J. Bras. Nefrol. 2016;38(2):234-44.
Qualidade de vida, nível cognitivo e desempenho escolar em crianças portadoras de distúrbio funcional do trato urinário inferior
DOI: 10.5935/0101-2800.20160033
Introdução:
Distúrbios do Trato Urinário Inferior (DTUI) de causa funcional são disfunções vesicais sem defeitos anatômicos ou neurológicos. O diagnóstico é principalmente clínico, com sintomas padronizados pela International Children’s Continence Society. Poucos estudos relacionam qualidade de vida destes pacientes ao nível cognitivo e aproveitamento escolar.
Objetivos:
Avaliar marcos do controle miccional, dificuldades cotidianas, qualidade de vida (QV), nível cognitivo e desempenho escolar de crianças portadoras de DTUI.
Método:
Série de casos de pacientes acompanhados na Nefrologia Pediátrica de hospital terciário com avaliação da QV (Pediatric Quality of Life Inventory – Peds-QL), Teste de Desempenho Escolar (TDE) e teste de matrizes progressivas de Raven.
Resultados:
Meninas de classe social menos favorecida foram 90,9% das crianças elegíveis. A média de idade foi 9,1 ± 4,8 anos. Os sintomas mais frequentes foram urge-incontinência (81%), manobras de contenção (77,3%) e enurese (59,1%) associados à síndrome do distúrbio de eliminações (63,6%). Cuidadores consideravam as perdas urinárias e/ou sintomas como voluntários, brigavam e/ ou batiam na criança. As crianças já tinham sido submetidas a situações constrangedoras e advertências de professores, escondiam sintomas e/ou roupas sujas. O escore médio de QV foi 71,0 ± 12,6 com menor média na dimensão escolar. No TDE 55% tiveram desempenho inferior e nas Matrizes de Raven 60% estavam intelectualmente em nível médio. Observaram-se escores menores de QV no nível médio e inferior do TDE e capacidade intelectual média/abaixo da média nas Matrizes de Raven.
Conclusão:
DTUI pode influenciar negativamente relações familiares e sociais, desempenho escolar e qualidade de vida das crianças portadoras.
130