J. Bras. Nefrol. 2018;40(2):100-1.

Sobrecarga de volume e alto fluxo: a saga continua

Jennifer Cheng, Eric J. Costanzo, Tushar J. Vachharajani, Arif Asif

DOI: 10.1590/2175-8239-JBN-2018-0002-0002

Em seu artigo intitulado “Estariam os acessos arteriovenosos de alto fluxo associados a pior hemodiálise”, os autores investigaram uma coorte de 304 pacientes em hemodiálise. Destes, 48 pacientes demonstraram alto fluxo. Vale ressaltar que alto fluxo é definido como fluxo de acesso arteriovenoso superior ou igual a 2,0 litros por minuto. Esses pesquisadores se concentraram na avaliação de dois componentes importantes: 1) se as fístulas de alto fluxo estavam associadas à redução da eficiência da hemodiálise, e 2) se as fístulas arteriovenosas de alto fluxo estavam associadas à sobrecarga de volume. Os resultados revelaram que o Kt/V foi de 1,90 ± 0,40 nas fístulas com fluxo normal e 1,93 ± 0,35 nas fístulas com alto fluxo (não significativo). Esse achado é consistente com a noção de que o fluxo sanguíneo aumentado no acesso proporciona diálise adequada e não causa comprometimento do Kt/V. Embora não tenha sido encontrada diferença na adequação da diálise, Laranjinha e colaboradores encontraram fístulas de alto fluxo associadas à sobrecarga de volume. Seu estudo definiu categorias de sobrecarga de volume como “peso seco” (sobrecarga absoluta de fluido abaixo de 1,1 litros), “sobrecarga de volume” (sobrecarga absoluta de fluido acima de 1 litro) e “sobrecarga severa de volume” (sobrecarga absoluta acima de 2,5 litros). Usando essas categorias, os pesquisadores descobriram que fístulas de alto fluxo estavam associadas à sobrecarga severa de volume.

Os autores devem ser elogiados por conduzir tal estudo e iniciar um diálogo sobre o impacto de fístulas de alto fluxo em importantes parâmetros de diálise. Vários pesquisadores forneceram a justificativa para a sobrecarga de volume em pacientes com fístulas de alto fluxo. Portanto, é concebível que fístulas de alto fluxo possam estar associadas à sobrecarga de volume. Seu estudo revelou que a sobrecarga de volume grave foi mais prevalente nas fístulas de alto fluxo (n = 4) quando comparada às fístulas de fluxo normal (n = 6). A análise multivariada demonstrou um odds ratio de 4,06 e um intervalo de confiança de 1,01-16,39 com um valor de p de 0,056.

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Sobrecarga de volume e alto fluxo: a saga continua

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