J. Bras. Nefrol. 2014;36(4):469-75.

Associação inversa entre creatinina sérica e mortalidade na lesão renal aguda

Sergio Pinto de Souza, Rodrigo Santos Matos, Luisa Leite Barros, Paulo Novis Rocha

DOI: 10.5935/0101-2800.20140067

Introdução:

A sepse é considerada importante causa de Lesão Renal Aguda (LRA) em pacientes internados em Unidade de Terapia Intensiva (UTI), sendo esta síndrome associada à elevada mortalidade.

Objetivo:

Avaliar os fatores de risco para diálise e mortalidade em uma coorte de pacientes com LRA de etiologia predominantemente séptica.

Métodos:

Pacientes adultos com LRA internados em UTI avaliados pela equipe da nefrologia, sendo excluídos portadores de doença renal crônica terminal e transplantados renais.

Resultados:

114 pacientes foram incluídos. A maioria apresentou sepse (84%), estágio AKIN 3 (69%) e oligúria (69%) na primeira consulta nefrológica. Diálise foi realizada em 66%; a mortalidade geral foi de 70%. A creatinina mediana nos sobreviventes e não sobreviventes foi 3,95 mg/dl (2,63 – 5,28) and 2,75 mg/dl (1,81 – 3,69). Nos modelos multivariáveis, oligúria e a ureia sérica foram positivamente associadas com diálise; entretanto, menor creatinina sérica na primeira consulta foi independentemente associada com maior mortalidade.

Conclusão:

Nesta coorte de pacientes com LRA de etiologia predominantemente séptica, oligúria e a ureia sérica foram as principais indicações de diálise. Também observamos associação inversa entre a creatinina sérica e mortalidade. Possíveis justificativas para esse achado são avaliação nefrológica tardia, sobrecarga volêmica com hemodiluição da creatinina sérica ou desnutrição. Este achado pode, ainda, ajudar a explicar o baixo poder discriminativo dos escores gerais de gravidade, que atribuem maior pontuação a valores maiores de creatinina, em pacientes críticos com LRA.

Associação inversa entre creatinina sérica e mortalidade na lesão renal aguda

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