃO: Pacientes idosos representam cerca de um terço da população em diálise no Brasil e, como o transplante renal (Tx) é visto com bastante relutância nesse grupo, torna-se relevante analisar os resultados desta modalidade de tratamento em receptores idosos, de acordo com o tipo de doador.
MÉTODOS: Estudo retrospectivo que avaliou, ao final de 12 meses, características e resultados de pacientes igual ou acima de 60 anos submetidos a Tx, entre novembro de 2008 a junho de 2013.
RESULTADOS: Foram realizados 307 transplantes renais neste período, sendo 8,5% em pacientes idosos. Dos 26 pacientes selecionados, 17 receberam Tx de doador falecido (DF) e 9 de doador vivo (DV). A idade média em anos do receptor foi de 62,6 ± 2,2 no grupo DV e 64,2 ± 5,2 no grupo DF (p=0,24). A idade média em anos do doador foi 38,9 ±10,0 no grupo DV e 42,9 ±9,4 no grupo DF (p=0,25). A imunossupressão (IMS) inicial em 75% do grupo DV e 73% do grupo DF (p=1,0) foi tacrolimo (0,25 mg/kg/dia), prednisona (0,5 mg/kg/dia) e micofenolato de sódio(1440 mg/dia). As variáveis sexo, IMC e raça do receptor, causa de doença renal crônica, re-transplante, priorização, painel de reatividade contra antígenos e imunossupressão inicial não apresentaram diferença estatística. O grupo DF possuía um maior número de pacientes em hemodiálise (94,1% vs 66,7%, p=0,03). Nenhum paciente no grupo DV apresentou função retardada do enxerto enquanto 43,8% apresentaram no grupo DF (p=0,03). O tempo de isquemia fria no grupo DF foi em média 17,6 ±7,3 horas. Rejeição aguda ocorreu em 18,8% no grupo DF e 12,5% no DV (p=1,0). Nenhum paciente apresentou rejeição humoral. A sobrevida do paciente e enxerto em 12 meses foram iguais nos grupos, 93,8% no grupo DF e 77,8% no grupo DV (p=0,53). A causa dos dois óbitos no grupo DV e do único óbito no grupo DF foi infecciosa, e nenhum deles recebeu alta hospitalar após o Tx. O grupo DV apresentou melhor função renal (ClCr=60,6 ml/min vs ClCr=46,9 ml/min, p=0,02) ao final de 12 meses. Os pacientes do grupo DF apresentaram maior taxa de internação (68,8% vs 57,1%, p=0,6) troca de IMS (56,3% vs 33,3%, p=0,4), infecção por citomegalovírus (18,1% vs 11,1%, p=1), infecção urinária (50% vs 22,2%, p=0,3) e diabetes pós-transplante (6,3% vs 0%, p=1,0).
CONCLUSÃO: O transplante renal em pacientes idosos apresenta bons resultados ao final de 12 meses e deve ser encorajado, seja com doador vivo ou falecido, mesmo que este último apresente um maior número de complicações.


TLP: 152

Perfil demográfico de pacientes transplantados renaisinfectados pela Klebsiella pneumoniae produtora decarbamapenase e impacto da infecção comparado à grupocom Klebsiella pneumoniae não produtora decarbamapenase

Autor(es): Luiz Flávio C Giordano; Marcus F Lasmar; Heloísa R Vianna; Flávia C Leão Reis; Luís Gustavo F Trindade Ive Bahia Antunes; Janaína B Aguiar; Flávia M Coelho; Euler P Lasmar

Hospital Universitário São José – FCMMG

INTRODUÇÃO A infecção pela Klebsiella pneumoniae produtora de carbamapenase (KPC) tornou-se um problema de saúde pública. Existem, entretanto, poucos estudos que abordam o impacto da infecção pela KPC em um grupo especialmente susceptível como os transplantados renais.
MÉTODOS Oito pacientes (pts) receptores de rim infectados pela KPC em nossa instituição foram analisados retrospectivamente. Uma análise demográfica desses pts foi realizada, e eles foram comparados a outro grupo de transplantados renais (n = 13), exposto à infecção pela Klebsiella pneumoniae, mas sem apresentar esse mecanismo de resistência.
As variáveis analisadas foram presença de fístula urinária, presença de cateter de duplo J, reabordagem cirúrgica, uso prévio de antibióticos, terapia de indução, imunossupressão inicial, tratamento de rejeição, dias no CTI, dias entre o transplante e a infecção, tempo de sonda vesical de demora, tempo de internação e creatinina na alta hospitalar e após um ano de transplante. Realizado análise de sobrevida dos pacientes, utilizando-se o método de Kaplan-Meier.
Para a avaliação de diferenças entre os dois grupos foram utilizados testes paramétricos t-Student e Mann-Whitney. O teste qui-quadrado de Fischer ou de Pearson foi adotado para testar a significância estatística da associação entre as variáveis.
RESULTADOS Os transplantados renais com infecção pela KPC tinham em média 49 anos (±12) na época do transplante, 50% (4) eram do sexo masculino, 75% (6) receberam um rim de doador falecido e encontravam-se em média há 50 meses (± 33,4) em terapia renal substitutiva. Aurina foi o foco de infecção mais comum, encontrada em 87,5% (7) dos pts.
Não houve diferença estatisticamente significativa entre os dois grupos em relação às variáveis analisadas, tomando-se como 5% o nível de significância. Detectou-se, entretanto, uma tendência à maior exposição ao uso prévio de antibióticos no grupo com KPC (p = 0,08).
Acreatinina um ano após o transplante no grupo KPC foi em média de 1,87mg/dL(±0,35).
A sobrevida em um ano no grupo com KPC foi de 87,5% e, no outro grupo, todos os pacientes encontravam-se vivos (p=0,202).
CONCLUSÕES Nessa amostra, os pts infectados pela KPC apresentaram uma tendência de maior de uso prévio a antibióticos. Não houve diferença em relação à função renal com um ano de seguimento entre os grupos, apesar da exposição à antibióticos com potencial nefrotóxico. A amostra é pequena, o que pode ter prejudicado a análise de sobrevida.


TLP: 153

Estenose de artéria renal pós transplante: relato de caso

Autor(es): Saulo José da Costa Feitosa; Pedro Andrade Feitosa; Ivailda Barbosa Fonseca; Frederico Castelo Branco Cavalcanti

Real Hospital Português de Beneficência em Pernambuco

INTRODUÇÃO: Estenose de artéria renal pós transplante renal (tx renal) é uma complicação potencialmente reversível, pouco comum (de prevalência ainda não definida), relacionada com a técnica cirúrgica, doença aterosclerótica, infecção por citomegalovírus (CMV), estando também correlacionada com função retardada do enxerto.
DESCRIÇÃO DO CASO: Paciente masculino, 27 anos, portador de doença renal crônica (DRC) secundária a uropatia obstrutiva em diálise peritoneal, tendo se submetido a tx renal com doador cadáver em 22 de junho de 2013. Evoluiu no pós transplante com função retardada do enxerto, necessitando de diálise peritoneal até o oitavo dia pós operatório (DPO), quando iniciou recuperação da função do enxerto, recebendo alta no décimo segundo DPO com creatinina: 1,6 mg/dl. Durante acompanhamento ambulatorial evoluiu com recuperação da função do enxerto (creatinina: 0,8 mg/dl) em uso de tacrolimus, azatioprina e prednisona. Nos meses subsequentes, começou a apresentar hipertensão tendo sido tratado com Losartan passando a apresentar piora da função renal (creatinina: 2,9 mg/dl). Ultrassonografia com doppler (USG doppler) do enxerto evidenciou aumento de velocidade de fluxo na anastomose arterial com fluxo distal amortecido, aspecto relacionado a estenose. Foi suspenso o Losartan, passando o paciente a ter a hipertensão controlada com 4 classes de drogas e tendo melhora parcial da função do enxerto (creatinina: 2,1). Em dezembro de 2013 foi submetido a arteriografia com angioplastia e colocação de STENT em artéria renal, passando a evoluir com melhora dos níveis tensionais (no momento controlado com apenas 1 classe de droga) e com queda da creatinina (última em 1,0 mg/dl).
DISCUSSÃO: Relato de um caso de estenose de artéria do enxerto renal, manifestando-se com hipertensão de difícil controle, piora da função do enxerto quando iniciado bloqueador do receptor de angiotensina (BRA) e com USG doppler sugerindo estenose de artéria com velocidade de pico sistólica de 289cm/s e padrão tardus-parvus. Após angioplastia com colocação de STENT, houve recuperação da função do enxerto renal, melhora da hipertensão arterial e com USG doppler de controle normal.


TLP: 154

Avaliação da religiosidade e aderência medicamentosa em pacientes transplantados renais

Autor(es): Andresa Nascimento da Silva; Lucas Moratelli; Paula Liziero Tavares; Elisa de Oliveira Marsicano; Marcus Gomes Bastos; Giancarlo Lucchetti; Hélady Sanders-Pinheiro

Núcleo Interdisciplinar de Estudos e Pesquisa em Nefrologia – NIEPEN e Núcleo de Pesquisa em Espiritualidade e Saúde – NUPES / Universidade Federal de Juiz de Fora (Juiz de Fora-MG)

INTRODUÇÃO: A não-aderência (NA) ao medicamento imunossupressor exerce influência direta nos desfechos clínicos no transplante renal (TxR). É um processo multidimensional resultante da interação de vários fatores, dentre eles há aqueles relacionados ao paciente e ao seu comportamento. Nos comportamentos de saúde, aspectos como a religiosidade, estão cada vez mais associados ao impacto na saúde e no tratamento. Objetivou-se avaliar a associação da religiosidade e a não aderência aos imunossupressores em pacientes transplantados renais.
MÉTODOS: Estudo transversal composto por 43 pacientes com mais de um ano de transplante em acompanhamento ambulatorial. Foram coletados dados sociodemográficos e clínicos. A religiosidade foi avaliada pela Escala de Religiosidade da Duke, em seus três domínios: (1) Religiosidade Organizacional – frequência com que vai a serviços religiosos; (2) Religiosidade Não Organizacional – tempo dedicado a atividades religiosas individuais; e (3) Religiosidade intrínseca – influência da crença nos aspectos da vida. Maiores níveis de religiosidade são representados por maiores escores em cada domínio. A NA foi diagnosticada através do método da triangulação: Escala BASEL para avaliação da aderência a medicamentos imunossupressores-BAASIS (autorrelato), opinião dos profissionais e nível dos imunossupressores. Foi considerado não aderente o paciente que fosse identificado por um dos métodos. Utilizamos os testes de Kolmogorov-Smirnov e Mann-Whitney/t Student para a avaliação estatística.
RESULTADOS: A amostra foi composta de 62,8% de pacientes do sexo masculino com média de idade de 45,2± 12,1 anos, 100% receberam o enxerto de doador vivo e o tempo pós-TxR foi de 109,7± 35,1 meses. Destes, 53,5% foram identificados como não-aderentes. Os pacientes aderentes apresentaram escore de Religiosidade Organizacional superior ao dos não-aderentes (3,10 ± 1,21 vs. 2,30 ± 1,30; p=0,045). Não foram observadas diferenças entre aderentes e NA nos demais domínios do instrumento.
CONCLUSÃO: Menor Religiosidade, na dimensão Organizacional, esteve associada ao comportamento NAno pós-TxR.


TLP: 155

Reavaliação anual em candidatos na lista de espera paratransplante renal, nos centros transplantadorescredenciados pelo SUS-BH

Autor(es): Fernanda Martins Ribeiro; Márcia Dayrell; Paula Verçosa Martins Pinto; Flávia Machado Campos Saraiva; Bárbara Márcia Vítor Campolina Silva

Comissão Municipal de Nefrologia e Transplantes Secretaria Municipal de Saúde de Belo Horizonte

O transplante (TX) renal tem evoluído a cada ano e, para a obtenção de melhores resultados, sabe-se da relevância da avaliação pré-TX dos candidatos. A Secretaria Municipal de Saúde vem aprimorando ações para a regulação das atividades transplantadoras no município.
OBJETIVO: Avaliar o desempenho dos ambulatórios pré-TX renal, através das consultas de reavaliação anual dos pacientes.
METODOLOGIA: Foram avaliados prontuários de 131 pacientes, todos os inscritos na lista de espera para TX renal em 2010. Para coleta de dados no prontuário, foi elaborado formulário, contendo: (1) dados de identificação dos pacientes; (2) datas da última coleta do Painel de Reatividade contra linfócitos (PRA) e soroteca; (3) data da primeira avaliação no Centro Transplantador; (4) data da última consulta de reavaliação e (5) resultados dos exames/avaliações e último ano em que foram realizados (Radiografia de tórax, exames cardiológicos, coagulograma, ultrassonografia renal, avaliação ginecológica e urológica). Foram calculadas as proporções destes procedimentos por centro transplantador, realizados após 2010. Para cada um dos valores obtidos, foram estabelecidos os seguintes scores: 0 se ausência de registros nos prontuários; 1e 2 se o valor foi menor ou maior respectivamente, em relação ao desempenho geral do procedimento em questão. A pontuação máxima por centro transplantador foi 12.
RESULTADOS: O tempo médio entre a primeira consulta de avaliação e data de inscrição na lista de espera para transplante renal foi de 12,5 meses. Na maioria dos prontuários havia registro da realização dos procedimentos, entretanto não eram atualizados. Somente 29,8% dos prontuários continham registros de procedimentos relacionados à avaliação cardiológica e 28% das mulheres tinham registro de avaliação ginecológica atual. Observa-se que a pontuação obtida por cada um dos serviços não está relacionada com o tempo gasto para inscrição dos pacientes na lista de espera para TX. A elaboração do “Protocolo de solicitação de PRA” no município, propiciou resultados favoráveis na manutenção atualizada do envio de soroteca e da realização do PRA.
CONCLUSÃO: A Portaria 845/12 incluiu um procedimento para o pagamento dos exames realizados para manutenção do paciente em lista de espera, sem especificação dos exames nem critérios para a cobrança dos mesmos. Torna-se necessária elaboração de protocolo para reavaliação anual dos pacientes e padronização de condutas entre os serviços.


TLP: 156

Uso de novo de everolimo em receptores de transplanterenal de doador vivo, HLA- idêntico

Autor(es): Alexandra Nicolau Ferreira; Claudia Rosso Felipe; Nagilla Ione Oliveira; Adrieli Barros Bessa; Luciana Wang Gusukuma; Marina Pontello Cristelli; Priscilla Sayuri Ueno; Pedro Guilherme Coelho Hannun; Hélio Tedesco Silva; José Osmar Medina Pestana

Hospital do Rim, Universidade Federal de São Paulo

INTRODUÇÃO: Receptores de rim de doadores vivos HLA-idêntico apresentam menor risco para rejeição aguda e apresentam maior sobrevida do enxerto comparado a outros tipos de transplante. Um regime imunossupressor sem inibidor de calcineurina pode melhorar ainda mais esses resultados através da redução de eventos cardiovasculares, metabólicos e tóxicos.
MÉTODOS: Este é um estudo prospectivo, aberto, braço único de tratamento em único centro para avaliar receptores de transplante renal HLA-I que recebem everolimo (EVR) 3,0 mg BID, tacrolimo (TAC) 0,1 mg/kg e corticoide, seguido da descontinuação do tacrolimo 30 dias após o transplante. Nesta análise preliminar foram incluídos 33 dos 100 pacientes propostos pelo estudo.
RESULTADOS: Aidade média foi de 42±13 anos, 51% homens e 60 % brancos. Cinco dos primeiros 14 pacientes (35%) tiveram rejeição aguda: no 15º dia pós-transplante (glomerulite), e após o TAC ter sido descontinuado no 1º mês (IB), no 2º, 4º, 5º mês (IA). Tacrolimo foi reintroduzido em 3 destes pacientes. Uma emenda foi realizada após esses resultados e a descontinuação do tacrolimo foi realizada após o 3 º mês do transplante. A concentração média de EVR no 7º PO foi 4,0±1,0 ng/mlL. No 3º mês, a concentração de TAC e EVR foram 5 ±2 ng/mL e 6. 3 ± 2. 0 ng/mL, respectivamente. A média da creatinina no 3º mês foi 1. 2 ± 0. 3 mg/dL. No 6º mês a dose diária e a concentração de EVR foram 5. 2±1. 6 mg e 7. 3 ±1. 6 ng/mL, respectivamente. A média da creatinina foi 1,3 ±0. 3 mg/dL e a média do colesterol total e triglicerides foram 232 ± 52 e 280 ± 208 mg/dL, respectivamente. Proteinuria não foi observada no primeiro mês. A concentração de proteinuria foi 0,2 ± 0, 2 g/L no 3º e 0. 2 ±0. 4 g/L no 6º mês. Proteinuria > 0. 5 g/L foi observada em 3% e 10% no 3º e 6º mês respectivamente. Um paciente evoluiu com diabetes mellitus. Ulcera oral foi observada em 20% e nenhum paciente apresentou infecção por CMV. Eventos relacionados a ferida operatória ocorreram em 16 pacientes e 2 necessitaram reintervenção cirúrgica. Houve uma perda do enxerto por trombose venosa e não houve nenhum óbito.


TLP: 157

Características demográficas de infecção por Herpes Zoster(HZ) em receptores de transplante renal (Rtx): avaliação de1 ano em hospital-escola

Autor(es): Rafaella Campanholo Grandinete; Ida M. M. Fernandes-Charpiot; Mário Abbud-Filho; Venceslau de Matos Dourado Junior; Roberta C. Frete Miranda ; Fernanda Pascuotte; Camila Alves Paes de Oliveira

Hospital de Base de São José do Rio Preto-SP, Funfarme-Faculdade de Medicina de São José do Rio Preto-SP (Famerp)

INTRODUÇÃO: HZ acomete 8-12% (10 a 120 casos/1000) de receptores de órgãos sólidos nos EUA. A incidência em Rtx no Brasil não é conhecida, sendo que na população geral é de 1,5-3 casos/1000 por ano na literatura americana.
OBJETIVO: Relatar a prevalência e as características clinicas dos casos de HZ em RTx no período de 1 ano em um hospital-escola.
MÉTODOS: Análise retrospectiva de centro único, com dados demográficos de 13 casos de HZ em RTx de um hospital-escola no período de fevereiro de 2013 a fevereiro de 2014.
RESULTADOS: Nesse período foram diagnosticados 13 casos de HZ, com idade média de 45 anos (17 a 66 anos), 53% caucasianos, 61% do sexo masculino, 15% (2/13) diabéticos e 15% (2/13) hipersensibilizados. Nos Rtx que receberam rim de doadores falecidos -8 casos – todos receberam terapia de indução (6 com Basiliximabe e 2 com timoglobulina). Todos os 13 pacientes receberam terapia tripla: inibidor de calcineurina (iC) (10/13) ou da mTor (3/13), associado com micofenolato sódico (MPA) e prednisona. Rejeição aguda (RA) clínica ou comprovada por biópsia em 30% (4/13), 2 casos tratados com menos de 1 mês do HZ, com aparecimento precoce do HZ. O tempo médio entre o transplante e o aparecimento do HZ foi de 5,8±5,5 anos e a imussupressão (ISS) usada na época do HZ era de iC em 7/13 casos e imTor em 3/13, 10/13 casos com MPA, 2/13 com azatioprina e 12/13 com prednisona. Início dos sinais e sintomas ocorreram 3±3 dias antes do surgimento das lesões cutâneas e resolução dessas ocorreu em até 14 dias em 70% e o tratamento foi feito com Aciclovir em todos os casos. Coinfecção por citomegalovírus (CMV) esteve presente em 23% (3/13) dos casos e 1 caso de HZ ocorreu após 151 dias tratando CMV. Apenas 1 dos RTx não tinha história de contato prévio com o vírus Varicela-Zoster, desenvolvendo a forma primária. Em 7 casos, o tempo em que ocorreu HZ foi tardio (5,8±5,5 anos), e 6 casos precoces (85±75 dias). Dos 13 RTx, 4 (30%) apresentaram a forma disseminada, e 8 (61%) complicações do HZ (infecção secundária de pele (5/8) e neuropatia herpética (6/8)). Ocorreu 1 óbito pós resolução do HZ (provável encefalite herpética associado a sepse).
CONCLUSÃO: Observa-se aumento de mais de 20 vezes a incidência de HZ na população transplantada. Os casos que ocorreram precocemente foram associados ao tratamento de RAe 1/3 dos casos houve coinfecção com CMV. Complicações dos HZ ocorreram em mais de 60% dos casos nos Rtx.


TLP: 158

Estenose de artéria renal pós-transplante: fatores associados e impacto na função renal/pressão arterial após angioplastia com stent

Autor(es): Jarinne C. Landim Nasserala; Elizabeth F. Daher; João Batista Gadelha Cerqueira; Salena Souza; Ailson G. Fernandes; Paula FCBC Fernandes; Claudia M. C. Oliveira

Hospital Universitário Walter Cantídeo

INTRODUÇÃO: Estenose da artéria do enxerto renal (EAER) representa 75% de todas as complicações vasculares pós transplante (Tx) renal. Pode estar presente em qualquer tempo pós Tx, com apresentação clínica de piora ou hipertensão refratária e/ou disfunção do enxerto na ausência de rejeição, obstrução ureteral ou infecção.
OBJETIVOS: Investigar a prevalência de EAER, os fatores associados à sua ocorrência e o impacto nos níveis pressóricos e na função renal após a correção da EAER através da angioplastia com colocação de Stent.
MÉTODOS: Foi realizado um estudo de caso-controle retrospectivo, incluindo todos os receptores de Tx realizados no período de janeiro de 2009 a dezembro de 2012. Os critérios para suspeita de EAER ao doppler foram um pico de velocidade sistólica >250 cm/s na artéria renal ou um padrão de onda parvus-tardus. Um estreitamento do lúmen arterial > 50% na arteriografia do enxerto renal foi definido como estenose significativa, sendo indicado angioplastia com colocação de stent. Foram avaliados como fatores associados à EAER: sexo, gênero e índice de massa corporal do doador / receptor, função retardada do enxerto, tipo de imunossupressão, tipo de anastomose arterial, dificuldade técnica, lateralização do rim e uso de anti-hipertensivos, entre outros. Foi pareado um controle (que não apresentava EAER no mesmo período do estudo) para cada caso, de acordo com gênero, idade do receptor e tipo de doador (vivo/falecido), para investigação dos fatores associados através de análise multivariada.
RESULTADOS: Foram avaliados 324 receptores de Tx renal, sendo a prevalência de EAER de 4% (13 pacientes). O diagnóstico de EAER ocorreu em média 74,8 dias pós-Tx. Na análise multivariada, o número de anti-hipertensivos _ 2 foi associado a maior risco de EAER (Odds ratio 11,9; IC 1,18-121,1; p = 0,03) e a anastomose arterial na ilíaca externa apresentou-se como fator de proteção (Odds ratio 0,08; IC 0,01-0,71; p = 0,02). Houve uma redução significativa na média da PAS (141,2 para 124,6 mmHg, p = 0,015) e PAD (87,4 para 76,1 mmHg, p = 0,009) após a correção da EAER, bem como na creatinina sérica (de 3,4 para 1,4mg/dL, p = 0,003).
CONCLUSÃO: A prevalência de EAER foi de 4% e o número de anti-hipertensivos _ 2 esteve associado a maior risco de EAER, enquanto a anastomose arterial na ilíaca externa apresentou-se como fator de proteção. A correção da EAER associou-se à melhora do controle pressórico e da função renal.


TLP: 159

Neurocriptococose em receptor de transplante renal e métodos diagnósticos – relato de caso

Autor(es): Larissa Costa O. Santos; Claudia Maria C. Oliveira; Eveline S. Girão; Kathia Virgínia Rocha; Thania Teixeira L. Fernandes; Silvana A. Andrade; Leyla CB Marques; Sonia Leite Silva; Paula FCBC Fernandes

Hospital Universitário Walter Cantídeo

INTRODUÇÃO: A criptococose é a segunda causa de infecção fúngica invasiva em transplante (TX) renal. Os principais órgãos acometidos são o SNC e os pulmões e a mortalidade varia entre 35-50%.
DESCRIÇÃO DO CASO: Paciente masculino, 65 anos, receptor de TX renal com doador falecido. Aos 11 meses de TX, apresentou tosse produtiva por 2 semanas e febre, tendo feito uso de amoxicilinaclavulanato sem melhora. Radiografia de tórax sem infiltrados ou nódulos pulmonares. Foi internado com cefaleia há 48 hs, sem rigidez de nuca, sendo realizado ressonância magnética de crânio normal. No 6º dia de internamento, evoluiu com piora da cefaleia e estudo do líquor evidenciou: glicose 13,6 mg/dl; proteína total 213 mg/dl; leucócitos: 400/mm3 com 78% de linfócitos; pesquisa direta para fungos e BAAR negativa; VDRLnegativo; ADAnormal. No 10º dia, foi iniciado terapia empírica com anfotericina complexo lipídico (Abelcet) e tuberculostáticos (PPD pré-TX 17mm). No 14º dia, o resultado da pesquisa do antígeno específico capsular para criptococo (prova do látex) foi liberado (reagente 1/1024), sendo suspenso tuberculostáticos e mantido Abelcet. A cultura para fungos e BAAR deste líquor foi negativa. No décimo dia de Abelcet, foi associado fluconazol 800 mg/dia e reduzido imunossupressão, pela gravidade do caso. Após 6 semanas, novo líquor com proteínas 132 mg/dl, glicose 45,1 mg/dl e 27 leucócitos/mm3, sendo suspenso Abelcet, e programado alta com fluconazol 300mg/dia, durante 12 meses.
DISCUSSÃO: Os autores descrevem um caso de criptococose no primeiro ano de TX, com comprometimento isolado do SNC, diagnóstico baseado na prova do Látex e com evolução favorável. A criptococose é uma infecção tardia, geralmente após 1 ano de TX e com comprometimento isolado do SNC em 55% dos casos. A coloração com tinta da China é um exame útil e rápido para o diagnóstico da meningite criptocócica e é positiva em 50-80% dos casos, mas resultou negativa no presente caso. A pesquisa de antígeno específico capsular tem alta sensibilidade e especificidade. A cultura de fluido orgânico é o padrão ouro para o diagnóstico, mas foi negativa no presente caso. O regime terapêutico utilizado em TX é baseado nas evidências de pacientes com HIV, não sendo conhecido o regime ideal. A terapia utilizada foi bem sucedida, e a celularidade no líquor > 20 leucócitos/mm3 e a redução da imunossupressão nas primeiras 2 semanas de terapia podem ter contribuído para a evolução favorável.


TLP: 160

Sucesso do Transplante Renal no Tratamento da Cardiomiopatia Urêmica

Autor(es): Heloisa Reniers Vianna; Ive Rocha Baia Antunes; Janaína Borborema Aguiar; Flávia Mendes Coelho; Fernanda Brito de Oliveira; Flávia Carvalho Leão Reis; Luis Gustavo Freitas Trindade; Luiz Flávio Couto Giordano; Marcus Faria Lasmar; Euler Pace Lasmar

Hospital Universitário São José, Belo Horizonte/MG

INTRODUÇÃO. A disfunção cardíaca e a doença renal crônica (DRC) frequentemente coexistem e o comprometimento de um sistema acelera o declínio do outro. A hipertrofia ventricular, a dilatação do ventrículo esquerdo e a disfunção sistólica (DS) são as desordens mais comuns e constituem a cardiomiopatia urêmica. Decorrem do desbalanço volêmico, do descontrole pressórico, do meio urêmico, de ações da anemia e distúrbio mineral e ósseo secundário à DRC e estudos apontam o transplante (Tx) renal como terapia efetiva.
MÉTODOS. Foram selecionados 22 pacientes com DS (fração de ejeção de ventrículo esquerdo (FE VE) < ou igual a 55%) e/ou com disfunção diastólica (DD) grau II ou mais dentre 364 pacientes transplantados entre novembro de 2008 e abril de 2014. Todos tinham ecocardiodoppler transtorácico (ECO TT) a cores da avaliação pré-Tx renal e a função cardíaca foi re-avaliada, através de ECO TT de controle, realizado em período aleatório pós-Tx. Doença isquêmica coronariana foi excluída na avaliação pré-Tx.
RESULTADOS. Dos 22 pacientes 64% eram homens. A idade média foi de 45 ± 11,5 anos. A frequência das etiologias de DRC foi 5% nefropatia diabética, 14% nefroesclerose hipertensiva e glomerulopaias, 18% doença policística e 50% causa indeterminada. O tempo médio em diálise foi de 39 ± 45 meses. O tempo médio entre a realização do ECO TT pré-Tx e o Tx foi de 12,5 ± 11 meses e o entre o Tx e o ECO pós-Tx foi de 19 ± 18,5 meses. 91% dos pacientes eram portadores de hipertensão arterial sistêmica (HAS). A hemoglobina (Hb) pós-Tx foi maior que a pré-Tx (p=0,013) e na análise dos parâmetros do ECO TT a espessura do septo interventricular (SIV), a espessura da parede posterior (EPP) e a massa do VE foram menores nos ECO TTs pós-Tx (p=0,046, p=0,016 e p=0,006 respectivamente) e a FE VE foi superior nos ECO TTs pós-Tx com FE pré-Tx média de 47 + 11% e com FE pós-Tx média de 62 + 8% (p=0,000). O diâmetro de átrio esquerdo, pressão de artéria pulmonar e disfunção diastólica não mostraram diferenças significativas entre os exames pré e pós-Tx. Não foi observada correlação entre melhora da FE VE e imunossupressão de manutenção, depuração de creatinina dividida pelos estágios de DRC e tempo médio de diálise pré-Tx. A sobrevida do paciente e enxerto em um ano foi de 100%.
CONCLUSÕES. O benefício do transplante renal é evidente. O estudo demonstra que o Tx renal pode ser realizado, com segurança e com bons resultados, em pacientes que apresentem diminuição da FE VE.


TLP: 161

Glomerulonefrite membranosa em rim doado para transplante renal – evolução pós transplante

Autor(es): Rafaelle Nunes da Silva; Claudia Maria Costa de Oliveira; Mario Lima Ponte; Sonia Leite da Silva; Pastora Araújo Duarte; Márcia Uchoa Mota; Wilson M. Barroso; Paula FBC Fernandes; Larissa Costa O. Santos; Silvana A. Andrade

Hospital Universitário Walter Cantídeo

INTRODUÇÃO: Os rins de doadores podem apresentar glomerulopatia clinicamente assintomática, somente diagnosticada por biópsia pré- ou intra-operatória realizada no transplante (TX) renal. Descrição do caso: Paciente masculino, 54 anos, doença de base indeterminada, submetido a TX renal com doador falecido, 55 anos, causa mortis acidente vascular encefálico hemorrágico, creatinina inicial de 1,8 mg/dl e terminal de 2,1 mg/dl. Biópsia de congelação antes do implante sem maiores anormalidades. Os rins foram preservados em máquina de perfusão e devido resistência elevada foi optado pelo implante dos 2 rins no mesmo receptor. Terapia de indução com timoglobulina e manutenção com tacrolimus, prednisona e everolimus. Sumário de urina apresentava proteinúria (+++) desde o início do TX. Alta hospitalar aos 21 dias, com creatinina de 1,6 mg/dl. Aos 30 dias pós-Tx, proteinúria (PTN) de 9,9 g/24 hs e creatinina 1,3 mg/dl. Na ocasião, o paciente foi convertido de everolimus para micofenolato sódico, sendo checado o resultado definitivo da biópsia do doador, que de forma inesperada, foi compatível com nefropatia membranosa estágio II. Foi então iniciado enalapril e aos 45 dias de TX, a dose de prednisona foi aumentada para 40mg/dia. Aos 5 meses pós-TX, foi decidido início de ciclofosfamida oral (PTN entre 4 a 7 g/24 horas), o que não foi efetivado devido redução subsequente da PTN. Uma biópsia renal aos 18 meses pós-TX (PTN entre 1,5-2,3g/24 hs) revelou 18 glomérulos com espessamento de membrana basal glomerular e spikes, 2 artérias com espessamento fibroso e arteríolas com hialinose. C4d negativo. Imunofluorescência com traços de IgM, kappa e lambda, e ausência de depósitos de IgG e C3. Atualmente com creatinina 0,9 mg/dl.
DISCUSSÃO: O primeiro caso documentado de TX renal com sucesso de um órgão doado com nefropatia membranosa pré-existente data de 1995, mas tratava-se de nefropatia inicial estágio I. A biópsia de congelação realizada no Tempo Zero no presente caso não segue o processamento normal e não é ideal para analisar glomerulopatias. Além disto, em caso de doador falecido, a avaliação da proteinúria no doador não é rotineira. No presente caso, o TX inadvertido de um órgão com glomerulopatia membranosa estágio II resultou em dúvidas no manejo pós-TX, uma vez que o paciente já estava em uso de imunossupressores. A evolução da função renal foi satisfatória ao longo dos 18 meses de seguimento, apesar da remissão apenas parcial da PTN.


TLP: 162

Incidência de infecção por citomegalovírus em umprograma incipiente de transplante renal no primeiro anopós-trasplante

Autor(es): Sammara Azevedo Guedes; Ricardo José da Costa Mattoso; Carolina Lara Neves; Maria de Fátima Gesteira ; Marilia Bahiense-Oliveira

Hospital Ana Neri, Salvador Bahia e Escola Bahiana de Medicina e Saúde Pública

INTRODUÇÃO Dentre as complicações após o transplante renal (Tx) está a infecção pelo citomegalovírus (CMV). A incidência no primeiro ano pós-Tx , que coincide com o período de maior imunossupressão, variam entre 48% a 89%, quando a da doença citomegálica entre 17% a 25%.
METODOS Estudo de coorte retrospectivo, de revisão de prontuários de todos os receptores adultos de Tx realizados no HAN Salvador, de ago/2008 a dez/2011 e com no mínimo um ano de seguimento, com o objetivo de identificar a incidência de infecção pelo CMV. De rotina foi feito tratamento profilático para CMV nos receptores adultos com IgM e IgG negativos no pré-Tx e se eram de alto risco imunológico. Nesse caso, eram colhidas amostras semanais de antigenemia na internação pós-Tx e em caso de suspeita clínica. Nos demais, havia coleta se suspeita clinico-laboratorial. A análise estatística foi feita com o SPSS 16. 0, utilizados o teste exato de Fisher, risco relativo e intervalo de confiança quando indicados. O valor de p <0,05 foi considerado o limite de significância estatística.
RESULTADOS O estudo abrangeu os primeiros 62 pacientes transplantados do serviço, excluído um por dados insuficientes. A imunossupressão foi Pred/Aza/Tacro em 42 pacientes. Em 21/61 (34%) foi encontrada antigenemia positiva para o CMV (infecção). A doença citomegálica foi identificada em 10 (16%) casos. Nos pacientes com infecção 17 (80%) receberam rim de doador falecido contra 17(42,5%) naqueles com antigenemia negativa. Não houve diferença significante entre o tipo de doador e a detecção de infecção (p=0,0911). O risco relativo do receptor de rim falecido ter infecção pelo CMV foi 2,231 (IC95% 0,8605-5,786). Nos pacientes com pelo menos um episódio de rejeição 50%(10/20) tiveram pelo menos uma medida de antigenemia positiva (RR=2,050(IC95% 1,023 a 4,107). Naqueles com alto risco imunológico 47,3%(9/19) tiveram antigenemia positiva contra 26,2%(11/42) com baixo risco imunológico (RR= 1,809(IC 95% 0,9029 a 3,623). A situação sorológica prévia não se correlacionou com a positividade da antigenemia.
CONCLUSÃO Foi uma pesquisa de caráter exploratório, em um serviço incipiente de Tx. O pequeno número de pacientes, diferenças entre as técnicas de diagnóstico do CMV, diferentes protocolos de imunossupressão, diversidade nas condições clínicas/sociais das populações dificultam a comparação dos resultados do nosso novo serviço com demais pesquisas em locais com maior experiência.


TLP: 163

A influencia dos fármacos imunossupressores nos fatores de risco cardiovascular em transplante de rim

Autor(es): Itamara Pereira Danucalov; Silvia Regina Hokazono; Alexandre Tortoza Bignelli; Fernando Meyer; Luiz Sergio Santos; Tobias August Siemens; Giovanna Guarinello; Mariana Batista; Miguel Carlos Riella

Hospital Universitário Cajuru – Pontifícia Universidade Católica de Curitiba

Doença cardiovascular (DCV) e Doença Renal Crônica (DRC) tem inter-relações recíprocas, seja por fatores de risco tradicionais ou pela indução de novos agravos de caráter pleiotrófico-inflamatório. Isso tem impacto nos resultados do transplante de rim a longo prazo.
OBJETIVOS: Avaliar fatores de risco cardiovascular no pré e pós transplante de rim, bem como a influencia de fármacos imunossupressores.
MATERIAL E MÉTODOS: Foram avaliados 164 prontuários médicos de pacientes transplantados de rim do Hospital Universitario Cajuru, com análise de dados demográficos e de fatores de risco: indicadores de inflamação (Proteína C-Reativa, Fibrinogênio e Contagem de Neutrófilos), Hipertrofia de Ventrículo Esquerdo (HVE) e dislipidemia. Utilizou-se a ferramenta análise de dados na realização do teste F -análise de variância para comparação dos resultados obtidos.
RESULTADOS: A população avaliada no momento que antecedeu o transplante de rim tinha idade média de 43,5 anos, predomínio do sexo masculino e tempo médio em diálise de 33,6 meses. A análise da hemoglobina no pré e pós transplante teve valor médio de 12 e 14,8g/dL , Proteina C- reativa 1,24 e 0,93mg/dL, Fibrinogenio 500,75 e 334,34mg/dL contagem absoluta de neutrófilos de 4615 e 3439, colesterol total 188,3 e 197mg/dL e triglicerídeos 190,6 e 203,5mg/dL respectivamente. Dados de ecocardiograma transtorácico evidenciaram septo de 11,7 e 10,5mm e massa de ventrículo esquerdo de 140,3 e 133,2g no pré e pós transplante de rim. Todos com relevância estatística, exceto para os níveis de colesterol total. Estratificou-se dados de dislipidemia e ecocardiografia entre diferentes classes de imunossupressores: inibidores de calcineurina e inibidores de m-Tor e foi observado menores índices de septo e massa de ventrículo esquerdo em pacientes em uso de inibidores da m-Tor que naqueles em uso de inibidores da calcineurina. Ainda que distintos, os valores de colesterol total e triglicerídeos não foram estatisticamente significantes na análise comparativa do uso dos mesmos fármacos imunossupressores.
CONCLUSÃO: O transplante de Rim reduz indicadores da síndrome inflamatória cardiorrenal, contudo pode agravar a dislipidemia. Os inibidores de m-Tor se apresentam como opção atrativa para concomitante cardioproteção e imunossupressão.


TLP: 164

História Natural de Infecção e Doença por Citomegalovírus (CMV) entre Receptores de Transplante Renal

Autor(es): Cahuê Henrique Motta Coli Pinto; Tainá Veras de Sandes-Freitas; Hélio Tedesco-Silva; José Osmar Medina-Pestana; Claudia Rosso Felipe

Hospital do Rim

INTRODUÇÃO: Infecção por citomegalovírus (CMV) continua sendo uma das complicações mais comuns que afetam receptores de transplante, com significante morbidade e mortalidade ocasional. O impacto adverso da infecção por CMV na disfunção do enxerto destaca a importância do CMV nos desfechos do transplante. Apesar disso, o manejo da infecção por CMV varia consideravelmente entre centros transplantadores. Duas principais estratégias são comumente utilizadas para a prevenção do CMV: profilaxia universal e terapia preemptiva.
MÉTODOS: Estudo exploratório e epidemiológico, de centro único. Todos os pacientes incluídos foram monitorados para a replicação viral de CMV por 3 meses utilizando teste de carga viral de CMV determinada por PCR.
RESULTADOS: Foram incluídos 150 pacientes, sendo 81 (54%) do sexo masculino, com idade média de 46 anos e predominantemente de etnia branca 75 (50%). Um terço dos pacientes receberam rins de critério de expandido 54 (36%). O tempo médio de isquemia fria foi de 20 horas e 59 (40%) receberam indução com timoglobulina. Terapia inicial baseado na associação de micofenolato de sódio, prednisona (PRED) e inibidor de calcineurina (ICN) foi usado em 68(45%) dos pacientes (Grupo 1) , azatioprina + PRED + ICN em 77(51%) (Grupo 2) e everolimus + PRED + ICN em 5 (4%) (Grupo 3). A incidência de rejeição aguda comprovada por biopsia foi maior no grupo 2 (19 vs 43 vs 20 % p:0. 008). A incidência de CMV nos pacientes foi maior no grupo 1 ( 75 vs 27 vs 0 % p:0. 000) , sendo viremia mais prevalente no grupo 1 (71 vs 52 vs 0 % P:0. 051) e infecção no grupo 2 (29 vs 38 vs 0 % p:0. 051). O tempo médio para o primeiro episódio de CMV foi mais curto no grupo 1 (39 vs 54 vs 0 :0. 009). Recorrência de CMV foi aparentemente igual entre os grupo 1 e 2 (22 vs 29% p:0. 404) . O tempo de tratamento do primeiro episódio e da recorrência foi semelhante entres grupos 1 e 2 ( 24 vs 20 p:0. 409 24 vs 21 p:0. 704). O grupo 2 após 3 meses apresentou melhor função renal ( 48 vs 60 vs 55 ml/min p:0. 001).
DISCUSSÃO: Regimes maior eficácia apresentam maior incidência de CMV, porém com casos mais brandos uma vez que nos realizamos terapia preemptiva neste grupo. Regimes de menor eficácia têm elevado incidência de rejeição aguda e casos mais graves, porém não está claro o prejuízo ao longo de 3 meses na função renal destes pacientes. Regimes baseados em inibidores de mTor parecem apresentar boa segurança para infecção por CMV.


TLP: 165

Prognóstico do Transplante Renal de Urgência em um Centro de Transplante de Belo Horizonte

Autor(es): Heloisa Reniers Vianna; Isabela Ferreira Romualdo; Flávia Carvalho Leão Reis; Luis Gustavo Freitas Trindade; Luiz Flávio Couto Giordano; Marcus Faria Lasmar; Euler Pace Lasmar

Hospital Universitário São José, Belo Horizonte/MG

INTRODUÇÃO. O transplante renal (Tx) de urgência visa oferecer, em tempo hábil, uma possibilidade de tratamento a pacientes portadores de insuficiência renal crônica (IRC) em terapia renal substitutiva (TRS) sem opções de acesso para hemodiálise (HD) ou diálise peritoneal. Esses pacientes, em geral, possuem condições vasculares ou hematológicas que favorecem trombose e têm histórico de infecções recorrentes de corrente sanguínea. Apenas cinco publicações discorrem sobre o desfecho do transplante renal nesse grupo particular de pacientes e não possuímos dados nacionais. O objetivo desse trabalho foi avaliar o perfil e a sobrevida do enxerto e do paciente, em um ano, após a realização de um transplante renal de urgência com doador falecido nesta população.
MÉTODOS. Realizamos análise retrospectiva de 12 pacientes submetidos a Tx renal de urgência. A amostra foi de conveniência e representou 3,6% dos transplantes realizados na história do serviço. Todos receberam enxerto renal de doador falecido. Cinco pacientes eram do sexo masculino, a média de idade foi de 57 ± 15 anos (34-84), dois eram re-Tx e 92% estavam em HD. O tempo médio de TRS foi de 62 ± 23 meses. As causas de IRC foram nefropatia diabética (3), nefroesclerose hipertensiva (3), glomerulopatia (1), doença renal policística (1) e indeterminada (4). Doença coronariana não isquêmica ocorreu em 33% dos pacientes e o IMC foi de 25 ± 3,8. A média de missmatches foi de 4,8 ± 1,4, 42% dos pacientes tinham PRAclasses I ou II > que 20%, em 33% foram detectados anticorpos HLA pré-Tx contra o doador e o tempo de isquemia frio médio foi de 20 ± 7 horas. A imunossupressão utilizada foi tacrolimo, micofenolato sódico e prednisona ou ciclosporina, micofenolato sódico e prednisona e 33% dos pacientes foram induzidos com timoglobulina. Foram seis doadores masculinos, com 40 ± 13 anos, creatinina de 1,1 ± 0,5 mg/dl e morte por hemorragia cerebral em 83% dos casos.
RESULTADOS. Função retardada do enxerto ocorreu em 75% dos casos; rejeição em 42%, dessas, 40% humoral. Dos 12 pacientes, cinco faleceram (42%) por sepse (3), hipercalemia (1) e choque hemorrágico (1) em tempo médio de 25 ± 31 dias de pós-operatório. No ano, a sobrevida do paciente foi de 58% e a do enxerto foi de 42% (sete perdas, sendo cinco por óbito e duas por rejeição humoral). A creatinina no 1º ano para os cinco pacientes em seguimento foi de 1,4 ± 0,3 mg/dl.
CONCLUSÕES. O Tx renal de urgência é associado à elevada morbimortalidade. Associado à alocação aleatória de órgãos, tal fato justifica as baixas sobrevida do paciente e enxerto. A situação reflete um grande dilema ético no contexto do risco iminente de morte em população com baixa expectativa de vida e dos tempos atuais de escassez de órgãos.


TLP: 166

Microangiopatia trombótica na associação Tacrolimo e Everolimo “de novo” no transplante renal

Autor(es): Renato Oliveira Feliciano; José de Rezende Barros Neto; Paula de Castro Gianasi; Humberto de Freitas Campos Costa; Rafael Lage Madeira; Luiz Gustavo Dias de Carvalho; Carlos Eduardo dos Santos; Gustavo Rocha de Oliveira; Lucas de Souza Buldrini Filogonio

Hospital Felício Rocho

INTRODUÇÃO: Microangiopatia Trombótica (MAT) é uma complicação incomum e com potencial redução na sobrevida do enxerto renal. Relatamos um caso de MAT em transplante renal com uso de inibidores da calcineurina (ICN) e do m-TOr.
DESCRIÇÃO: Transplante Renal (Tx) de doador falecido realizado em março de 2014, em receptora de 37 anos, negra, doença renal crônica dialítica de etiologia indeterminada, anúrica e com sorologia negativa para citomegalovírus. Tempo de isquemia fria de 14h, Painel de Reatividade contra Antígenos classe I: 31% e classe II: 0%, 5 mismatches. Indução com droga antireceptor de interleucina 2 e manutenção com ICN, prednisona e m-TOri. Evoluiu com função retardada do enxerto. Reabordada no 4º dia pós operatório por hemorragia perienxerto. Submetida a biópsia renal no 10º dia pós operatório, com presença de MAT extensa, necrose tubular aguda leve e C4d negativo. Iniciado infusão de plasma (30ml/kg/dia), conversão de imunossupressão com suspensão do ICN e iniciado antiproliferativo. Após o 8o dia apresentou aumento da diurese sendo suspenso o uso do plasma. Subsequentemente evoluiu com diminuição da diurese, sendo retornado a terapia com plasma e reestabelecendo o volume urinário e melhora das escórias renais. Realizada nova biópsia que mostrou ausência de sinais de MAT e/ou rejeição aguda. No momento em seguimento ambulatorial com creatinina 1,2mg/dl.
DISCUSSÃO: Indução com droga antireceptor de interleucina-2 no primeiro Tx associado ao risco imunológico baixo/moderado é eficaz. O uso “de novo” do m-TOri em pacientes com risco imunológico baixo/moderado, que receberam terapia de indução em associação aos ICN, parece ser seguro a curto/ médio prazo. Esquemas sem ICN ainda são controversos devido risco de rejeição, formação de anticorpo anti doador e riscos de falência do enxerto. A ocorrência da MAT pós transplante renal é incomum em pacientes não predispostos e exige alto grau de suspeição clínica para o diagnóstico e tratamento precoce. Seu risco é aumentado pela associação ICN e m-TOri.
CONCLUSÃO: A retirada do ICN em casos de MAT sem histórico pré Tx associado ao uso de plasma pode reverter o quadro histopatológico, visto a biópsia renal com melhora na função do enxerto. Um período maior de seguimento ainda é necessário para a avaliação do esquema de imunossupressão sem o uso do ICN.


TLP: 167

Evolução Clínica de Receptores de Transplante Renal com Doença de Fabry

Autor(es): Tainá Veras de Sandes-Freitas; Gustavo Ferreira da Mata; Frederico Knupp Augusto; Cahuê Henrique M. C. Pinto; Luciana de Fatima Porini Custódio; Gianna Mastroianni Kirsztajn; Ana Maria Martins; Helio Tedesco-Silva; José Osmar Medina-Pestana

INTRODUÇÃO: A doença de Fabry consiste em distúrbio metabólico ligado ao X, caracterizado pela deficiência da enzima alfa-galactosidase A. O conseqüente acúmulo de glicoesfingolípides em diversas células determina as disfunções orgânicas relacionadas à doença. O transplante renal é uma alternativa de terapia renal de substituição (TRS) para tais pacientes, mas o seu impacto sobre os desfechos no longo prazo ainda não se baseia em evidências robustas.
OBJETIVO: Descrever o perfil clínico-epidemiológico dos pacientes com DRCT secundária à doença de Fabry submetidos a transplante renal e desfechos do transplante no longo prazo.
MATERIAL E MÉTODO: Estudo de caso-controle na proporção de 2:1, em que os casos foram selecionados através de pesquisa em banco de dados de todos os pacientes transplantados renais com DRCT por doença de Fabry. Os controles foram pareados pelo gênero, idade e tempo de transplante
RESULTADOS: 18 pacientes foram avaliados, sendo 6 do grupo Fabry e 12 do grupo controle, todos do sexo masculino. A idade média foi de 44 anos; 78% eram de etnia branca; 55% receberam rins de doador falecido e eram pacientes de baixo risco imunológico. As sobrevidas do paciente e do enxerto foram de 89% e 78%, respectivamente, no período de seguimento (tempo médio de 1665 dias) e não houve diferença entre os dois grupos. Ao final de 1 ano, a creatinina sérica média era de 1,4 mg/dL e a depuração de creatinina, de 64 mL/min, nos dois grupos; não se detectou proteinúria significativa.
CONCLUSÃO: O transplante renal parece ser uma estratégia efetiva para o tratamento da DRCT secundária à doença de Fabry e apresenta desfechos, em longo prazo, semelhantes aos de pacientes com DRCT de outras etiologias.


TLP: 168

Transplante renal em receptores acima de 65 anos: experiência de um centro

Autor(es): Larissa Sgaria Pacheco; Elizete Keitel; Auri Ferreira dos Santos; Cynthia Keitel da Silva; Gisele Meinerz; Claudia Zeni; Fernanda Vacilotto; Natalia Prado; Ronivan Luis Dal Pra; Valter Duro Garcia

Irmandade da Santa Casa de Misericórdia de Porto Alegre – Serviço de Nefrologia e Transplante Renal. Universidade Federal de Ciências da Saúde de Porto Alegre – Programa de Pós-Graduação em Patologia.

Há um crescente número de idosos em diálise com acesso restrito a transplante. Nosso objetivo é avaliar a prevalência de transplante renal em receptores idosos (RI) em 3 períodos de tempo e a sobrevida do paciente (SP) e do enxerto (SE). Analisamos a prevalência de transplantes por faixa etária do receptor (G1=19 a 49 anos, G2= 50 a 64 anos e G3_ a 65 anos), o último definido como RI. Foram avaliados 3 períodos de tempo: P1=1986-2002, P2=2003-2009 e P3= 2010-2013, tipo do doador e a sobrevida global comparada nas diferentes faixas etárias (Método de Kaplan-Meier). Foi revisado o banco de dados de transplante renal da Instituição desde 1986, quando o limite de idade passou de 65 para 70 anos. Em cada período havia um limite superior de idade para ser aceito para transplante (70, 80, 90 anos respectivamente P1, P2, P3).
De Jan/1986 a Dez/2013 foram realizados 2. 937 transplantes em receptores adultos, sendo 125 (4,2%) em RI, destes 120 com doador falecido e 5 com doador vivo. No P1, dos 1. 162 transplantes (68/ano), 0,9% em RI com média de idade de 67,3 ± 1,9 anos (máxima de 70). No P2, dos 977 transplantes (139/ano), 4,0% em RI, idade 67,8 ±3,2 anos (máximo de 79). No P3, dos 798 transplantes (199/ano), 9,5% com RI e idade 68,8 ±4,0 anos (máximo de 87). Em 1 e 5 anos a SPnos RI foi 84% e 74% e a SE 78% e 67%, respectivamente. As sobrevidas foram significativamente menores (p<0,001) que nos grupos de pacientes mais jovens (G1 a SP: 96% e 90%; SE: 89% e 75% e G2 a SP: 92% e 82%; SE: 84% e 70%, respectivamente em 1 e 5 anos). Aprincipal causa de perda do enxerto nos RI foi óbito (56%), especialmente no primeiro ano.
Houve um crescimento significativo na realização de transplantes em RI entre os períodos estudados. A SP e a SE comparada aos mais jovens foram menores, porém a SP nos RI alcançada em 5 anos (74%) justifica a realização de transplante nesse grupo, pois é superior a esperada nos pacientes remanescentes em lista.


TLP: 169

Conversão precoce de ICN para imTOR é uma tentativa abolida ou mal planejada?

Autor(es): Ana Elisa Souza Jorge; André Barreto Pereira; Gerson Marques Pereira Junior; André de Sousa Alvarenga

Santa Casa de Belo Horizonte

Alguns estudos têm mostrado que conversão precoce de inibidor de calcineurina (ICN) para inibidor do “mammalian target of rapamycin” (imTOR) é seguro. Porém, ainda não é definido qual a dose e o momento ideal para esta mudança terapêutica. Baseado no estudo clínico em andamento (Clinicaltrials. gov: NCT 01239472), comparamos o caso de uma paciente que perdeu seu enxerto renal após a conversão com outros pacientes que não apresentaram tal desfecho.
Paciente do sexo feminino, 47 anos, com diagnóstico de doença renal crônica secundária a nefrite lúpica, foi submetida a transplante renal doador vivo, com função renal satisfatória. Aos 03 meses de transplante foi submetida a biópsia renal para excluir a possibilidade rejeição aguda subclínica, sendo então substituído tacrolimus por everolimus. Manteve então boa função renal inicialmente, mas apresentou níveis séricos constantes de everolimus entre 03 e 05 ng/mL. Aos 07 meses de transplante intercorreu com rejeição aguda mediada por anticorpos (RAMA), sendo submetida a tratamento de resgate sem sucesso. Foram avaliados os níveis séricos de everolimus e função renal de outros 13 pacientes submetidos à conversão com sucesso no mesmo período. Nenhum destes pacientes havia apresentado rejeição aguda clínica ou subclínica na biópsia renal à época da conversão e até completar o acompanhamento. Os outros critérios para conversão foram: painel de reatividade de anticorpos (PRA) < 30%, ausência de anticorpo anti-HLA de doador (DSA), primeiro transplante, ausência de dislipidemia grave, creatinina sérica <2,0 mg/dl e proteinúria < 1,0g/24h. Até o momento todos os 13 pacientes apresentam boa função renal.
Comparando os níveis séricos de everolimus dos pacientes, observamos que a paciente que evoluiu com perda do enxerto renal, apresentou níveis mais baixos que os da média geral. A conversão de tracrolimus para everolimus pode ser uma opção, desde que os níveis terapêuticos sejam mais elevados, mesmo em pacientes com menor risco imunológico. Trata-se, portanto, de uma prática que não deve ser abolida, mas melhor planejada.


TLP: 170

Rim pelvico de doador vivo-relacionado para transplante: relato de caso e revisão da literatura

Autor(es): Tobias August Siemens; Miguel Carlos Riella; Alexandre Bignelli; Silvia Regina Hokazono; Itamara Pereira Danucalov; Fernando Meyer; Ziliane Caetano Lopes Martins; Luiz Sergio Santos

Hospital Universitário Cajuru, Pontifícia Universitária Católica do Paraná

INTRODUÇÃO O aumento do número de pacientes com insuficiência renal crônica terminal e a baixa oferta no número de rins de doadores vivos faz com que se busque cada vez mais a utilização de rins com critérios expandidos, como utilização de um rim pélvico.
RELATO DE CASO Paciente masculino, 25 anos, possível nefropatia familiar, foi submetido a transplante renal pre-emptivo. Como doador foi escolhido seu pai, 49 anos, com hipertensão arterial sistêmica de bom controle e 2 episódios prévios de litíase urinária, sendo o último deles há 13 anos. Apresentava mesmo tipo sanguíneo do filho (O), prova cruzada negativa, 3/6 mismatches e função renal normal. Urotomografia mostrou rim esquerdo pélvico, sem alterações no sistema coletor. Cintilografia mostrou rim pélvico com 45% de função relativa e angioressonância mostrou dois ramos arteriais, um originando-se do terço inferior da aorta e outro da artéria ilíaca comum esquerda. A veia renal drenava para veia ilíaca externa. A retirada foi realizada por videolaparoscopia, com incisão de Pfannenstiel. Foi utilizada solução de perfusão de Eurocollins® e o implante teve anastomose da artéria polar superior na artéria principal e anastomose término-lateral de artéria e veia renal na ilíaca comum direita. Tempo de isquemia fria foi de 1 hora e 36 minutos e tempo de isquemia quente de 3 minutos e 55 segundos. Houve diurese imediata. Receptor precisou de 2 sessões de hemodiálise por elevação das escórias nitrogenadas e oligúria no 3º pós-operatório, com biópsia mostrando rejeição aguda vascular, sendo submetido a pulsoterapia e terapia com imunoglobulina. Recebeu alta no 18º pós-operatório com creatinina 2. 0, usando esquema de imunossupressão tripla. Atualmente está com 25 meses póstransplante e mantém creatinina em torno de 2. 0.
DISCUSSÃO A incidência de rim pélvico em autópsias gira em torno de 1:1000, com predomínio em homens, e rins pélvicos muitas vezes são excluídos como potenciais doadores por serem menores que o habitual e passíveis de alterações anatômicas na drenagem urinária. Para sua utilização, o rim pélvico deve ser estudado anatomicamente e funcionalmente, como no caso acima, através de urotomografia, angioressonância e cintilografia, por possíveis cicatrizes renais e urolitíase. Apesar de rejeição aguda inicial, houve boa evolução a longo prazo. Concluímos que o transplante de um rim pélvico é possível do ponto de vista técnico e por isso deve ser considerado, como mostra o caso relatado.


TLP: 171

Alta taxa de transplante renal e baixa taxa de mortalidade em um programa exclusivo de hemodiálise diária

Autor(es): Bello, VIlber, Simon, Adolfo, Xavier, Kélia, Lauar, Juliane, Pascoal, Istênio

Centro Brasiliense de Nefrologia – Brasilia, DF

INTRODUÇÃO – Hemodiálise convencional (4hs, 3x/sem) tem sido associada a elevada mortalidade e baixa taxa de transplante renal. Em contraste, hemodiálise diária (2hs, 6x/sem) proporciona maior sobrevida e melhor qualidade de vida, porém ainda não existe apreciação da taxa de transplante renal nesta modalidade dialítica.
MÉTODOS – Nós analisamos a média anual da taxa de mortalidade (MTM) e a média anual da taxa de transplante (MTT), comparando estas taxas entre si e com a realidade nacional pertinente. Entre junho de 2006 e junho de 2014, 119 pacientes (idade média 55,6+7,1 anos, 66% do sexo masculino e 34% diabéticos) foram consecutivamente admitidos em nosso programa exclusivo de hemodiálise diária (6-7 vezes por semana, 90-150 minutos por sessão, 300 ml/min de fluxo de sangue, 500 ml/min de fluxo de banho ultrapuro e dialisador de altofluxo sem reuso). Após o início do tratamento dialítico todos os 119 pacientes foram avaliados para transplante renal.
RESULTADOS – Quarenta e nove (41%) destes pacientes foram considerados elegíveis, encaminhados para centros de transplante e inscritos em lista de espera, enquanto 70 n_o foram inscritos em lista devido à idade superior a 70 anos (41), a contraindicações clinicas (27) ou a recusa pessoal (2). Dos 49 pacientes inscritos, 30 foram submetidos a transplante (idade média 38+15,7 anos, 80% com doador falecido) e 19 se mantém ativos em lista. Entre os pacientes que permeneceram em diálise, observaram-se 29 óbitos (idade média ao óbito 73,4+11,3 anos). Ao final do seguimento de 8 anos, 25,2% de todos os pacientes tinham sido transplantados (MTT: 7,5%) e 24,5% haviam falecido (MTM: 7,3%), levando a uma razão transplante/mortalidade superior a 1. A média brasileira anual da taxa de mortalidade em diálise é de 17%, enquanto 20% dos pacientes em diálise estão inscritos em lista de espera e 5% são transplantados, determinando uma razão transplante/mortalidade de O,3
CONCLUSÕES – A associação de hemodiálise diária com uma abordagem pró-ativa para o transplante pode reduzir significativamente a mortalidade e aumentar a taxa de transplante, constituindo uma estratégia ideal para o tratamento de pacientes com Insuficiencia Renal Cronica Terminal.


TLP: 172

Tuberculose após transplante renal: série de 33 casos no nordeste brasileiro

Autor(es): Silvana Daher Costa; Camilla Neves Jacinto; Lorena Vasconcelos Mesquita Martiniano; Ronaldo de Matos Esmeraldo; Maria Luiza Matos Brito de Oliveira; Yago Sucupira Amaral; Geraldo Bezerra da Silva Junior; João Emmanuel Alexandrino Fortaleza; Thayanne Barreto de Lima; Elizabeth De Francesco Daher

Universidade Federal do Ceará

INTRODUÇÃO: Tuberculose (TB) é uma das principais infecções oportunistas em pacientes imunossuprimidos. No âmbito do transplante renal as manifestações clínicas da TB podem ser atípicas ou obscuras. O objetivo deste estudo é descrever a ocorrência de TB após transplante renal.
MÉTODOS: Esta é uma coorte retrospectiva de 33 pacientes diagnosticados com TB após transplante renal em um hospital terciário da cidade de Fortaleza, no período de 18 de março de 1993 a 18 de setembro de 2013. Arquivos médicos foram revisados e informações acerca de epidemiologia, manifestações clínicas e testes laboratoriais na admissão e durante internamento foram levantadas.
RESULTADOS: Foram analisados 1109 transplantes renais nesse período, dos quais 952 não fizeram profilaxia e 157 a fizeram por PPD maior que 5 mm e/ou história de TB no passado. 33 foram diagnosticados com TB pós-transplante. A média de idade dos pacientes foi 41±13 anos (intervalo 8 a 64) e 69,7% eram do sexo masculino. Tempo médio de diálise antes do transplante foi de 34±26 meses. Profilaxia para TB pós-transplante foi feita em 10 casos (30. 3%), contra 23 (69. 7%) que não fizeram. Epidemiologia para surgimento de TB (como um PPD reator forte ou história prévia) foi encontrada em 42. 4% dos pacientes. Rejeição antes da TB foi observada em 5 casos, que variaram entre 3-135 meses. TB foi diagnosticada em 37. 9±42. 5 meses após o transplante (intervalo 2 a 168 meses). Os níveis de creatinina (em mg/dL) variaram como se segue: 1. 8±1. 1 antes do diagnóstico, 2. 5±1. 8 ao diagnóstico, 3. 9±3. 3 durante tratamento, 2. 0±1. 5 ao final do tratamento, 1. 6±0. 6 três meses e 1. 7±0. 6 seis meses após o fim do tratamento. Os principais sítios de TB foram: pulmonar (39. 4%), sistema nervoso central (9. 1%), pleural (9. 1%), peritoneal (6. 1%), indeterminado (6. 1%) e renal (3%). O tratamento da TB foi feito com Coxcip em 30. 3% dos pacientes, RIE em 3%, RIP em 30. 3% e RIPE em 27. 3%, por uma média de 12,3±7,5 meses. Foram detectados 4 pacientes com infecção por CMV (citomegalovírus) antes da TB, com intervalo de tempo variando de 1 a 43 meses. Óbito ocorreu em 7 casos (21. 3%) durante o curso da TB.
CONCLUSÕES: TB é uma importante infecção oportunista após transplante renal em nosso país. TB extrapulmonar é frequente (mais de 40% dos casos). O curso da doença pode ser fatal em um considerável número de casos.


TLP: 173

Mionecrose diabética: diagnóstico diferencial de lesãomuscular em transplantado renal

Autor(es): Thaísa de Oliveira Leite; Patricia Maria de Albuquerque; Juliana Torritani; Paulo Ferreira de Oliveira Filho; Mariana Nogueira Coutinho; Marcello Fabiano de Franco; José Osmar Medina Pestana; Helio Tedesco Silva Junior; Ana Paula Rosim Giraldes; Samuel Shiraishi Rollemberg de Albuquerque

Universidade Federal de São Paulo

INTRODUÇÃO: Mionecrose diabética é uma complicação que, embora rara, determina importante morbimortalidade. Descrição do caso: Paciente masculino, 59 anos, diabético há 25 anos – nefropatia, retinopatia e vasculopatia diabéticas, hipertenso e transplantado renal doador falecido há 11 anos, imunossupressão atual: ciclosporina, micofenolato sódico e prednisona. Evoluiu com edema doloroso, atraumático, limitação do movimento e rubor em face póstero lateral de coxa direita há três meses. Ao exame físico, afebril, com hipotrofia do quadríceps e empastamento muscular. Descartado trombose venosa profunda e infecção. A ressonância magnética (RM) apresentou edema difuso circunferencial do subcutâneo da coxa, joelho e perna proximal, edema intersticial difuso da musculatura do quadríceps, sem coleções – sugestivo de infarto muscular. A biópsia muscular visualizou focos de necrose isquêmica e atrofia de fibras musculares. Ausência de processo inflamatório e de agentes oportunistas. Tratamento: repouso, aumento da dose de prednisona e aspirina; resultando em melhora dos sintomas. Após uma semana houve recorrência na coxa contralateral.
DISCUSSÃO: Trata-se de uma necrose isquêmica espontânea do músculo esquelético, provavelmente relacionada à aterosclerose, microangiopatia e injúria hipóxia reperfusão. Os acometidos geralmente são diabéticos de longa data, com complicações microvasculares e hipercoagulabilidade. Manifesta-se com dor aguda ou subaguda, edema e tensão, tipicamente na musculatura de membros inferiores, sem trauma local, sendo bilateral em 8,4% dos pacientes. Níveis de creatinofosfoquinase normais em 52,7% dos casos. RM é o exame padrão ouro, evidenciando hipersinal em T2 e áreas isointensas ou hipointensas em T1, secundárias ao aumento do conteúdo de água das alterações inflamatórias e do edema que acompanham o infarto. Os achados mais comuns na biópsia são necrose muscular, edema e ocasional oclusão de arteríolas e capilares por fibrina. Diagnóstico diferencial com trombose venosa, sarcoma, piomiosite, mionecrose por clostridium, fasciíte necrotizante. O suporte inclui controle rigoroso do diabetes, repouso, analgesia e aspirina em dose baixa. Resolução espontânea em 4 semanas, recorrendo em até 47,8% dos casos. Destaca-se pela importante morbidade e mortalidade próxima de 10% em 2 anos, ressaltando a importância da avaliação cardiovascular nos acometidos.


TLP: 174

Nocardiose disseminada em transplantada renal

Autor(es): Thaísa de Oliveira Leite; Patricia Maria de Albuquerque; Juliana Torritani; Paulo Ferreira de Oliveira Filho; Mariana Nogueira Coutinho; Marcello Fabiano de Franco; José Osmar Medina Pestana; Helio Tedesco Silva Junior; Larissa Araripe de Macedo; Samuel Shiraishi Rollemberg de Albuquerque

Universidade Federal de São Paulo

INTRODUÇÃO: Nocardiose é uma doença incomum que pode causar infecções localizadas ou disseminadas tipicamente relacionada a imunossuprimidos. Descrição do caso: Paciente 34 anos, lúpica, transplantada renal doador vivo há 13 anos. Imunossupressão atual: azatioprina, ciclosporina e prednisona, evoluiu com calafrios, dor, parestesia e edema em membros inferiores (MMII), maior à direita. Seguido de paresia e hipoestesia de membro inferior (MI) direito, com posterior retenção vesical. Ao exame físico perda importante de força muscular à direita, com disestesia local. Doppler de MMII sem trombose venosa. Ultrassonografia mostrou coleção entre ventres do músculo sóleo à direita. Tomografia de crânio com áreas hiperdensas circulares com edema adjacente em região frontal e occipital à direita e parietal esquerda. Liquor normal. Puncionada coleção em sóleo, com cultura positiva para Nocardia farcinica. Suspensa a imunossupressão; iniciado dexametasona(pelo edema cerebral), sulfametoxazol-trimetropim, linezolida e imipenem (trocado por meropenem após convulsão). Após início do tratamento, turvação visual bilateral com suspeita atual de endoftalmite endógena por nocardia. No 23° dia, melhora da paresia de MMII e demais sintomas mantidos.
DISCUSSÃO: Nocardiose é uma rara infecção oportunista causada por bactéria gram positiva. Tem como fatores de risco uso de altas doses de corticoide, infecção por citomegalovírus e níveis elevados de inibidores da calcineurina. O subdiagnóstico é frequente e diagnóstico tardio, chegando até 12 meses. Adoença é supurativa localizada ou sistêmica, sendo o pulmão o sítio primário em mais de 2_3 dos casos. Infecção disseminada é definida por dois ou mais sítios envolvidos, sendo o foco pulmão ou cutâneo os primários. O sistema nervoso central é acometido em 45% dos casos disseminados. A sintomatologia é diversa: meningoencefalite e_ou déficits neurológicos focais. O diagnóstico microbiológico requer no mínimo uma semana de incubação em cultura. A imagem típica é de abscesso em parênquima cerebral. O liquor mostra pleocitose neutrofilica, hipoglicorraquia e aumento da concentração de proteínas. Diagnóstico diferencial com infecções fúngicas, micobacterioses, parasitoses e malignidades. O tratamento baseia-se na associação de sulfonamidas com aminoglicosídeos (tobramicina e amicacina) e carbapenêmicos, por seis ou mais semanas. A evolução é pior nos imunocomprometidos com doença disseminada. Conclui-se: diagnóstico precoce é determinante.


TLP: 175

Eficácia e segurança do uso da metformina em pacientescom Diabetes pós transplante renal

Autor(es): Jenaine Oliveira Paixão; Silvia Corradi; Daniela Avelar Barra; André Nogueira Duarte; Renata Lamego Starling; Vivian Angélica Mourão; Lilian Pires Freitas do Carmo

Hospital Evangelico de Belo Horizonte

INTRODUÇÃO: O diabetes pós transplante renal (New Onset Diabetes after Transplantation -NODAT) é uma complicação metabólica grave e freqüente após o transplante renal, que contribui para a elevação dos riscos de doenças cardiovasculares, infecções, redução da sobrevida do enxerto e do paciente. Na população geral, a metformina é recomendada como agente hipoglicemiante de escolha para pacientes com distúrbios glicêmicos. Entretanto, não existem na literatura médica vigente trabalhos que endossem a metformina com igual importância no diabetes pós transplante e a maioria dos trabalhos promove as meglitinidas como os agentes de escolha para estes pacientes.
OBJETIVOS: Avaliar a eficácia e segurança do uso de metformina como agente hipoglicemiante para pacientes com diabetes pós transplante.
MATERIAL E MÉTODOS: Análise de registros clínicos de 14 receptores de transplante renal do Hospital Evangélico de Belo Horizonte, MG, entre janeiro de 2011 e dezembro 2013 Os dados avaliados incluíram o controle glicêmico, a suspensão da terapêutica com insulina, a função do enxerto renal, a tolerância e a ocorrência de eventos adversos.
RESULTADOS: No período de janeiro de 2011 a janeiro de 2013, 72 transplantes renais foram realizados em nossa instituição, 14 pacientes (19%) foram diagnosticados com diabetes pós transplante. A metformina foi utilizada por 14,92 (DP ± 2,37) meses, com a dose média diária de 1600mg (DP ± 244,94). O nível médio da glicohemoglobina dos pacientes em uso foi de 7,04 mg / dL (DP ± 0,53), e em 85% dos pacientes foi possível a suspensão da insulinoterapia. Todos os pacientes mantiveram boa função do enxerto renal, permanecendo com creatinina média de 1. 6mg/dl (DP ± 0,56) no período de acompanhamento. Náuseas, vômitos e diarréia ocorreram em apenas 8% dos pacientes, não resultando em descontinuação da droga. Nenhum paciente apresentou acidose láctica ou quaisquer efeitos adversos graves no período do estudo.
CONCLUSÃO: Ametformina parece ser uma terapia eficaz e segura para pacientes com diabetes pós transplante renal e deve ser considerada como uma opção terapêutica neste cenário.


TLP: 176

Indução com basilixmab em transplante de baixo risco: valea pena esse custo?

Autor(es): Ana Elisa Souza Jorge; André Barreto Pereira; Gerson Marques Pereira Junior; André de Sousa Alvarenga

Santa Casa de Belo Horizonte

Imunossupressão em Transplante renal tem sido utilizada com principal interesse em reduzir o índice de rejeição aguda, uma vez que esta pode impactar na sobrevida do enxerto. E os medicamentos imunossupressores de caráter de indução tem atingido um valor mais acessível nos últimos anos, possibiitando que sejam utilizados em protocolos de transplante renal. Trata-se de um estudo retrospectivo avaliando pacientes de baixo risco imunológico: painel de reatividade de anticorpos (PRA) <50%, tempo de isquemia fria (TIF) <18h, primeiro transplante, idade maior que 18 anos de idade. Submetidos a transplante renal em uso de basiliximabe versus aqueles que não utilizaram tal medicamento em indução. Todos os pacientes iniciaram imunossupressão de manutenção com tacrolimus, micofenolato e prednisona. O desfecho principal foi avaliação da função renal após 03 meses de transplante e taxa de rejeição aguda comprovada por biópsia renal.
Foram estudados 23 pacientes induzidos com basiliximabe versus 33 que não o utilizaram. Foram avaliados o TIF, creatinina aos 03 meses de transplante, taxa de rejeição aguda, sobrevida do enxerto e do paciente, não tendo nenhuma diferença estatística entre os grupos. Avaliada a curva de sobrevida denotando uma tendência a maior mortalidade quando utilizado basiliximabe como imunossupressor, apesar de não demonstrar significância estatística.
Neste estudo a utilização de basiliximabe não demonstrou benefício em relação ao seu não uso. Nesta população brasileira estudada de baixo risco, não há razão para utilização basiliximabe como indução protocolar. Maiores estudos em outras populações com indução são necessários para confirmar tão importante alteração de conceito imunossupressor.


TLP: 177

Leucemia mielóide aguda de cariótipo desfavorável doisanos após transplante renal: Relato de caso e revisão deliteratura

Autor(es): Paulo Ricardo Gessolo Lins; Fernanda Pita Mendes Costa; Marcus Taver Costa Dantas; Rodrigo Vaez; José Pedro Zampieri Filho; Luciana Wang Gusukuma; Tainá Veras de Sandes Freitas; Maria de Lourdes Chauffaille; Hélio Tedesco Silva Junior; José Osmar Medina Pestana

Hospital do Rim e Hipertensão – Fundação Oswaldo Ramos -Disciplina de Nefrologia – UNIFESP

INTRODUÇÃO: Transplante renal é comprovadamente um dos maiores avanços da humanidade com relação às terapias renais substitutivas. Os avanços em termos de imunobiologia e farmacoterapia dos transplantes são inúmeros, porém a mortalidade desses pacientes continua sendo maior se comparado com a população geral e as neoplasias ocupam grande espaço entre as causas de óbito destes. As leucemias em pacientes submetidos a transplante de órgãos sólidos são uma condição extremamente rara, porém de incidência aumentada nessa população. Sendo assim, o tratamento de indução e consolidação acaba sendo extrapolado de outros grupos e o prognóstico reservado na maioria dos casos descritos na literatura revisada.
OBJETIVO: Relatar caso de neoplasia maligna hematológica em paciente transplantado renal. Relato do caso: Paciente masculino, 49 anos, doente renal crônico terminal por glomerulonefrite crônica, transplantado renal com doador vivo (irmão, HLA – antígeno leucocitário humano, idêntico) há 3 anos, recebeu como imunossupressão ciclosporina, prednisona e azatioprina com ótima evolução clínica. Após dois anos e meio de transplante passou a apresentar bicitopenia, mielograma compatível com mielotoxicidade por azatioprina, sendo esta suspensa na época. Após três meses, reinterna por pancitopenia, hemograma com mais de 30% de blastos, mielograma diagnóstico de leucemia mielóide aguda com cariótipo 46 XY inv (3) (q21q26) secundária a provável mielodisplasia. Paciente foi submetido a tratamento quimioterápico de primeira e segunda linha sem resposta e óbito devido a múltiplos eventos infecciosos, inclusive quadro de endocardite infecciosa por enterobacter multiresistente e fusariose invasiva.
CONCLUSÃO: O caso acima reforça a importância da atenção clínica sobre os distúrbios hematológicos presenciados no seguimento pós transplante e avaliação com mielograma dos casos indicados, já que somente com este é possível um diagnóstico acurado e tratamento efetivo da patologia em questão.


TLP: 178

Experiência Brasileira no Transplante Renal em Receptores Infectados pelo HIV

Autor(es): Fábio Spuldaro; Alessandra R Vicari; Tainá V. Freitas; Marina P. Cristelli; Lucio R. Requião-Moura; José Otto Reusing Jr; Ligia C. Pierrotti; Luciane M. Deboni; Ronaldo Esmeraldo; Maria Luiza M. B. de Oliveira; Elizete Keitel; Giovani Gadonski; Leonardo Kroth; Helio Tedesco-Silva; Valter Duro Garcia; Alvaro Pacheco Silva Filho; José Osmar Medina Pestana; Roberto Ceratti Manfro

INTRODUÇÃO: Pacientes infectados pelo HIV e com doença renal crônica terminal tornaram-se candidatos a transplante renal desde o advento da terapia anti-retroviral de elevada atividade. O objetivo deste estudo é apresentar a experiência brasileira no transplante renal em pacientes infectados pelo HIV.
PACIENTES E MÉTODOS. Centros transplantadores brasileiros que realizam transplantes renais em pacientes infectados pelo HIV foram convidados a participar deste estudo retrospectivo. Para cada paciente transplantado infectado foram pareados controles, pelas variáveis: idade, gênero, tipo de doador e reatividade contra painel (PRA I e II), do mesmo centro de transplante. Os principais resultados avaliados foram sobrevidas de pacientes e enxertos, incidência de rejeição aguda, infecções e função do enxerto em 6 e 12 meses.
RESULTADOS. Oito centros forneceram resultados. Foram analisados 52 receptores HIV+ e 104 controles, transplantados no período de fevereiro de 2006 a outubro de 2013. Não foram observadas diferenças significativas nos parâmetros de idade, raça, gênero, tipo de doador, frequência de doadores de critérios expandidos, tempo de isquemia fria, incidência de DGF, tempo de diálise pré-transplante e filtração glomerular estimada aos 6 e 12 meses. A incidência de rejeição aguda em 12 meses pós-TR foi significativamente maior no grupo HIV+ (26 pacientes; 50%) versus controles (32 pacientes; 30,8%), (P= 0,019). A incidência global de infecções também foi maior no grupo HIV+ (32 pacientes; 74,4%) versus controles (49 pacientes; 54,4%), (P = 0,027). As sobrevidas dos pacientes nos primeiros 12 meses foi respectivamente 92,2% (grupo HIV) e 100% (grupo controle) (P = 0,001). As sobrevidas dos enxertos nos primeiros 12 meses foram de 92,3% (grupo HIV) e 99% (grupo controle) (P = 0,002).
CONCLUSÕES. Na experiência brasileira com transplante renal em pacientes infectados pelo HIV observam-se resultados aceitáveis. O seguimento desse grupo de pacientes em longo prazo é necessário para que se avalie adicionalmente a segurança do procedimento nesta população.


TLP: 179

Avaliação de Resultados em Pacientes Submetidos a Re-Transplante Renal: experiência de um centro transplantador

Autor(es): Luis Gustavo F. Trindade; Marcus Faria Lasmar; Luiz Flávio Couto Giordano; Heloísa Reniers Vianna; Flávia Carvalho Leão Reis; Omar Caetano Cunha; Euler Pace Lasmar

Hospital Universitário São José (HUSJ) / Faculdade de Ciências Médicas de Minas Gerais (FCMMG) / Fundação Educacional Lucas Machado (FELUMA)

INTRODUÇÃO: O número de re-transplantes renais cresce a medida que aumenta o número de pacientes em diálise por perda do enxerto. Entretanto, está associado a piores resultados devido a maior risco imunológico e piores condições clínicas do paciente.
MÉTODOS: Estudo retrospectivo que avaliou os resultados em 12 meses dos pacientes submetidos a re-transplante renal entre novembro de 2008 e junho de 2013.
RESULTADOS: Foram realizados 307 transplantes neste período, sendo 7,8% (24) re-transplantes. A idade média dos receptores foi de 43,7 ±16,3 anos e a maioria dos pacientes era do sexo masculino (54,2%). O painel de reatividade contra antígenos classe I e/ou II era superior a 50% em 33,3% da amostra, com 12,5% dos pacientes apresentando anticorpo anti-doador pré-transplante. Aprincipal causa de doença renal crônica era indeterminada (50%). Foram realizados 13 transplantes com doador vivo (DV) e 9 com doador falecido (DF). Os pacientes que receberam enxerto de DV possuíam doadores mais jovens (36,5±10,0 vs 51,7±11,0, p=0,005) e menor tempo de diálise desde o último transplante (21,9±30,4 meses vs 59,6±48,1 meses, p=0,006). O tempo de isquemia fria no grupo DF foi em média 17,0 horas. A esquema de imunossupressão inicial era tacrolimo (0,25 mg/kg/dia) associado a prednisona (0,5 mg/kg/dia) e micofenolato de sódio (1440 mg/dia) em 91,7% dos pacientes. A terapia indutora foi realizada com timoglobulina ou basiliximab em 63% dos pacientes. Função tardia do enxerto ocorreu em 25% dos pacientes (45,5% no grupo DF). Rejeição aguda ocorreu em 25% dos pacientes (23,1% no grupo DV vs 27,3% no grupo DF, p=1,0) e nenhum paciente apresentou rejeição humoral. Óbito ocorreu em 20,1% (7,7% no grupo DV e 36,4% no grupo DF, p=0,14) e perda do enxerto (15,4% no grupo DV e 36,4% no grupo DF, p=0,36) em 25% da amostra. A exceção de um paciente, todos os outros faleceram por causa infecciosa. Afunção renal em 12 meses foi em média 57,1 ml/min (75,1±18,0 ml/min no grupo DV vs 39,0±8,7 no grupo DF, p=0,004).
CONCLUSÃO: Os bons resultados no re-transplante renal dependem de um preparo adequado do receptor e seleção criteriosa do doador. O re-transplante com doador falecido, por ser procedimento não eletivo e muitas vezes em caráter de urgência, apresentou resultados não comparáveis ao doador vivo.


TLP: 180

Ocorrência de infecção urinaria no transplante renal aposindução com Timoglobulina

Autor(es): Priscila Monteiro Medeiros; Gleybio Lima Sousa; Estevam Miguel da Silva Neto; Ivailda Barbosa Fonseca; Tatiana Cristina Manzi Senna dos Santos; Frederico Castelo Branco Cavalcanti; Larissa Guedes da Fonte Andrade; Ubirace Fernando Elihimas Junior; Tatiana Ribeiro Valério

Real Hospital Português

INTRODUÇÃO: Complicações infecciosas acrescentam significativa morbidade e mortalidade no pós-transplante renal (TXR), sendo estas mais frequentes em seu primeiro ano, quando a imunossupressão é maior. A Infecção trato urinário (ITU) é uma das infecções mais encontradas no transplantado.
OBJETIVO: Avaliar se a indução com Timoglobulina (THY) aumenta a ocorrência de ITU nos primeiros seis meses após TXR de doador falecido (DC).
METODOLOGIA: Estudo de coorte retrospectivo que analisou o prontuário eletrônico dos pacientes que realizaram TXR DC no período de dezembro de 2012 a novembro de 2013. Os pacientes foram acompanhados por seis meses após TXR. Foram excluídos os pacientes que perderam o enxerto ou foram a óbito antes do período de conclusão do estudo por causas não relacionadas a ITU. Os pacientes realizavam sumário de urina ao retirar a sonda vesical de demora, mensalmente ou se apresentassem sintomas como: disúria, polaciúria ou piora da função renal. Foram considerados com ITU os que apresentavam sumário de urina com leucocitúria e urocultura positiva para bactérias ou fungos. Os pacientes que receberam indução THY foram: receptores de rim critério expandido, painel reativo, tempo de isquemia fria _ 24h e retransplante. Todos os demais receptores foram induzidos com basiliximab (BSB).
RESULTADOS: Foram realizados 74 transplantes, dos quais 12 pacientes foram excluídos, totalizando 62 pacientes no estudo. Foi realizada a indução com THY em 18 pacientes, e nos 44 restantes, com BSB. A incidência total de ITU foi de 54,8% (34/62). O grupo THY apresentou 61,1% (11/18) casos de ITU enquanto os receptores do BSB 52,2% (23/44), porem sem significância estatística (p= 0,403).
CONCLUSÃO: A ocorrência de infecção urinária no TXR nos primeiros seis meses não foi significativamente superior no grupo que realizou a indução por THY.


TLP: 181

Ocorrência de infecção do trato urinário em transplantadosrenais doador falecido e seu perfil clínico demográfico

Autor(es): Estevam Miguel da Silva Neto; Priscila Monteiro Medeiros; Gleybio Lima Sousa; Ivailda Barbosa Fonseca; Frederico Castelo Branco Cavalcanti; Tatiana Cristina Manzi Senna dos Santos ; Larissa Guedes da Fonte Andrade; Ubirace Fernando Elihimas Junior; Tatiana Ribeiro Valério

Real Hospital Português

INTRODUÇÃO: A infecção do trato urinário (ITU) é uma das formas mais comuns de infecção que acomete os pacientes transplantados renais. Apresenta-se como importante causa de morbidade. A prevalência desta enfermidade varia de 35 a 80%.
OBJETIVO: Foi avaliar se existe diferença na infecção urinária pós-transplante renal entre homes e mulheres e em que período foi mais freqüente.
MÉTODO: Estudo observacional, tipo coorte e retrospectivo incluindo todos os transplantes renais doadores falecidos realizados entre dezembro de 2012 a novembro de 2013 que apresentaram ITU. Esses pacientes foram acompanhados durante 6 meses após o transplante. Excluiu-se do estudo os que perderam o enxerto ou foram a óbito antes do período de conclusão por causas não relacionadas à ITU. Os pacientes realizaram sumário de urina ao retirar a sonda vesical de demora, mensalmente ou se apresentassem sintomas como: disúria, polaciúria ou piora da função renal. Foram considerados com ITU os que apresentavam sumário de urina com leucocitúria e urocultura positiva para bactérias ou fungos. Os pacientes que necessitaram de antibioticoterapia venosa ou sepse foram hospitalizados. Foram consideradas com alterações urológicas pacientes que apresentaram fístula urinária, hidronefrose, estenose de uretra ou necessitaram de implante de duplo jota.
RESULTADOS: Dos 74 transplantes neste período, 12 foram excluídos, permanecendo 62 pacientes. Em relação ao gênero, 39 eram do sexo masculino e 23 do feminino. A incidência de ITU foi 34. No grupo das mulheres, 19 tiveram diagnóstico de ITU. Entre os homens foram 15 casos. 26 pacientes necessitaram de hospitalização e 23 ocorreram no primeiro mês pós-transplante. 18 apresentaram alterações urológicas e destes 16 tiveram ITU.
CONCLUSÃO: Aocorrência de ITU em transplantados renais foi maior nas mulheres e em pacientes com menos de um mês de transplante. A maioria necessitou de internamento. Os pacientes com alterações urológicas tiveram alta ocorrência de ITU.


TLP: 182

Síndrome de Guillain-Barré em transplante renal intervivos: relato de caso

Autor(es): Da Costa, FPP; Radunz, VA; Martins, GKM; Bernard, LF

Irmandade da Santa Casa de Misericórdia de Curitiba

Síndrome de Guillain-Barré (SGB) é uma das principais neuropatias inflamatórias agudas em adultos, cujo protótipo neurológico é a perda progressiva de força muscular em membros e diminuição dos reflexos profundos. Tem relação bem conhecida com infecções respiratórias e gastrintestinais por Citomegalovirus (CMV) e Campylobacter jejuni, respectivamente. Também possui associação descrita com neurotoxicidade por inibidores de calcineurina. Classicamente têm sido descritos casos no transplante de medula óssea, mas é considerada rara em transplante de órgãos sólidos. Apresentamos o caso de uma paciente do sexo feminino, de 33 anos, com Doença Renal Crônica sem etiologia definida, submetida a transplante renal de doador vivo não relacionado. Doador e receptora tinham sorologias prévias para CMV IgG-reagente e IgM-não reagente. Recebeu indução de imunossupressão com Baziliximab e manutenção com Micofenolato, Tacrolimus e Prednisona. Admitida dois meses mais tarde com quadro de paraparesia flácida, hiporreflexia e parestesias, de caráter ascendente, associados a astenia e anorexia. Iniciou tratamento empírico para CMV com Ganciclovir. Apresentava níveis séricos normais de Tacrolimus. Posteriormente infecção por CMV foi confirmada por técnica de PCR-DNA quantitativo, positivo para mais de 450. 000 copias/ml. Após 3 dias de tratamento, evoluiu com piora da fraqueza muscular em membros. Foi submetida a tomografia de crânio, que não mostrou alterações, e a punção lombar, com pressão de abertura normal e cuja análise do líquor, juntamente com o quadro clínico, confirmou o diagnóstico de SGB segundo critérios do National Institute of Neurological Disorders and Stroke, dos Estados Unidos. Foi mantido o tratamento para CMV e iniciado infusão de Gamaglobulina Hiperimune. Houve discreta resposta clínica nos dias subsequentes, mas após cinco meses de reabilitação motora a paciente deambula sem apoio, persistindo com parestesias em extremidades. Há poucos relatos de SGB em transplante renal descritos na literatura, a maioria em pacientes masculinos. No caso em questão o CMV foi o provável fator desencadeante da condição, tendo em vista a relação cronológica e laboratorial, embora neurotoxicidade por Tacrolimus tenha sido cogitada. Na SGB o prognóstico depende do diagnóstico precoce, o tratamento específico e a remoção da causa.


TLP: 183

Carboximaltose férrica: um relato de uma nova opção dereposição de ferro endovenoso

Autor(es): Felipe Magalhães Bandeira Dantas; Hugo Abensur; João Egídio Romão Júnior; Maria Regina Araujo; Miguel Ernandes Neto; Carlos Augusto Siqueira Filho; Cynthia Xavier Gomes

Beneficência Portuguesa de São Paulo

Carboximaltose férrica: um relato de uma nova opção de reposição de ferro endovenoso
INTRODUÇÃO: A deficiência de ferro é comum em pacientes portadores de Doença Renal Crônica (DRC), podendo ser tratada com suplementação de ferro endovenoso. Até no momento, no Brasil, a apresentação de ferro disponível era somente sacarato de hidróxido de ferro III, com uma dosagem máxima de 200mg/dia por via endovenosa. Atualmente, temos disponível também a carboximaltose férrica (Ferinject®).
RELATO DE CASO: Paciente feminina, 41 anos, 69kg, portadora de glomerulonefrite crônica, após aproximadamente 1 ano de hemodiálise foi submetida a transplante renal com doador falecido em dezembro de 2011. Utilizava tacrolimus, micofenolato sódico e prednisona como esquema de imunossupressão, mantendo creatinina de 1,2mg/dl desde o momento da cirurgia. Apresentou complicações pós-operatórias, como linfocele e trombose venosa profunda.
Interna no dia 21/01/2013 devido a um quadro de hipermenorragia associada à anticoagulação. Exames da admissão: Hb: 10,3g/dl, Ht: 33%, ferritina: 8,93ng/ml e saturação de transferrina: 7%. Optado por suspender anticoagulação e administrado 1g de carboximaltose férrica em dose única, diluído em soro fisiológico, durante 15min, no dia 22/01/2014. Após 48 horas, houve o aumento dos níveis de ferritina para 180ng/ml. Em 17/02/2013: Hb: 11,2g/dl, Ht: 36%, ferritina: 178ng/ml e saturação de transferrina: 33,2%.
CONCLUSÃO: Acarboximaltose férrica, por ser um complexo estável, permite a administração de ferro em doses elevadas em menor frequência, melhorando a qualidade de vida dos pacientes e preservando acesso venoso. Está indicada em pacientes portadores de doença renal crônica não dialítica ou transplantados renais. Este é o primeiro relato do emprego de carboximaltose férrica no Brasil.


TLP: 184

Uso do Eculizumab na Síndrome Hemolítico-Urêmica Atípica (SHUa) pós Transplante Renal

Autor(es): Jenaine Oliveira Paixão; Daniela Avelar Barra; Silvia Faria Corradi; André Nogueira Duarte; Lilian Pires Freitas do Carmo

Hospital Evangélico de Belo Horizonte

INTRODUÇÃO: A Síndrome hemolítico-urêmica atípica (SHUa) é uma forma de microangiopatia trombótica não relacionada à produção da shigatoxina. A ocorrência após o transplante renal é rara e geralmente associada a perda do enxerto renal e elevada morbimortalidade.
Paciente, 32 anos, sexo masculino, doença renal crônica de etiologia desconhecida, submetido a transplante renal com doador vivo aparentado em setembro de 2012. Apresentava HLA haploidêntico ao doador, baixos níveis de DSA (MFI 543), PRA 87%, provas cruzadas negativas. Indução com Timoglobulina. Apresentou função imediata do enxerto, sem complicações no pós-operatório. Manteve boa função renal em uso de FK506 com níveis séricos adequados, prednisona e micofenolato de sódio. Em junho de 2013, mostrou piora significativa da função renal, febre, leucopenia, trombocitopenia, anemia hemolítica e consumo de C3, com hematúria e proteinúria (4g/24h), necessitando de hemodiálise. Biópsia renal com microangiopatia trombótica, sem sinais de rejeição mediada por anticorpos (CD4 negativo, sem glomerulite e DSA negativo) e nível sérico de FK506 adequado. A pesquisa ADAMST 13 se mostrou negativa. Iniciado tratamento com plasmaferese e imunoglobulina IV apresentou discreta resposta, com trombocitopenia e disfunção do enxerto renal persistente. Iniciado o tratamento com eculizumab e o paciente evoluiu com melhora significativa da contagem de plaquetas e da função renal já na primeira semana, sendo suspenso o tratamento dialítico. Recebeu alta hospitalar após 12 dias com melhora do estado geral, creatinina (Scr) 3,5 mg/dl, sem plaquetopenia e anemia em recuperação. Atualmente está em acompanhamento ambulatorial em uso de eculizumab a cada 15 dias, com Scr de 1,6 mg/dl, sem eventos adversos.
DISCUSSÃO: As evidências apresentadas pela literatura atual apoiam o papel da desregulação da via alternativa do complemento como central para a patogênese da SHUa, abrindo o caminho para estratégias terapêuticas baseadas no bloqueio da via alternativa do complemento. É evento raro após o transplante renal, determinando elevados índices de perda do enxerto e óbito.
CONCLUSÃO: Apesar de rara, a ocorrência de SHUa após o transplante renal é um evento grave em que o diagnóstico e tratamento precoce pode garantir a função do enxerto. Eculizumab foi eficaz no tratamento, com segurança e rápida resposta terapêutica.

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